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Informe Epidemiológico do Sus

versão impressa ISSN 0104-1673

Inf. Epidemiol. Sus v.10  supl.1 Brasília  2001

http://dx.doi.org/10.5123/S0104-16732001000500017 

 

Efeito do extrato de pimenta-do-reino sobre larvas de Aedes aegypti

 

 

Wedson Desidério FernandesI; Magda Freitas FernandesII; João Cezar do NascimentoIII; Marize Terezinha L. P. PeresI; Manoel Carlos GonçalvesI; Gisele Benites FlorI; Fernanda QuaresmaI

IDepartamento de Ciências Biológicas-DCB / Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
IISecretaria Municipal de Saúde de Dourados-MS / PEAa
IIIFundação Nacional de Saúde

Correspondência para

 

 


 

 

Delineamento do Problema

Aedes aegypti e Aedes albopictus são os mais importantes vetores de arbovírus para o homem e têm sido controlados sistematicamente por inseticidas químicos convencionais. Devido ao alto risco de intoxicação e ao custo econômico, estão sendo estudadas alternativas econômicas, eficientes e ecologicamente compatíveis, como a utilização de substâncias de origem vegetal. O objetivo deste trabalho foi avaliar, em condições de laboratório e campo, o efeito inseticida do extrato aquoso de pimenta-do-reino sobre larvas de Aedes aegypti.

 

Metodologia

Os grãos de pimenta-do-reino (250g) foram moídos até a condição de pó fino e extraídos com 500ml de água destilada em banho-maria a 40oC sob refluxo, por 48 horas. Após este procedimento, a mistura foi filtrada em gaze e posteriormente em papel filtro, sendo em seguida evaporada até secura em rotavapor e acondicionada em frasco coberto com papel alumínio e armazenada na geladeira. Para efetuar os bioensaios preparou-se solução estoque de 32mg/l e 1.000mg/l, sendo as demais concentrações obtidas por diluição.

Laboratório: para as concentrações de 0, 2, 4, 8, 16 e 32mg/l, foram utilizados recipientes de 500ml com 150ml de solução em cinco repetições. Cada repetição possuía 10 larvas de 3o instar de Aedes aegypti, que eram observadas em intervalos de 2, 4, 8, 16 e 32 horas após a colocação dos extratos. A mesma metodologia foi utilizada para as concentrações 0, 64, 128, 356 e 1.000mg/l.

Campo: utilizou-se a mesma metodologia, exceto para os recipientes, que foram vasos escuros de 1.000ml. No cemitério e borracharia, as concentrações 0, 128, 356 e 1.000mg/l do extrato de pimenta-do-reino, foram avaliadas em intervalos de 24 horas após a colocação dos extratos. Foram utilizadas cinco repetições para cada tipo de tratamento com recipientes contendo 300ml dos extratos com 10 larvas de 3o instar de Aedes aegypti. Em cada recipiente foram colocadas paletas para verificar a porcentagem de oviposição nas concentrações testadas.

 

Resultados

Tanto para os experimentos realizados em laboratório, como em campo, somente a concentração de 1.000mg/l do extrato aquoso provocou 100% de mortalidade. Em laboratório, a concentração de 356mg/l causou mortalidade acumulada em 80% das larvas após 64 horas. Observou-se, no cemitério municipal de Dourados, uma correlação positiva da mortalidade acumulada de larvas em função da crescente concentração do extrato. A concentração de 1.000mg/l foi a mais eficiente, provocando uma mortalidade acumulada de 100% das larvas em um período de 24 horas de exposição. As concentrações de 0, 128 e 356mg/l provocaram, respectivamente, mortalidade em 16, 30 e 46% após 168 horas de avaliação. Observou-se uma relação decrescente do número médio de ovos encontrados nas ovitrampas, nas diferentes concentrações do extrato aquoso de pimenta-do-reino. Quanto mais elevada a concentração do extrato, menor o númerode ovos encontrados nas ovitrampas. Na segunda avaliação, realizada na borracharia, a concentração de 1.000mg/l também foi a mais eficiente, provocando uma mortalidade acumulada de 100% das larvas em um período de 24 horas.

 

Conclusões

Como grande parte da literatura, que indica o potencial de extratos vegetais para o controle de insetos, os resultados obtidos no presente estudo mostram que o extrato de pimenta-do-reino, na concentração de 1.000mg/l, pode provocar mortalidade em 100% das larvas de Aedes aegypti. Entretanto, a utilização desta substância em programas de manejo e erradicação do mosquito está limitada no fato de que a concentração diagnóstico para provocar a mortalidade é muito alta, inviabilizando assim o seu uso em grandes programas. Entretanto, não há como negar a importância desses elementos e, portanto, novas pesquisas necessitam ser realizadas com extratos de outras plantas nativas, que têm apresentado resultados satisfatórios para manejo em outras espécies.

 

Correspondência para:
Wedson Desidério Fernandes
Departamento de Ciências Biológicas-DCB - Campus de Dourados
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul Dourados - MS
CEP: 79.825-070
E-mail: wedson@ceud.ufms.br /wdesiderio@uol.com.br

 


 

Dengue: Instruções para pessoal de combate ao vetor manual de normas técnicas - FUNASA - 2001

 

 

Controle biológico e manejo ambiental

“O controle de vetores em uma concepção atualizada procura contemplar idéias de integração de métodos e estratégias. Entende-se dentro desse princípio que se devem trabalhar racionalmente diversos métodos dentro de um enfoque ecológico.”

 

Controle biológico

“O controle biológico existe na natureza, reduzindo naturalmente a população de mosquitos através da predação, do parasitismo, da competição e de agentes patógenos que produzem enfermidades e toxinas. Atualmente, existem pesquisas no sentido de utilizar o controle biológico, que teria a grande vantagem de minimizar os danos ambientais que os inseticidas comuns podem causar.”

 

Manejo ambiental

“Um componente importante mas freqüentemente pouco valorizado no combate aos vetores é o manejo do ambiente, não apenas através daquelas ações integradas à pesquisa de focos e tratamento químico, tal como a eliminação e remoção de criadouros no ambiente domiciliar, mas, também, pela coleta do lixo urbano regular ou através de mutirões de limpeza, o que, na prática, tem sido feito apenas na vigência de epidemias.”