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Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi Ciências Humanas
versão impressa ISSN 1981-8122
Bol. Mus. Para. Emilio Goeldi Cienc. Hum. v.1 n.1 Belém abr. 2006
Relativização na língua Sakurabiat (Mekens)
Relative clauses in Sakurabiat (Mekens)
Ana Vilacy Galucio
Museu Paraense Emílio Goeldi. Pesquisadora. Belém, Pará, Brasil (avilacy@museu-goeldi.br)
RESUMO
Este trabalho discute as estratégias de relativização na língua Sakurabiat, também conhecida como Mekens. Construções relativas nessa língua utilizam uma forma não-finita do verbo, que não recebe marcação de tempo-aspecto. Essas construções são paralelas às construções de foco do objeto, as quais podem ser interpretadas como nominalizações. Orações relativas podem ter núcleo interno ou externo e têm a mesma distribuição de sintagmas nominais na língua.
Palavras-chave: Orações relativas. Sentenças clivadas. Línguas indígenas, Sakurabiat. Mekens.
ABSTRACT
This paper discusses the relativizing strategies employed in Sakurabiat, also known as Mekens. Relative clauses in this language use a non-finite verb form, which does not show tense-aspect morphology. these constructions are parallel to object focus constructions, which could also be interpreted as nominalizations. relative clauses can have internal or external head, and show the same distribution of nominal phrases in the language.
Key words: Relative clauses. Cleft sentences. Indigenous languages. Sakurabiat. Mekens.
CONSIDERAÇÕES GERAIS1
A Oração relativa é geralmente definida, na literatura, como uma oração que funciona como modificador atributivo do nome (N) (KEENAN; COMRIE, 1977; COMRIE, 1989; KEENAN, 1985). Por exemplo, na definição de Givón (2001), orações relativas são orações subordinadas encaixadas como modificadores do N no sintagma nominal (SN). De qualquer modo, tipicamente, a oração relativa envolve um nome (NúcleoREL; NREL) cujo referente é identificado e delimitado pela oração relativa restritiva (SREL), como ilustrado no exemplo (1) para Português, onde o livro é o núcleo relativizado da relativa restritiva 'que eu li este final de semana'.
(1) 'O livro que eu li este final semana é muito interessante.'
No entanto, existem exemplos de orações relativas que não possuem um NúcleoREL, as chamadas orações relativas sem núcleo, como mostra o exemplo (2). Desta forma, o traço determinante na definição de oração relativa não é a presença de um núcleo relativizado, mas sim de uma oração restritiva (KEENAN, 1985).
(2) 'Os que chegarem atrasados não poderão fazer a prova.'
De modo geral, as construções que funcionam como orações relativas em Sakurabiat apresentam estrutura similar às sentenças clivadas de foco do objeto e perguntas qu- com foco no objeto, ou seja, utilizam uma forma não-finita do verbo, a qual não recebe marcação de tempo-aspecto e apresenta concordância com o sujeito, no caso de verbos transitivos com sujeito pronominal. Mais especificamente, o verbo em uma oração relativa resume-se à raiz verbal, não recebe a vogal temática - a nem o sufixo de passado -t. As construções relativas funcionam como sintagmas nominais, modificando o N relativizado e, apesar de não haver morfologia nominal indicando a nominalização do verbo, este ocorre em uma forma não-finita (sem marcação de tempo-aspecto). Os exemplos (3) e (4) ilustram a diferença entre uma oração contendo duas orações coordenadas (3) e uma oração semanticamente equivalente contendo uma oração relativa subordinada à oração matriz (4).
No exemplo (3), as duas orações são equivalentes do ponto de vista sintático, ambas contêm sintagmas verbais (SV) que seguem o padrão geral de flexão em orações declarativas na língua (GALUCIO, 2001). Por outro lado, o exemplo (4) contém uma oração matriz (ameko seera naat top 'o cachorro está dormindo') e uma oração relativa restritiva (aose sogo '(que) mordeu o homem), modificando o N (ameko 'cachorro'), que é o sujeito da oração e também sujeito da relativa. Observa-se que o verbo da relativa restritiva em (4) está em sua forma básica, não apresenta nem a vogal temática - a nem o sufixo de tempo passado - t. Essa ausência de marcadores de tempo-aspecto é a característica essencial que permite identificar uma oração relativa em Sakurabiat, uma vez que não existem partículas relativizadoras na língua.
O mesmo padrão é exemplificado quando o N, relativizado na oração matriz, é o objeto direto da relativa, como no exemplo (5). Neste caso, o verbo da relativa, além de não apresentar os marcadores de tempo-aspecto, recebe o prefixo i-2, o qual ocorre sempre que o argumento interno do verbo é demovido da função sintática de objeto e extraído do sintagma verbal (GALUCIO, 2002). No exemplo (5) o prefixo i- é co-indexado com o sujeito da oração matriz.
Essa estrutura é a mesma apresentada em sentenças clivadas de foco do objeto. No entanto, há uma diferença entre os dois tipos de construção – sentenças clivadas de foco do objeto e sentenças relativas. Nas construções clivadas, a ausência dos marcadores de tempo-aspecto no verbo só ocorre quando o objeto direto é o constituinte salientado. Quando o foco recai sobre o sujeito, o verbo não sofre a redução dos marcadores de tempo-aspecto. Por outro lado, as orações relativas sempre apresentam a forma não-finita do verbo (sem marcadores de tempo-aspecto), independente da função gramatical do núcleo relativizado na oração relativa, como mostram os exemplos (4) e (5). O NúcleoREL é sujeito da relativa em (4) e o objeto da relativa em (5). Em ambos os casos, o verbo ocorre na forma não-finita, sem os marcadores de tempo-aspecto.
Para efeito de comparação, observe as seguintes sentenças clivadas. No exemplo (6), o foco da construção recai sobre o objeto direto e há a redução dos marcadores de tempo-aspecto no verbo. Por outro lado, no exemplo (7), o foco é o sujeito e o verbo aparece em sua forma finita.
Em orações transitivas com sujeito pronominal, as orações relativas, assim como as construções de foco do objeto (sentenças clivadas e perguntas qu- de objeto), expressam o argumento externo do verbo através do prefixo de pessoa na raiz verbal. A oração (8) é uma pergunta cujo foco é o objeto direto. A resposta dada em (9) também coloca o objeto na posição sintática de foco. Nota-se que o verbo não recebe sufixo de tempo-aspecto, apresenta prefixo de pessoa referindo ao argumento externo e possui o prefixo i- funcionando como o argumento interno que foi extraído.
Observa-se que a construção apresentada nas sentenças clivadas é a mesma das orações relativas, como mostra o exemplo (10), no qual o sujeito da relativa é pronominal.
ESTRATÉGIAS DE RELATIVIZAÇÃO
No que diz respeito à tipologia de orações relativas com relação às estratégias de relativização utilizadas, Sakurabiat apresenta uma combinação de duas estratégias diferentes, de acordo com a função gramatical ocupada na oração relativa pelo N modificado.
A primeira estratégia é utilizada quando o N relativizado ocupa a posição sintática de sujeito da oração relativa, como ilustram os exemplos (11) e (12). Neste caso, o NREL ocorre na posição inicial da oração, mantendo, assim, a ordem básica da sentença em Sakurabiat, SOV3, a única diferença ocorre no verbo da relativa, que aparece em sua forma não-finita.
Esta estratégia é ambígua entre duas definições: relativa cortadora (gapping) ou relativa de núcleo interno, em que o NúcleoREL aparece em sua posição usual dentro da relativa e a oração relativa como um todo ocupa a posição que deveria ser ocupada pelo NúcleoREL na oração matriz.
A primeira análise possível é considerar que, uma vez que não há um elemento relativizador dentro da relativa que faça referência ao NúcleoREL externo, a oração relativa seria, então, do tipo relativa cortadora, segundo a terminologia utilizada por Perroni (2001).
Por outro lado, como a oração relativa mantém exatamente a mesma ordem de constituintes de uma oração independente (SOV), há uma outra análise possível, segundo a qual o SN aose 'homem', em (11), é um núcleo interno à oração relativa, ocupando a posição de sujeito da mesma, e toda a oração relativa é que funciona como objeto da oração matriz. A mesma interpretação seria possível também para o exemplo (12). Neste caso, em vez de relativa cortadora (gapping), a relativa de sujeito em Sakurabiat seria uma relativa de núcleo interno.
Além disso, quando o verbo da matriz é intransitivo, como em (12), a existência de prefixo pessoal co-referencial no verbo poderia suscitar ainda uma terceira interpretação, segundo a qual haveria duas construções apositivas independentes. A primeira oração, em (12), seria ameko aose sogo 'o cachorro (que) mordeu o homem' e a segunda seera naat top 'ele está dormindo'. Porém, nesse caso, somente a segunda oração (seera naat top) é uma oração bem formada na língua; a primeira oração (ameko aose sogo) não o é. A ausência de marcação de tempo-aspecto no primeiro verbo, em (12), indica tratar-se de uma oração encaixada na oração matriz. Assim, pode-se descartar a hipótese de que casos como o do exemplo (12) contêm duas orações independentes. Mas, por outro lado, não há evidências na estrutura da língua para optar pela análise em termos de relativa cortadora (gapping) ou de núcleo interno5.
A segunda estratégia de relativização é utilizada quando o núcleo relativizado ocupa uma função gramatical diferente da de sujeito na oração relativa. Neste caso, a construção relativa apresenta o prefixo i-, ou seu alomorfe s-, na posição gramatical do NREL, ao qual o prefixo está co-indexado. Abundam exemplos de orações relativas de objeto em que o núcleo modificado é o objeto direto da relativa e, por essa razão, a exposição se concentrará neste tipo de relativa. Porém, a mesma estratégia é usada para oração relativa genitiva em que o núcleo modificado é o N possessivo da relativa (até o momento, não há dados disponíveis sobre a possibilidade de se relativizar um SN objeto indireto).
As orações relativas em Sakurabiat são majoritariamente pós-nominais, ou seja, ocorrem após o NúcleoREL, o qual é sempre o primeiro elemento à esquerda na sentença. Seguindo uma restrição sintática da língua, sempre que o argumento interno de um SV transitivo, Sintagma Posposicional, SN possessivo ou SN inalienável ocorre fora do sintagma ou é omitido, o prefixo i- é afixado ao sintagma e funciona sintaticamente como argumento interno do mesmo.
No caso de relativas de objeto, uma vez que o SN objeto é o NúcleoREL e ocorre em posição inicial na sentença, fora do SV, o verbo recebe o prefixo i-, que funciona como um pronome resumptivo co-indexado ao NúcleoREL 6, pois o prefixo i-, marcando o objeto direto, não é restrito às construções relativas ou clivadas, mas é usado sempre que o SN objeto ocorre fora do SV, como na construção de demoção do objeto (GALUCIO, 2002). Como dito anteriormente, sempre que o sujeito de uma oração relativa for pronominal e não for o NúcleoREL, ele é codificado como prefixo pessoal no verbo, conforme exemplificado em (13). Esta propriedade é intrínseca às orações relativas e construções de foco do objeto, de modo geral, ou seja, construções nas quais o verbo assume uma forma não-finita. O padrão básico da língua é marcar o sujeito do verbo intransitivo e o objeto do transitivo com o prefixo pessoal; o sujeito do verbo transitivo é codificado por um SN pleno. Os exemplos (13) e (14) ilustram a estratégia de relativização com orações relativas de objeto.
A mesma estratégia também é utilizada em orações relativas genitivas em que o NúcleoREL é o possuidor de um SN possessivo, como mostra o exemplo (15). O NúcleoREL aose 'homem' é o sujeito da oração matriz e o possuidor do SN possessivo 'a roça do homem', porém, somente o prefixo s-, alomorfe do prefixo i-, ocorre no SN possessivo, co-indexado com o NúcleoREL externo aose 'homem', que ocorre na posição inicial da oração.
No exemplo (16), o N relativizado é objeto de posposição. Neste exemplo, observa-se a mesma estratégia de relativização: o NúcleoREL é extraído para posição inicial na sentença e o prefixo s-7 aparece no SPosp, coindexado com o NúcleoREL externo. Neste exemplo, a ocorrência do prefixo s- no SPosp é o indicativo de que o SN kwe 'animal' está fora do Sintagma Posposicional. Conforme apresentado, esta estrutura morfológica indica que o argumento do sintagma não está em sua posição usual.
DISTRIBUIÇÃO DAS ORAÇÕES RELATIVAS
Em todos os exemplos de orações relativas em Sakurabiat que apresentam um núcleo externo, a SREL é sempre pós-nominal, independente da função do NúcleoREL na oração matriz ou na relativa. Os exemplos (17) e (18) ilustram esse ponto. A distribuição pós-nominal é compatível com a distribuição de adjetivos atributivos na língua, os quais sempre seguem o N modificado, conforme o exemplo (19). Do ponto de vista tipológico, Sakurabiat reforça a tendência geral que favorece orações relativas pós-nominais nas línguas do mundo (KEENAN, 1985).
Oração relativa extraposta
Outra distribuição muito comum em Sakurabiat apresenta a oração relativa extraposta ao final da oração matriz, conforme mostram os exemplos (20) e (21). Nestas orações, o objeto da oração matriz é relativizado e o mesmo referente – 'peixe', nestes dois exemplos – é também o objeto da oração relativa. Neste caso, somente o prefixo i- ocorre no verbo da relativa, co-indexado com o objeto da matriz, e toda a oração relativa é deslocada para o final da oração.
Para fins de comparação, considere-se o exemplo (22), em que ocorrem duas orações coordenadas também com objeto co-referencial. Conforme foi visto anteriormente, como o SN objeto não ocorre no SV da segunda oração, ocorre o prefixo i- no verbo.
O contraste entre as orações coordenadas em (22) e as orações relativas em (20) e (21) diz respeito à diferença no verbo da relativa. Enquanto que em (22), ambos os verbos recebem marcação de tempo-aspecto (-a 'vogal temática'; -t 'passado') e têm o argumento externo pronominal marcado através do pronome livre, em (20) e (21) somente o verbo principal recebe marcação de tempo-aspecto. Os verbos das relativas não recebem essa marcação e apresentam o argumento externo expresso através dos prefixos pessoais, em oposição aos pronomes livres8.
ORAÇÕES RELATIVAS SEM NÚCLEO
O prefixo i- é analisado como um argumento pronominal incorporado ao verbo (GALUCIO, 2002), funcionando como o argumento interno deste em sentenças interrogativas cujo foco é o objeto, em construções de foco e de demoção do objeto e em orações relativas, ou seja, sempre que o SN referente ao objeto temático não ocorre na posição canônica de objeto direto na língua. Seguindo esta análise, as orações relativas cujo NúcleoREL não é o sujeito9 da relativa são orações completas no sentido de que elas contêm sujeito, objeto e verbo expressos na própria relativa.
Dessa forma, considerando-se a classificação de orações relativas de acordo com sua distribuição em relação ao núcleo modificado, também ocorrem, em Sakurabiat, as orações relativas de núcleo interno ou sintaticamente sem núcleo. Nesse caso, a oração relativa como um todo denota o núcleo modificado. Mesmo as orações extrapostas, como as listadas em (20) e (21), podem ser analisadas como orações relativas apositivas sem núcleo, conforme denota a segunda tradução de cada um desses exemplos. A oração (23) é mais um exemplo dessa distribuição.
Esta análise é reforçada por exemplos como (24), que ao contrário do exemplo (23), em que o prefixo i- no verbo da relativa é co-indexado com o objeto da cláusula matriz, a construção relativa ocorre sozinha, não havendo qualquer núcleo (externo) ao qual pudesse estar associada. Em construções predicativas, por exemplo, orações relativas podem ocorrem tanto como o sujeito quanto como predicado. A oração (24) ilustra perfeitamente esse ponto. Essas construções funcionam como nominais, embora não haja morfologia nominal explícita.
Orações relativas dessa natureza também podem ocorrer sozinhas como o objeto direto de um verbo transitivo, em orações nas quais não há nenhum SN co-referencial que possa funcionar como um núcleo externo ou interno, conforme mostra o exemplo (25). Nesta oração, a oração relativa o-i-may 'o que eu conto' é o objeto direto do verbo piro 'ter'.
Dada sua função sintática, as orações relativas têm a distribuição de SNs na oração, elas podem modificar um N e também ser argumentos do verbo. Elas também têm propriedades clausais. Consistem de sujeito, objeto e verbo, e podem ser modificadas por um sintagma adverbial, como mostram os exemplos (26) e (27).
CONSTRUÇÕES DEVERBAIS
Além das construções apresentadas anteriormente, nominalizações explícitas também são usadas com a função de uma construção relativa. É uma estratégia de modificação/delimitação do nome muito comum na língua. As nominalizações são formadas a partir do nominalizador –ap, como mostram os exemplos (28) a (30).
CONCLUSÃO
As orações relativas em Sakurabiat podem ser caracterizadas como orações encaixadas que têm distribuição de SN na língua, mas possuem a estrutura de uma oração e utilizam a forma não-finita do verbo, sem afixos de tempo-aspecto. No caso de relativas de objeto, essas construções são paralelas às sentenças clivadas de foco do objeto, apresentando o prefixo i- co-indexado com o objeto direto e concordância com o sujeito, quando este for pronominal.
À primeira vista, duas propriedades da língua confluem para uma possível interpretação das construções relativas, não como orações encaixadas, mas como orações apositivas independentes. Em primeiro lugar, a inexistência de partículas relativizadoras ou qualquer outro mecanismo que identifique claramente o escopo e o caráter subordinativo das orações relativas. Em segundo lugar, a existência de prefixos co-referenciais no verbo intransitivo, marcando concordância com o sujeito. Como foi possível observar, essa ambigüidade ocorre especialmente no caso das relativas de sujeito, que tanto poderiam ser consideradas como relativas cortadoras (gapping), quanto relativas de núcleo interno, ou, ainda, como uma oração apositiva. A única evidência nesses casos para o status da relativa como uma oração encaixada é a forma não-finita do verbo. Por outro lado, quando a oração relativa funciona como o objeto direto de um verbo transitivo, não há outra interpretação possível, exceto a de uma oração encaixada relativizadora.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos pelo apoio da Fundação Wenner-Gren, research grant #6816, do Programa de Pesquisa Spinoza, "Léxico e Sintaxe", Universidade de Leiden, do Endangered Languages Documentation Programme, SOAS, ref. MDP0020, da FUNAI autorização no. 013/CGEP/02 e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
ABREVIATURAS
REFERÊNCIAS
COMRIE, Bernard. 1981/1989. Language Universals and Linguistic Typology: Syntax and Morphology. 2. ed. Chicago: The University of Chicago Press. 264 p.
GALUCIO, Ana Vilacy. 2002a. Word order and constituent structure in Mekens. Revista da Abralin. v. 1, n. 2, p. 51-74. dezembro 2002.
GALUCIO, Ana Vilacy. 2002b. O prefixo i- em Tupi: morfema antipassivo vs. marcador pronominal incorporado. In: CABRAL; RODRIGUES (Org.). Línguas Brasileiras: fonologia, gramática e história. Belém: Editora universitária UFPA. Atas do Encontro Internacional do Grupo de Trabalho sobre línguas indígenas da ANPOLL, 1. Tomo 1. p. 274-287
GALUCIO, Ana Vilacy. 2001. The Morphosyntax of Mekens (Tupi). Tese (Doutorado) – University of Chicago, IL.
GIVON, Talmy. 2001. Syntax: an Introduction. Amsterdam: John Benjamins Publishing Company. v. 2.
KEENAN, Edward L. 1985. Relative Clauses. In: SHOPEN, T. (Ed.). Language Typology and Linguistic Description. Cambridge: Cambridge University Press. v. 2. p. 141-170.
KEENAN, Edward L.; COMRIE, Bernard. 1977. Noun Phrase Accessibility and Universal Grammar. Linguistic Inquiry, v. 8, n. 1, p. 63-99.
PERRONI, Maria Cecilia. 2001. As relativas que são fáceis na aquisição do Português. Delta, São Paulo, v. 17, n. 1.
Endereço para correspondência:
Editora do Museu Paraense Emílio Goeldi
Av. Magalhães Barata, 376 São Braz
CEP 66040-170
Caixa Postal 399
Telefone/fax: 55-91-3219-3317
E-mail:boletim@museu-goeldi.br
Recebido: 06/11/2003
Aprovado: 30/11/2005
1 A língua Sakurabiat, também conhecida como Mekens, pertence à família lingüística Tupari (tronco Tupi) e é falada pelo grupo indígena Sakurabiat, no estado de Rondônia.
2 Ou s-, dependendo da forma fonológica da raiz verbal. Antes de raiz iniciada por consoante ocorre i- e s-, antes de raiz iniciada por vogal, salvo algumas exceções morfológicas, onde não há variação da forma fonológica do prefixo.
3 SOV é a ordem básica de constituintes em Sakurabiat. Porém, fatores de ordem morfofonológica, pragmática e sintática podem interagir resultando em alterações na ordem básica (GALUCIO, 2002).
4 O verbo 'queimar; incendiar' é formado pela raiz nominal pok 'fogo; luz; fagulha' + -ka 'TR-transitivizador'. A vogal [a] ao final da raiz verbal não é, portanto, o sufixo -a 'vogal temática'.
5 Testes sintáticos envolvendo construções com múltiplos níveis de subordinação, que poderiam indicar se o N relativizado foi ou não extraído da cláusula relativa poderão ser realizados em futuras etapas de trabalho de campo.
6 O prefixo i-, marcando o objeto direto, não é restrito às construções relativas ou clivadas, mas ocorre sempre que o SN objeto ocorre fora do SV, como na construção de demoção do objeto (GALUCIO, 2002).
7 O prefixo s- é um alomorfe do prefixo i-, nesse ambiente.
8 No momento, não há disponibilidade do exato paralelo da oração (22), ou seja, um exemplo em que o verbo -ko 'ingerir' ocorra como verbo da relativa. Entretanto, o seguinte exemplo de sentença clivada de foco do objeto mostra a ocorrência da raiz verbal –ko 'ingerir' em construção paralela à oração relativa: 'foi massaco de mandioca que eu comi.' Note-se que o verbo não apresenta os sufixos de tempo-aspecto e expressa o argumento externo através do prefixo pessoal.
9 Na interpretação das relativas de sujeito como relativas internas, estas também seriam orações completas.