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Revista Paraense de Medicina

versão impressa ISSN 0101-5907

Rev. Para. Med. v.20 n.4 Belém dez. 2006

 

JORNADA CIENTÍFICA DA FUNDAÇÃO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO PARÁ – DEZEMBRO/2006

 

Alaterações hepáticas em gestantes internadas em um hospital de referência de Belém-Pará

 

 

Simone Regina Souza da Silva Conde; Maria Sílvia de Brito Barbosa; Lizomar de Jesus Maués Pereira Móia, Manoel do Carmo Pereira Soares; Suellen Barreto Lima; Selma Parente Sousa

 

 

INTRODUÇÃO: as doenças hepáticas na gravidez constituem um problema tanto para o obstetra quanto para o clínico, particularmente, a grávida ictérica, influenciando negativamente no prognóstico materno-infantil.
OBJETIVO: determinar a freqüência das alterações dos testes hepáticos em gestantes, classificando estas alterações relacionadas ou não à gravidez, assim como avaliar o prognóstico materno-infantil.
MÉTODO: estudo transversal; no período de março de 2005 a fevereiro de 2006, foram avaliadas grávidas internadas na enfermaria de alto risco do Hospital Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (HFSCMPA), sendo em todas realizados exames de aspartato-aminotransferase (AST), alanino-aminotransferase (ALT), gama-glutamil transpeptidase (GGT) e bilirrubinas. Naquelas que apresentavam qualquer alteração, sua investigação era ampliada com exames bioquímicos, sorológicos, culturas de material biológico e métodos de imagens necessários para elucidação diagnóstica e acompanhamento de sua evolução. Após esta fase, as pacientes foram divididas no grupo I (doenças relacionadas à gestação) ou no grupo II (doenças não relacionadas à gestação).
RESULTADOS: das 480 pacientes avaliadas, incluíram-se 308 (64,2%), sendo que, destas, 215 (69,8%) não apresentavam alteração dos hepáticos de triagem, enquanto que 93 (30,2%) possuíam testes fora da normalidade. Destas, 42 (45,2%) foram distribuídas no grupo I (45,2%) e 51 (54,8%) no grupo II. No grupo I, a doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG) foi a patologia mais freqüente, encontrada em 71,4% (30/42) dos casos; enquanto que no grupo II, a maior parte das patologias relacionava-se às doenças infecto-parasitárias, com 58,8% (30/51), sendo a infecção do trato urinário a doença infecciosa mais freqüente com 33,3% (10/30). A maioria das pacientes encontravase no terceiro trimestre, com 85,7% (36/42) e 77,8% (40/51) nos grupos I e II, respectivamente. A evolução para parto ocorreu em 78,6% (33/42) no grupo I e em 27,5% (14/51) no grupo II, havendo nítida significância estatística (p=0,0001). As complicações fetais foram observadas em 57,6% dos casos (19/33) no grupo I e 35,7% no grupo II, embora sem diferença significante entre ambos.
CONCLUSÃO: as alterações hepáticas ocorreram em 30,2% (93/308) das gestantes, sendo a maioria causada por doenças não relacionadas à gestação (54,8%) e houve uma tendência de maiores complicações fetais no grupo de pacientes com doenças relacionadas à gravidez.

Descritores: icterícia na gestação, alterações hepáticas na gestação.

 

Universidade Federal do Pará
Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará
Instituto Evandro Chagas

 

Trabalho apresentado na Jornada de Trabalhos Científicos da FSCMP, em 15.12.2006.