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Revista Paraense de Medicina

versão impressa ISSN 0101-5907

Rev. Para. Med. v.20 n.1 Belém mar. 2006

 

EDITORIAL

 

A língua portuguesa no contexto científico-cultural

 

 

Alípio Augusto Bordalo TCBC

Titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, Capítulo do Pará. Da Associação Brasileira de Editores Científicos ABEC. Coordenador do Núcleo Cultural da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará

 

 

A língua portuguesa, com o espanhol, o catalão, o francês, o provençal, o italiano, o rético e o sardo, constituem o grupo de línguas neolatinas ou românicas, derivado do latim vulgar ou popular.

Os colonizadores portugueses durante os séculos XV e XVI, levaram a língua pátria a quatro continentes –América do Sul (Brasil), África (Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Mombaça, Zanzibar e Moçambique), Oceania (Timor e Java) e Ásia (Goa, Damão, Diu e Macau).

A Convenção do Elos Clube Internacional da Comunidade Lusíada realizada em Tavira, em outubro de 2005, na petição assinada pelo Vice-Presidente Continental para a Europa e pelo Presidente do Elos Niterói, RJ, Brasil, baseada em proposta fundamentada, solicita à Organização das Nações Unidas ONU que torne oficial o idioma português ao lado do inglês, chinês, árabe, espanhol, francês e russo. Pergunta-se: qual é a expressão do árabe e do chinês no âmbito científico-cultural mundial? Responda quem souber.

Na biblioteca da antiga Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, onde nos graduamos em dezembro/1957, num grupo de 10 livros, 8 eram em espanhol, francês e inglês, e apenas 2 em português. Jamais esqueceremos dos poucos autores portugueses e brasileiros, como Manual de Embriologia de Celestino Costa (Lisboa), Leprologia de Mariano Becheli, Obstetrícia de Jorge de Rezende, Propedêutica de Vieira Romero, Ginecologia de José Medina, Manuel de Obstetrícia de Horta Barbosa e Medicina Legal de Flamínio Fávero. Predominavam os tratadistas espanhois e argentinos.

Durante as décadas de 60 e 70, as coisas começaram a mudar. Cresce e continua crescendo a produção científica em língua portuguesa, em maior parte do Brasil. Hoje, os livros e periódicos no idioma pátrio já predominam nas bibliotecas dos hospitais e universidades.

Decerto, o Brasil atual com população de cerca de 185 milhões de habitantes, conforme estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, de julho/2005, dentre os paises latino-americanos é o de maior desenvolvimento econômico, industrial e científico-cultural.

Tudo faz crer que a língua portuguesa seja, atualmente, a 5a mais falada, depois do mandarim, indi ou hindu, inglês e espanhol, a 3a considerada universal de expressão cultural e uma das 4 faladas em 4 continentes.

Assim sendo, não se justifica que alguns periódicos biomédicos brasileiros publiquem artigos apenas em língua inglesa. Seria aceitável que fosse bi-língue – português e inglês ou espanhol.

Reflitamos com as cabeças erguidas e não nos consideremos colônia cultural de outros povos. O idioma é parte da identidade cultural e cidadania.

Março de 2006.