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Revista Pan-Amazônica de Saúde
versão impressa ISSN 2176-6215versão On-line ISSN 2176-6223
Rev Pan-Amaz Saude v.5 n.1 Ananindeua mar. 2014
http://dx.doi.org/10.5123/S2176-62232014000100008
RESUMO DE TESE E DISSERTAÇÃO | SUMMARY OF THESIS AND DISSERTATION | RESUMEN DE TESIS Y DISERTACIÓN
Análise do escorpionismo no Brasil no período de 2000 a 2010*
Analysis of the scorpionism in Brazil from 2000 to 2010
Análisis del alacranismo en Brasil en el período de 2000 a 2010
Guilherme Carneiro ReckziegelI; Vitor Laerte Pinto JuniorII
IPrograma de Pós-graduação em Saúde Coletiva, Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Programa Nacional de Controle de Acidentes por Animais Peçonhentos, Ministério da Saúde, Brasília, Distrito Federal, Brasil
IILaboratório de Epidemiologia e Vigilância em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Brasília, Distrito Federal, Brasil
Endereço para correspondência
Correspondence
Dirección para correspondencia
INTRODUÇÃO: O escorpionismo no Brasil apresenta-se como problema de saúde frente ao crescente número de acidentes e óbitos. Naquele País, os escorpiões distribuem-se por todas as regiões e ecossistemas, sendo reconhecidos como escorpiões de importância médica os pertencentes ao gênero Tityus, em especial quatro espécies: T. serrulatus, T. stigmurus, T. bahiensis e T. obscurus. As atividades de vigilância do escorpionismo no Brasil, coordenadas pelo Ministério da Saúde, tiveram início oficial em 1988, porém, somente a partir de 1997, os acidentes por animais peçonhentos passaram a ser notificados no Sistema Informação de Agravos de Notificação (SINAN), sendo este atualmente o sistema oficial de registro. Desde o início da vigilância do escorpionismo no país, vem se verificando um aumento no número de registros de casos e óbitos. Nos últimos anos, o escorpionismo mostrou-se como o acidente por animal peçonhento de maior crescimento, apresentando-se com elevada letalidade em crianças, alta incidência na Região Nordeste, acometendo, em sua maioria, indivíduos em faixa etária economicamente ativa.
OBJETIVOS: Descrever as características do escorpionismo no Brasil e definir grupos, áreas e fatores de risco para o óbito, em dois estudos: 1) O escorpionismo no Brasil nos anos de 2000 a 2010: uma análise descritiva; e 2) Análise clínico-epidemiológica do escorpionismo no Brasil no período de 2007 a 2010.
METODOLOGIA: Para a realização dos estudos propostos, utilizou-se os registros dos bancos de dados do SINAN, versões SINAN-Windows, correspondendo aos anos de 2000 a 2006, e versão SINAN-NET, correspondendo aos anos de 2007 a 2010, atualizados até a data de 9 de outubro de 2012. Quanto ao estudo 1, foi realizada análise epidemiológica descritiva, período de 2000 a 2010, com abordagem de tempo, pessoa e lugar; quanto ao estudo 2, limitado aos anos de 2007 a 2010 devido à melhor qualidade dos dados clínicos presentes na versão mais atual do SINAN (SINAN-NET), foi realizada análise clínico-epidemiológica descritiva e analítica. Para a tabulação e análise dos dados foram utilizados os softwares TabWin32 3.6b, EpiInfo 3.5.3 e Microsoft Excel 2010; sendo utilizados para apresentação dos resultados, dados brutos, medidas simples de frequência, médias aritméticas e cálculos de risco relativo (intervalo de confiança de 95%) com base na taxa de letalidade.
RESULTADOS: Estudo 1 - período de 2000 a 2010: Foram notificados, nesse período, 359.427 acidentes escorpiônicos, dos quais 561 evoluíram para óbito. As taxas médias anuais de incidência e mortalidade, para cada 100 mil habitantes, foram de 17,7 e 0,028, respectivamente; sendo de 0,16% a taxa média anual de letalidade. As maiores frequências de registros foram em indivíduos do sexo masculino, de raça/cor negra, na faixa etária de 20 a 49 anos, nos meses de outubro a janeiro e em zona urbana. Excepcionalmente na Região Norte do País, observou-se predomínio de acidentes nos meses de junho e julho e em zonas rurais. A taxa de incidência foi maior em indivíduos de 65 anos de idade ou mais, sendo maior a taxa de letalidade em crianças de até 9 anos de idade. As maiores frequências de casos e óbitos e taxas médias anuais de incidência e mortalidade foram registradas nas Regiões Nordeste e Sudeste do País, porém as maiores taxas médias anuais de letalidade foram registradas nas Regiões Centro-Oeste e Norte. Estudo 2 - período de 2007 a 2010: Foram notificados, nesse período, 179.545 acidentes escorpiônicos, dos quais 303 evoluíram para óbito. A maioria dos acidentes foi clinicamente leve (82,8%), com apenas 1,4% de casos graves, os quais apresentaram letalidade de 4,71% e risco de óbito 18,97 vezes maior em relação aos casos moderados. As manifestações clínicas locais mais frequentes foram dor (90,2%) e vômito/diarreia (3%). Apenas 0,9% dos acidentados apresentaram alguma complicação sistêmica. Indivíduos clinicamente graves, tratados com soro antiescorpiônico (SAEsc) em 3 h ou mais do acidente, apresentaram risco de óbito 2,84 vezes maior em relação aos tratados em até 1 h pós-acidente. Observou-se como área, grupo e fatores de risco para o óbito os acidentes em zona rural, em crianças de até 9 anos de idade, os casos graves e o atendimento soroterápico tardio (acima de 3 h).
CONCLUSÃO: Nos últimos anos, observou-se aumento das taxas de incidência e mortalidade, devendo ser estimulada a intensificação dos programas de prevenção de acidentes e controle de escorpiões. O perfil epidemiológico descrito reforça a necessidade de capacitação contínua dos profissionais de saúde envolvidos no diagnóstico e tratamento dos acidentados, visando, em tempo oportuno, a identificação do gênero do escorpião agressor e a classificação clínica do caso para instituição do tratamento adequado e oportuno. O reforço da área assistencial, quanto ao treinamento de médicos e enfermeiros no diagnóstico e tratamento de acidentados por escorpião, é essencial para que se diminua a letalidade do agravo, principalmente nos grupos mais vulneráveis, sendo estes os indivíduos residentes em zona rural e as crianças de até 9 anos de idade.
Palavras-chave: Escorpionismo; Escorpião; Envenenamento; Perfil Epidemiológico; Saúde Pública; Brasil.
Correspondência / Correspondence / Correspondencia:
Guilherme Carneiro Reckziegel
SHCES, 1205. Bl. D, apto. 101.
Bairro: Cruzeiro Novo
CEP: 70658-254
Brasília-Distrito Federal-Brasil
E-mail: guilhermereckziegel@gmail.com
Recebido em / Received / Recibido en: 19/7/2013
Aceito em / Accepted / Aceito en: 17/1/2014
*Resumo de dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade de Brasília, sob orientação do prof. dr. Vitor Laerte Pinto Junior, para a obtenção do título de mestre em Saúde Coletiva, na área de concentração: Epidemiologia, Ambiente e Trabalho, em 11 de junho de 2013. Brasília, Distrito Federal, Brasil.