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Boletim de Pneumologia Sanitária

versão impressa ISSN 0103-460X

Bol. Pneumol. Sanit. v.8 n.2 Rio de Janeiro dez. 2000

 

 

Manejo da doença micobacteriana não-tuberculosa

 

 

Hisbello S. Campos

Médico do Centro de Referência Prof. Hélio Fraga/FUNASA-MS

 


RESUMO

O papel das micobactérias não-tuberculosas (MBNT) como agente etiológico de diversas doenças foi recentemente reconhecido e o conhecimento sobre as doenças por elas causadas tem evoluído nos últimos anos. Critérios diagnósticos foram estabelecidos e, embora limitados, ajudam a identificar doentes. Entre as doenças causadas por MBNT, aparentemente as provocadas pelo complexo avium-intracellulare são as mais freqüentes. A patogênese das doenças causadas por MBNT ainda não está esclarecida, mas não foi identificada nenhuma predisposição genética ou deficiência imune específica. O tratamento ideal para as doenças pulmonares causadas por MBNT ainda está por ser determinado, mas está claro que esquemas terapêuticos que contenham um macrolídeo (claritromicina ou azitromicina) são mais efetivos. Infelizmente, os efeitos adversos dos fármacos são um problema significativo e limitante. Apesar de associada a complicações freqüentes, a cirurgia é uma boa opção para doentes selecionados. Tanto o tratamento como a profilaxia da doença disseminada causada pelo MAC em pessoas HIV-positivas ou em doentes com aids com esquemas contendo macrolídeos apresentam bons resultados. Embora a resposta bacteriana a esquemas com duas drogas (claritromicina e etambutol) seja boa, a incidência de efeitos adversos da claritromicina é maior nos esquemas duplos.

Palavras chave: Micobactérias não-tuberculosas, Complexo micobactéria avium-intracellulare.


SUMMARY

The role of nontuberculous mycobacterias as etiologic agents of several diseases has been reconized recently and the knowledge about nontuberculous mycobacterial disease has been evoluting during the last years. Diagnostic guidelines have been developed and, although limited, they help identifying patients with indolent disease during long-term follow-up. Among the diseases caused by nontuberculous mycobacterias, it seems that those caused by Mycobacterium avium-intracellularee complex (MAC) are more frequent. The pathogenesis of nontuberculous mycobacterial (NTMB) diseases still is poorly understood, but no genetic predisposition or specific immune deficiency has been identified so far. The optimal treatment for patients with NTMB lung disease remains to be determined, but it is clear that therapeutic regimens that contains a macrolide (clarithromycin or azithromycin) are most effective. Unfortunately,drug-related side effects are still a significant and limiting problem. Although associated with frequent complications, surgery is important for selected patients. Both treatment and prophylaxis of disseminated MAC disease in HIV infected or aids patients are quite effective with macrolide-containing regimens. Patients with MAC disease respond well microbiologically to two-drugs regimens (clarithromycin and ethambutol). On the other hand, the incidence of clarithromycin side effects is higher with this two-drug regimen.

Key words: Nontuberculous mycobacteria, Mycobacterium avium complex.


 

 

Introdução

Até o surgimento da aids, não se dava grande importância às infecções por micobactérias não-tuberculosas (MBNT). Relatos de doenças pulmonares causadas por esse grupo eram esporádicos. Apenas a partir dos anos cinqüenta, começaram a surgir relatos de grandes séries de doenças pulmonares causadas por MBNT1,2. Há cerca de 13 espécies de MBNT, de virulência variável, reconhecidamente capazes de provocar doenças no homem, mas, certamente, a susceptibilidade humana a essas micobactérias varia muito entre as diferentes populações e etnias. O complexo Mycobacterium avium-intracellularee (CMA) parece ser o mais freqüente agente causal de doença. Historicamente, os doentes com doença causada pelo CMA eram tratados com os mesmos fármacos antituberculose dos doentes tuberculosos. Ao mesmo tempo, o CMA era interpretado como apenas um colonizador e a detecção dessas micobactérias em bronquiectasias nem sempre era sinônimo de tratamento, o que, por vezes, levava à sintomatologia progressiva e à maior morbidade. Entretanto, com o impacto crescente da aids e com a conscientização de que essas micobactérias podiam ser causa de doenças, o enfoque mudou, o que permitiu, ao final da década de 80, a introdução de drogas efetivas, primariamente a claritromicina (CRT) e a azitromicina (AZT), melhorando o desfecho dos doentes.

O presente artigo visa oferecer uma revisão sucinta das doenças causadas pelas MBNT, focando sua patogenia e seus diagnóstico e tratamento.

 

Epidemiologia e patogênese

A maior parte das MBNT tem sido isolada do solo ou da água. O grupo melhor estudado é o CMA. A identificação de cepas aerossolizadas desse complexo, associadas à sua virulência, permite supor um mecanismo inalatório de infecção3. Embora o M. avium seja um importante agente patogênico no gado e em suínos, estudos sorológicos indicam que a transmissão entre os animais não é importante na infecção humana4, já que há indícios de que as cepas que infectam os homens são diferentes5,6. É aceito que os reservatórios naturais de água são as fontes ambientais para a maior parte das infecções humanas causadas pelas MBNT (CMA, M. marinum, M. kansasii, M. xenopi, M. malmoense, M. genavense, M. ulcerans e a M. simiae)7,8,9,10,11,12,13.As micobactérias de crescimento rápido, como a M. fortuitum, a M. chelonae e a M. abscessus, são habitualmente recuperadas do solo e da água, e são as MBNT mais comumente associadas à doença nosocomial14,15,16,17,18. Estudos sobre surtos hospitalares causados por essas espécies demonstraram que a água usada nos Serviços, sob as mais diversas formas (na limpeza, para fazer gelo, na diálise ou para o preparo de soluções como violeta genciana) era fonte usual desses microrganismos19,20,21,22. Ainda não se conhece totalmente a patogenia das infecções pelas MBNT, mas estudos recentes sugerem que a infecção homem-a-homem é rara. Acredita-se que a maior parte das pessoas são infectadas por MBNT ambientais. Ao mesmo tempo em que as MBNT aerossolizadas possivelmente têm papel importante no comprometimento pulmonar, a ingestão de material infectado pode ser a fonte de contaminação das crianças com linfoadenite por MBNT e a colonização gastrointestinal, ponto de partida para as doenças por elas causadas nos doentes com aids.

Pela sua freqüência, a doença pulmonar causada pelo CMA merece destaque. O fato de ela ocorrer com freqüência razoável em uma população relativamente distinta e homogênea - mulheres idosas com bronquiectasias/nódulos pulmonares sem doença pulmonar ou imunossupressora preexistente - motivou a busca de um possível defeito no sistema imune desses pacientes23,24,25,26,27. Até o momento, se existe, esse defeito ainda não foi identificado mas, certamente, fatores do hospedeiro são extremamente importantes no processo de adoecimento e de cura.

 

Diagnóstico da doença causada pelas MBNT

No homem, foram descritas diversas formas de doenças causadas pelas MBNT, acometendo pulmão, gânglios, pele, articulações, tendões e mesmo doença disseminada. No quadro 1, são apresentadas as formas clínicas já identificadas e as respectivas micobactérias causais.

 

 

A doença pulmonar é a forma clínica mais freqüente das doenças causadas por MBNT28,29,30. Nos Estados Unidos, o CMA e o M. kansasii são os patógenos mais freqüentes que causam doença pulmonar. Outras MBNT causadores de pneumopatias naquele país incluem o M. abscessus, o M. xenopi, o M. malmoense, o M. simiae, o M. szugulai, o M. fortuitum, o M. celatum, o Maiaticum e o M. shimodii. No Canadá, no Reino Unido e em algumas áreas da Europa, o M. xenopi é o segundo mais freqüente agente causal31.

Habitualmente, os doentes são adultos e há história de uma doença crônica pulmonar associada. Os sinais e os sintomas do comprometimento pulmonar são inespecíficos, incluindo tosse crônica, expectoração e fadiga. Menos comumente, mal-estar, dispnéia, febre, hemoptise e perda de peso podem surgir, usualmente nas formas avançadas da doença. Radiograficamente, as lesões pulmonares por MBNT costumam mostrar diferenças com relação às causadas pelo M. tuberculosis: as cavidades têm paredes finas e menos infiltrado parenquimatoso em sua volta; a disseminação é mais freqüentemente por contigüidade que broncogênica; envolvimento marcante da pleura nas áreas pulmonares envolvidas.

Linfadenite submandibular, submaxilar, cervical ou pré-auricular em crianças de 1 a 5 anos é a apresentação clínica mais comum das formas ganglionares causadas pelas MBNT32,33. É a doença por MBNT mais comum entre as crianças e, na ausência de infecção pelo HIV, raramente afeta adultos34. O diagnóstico diferencial entre as linfadenites causadas pelo M. tuberculosis e as originadas pelas MBNT é fundamental para a decisão terapêutica. O diagnóstico presuntivo da etiologia MBNT é baseado na apresentação histopatológica (granuloma com necrose de caseificação com ou sem BAAR) e na prova tuberculínica negativa. O diagnóstico definitivo é dado pela identificação do organismo causal em material da lesão.

As MBNT podem causar lesões de pele, do subcutâneo, de tendões, de articulações e ósseas. As micobactérias mais freqüentemente isoladas nesses casos têm sido a M. abscessus, o M. fortuitum, o M. marinum, o M. conspicum, o M. chelonae, o M. kansasii e o CMA.

Mesmo em indivíduos imunocompetentes, doenças causadas por MBNT podem se apresentar sob diferentes formas ou mesmo como doença disseminada. Uma grande variedade de lesões dermatológicas, geralmente não diagnosticadas adequadamente, que duram meses e não respondem aos tratamentos habituais, podem ser causadas por MBNT. Num estudo retrospectivo35, com história de trauma no local da lesão, e de hobbies ou de ocupação ligados à pescaria ou à água, em que o tempo médio da lesão foi de 19 meses (1 a 132), o M. marinum foi identificado como o agente etiológico. Foram descritos dois casos de doença pelo M szulgai nos quais a única manifestação foi uma síndrome de túnel do carpo36. O diagnóstico foi feito pelo exame histopatológico da sinóvia e pelo isolamento da micobactéria. Foram descritos 54 casos de tenosinovite, depois de trauma, causados pelo M.terra37. Já foi descrita doença disseminada por MBNT em doentes imunossuprimidos (transplantados, leucêmicos, doentes em uso crônico de corticosteróides orais, p. ex.). Nesses relatos, as micobactérias observadas foram: CMA38,28, M. chelonae39,40, M. kansasii41, M. hemofillum42, M. abscessus28 e M. escrofulaceum28.

Pacientes imunocomprometidos têm maior probabilidade de apresentarem doenças causadas por MBNT. Até o momento, em doentes infectados pelo HIV, apenas a imunossupressão muito avançada é considerada um fator relevante na gênese das doenças por MBNT43,44,45. Ao mesmo tempo, há indícios de que a restauração parcial do sistema imune com a quimioterapia combinada anti-retroviral possa ter um papel na patogenia da doença pelo CMA46,47,48. Em doentes aidéticos, já foi descrita doença disseminada e pulmonar (CMA, M. genavense e M. kansasii)49,43,50, e doença de pele, subcutâneo, ossos e juntas (M. hemofillum)51. Por vezes, a apresentação clínica pode dar pistas para o agente etiológico. Num estudo entre doentes aidéticos com doença disseminada causada pelo CMA (24) e pelo M. genavense (12), observou-se que os infectados pelos últimos tinham dor abdominal mais freqüentemente52.

Ainda não se tem total conhecimento sobre a história natural da doença pulmonar causada pelo CMA. Alguns doentes mantêm quadro clínico-radiográfico estável por anos, enquanto em outros a doença evolui rapidamente. A apresentação fibrocavitária no ápice pulmonar, em homens com 40 a 60 anos, com história de fumo e de alcoolismo, sempre foi considerada típica. Recentemente, a significância da associação de nódulos pulmonares com bronquiectasias para o diagnóstico de doenças pulmonares causadas pelo CMA foi definida. Essa apresentação parece ser mais comum entre mulheres idosas não-fumantes53,54,55. Num estudo prospectivo sobre o papel da biópsia transbrônquica e do lavado broncoalveolar em 26 doentes HIV-negativos, com pequenos nódulos pulmonares periféricos próximos a bronquiectasias (visualizados pela TC), concluiu-se ser essa associação sugestiva de doença pulmonar por CMA, embora possa também ocorrer em outras infecções micobacterianas56.

Em 1997, a American Thoracic Society (ATS) publicou as conclusões de uma oficina de trabalho sobre diagnóstico e tratamento das doenças pulmonares causadas por MBNT. No quadro 2 apresenta-se o sumário dos critérios diagnósticos sugeridos pela ATS. É importante frisar que esses critérios aplicam-se melhor ao complexo avium e às micobactérias abscessus e kansasii. O conhecimento ainda é pequeno para se ter certeza se esses critérios são adequados para o universo das micobacterioses não-tuberculosas. Por exemplo, num estudo realizado entre mineradores de ouro na África do Sul57, os critérios foram atingidos em apenas 32 (27%) de 118 indivíduos classificados como doentes (muitos com formas significativas de doença pulmonar). Nessa população, as incidências de tuberculose e de infecção pelo HIV são altas, o que fez com que a terapêutica anti-tuberculose fosse iniciada empiricamente na maior parte (70%) dos doentes, antes do isolamento e da identificação do agente causal. O Micobacterium kansasii, susceptível às drogas anti-tuberculose, foi a espécie mais freqüentemente isolada58. Segundo os autores desse estudo, os dois principais pontos de choque entre os critérios propostos pela ATS e os adotados nesse grupo foram: 1) uso de meio líquido de cultura (a ATS preconiza o meio sólido) e 2) não utilização de métodos diagnósticos invasivos (broncoscopia com biópsia transbrônquica). Num grupo como esse de mineiros da África do Sul, no qual a população é susceptível ao risco de doença micobacteriana rapidamente progressiva, incluindo tuberculose, a recomendação de seguimento a longo prazo para firmar o diagnóstico é discutível.

 

 

Na investigação de formas pulmonares, pelo menos 3 amostras para exame devem ser obtidas de cada doente, e deve-se fazer cuidadosamente o diagnóstico diferencial visando excluir outras possibilidades diagnósticas.

Devido à maior relevância das doenças pulmonares causadas pelo CMA, alguns autores propõem critérios diagnósticos específicos (Quadro 3).

 

 

Pode-se notar que os critérios atuais de diagnóstico enfatizam o seguimento por longos prazos e a coleta de múltiplas amostras de material pulmonar quando houver suspeita de doença pulmonar causada por MBNT. A ênfase no acompanhamento a longo prazo visa reduzir a chance de o médico não valorizar o isolamento de uma MBNT em portadores de doenças vagarosamente progressivas60.

A variedade de MBNT potencialmente patogênicas, sua virulência variável, e as diferentes susceptibilidades individuais tornam difícil um critério diagnóstico único ser apropriado a todas as doenças pulmonares causadas por MBNT em diferentes situações e populações. Provavelmente, o futuro trará recomendações diagnósticas que se apóiem nas diferentes características das espécies de MBNT.

 

Tratamento da doença por MBNT

Como ainda há claros no conhecimento das doenças causadas por MBNT, as recomendações terapêuticas devem ser consideradas temporárias. Certamente, na medida em que avançarmos na compreensão dessas patologias, o perfil de sensibilidade das MBNT for sendo definido nas diferentes regiões do mundo, e novos fármacos forem sendo desenvolvidos, esquemas terapêuticos mais efetivos substituirão as atuais recomendações. No quadro 4 são apresentados os antibióticos sugeridos a serem considerados no tratamento das doenças causadas pelas MBNT, segundo a micobactéria, o valor terapêutico do fármaco e o grau de utilidade da realização de testes de sensibilidade.

 

 

As recomendações da ATS para o tratamento das doenças causadas por MBNT são41:

Doença pulmonar pelo complexo Avium-intracellulare - (adultos HIV-negativos)

Claritromicina (500 mg duas vezes ao dia) diária, ou Azitromicina (250 mg), ou Rifampina (600 mg) ou Rifabutina (300 mg) + Etambutol (25 mg/K nos 2 primeiros meses, seguido por 15 mg/K). Tratamento por 1 ano ou até cultura ser negativa.

Doença disseminada pelo complexo Avium-intracellulare -

Claritromicina (500 mg duas vezes ao dia) diária, ou Azitromicina (250 a 500 mg) + Etambutol (15 mg/K). Considerar uma terceira droga (Rifabutina na dose de 300 mg/dia). Tratamento por toda a vida até que mais sobre a doença seja sabido.

Doença pulmonar pelo M. kansasii

Rifampicina (600 mg) + Isoniazida (300 mg) + etambutol (25 mg/K nos 2 primeiros meses, seguido por 15 mg/K). Tratamento por 18 meses com um mínimo de 12 meses de manutenção da cultura negativa para as formas pulmonares em adultos.

A Claritromicina ou a Rifabutina devem ser substituídas pela Rifampina nos doentes HIV-positivos que estejam usando inibidores de protease.

Linfadenite cervical por MBNT -

Idealmente, o tratamento é cirúrgico, com retirada do gânglio (95% de cura). Um esquema contendo a Claritromicina pode ser considerado para doentes com doença extensa ou pouca resposta à cirurgia.

Doença não-pulmonar por MBNT de crescimento rápido -

Incluir drogas como a Amicacina e a Claritromicina com base nos testes de sensibilidade.

Como a doença causada pelo CMA é a mais freqüentemente diagnosticada, sua abordagem terapêutica deve ser vista com maior detalhe. Historicamente, os resultados do tratamento quimioterápico da doença causada pelo CMA eram frustrantes. A maior limitação para resultados favoráveis era a ausência de agentes antimicrobianos que associassem baixa toxicidade e boa atividade in vivo contra esses microrganismos. Ainda hoje, há outros obstáculos ao tratamento dessas doenças, entre os quais destacam-se o longo tempo de terapia necessário, o custo dos remédios e o fato de que parte dos doentes não podem ser adequadamente tratados apenas com medicamentos, necessitando de cirurgia. O impacto mais importante no tratamento das doenças pulmonares por MBNT ocorreu há uma década, com a introdução da claritromicina e da azitromicina no arsenal terapêutico. Desde então, nenhum outro agente tão efetivo foi lançado. Possivelmente, o grande valor dos macrolídeos (claritromicina e azitromicina) sobre o CMA se deve às suas altas atividade fagocítica e concentração tecidual. A rifabutina (um derivado da rifamicina S) apresenta maior atividade in vitro que a rifampina sobre isolados do CMA61. Seu valor no esquema terapêutico ainda é objeto de discussão, mas há indícios de que seja uma boa opção profilática na aids62. Nesse grupo particular, os esquemas terapêuticos contendo os macrolídeos citados são efetivos na doença disseminada por CMA. Do mesmo modo, a monoterapia com um macrolídeo é um efetivo esquema quimioprofilático contra doença disseminada63,64,65.

Diversos esquemas terapêuticos foram testados no tratamento das enfermidades causadas pelo CMA. Num estudo utilizando quatro drogas (claritromicina 10 mg/K - etambutol 15 mg/K - rifampina 10 mg/K e kanamicina IM 3 vezes por semana por 2 a 6 meses, seguido de quinolona diária até completar 24 meses)66, 72% (28/39) dos doentes que completaram 6 meses de tratamento negativaram o escarro. A taxa de negativação foi menor para aqueles que já haviam sido tratados antes, ou para os que estavam infectados por cepas resistentes à claritromicina ou eram positivos à baciloscopia pré-tratamento. Não houve diferenças entre as taxas de negativação quando comparados aqueles com doença cavitária com os que apresentavam nódulos/bronquiectasias. Se excluídos aqueles com cepas resistentes à claritromicina, a taxa de negativação foi de 84%. Num outro estudo avaliando o uso intermitente da claritromicina67, observou-se que a administração da droga 3 vezes na semana era tão efetiva quanto o uso diário. Num estudo retrospectivo que procurou avaliar o papel da adição da ciprofloxacina à claritromicina e ao etambutol no tratamento da doença disseminada causada pelo CMA entre pouco mais de 3.000 doentes HIV-positivos, observou-se que aqueles que usaram a quinolona tiveram maior sobrevida68. Entretanto, enquanto a eficácia da claritromicina está bem estabelecida, não há, ainda, evidências científicas suficientes que não deixem dúvidas sobre o valor da adição de quinolonas ao esquema terapêutico.

Um estudo69 comparou a efetividade de dois esquemas:

• azitromicina (600 mg) 3 vezes por semana + etambutol (25 mg/K) diário + rifabutina (600 mg) diário e estreptomicina 2 vezes por semana na fase inicial ;

• azitromicina (600 mg) + etambutol (25 mg/K) + rifabutina (600 mg) todos 3 vezes por semana e estreptomicina 2 vezes por semana na fase inicial.

No primeiro grupo, 14 (74%) dos 19 pacientes que completaram 6 meses de tratamento, negativaram o escarro na cultura. No segundo grupo, 24 (62%) dos 36 doentes que completaram 6 meses de tratamento negativaram a cultura. Esses resultados são equivalentes aos obtidos com esquemas diários contendo claritromicina ou azitromicina70,.71 Entretanto, num estudo comparativo avaliando o papel da rifabutina quando associada à claritromicina e ao etambutol, não se observou qualquer diferença entre as respostas clínica e bacteriológica entre o grupo que associou a rifabutina às outras duas. Porém, o grupo que recebeu a droga desenvolveu muito menos resistência à claritromicina (2% vs 14%)72.

Um outro estudo, comparando a associação da azitromicina ou da claritromicina ao etambutol73, não revelou diferenças importantes entre as duas no que se referia à resposta clínica (sintomas) ou à tolerância. Entretanto, por mecanismos ainda incompreendidos, a resposta bacteriológica (medida pelo clearance da bacteremia) foi significativamente melhor para a claritromicina (4,4 semanas vs 16 semanas para a azitromicina). Por outro lado, ao mesmo tempo em que há evidências de que a dose de claritromicina deve ser alta (1.000 a 2.000 mg duas vezes ao dia) no tratamento da doença disseminada por CMA74,75, de modo ainda não esclarecido, aparentemente a taxa de mortalidade cresce com o aumento da dose. Interroga-se se a claritromicina interferiria negativamente com a imunidade celular, o que seria maléfico para pacientes já imunologicamente comprometidos. Certamente, a toxicidade dessa droga e os problemas na sua interação com a rifabutina são obstáculos importantes no tratamento das doenças pulmonares ou disseminadas causadas pelo CMA.

Embora haja indícios de que um esquema composto por um macrolídeo (claritromicina ou azitromicina) e o etambutol seja efetivo18, aparentemente há maior risco de desenvolvimento de resistência à claritromicina na ausência da rifabutina. Ao mesmo tempo em que a substituição da rifabutina pela rifampina melhora a tolerância ao esquema, reduz a concentração da claritromicina76, aumentando a chance de desenvolvimento de cepas de CMA resistentes a essa droga.

Dada a freqüência com que infecções pelo CMA podem causar doença em pacientes com aids, alguns esquemas quimioprofiláticos estão sendo estudados. Em um deles, no qual foi comparado o uso de claritromicina e de rifabutina, isoladas e combinadas, ficou demonstrado que a claritromicina e a combinação eram superiores à rifabutina isolada. Entretanto, a associação oferecia maior risco de efeito adversos77. Por outro lado, ao mesmo tempo em o CMA é um importante patógeno que pode causar doença disseminada em doentes com aids, e que a introdução dos novos macrolídeos (claritromicina e azitromicina) e da rifabutina melhorou o desfecho do tratamento, esses mesmos medicamentos estão associados a efeitos adversos e a potenciais interações medicamentosas indesejáveis. As rifamicinas (a rifampina mais do que a rifabutina) induzem as enzimas do citocromo P450 e aceleram o metabolismo da claritromicina e dos inibidores de protease do HIV. Ao mesmo tempo, a claritromicina inibe as enzimas do citocromo, levando à maior toxicidade da rifabutina. Nos esquemas terapêuticos, a claritromicina e a azitromicina têm que ser usadas associadas a outros antibióticos, habitualmente o etambutol, para prevenir a emergência de resistência aos macrolídeos. Infelizmente, nem todos respondem bem a esquemas contendo macrolídeo, rifabutina e etambutol, e muitos apresentam, efeitos adversos importantes (em sua maior parte gastrointestinais)78,79.

Finalmente, dado que a maior parte dos portadores de doenças causadas por MBNT são idosos e tomam grande número de fármacos, monitorar a ocorrência de manifestações de toxicidade dos medicamentos usados é importante. Sintomas visuais, como a acuidade (etambutol e rifabutina80) devem ser pesquisados. Sinais de comprometimento do sistema nervoso central (cicloserina, ciprofloxacina, ofloxacina, etionamida), gastrointestinais (etionamida), do fígado (isoniazida, rifampina, etionamida, claritromicina, rifabutina)81,82, dos rins (estreptomicina, amicacina), da audição e da função vestibular (estreptomicina, amicacina, azitromicina) e marcadores hematológicos (sulfonamidas, cefotoxina, rifabutina)81 devem ser pesquisados durante todo o tempo de uso dos medicamentos. A não ser que novos fármacos, com maior efetividade e menor toxicidade sejam inseridos no limitado arsenal terapêutico das doenças causadas por MBNT, pode ser que, para alguns doentes, o tratamento seja pior que a doença.

 

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