Scielo RSS <![CDATA[Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi Ciências Naturais]]> http://scielo.iec.gov.br/rss.php?pid=1981-811420080003&lang=pt vol. 3 num. 3 lang. pt <![CDATA[SciELO Logo]]> http://scielo.iec.gov.br/img/en/fbpelogp.gif http://scielo.iec.gov.br http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-81142008000300001&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt <![CDATA[<b>Crânio e esqueleto abdominal de <i>Stenocercus dumerilii </i>(Steindachner, 1867) (Reptilia: Squamata: Iguania)</b>]]> http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-81142008000300002&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt The objective of this study is to describe the skull and abdominal skeleton of the lizard Stenocercus dumerilii (Steindachner, 1867), with emphasis on those characters used in phylogenetic studies involving the genus Stenocercus. The peculiar shape of the head (pyramidal, with a distinct canthal-superciliary ridge that ends in a prominent postsupraciliary scale) results in part from the shape of the prefrontal and postfrontal bones, both of which bear protuberances projecting towards the orbital cavity. The postfrontal bone represents the highest point of the cranium. Contrary to what has been observed in other species of Stenocercus and in most Tropiduridae, the studied specimens ofS. dumerilii presented a single pair of xiphisternal inscriptional ribs (followed by a pair of posterior xiphisternal processes). Besides, they presented five pairs of postxiphisternal inscriptional ribs widely separated ventrally. One specimen (of two studied) showed the pineal foramen completely enclosed by the frontal instead of in frontoparietal suture.<hr/>O presente estudo tem por objetivo descrever o crânio e o esqueleto abdominal do lagarto Stenocercus dumerilii (Steindachner, 1867), com ênfase nos caracteres utilizados em estudos filogenéticos incluindo o gênero Stenocercus. A forma peculiar da cabeça (piramidal, com uma crista supraciliar bem demarcada e terminando em uma escama pós-supraciliar proeminente) resulta em parte do formato dos ossos pré-frontal e pós-frontal, ambos com protuberâncias que se projetam em direção à cavidade orbital. O osso pós-frontal representa o ponto mais alto da cabeça. Diferentemente do que foi encontrado até o momento nas espécies de Stenocercus e na maioria dos Tropiduridae, os exemplares estudados de S. dumerilii apresentaram um único par de costelas xifisternais (seguido por um par de processos posteriores do xifisterno). Ademais, apresentaram cinco pares de costelas pós-xifisternais amplamente separadas na região ventral. De dois exemplares estudados, em um deles o forâmen pineal é totalmente envolvido pelo osso frontal, ao invés de na sutura entre o frontal e o parietal. <![CDATA[<b>Girino e canto de anúncio de <i>Hypsiboas crepitans </i>(Amphibia: Anura: Hylidae) do estado da Bahia, Brasil, e considerações taxonômicas</b>]]> http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-81142008000300003&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt O girino e a vocalização de anúncio de Hypsiboas crepitans são descritos da Serra São José, Bahia, Brasil. O canto de anúncio é formado por três notas multipulsionadas, apresenta duração aproximada de 0,51 s e freqüência dominante de aproximadamente 0,80 kHz. Comparado com os cantos de anúncio de H. crepitans de outras localidades da Colômbia e do Panamá, o canto dos machos da população do estado da Bahia apresenta diferenças na freqüência dominante: mais alta que da população da Colômbia e muito mais baixa que do Panamá. Estas diferenças corroboram a hipótese de que na região amazônica ocorra outra espécie, ou mesmo, um complexo de espécies atualmente sob o nome Hypsiboas crepitans.<hr/>The tadpole and advertisement call of Hypsiboas crepitans are described from Serra São José, State of Bahia, Brazil. Three multipulsed notes composed the advertisement call; the call duration was approximately 0,51 s and the dominant frequency 0,80 kHz. When we compared the advertisement call of H. crepitans from Bahia with specimens from other localities in Colombia and Panama, we found differences in the dominant frequency: the specimens from Bahia presented higher dominant frequency than the one from Colombia and much lower than the specimens from Panama. These differences could corroborate the hypothesis that there is another species or a complex of species in the Amazonian region presently named as Hypsiboas crepitans. <![CDATA[<b>Comportamento alimentar da cobra d'agua amazônica <i>Helicops hagmanni </i>Roux, 1910 (Reptilia: Squamata: Colubridae: Hydropsini)</b>]]> http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-81142008000300004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt The genus Helicops currently comprises 15 species, of which eleven occur in the Amazon Forest. H. hagmanni feeds on fishes and has nocturnal habits, but detailed data about its diet and behavioral ecology are scarce. Here, we report a H. hagmanni adult female specimen (snout-vent length: 516 mm; weight: 162 g) preying on an adult fish, Rhamdia muelleri (Actinopterygii: Heptapteridae, 215 mm in total length; weight: 70 g), in the creek Caquajó, a tributary of the Anapu River, municipality of Portel, Pará State, Brazil. We found the snake submersed at 20 cm, convoluted around the fish, and shortly after that, started ingesting the fish headfirst. The snake attacked the cat-fish biting the region between the anal and post-anal fins. This information increases the knowledge about the feeding behavior in snakes, especially of the genus Helicops.<hr/>O gênero Helicops inclui, atualmente, 15 espécies, das quais onze ocorrem na floresta amazônica. Helicops hagmanni se alimenta de peixes e apresenta hábitos noturnos, mas dados detalhados sobre seu comportamento alimentar e ecologia são escassos. Neste trabalho, registramos H. hagmanni (fêmea adulta; comprimento rostro-cloacal: 516 mm; massa: 162 g) predando um peixe adulto, Rhamdia muelleri (Actinopterygii, Heptapteridae; comprimento total: 215 mm; massa: 70 g), no igarapé Caquajó, rio Anapu, município de Portel, estado do Pará, Brasil. Encontramos a serpente submersa a 20 cm, enrolada sobre a presa, em seguida, começou a ingeri-lo no sentido ântero-posterior. A serpente atacou o peixe-gato mordendo a região entre o ânus e as nadadeiras anais. Essas informações ampliam o conhecimento sobre o comportamento alimentar das serpentes, especialmente do gênero Helicops. <![CDATA[<b>Ecologia reprodutiva dos tralhotos <i>Anableps anableps </i>e <i>Anableps microlepis </i>(Pisces: Osteichthyes: Cyprinodontiformes: Anablepidae) no rio Paracauari, ilha de Marajó, Pará, Brasil</b>]]> http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-81142008000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt Neste trabalho, são analisados e discutidos a estrutura da população, reprodução e aspectos embrionários de Anableps anableps e A. microlepis coletados no estuário do rio Paracauari, entre 48º 30' 20" W/ 00º 44' 36" S e 48o 31' 12" W/ 00o 43' 34" S, ilha de Marajó, Pará, no período de agosto de 2001 a abril de 2002. As coletas foram realizadas com redes de arrasto, puçá e tarrafa. Foram coletados e analisados 1.203 exemplares de tralhoto, sendo 901 A. anableps e 302 A. microlepis. As duas espécies se agregam em cardumes de dez a 50 indivíduos, sendo que A. microlepis predomina no verão, quando a água está salobra, e A. anableps no inverno, quando a água está doce. Quanto à proporção sexual, A. anableps apresentou paridade de 1:1; já em A. microlepis, as fêmeas predominaram na razão de 2:1. Em relação ao tamanho, A. anableps (<img border=0 width=32 height=32 id="_x0000_i1026" src="img\revistas\bmpegcn\v3n3\3a03f00.gif" align=absmiddle> = 240 mm) é, em média, menor que A. microlepis (<img border=0 width=32 height=32 id="_x0000_i1027" src="img\revistas\bmpegcn\v3n3\3a03f00.gif" align=absmiddle> = 270 mm), sendo as fêmeas de cada espécie significativamente maiores que os machos. Ambas as espécies se reproduzem durante o ano todo, com picos reprodutivos em períodos distintos: A. anableps no inverno e A. microlepis no verão. Cada fêmea produz de dez a 31 ovócitos, que, com 1,0 a 1,5 mm de diâmetro, são liberados na cavidade ovariana e, ao chegar até 2,0 mm, aderem-se novamente à parede do ovário, ficando ali até a eclosão. Os embriões são liberados dentro da cavidade ovariana onde completam seu desenvolvimento, vindo nascer aos 45 a 47 mm de comprimento. Apesar de agregadas, cada espécie mantém diferentes estratégias de organização estrutural e temporal, exigindo diferentes condições ambientais, possivelmente mais favoráveis ao desenvolvimento da prole.<hr/>This paper analyses and discusses population structure, reproduction, and aspects of the embryos of Anableps anableps and A. microlepis collected from the Paracauari River between 48º 30' 20" W/ 00º 44' 36" S and 48o 31' 12" W/ 00o 43' 34" S Marajó Island, state of Pará, Brazil, from August 2001 through April 2002. Sampling was carried out with trawls, shrimp nets, and casting-nets. A total of 1.203 specimens were collected and analyzed, from which 901 were A. anableps and 302 A. microlepis. Both species group themselves into schools of ten to 50 individuals; however, A. microlepis is predominant in the summer when the water is more saline, while A. anableps predominates in the winter when the water is fresh. Regarding sex ratio, it was of 1:1 for A. anableps, while A. microlepis females surpassed males in a ratio of 2:1. In relation to size, A. anableps (<img border=0 width=32 height=32 id="_x0000_i1029" src="img\revistas\bmpegcn\v3n3\3a03f00.gif" align=absmiddle> = 240 mm) is on average smaller than A. microlepis (<img border=0 width=32 height=32 id="_x0000_i1030" src="img\revistas\bmpegcn\v3n3\3a03f00.gif" align=absmiddle> = 270 mm), but females of each species were significantly larger than the males. Both species reproduce throughout the year, yet with reproductive peaks in distinct periods: A. anableps in winter and A. microlepis in summer. Each female produces ten to 31 oocytes that are released into the ovarian cavity when they reach 1.0-1.5 mm in diameter; when reaching 2.0 mm they attach themselves once again to the ovary's wall, where they remain until eclosion. The embryos are released inside the ovarian cavity when development is complete and measure 45-47 mm in length at birth. Despite being mixed, each species maintains distinct strategies regarding structural and temporal organization time, and requiring different environmental conditions - possibly those that are more favorable for offspring development. <![CDATA[<b>Escamas de tubarões (Pisces: Chondrichthyes) da Formação Pirabas (Eomioceno), Pará, Brasil</b>]]> http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-81142008000300006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A falta de posicionamento estratigráfico dos fósseis de tubarões até então coletados na Formação Pirabas dificultou a utilização dos mesmos em interpretações paleoecológicas e distribuição temporal. Como forma de preencher esta lacuna em nosso conhecimento, foi utilizada a "screenwashing" em 14 amostras, estratigraficamente controladas, provenientes da Mina B17 (CIBRASA S/A), município de Capanema, que permitiu coletar e descrever, pela primeira vez, escamas de tubarões na unidade em questão. Ao todo, são 400 espécimes, divididos em sete categorias morfotípicas de acordo com o formato e topografias encontradas na coroa. Estas foram registradas em todos os níveis e podem ser atribuídas às ordens Orectolobiformes, Carcharhiniformes e Lamniformes, já descritas para a Formação Pirabas, e que corroboram o ambiente raso, marinho e tropical.<hr/>The lack of stratigraphic localization of shark fossils collected in the Pirabas Formation has made it difficult to use them in paleoecological interpretation and distribution in time. As a way to fill this gap in our knowledge, the screenwashing technique was used in 14 samples, stratigraphically controlled and hailing from the B17 mine (CIBRASA S/A), in Capanema. This provided the first collection and description of shark scales. There are 400 specimens, which can be divided into seven morphotypes according to the format and topography found on the dental crown. These morphotypes were found in all levels and they belong to the orders Orectolobiformes, Carcarhiniformes and Lamniformes, that were already described from the Pirabas Formation and confirm the shallow, marine and tropical environment. <![CDATA[Os editores do <b>Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais </b>agradecem aos que colaboraram na avaliação de artigos durante o ano de 2008]]> http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981-81142008000300007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt A falta de posicionamento estratigráfico dos fósseis de tubarões até então coletados na Formação Pirabas dificultou a utilização dos mesmos em interpretações paleoecológicas e distribuição temporal. Como forma de preencher esta lacuna em nosso conhecimento, foi utilizada a "screenwashing" em 14 amostras, estratigraficamente controladas, provenientes da Mina B17 (CIBRASA S/A), município de Capanema, que permitiu coletar e descrever, pela primeira vez, escamas de tubarões na unidade em questão. Ao todo, são 400 espécimes, divididos em sete categorias morfotípicas de acordo com o formato e topografias encontradas na coroa. Estas foram registradas em todos os níveis e podem ser atribuídas às ordens Orectolobiformes, Carcharhiniformes e Lamniformes, já descritas para a Formação Pirabas, e que corroboram o ambiente raso, marinho e tropical.<hr/>The lack of stratigraphic localization of shark fossils collected in the Pirabas Formation has made it difficult to use them in paleoecological interpretation and distribution in time. As a way to fill this gap in our knowledge, the screenwashing technique was used in 14 samples, stratigraphically controlled and hailing from the B17 mine (CIBRASA S/A), in Capanema. This provided the first collection and description of shark scales. There are 400 specimens, which can be divided into seven morphotypes according to the format and topography found on the dental crown. These morphotypes were found in all levels and they belong to the orders Orectolobiformes, Carcarhiniformes and Lamniformes, that were already described from the Pirabas Formation and confirm the shallow, marine and tropical environment.