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Revista Paraense de Medicina

versão impressa ISSN 0101-5907

Rev. Para. Med. v.20 n.3 Belém set. 2006

 

ARTIGO ORIGINAL

 

Avaliação da amplitude articular do tornozelo em crianças com paralisia cerebral após a aplicação de toxina botulínica seguida de fisioterapia1

 

Evaluation of the width to articulate of the ankle in children with cerebral paralysis after the application of botulinum toxin proceeded by physiotherapy

 

 

Caroline Buarque FrancoI; Larissa de Castro PiresI; Lucieny da Silva PontesII; Emanuel de Jesus de SousaIII.

IGraduanda do Curso de Fisioterapia da UNAMA
IIFisioterapeuta Mestra pela Universidade Federal de São Paulo/Escola Paulista de Medicina (UNIFESP/EPM)
IIIMestre em Motricidade Humana pela Universidade Estadual do Pará (UEPA), Médico Neurologista do FHCGV

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

OBJETIVO: avaliar o grau de amplitude de movimento da articulação do tornozelo em crianças com paralisia cerebral, do tipo diparesia e tetraparesia espástica, após a aplicação de toxina botulínica tipo A em músculos gastrocnêmios, seguida por fisioterapia.
MÉTODO: estudo observacional e transversal, avaliando 10 crianças, de ambos os sexos, faixa etária de 2 a 7 anos, sendo 5 diparéticas e 5 tetraparéticas do tipo espástica, com presença de equinismo bilateral. Realizadas 3 avaliações em intervalos pré e pós bloqueio, sendo que o grau de mobilidade do tornozelo, obtido através da goniometria articular.
RESULTADOS: constatou-se que a injeção intramuscular de toxina otulínica do tipo A aumentou o grau de movimento da articulação do tornozelo e, ainda, aumentou a pontuação na escala de atividades dinâmicas.
CONCLUSÃO: a toxina botulínica tipo A combinada ao tratamento fisioterapêutico é um método eficaz no processo de reabilitação de pacientes que apresentam espasticidade por seqüela de PC.

Descritores: paralisia cerebral; espasticidade; toxina botulínica tipo A; fisioterapia.


SUMMARY

OBJECTIVE: to evaluate the degree of width of movement of the articulation of the ankle in children with cerebral paralysis, of the type diparetic and tetraparetic spastic, after the application of Botulinum Toxyn type A in gastrocnemius muscles proceeded by physiotherapy.
METHOD: were accomplished a study prospective, traverse and observacional, they were appraised 10 children, of both sexes, presenting an age group from 2 to 7 years, being 5 diparetic and 5 tetraparetic of the type spastic, with presence of bilateral bilateral equinus .Were accomplished 3 evaluations in intervals before and powders blockade, and the degree of mobility of the ankle obtained through the goniometry to articulate.
RESULTS: it was verified that the injection intramuscular of Botulinum Toxyn type A increased the degree of movement of the articulation of the ankle and still, it increased the punctuation in the scale of activities dynamics.
Conclusion: the Botulinum Toxyn type A combined with physiotherapy is an effective method in the process of patient rehabilitation that they present spasticity for sequel of Cerebral Paralysis.

Key words: Cerebral Paralysis; Spasticity; Botulinum Toxin type A; Physiotherapy.


 

 

INTRODUÇÃO

Inúmeras doenças do sistema nervoso central apresentam como complicação a espasticidade. A espasticidade é definida como um aumento da resistência muscular à mobilização passiva, sendo dependente da velocidade de estiramento muscular, muitas vezes associada a uma hiperreflexia secundária. Essa alteração motora resulta em fraqueza muscular e perda da habilidade motora, interferindo na mobilidade, no auto-cuidado e no posicionamento da criança.1

Nesta pesquisa foi abordada a Encefalopatia Não- Progressiva Crônica da Infância (ENPCI), também conhecida como Paralisia Cerebral (PC), nomenclatura utilizada no transcorrer do texto.1

A PC apresenta uma elevada incidência no Brasil, sendo considerada um problema social e de saúde pública recém nascidos prematuros. Essa condição caracteriza-se por um conjunto de alterações motoras, decorrentes de uma lesão no cérebro nas fases inicias do desenvolvimento. Não tem caráter progressivo e pode ser classificada com relação ao tônus muscular em espástica, atetósica, atáxica e mista. A forma espástica é a mais freqüente sendo esta, elemento de estudo desta pesquisa.2

No que se refere à distribuição da topografia da lesão, a PC do tipo espástica pode ser: tetraparética (quatro membros acometidos), diparética (os membros superiores menos acometidos que os inferiores) ou hemiparética (acometendo o membro superior e inferior de um hemicorpo). 2, 3

A diplegia ocorre em 10 a 30 % dos pacientes com PC, e trata-se de um comprometimento dos membros inferiores, comumente evidenciando uma acentuada hipertonia dos adutores, que configura em alguns doentes o aspecto semiológico denominado síndrome de Little (postura com cruzamento dos membros inferiores e marcha "em tesoura"). Há diferentes gradações quanto à intensidade do distúrbio, podendo ser pouco afetado, tendo recuperação e bom prognóstico, adaptando-se à vida diária, enquanto outros não evoluem para um prognóstico satisfatório, apresentando graves limitações funcionais.3

A tetraplegia espástica é a forma mais grave de PC e acomete os lactentes a termo, que em geral são pequenos, afetando todo o corpo da criança, no entanto sua identificação precoce encontra-se prejudicada, já que geralmente, uma importante hipotonia antecede o quadro de espasticidade. Os tetraparéticos apresentam alteração global de tônus muscular, diminuição da motricidade espontânea e da mobilidade articular, propiciando o surgimento de deformidades.3

Os programas de tratamento para PC do tipo diparesia e tetraparesia espástica, têm como principal meta diminuir a espasticidade, para possibilitar o máximo da potencialidade funcional e minimizar os problemas secundários, como os encurtamentos e as contraturas. Dentre os recursos utilizados no tratamento da espasticidade, ultimamente, vem sendo difundida a neurólise química periférica com a aplicação da Toxina Botulínica do tipo A (TBA). A TBA é uma neurotoxina derivada do Clostridium botulinum. Essa substância atua na junção neuro-muscular, impedindo a liberação da acetilcolina (Ach) e permitindo uma paresia muscular temporária (3 a 6 meses). Ela é aplicada através de injeção intra-muscular no ponto motor do músculo. A ação química da TBA reduz a atividade muscular tônica ou fásica excessiva, levando a melhora do movimento passivo e ativo permitindo maior alongamento dos músculos abordados. A indicação dessa substância se dá em casos de espasticidade localizada num grupo muscular ou em apenas um músculo. Outras indicações incluem o alívio de espasmos dolorosos, a melhora da higiene e cuidados com os pacientes, e do posicionamento para prevenir escaras e para facilitar o uso de órtese.4

Os possíveis efeitos colaterais são reações cutâneas locais, e dor nos pontos de injeção, podendo também sofrer fraqueza nos músculos bloqueados adjacentes. São consideradas como contra-indicações relativas, o uso de antibióticos do grupo dos aminoglicosídeos, afecções da junção neuromuscular e doenças do motoneurônio, gravidez e lactação.5

Após a aplicação da TBA, o grupo muscular escolhido sofre uma redução da espasticidade, facilitando os movimentos para a realização do programa fisioterapêutico, em que o fisioterapeuta deve desenvolver um protocolo de tratamento que vise acelerar e otimizar os resultados 1

Nesta pesquisa, a cinesioterapia foi inserida com o intuito de aumentar a amplitude de movimento (ADM), maximizando o controle seletivo, aumentando a força muscular, melhorando a coordenação motora e outros componentes do desenvolvimento motor normal da criança.6

Na PC, a qualidade dos resultados torna-se maior, quanto mais cedo for administrada a TBA, evitando desenvolvimento de contraturas e permitindo que o músculo alongado cresça juntamente com o esqueleto ósseo.7

Devido a crescente procura por esse tipo de tratamento, e pelas evidências clínicas que registram seus benefícios nas seqüelas motoras decorrentes da espasticidade, foi viável a verificação da aplicabilidade da TBA em pacientes com diparesia e tetraparesia espástica por seqüela de PC, devido ser um método pouco invasivo, apresentando resultados imediatos e com efeitos colaterais mínimos e por retardar a necessidade de cirurgias ortopédicas em crianças portadoras da doença.

 

OBJETIVO

Avaliar o grau de amplitude de movimento da articulação do tornozelo em crianças com encefalopatia crônica não-progressiva da infância, do tipo diparesia e tetraparesia espástica, após a aplicação de Toxina Botulínica tipo A em músculos gastrocnêmios seguida por fisioterapia.

 

MÉTODO

A pesquisa aprovada pelo do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade da Amazônia (UNAMA) e aceitação pela instituição. Os responsáveis dos indivíduos participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido redigido para esse fim

Estudo transversal, onde todas as avaliações e aplicações de Toxina Botulínica Tipo A foram realizadas na Fundação Pública Estadual Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (FHCGV), no setor ambulatorial, consultório 8.

Casuística composta por 10 pacientes, faixa etária de 2 a 7 anos, de ambos os sexos, cadastrados no S.U.S, os quais receberam doses injetáveis de Toxina Botulínica do tipo A nos músculos gastrocnêmios, direito e esquerdo. A seguir os pacientes reiniciaram as sessões de fisioterapia.

As avaliações clínicas realizadas, previamente, e após as injeções de toxina botulínica tipo A. Na avaliação de cada paciente, os dados foram registrados, previamente, à injeção (pré-toxina), 15 dias após a aplicação, e em 30 dias na avaliação final.

Os 10 pacientes eram examinados seguindo a rotina a seguir relacionada:

1 - Foram coletados dados relacionados à atividade reflexa, trofismo muscular, graduação do tônus muscular dos músculos gastrocnêmios na Escala de Ashworth modificada com o paciente em decúbito dorsal, descalço, com os joelhos estendidos e com os pés posicionados fora da maca, realizando a dorsiflexão do tornozelo de forma rápida e lenta, para verificar o grau de resistência do músculo durante a mobilização passiva.

 

 

2 - Avaliação rápida e lenta do grau da amplitude articular de movimento do tornozelo foi realizada com uso do equipamento goniômetro (CARCIò), através da goniometria articular, onde o paciente foi posicionado em decúbito dorsal, para verificação da dorsiflexão do tornozelo, sendo que o goniômetro foi colocado abaixo do maléolo lateral partindo para o marco zero.

A ADM foi medida com a realização da extensão de joelhos (direito e esquerdo) do paciente a 180o nas formas rápida e lenta.

3 - Avaliação da marcha e do engatinhar foi realizada de acordo com a escala validada de Atividades Funcionais Dinâmicas após aplicação de TBA. Todas as avaliações realizadas pelas autoras.

Critérios de inclusão

• diagnóstico de PC do tipo diparesia ou tetraparesia espástica;

• graduação na escala de Ashworth modificada graus 1, 1+ e 2;

• faixa etária entre 2 a 7 anos;

• equinismo bilateral;

• participantes de protocolo de fisioterapia.

Critérios de exclusão

• cirurgias ortopédicas prévias;

• presença de deformidades estruturadas;

• aplicações de agentes bloqueadores musculares prévias com menos de 6 meses;

• 25% de faltas nas sessões de fisioterapia.

Procedimento da aplicação de TBA

Utilizada a Toxina Botulínica tipo A (BOTOX®), produzida pelos laboratórios Allergan, Inc. acondicionada em frascos de 100 unidades/ camundongo (100 UM) na forma liofilizada conservados em geladeira a 6o C. Para minimizar a sensação dolorosa foi empregado 15 minutos antes, spray anestésico local composto de lidocaína (Xylestesin®). Foi feito, também, uso de material asséptico no local da aplicação.

As doses foram aplicadas, imediatamente, após o preparo, sendo utilizadas seringas contendo o medicamento.

As dosagens aplicadas, ambulatorialmente, posicionando-se os pacientes em decúbito ventral horizontal sobre a maca.

Após a aplicação da toxina, os pacientes reiniciaram as sessões de fisioterapia normalmente, sendo instituída uma freqüência de no mínimo duas vezes por semana com duração de 1 hora.

Tratamento de Dados

As informações foram inseridas no programa EPI-INFO, versão 6.04 para análise estatística dos mesmos. As tabelas e gráficos construídas no Microsoft Excel 2000.

Para a análise da significância foram utilizados os seguintes testes: Teste T de Student para análise da diferença entre as médias, antes e depois do tratamento, e o Teste Kappa para análise de replicabilidade. O nível de significância foi p=0,05 (5%).

 

RESULTADOS

 

 

 

 

 

 

 

 

DISCUSSÃO

A paralisia cerebral do tipo espástica manifesta-se por um desequilíbrio de força e uma alteração do tônus muscular, em vista disso, a espasticidade é um fator agravante, que compromete o desenvolvimento motor normal, impedindo que a criança adquira habilidades necessárias, para uma qualidade de vida satisfatória.8

Ultimamente, muito tem sido estudado sobre os efeitos benéficos do bloqueio químico neuromuscular, no tratamento da espasticidade. A toxina botulínica do tipo A tem sido utilizada, há vários anos, para o tratamento das mais diversas nosologias como no estrabismo, blefaroespasmo, no torcicolo espasmódico e nas distonias focais de membros superiores e dentre outras. Atualmente a TBA vem sendo utilizada com sucesso no tratamento da espasticidade. 9

Muitos estudos têm comprovado a eficácia da TBA no tratamento de pacientes portadores de PC. Difazio8, em 1993, realizou um estudo retrospectivo, no qual foram realizadas análise de 250 fichas de crianças com PC desde 1993, tratadas com TBA, fisioterapia, terapia ocupacional e órteses. Em 86% das crianças o grau de espasticidade na escala de Ashworth foi de um a dois pontos, havendo uma diminuição de espasticidade nos membros inferiores, e, assim, os ganhos incluiam uma melhora na capacidade de se manterem em pé por períodos mais longos, com melhora no padrão de marcha, da higiene pessoal, facilitação na utilização de órteses e melhor ajuste ortopédico adiando a realização de cirurgias8.

Várias pesquisas demonstram melhora no grau de amplitude de movimento após a injeção de TBA em músculos espásticos. 8,9,10,11,12

Os resultados obtidos nesta pesquisa, confirmam os dados da literatura, com relação aos benefícios conseguidos no tônus muscular. Através da escala de Ashworth modificada, pôde-se investigar a espasticidade dos músculos gastrocnêmios. Fazendo uma comparação, entre os resultados conseguidos após a aplicação da TBA, conforme mostrado no quadro 2, os indivíduos apresentaram uma melhora clínica com relação ao grau de espasticidade. De acordo com o quadro 2, nota-se que ao final da pesquisa, apenas 1 paciente apresentou grau 2, 4 pacientes grau 1+ e 5 pacientes grau 1 da escala.

Um dos objetivos deste estudo era procurar estabelecer medidas de comparação das amplitudes articulares de movimentos do tornozelo nas formas rápida e lenta, por meio das avaliações realizadas, previamente, ao bloqueio químico, e aproximadamente, após, 15 e 30 dias da neurólise química, conforme os quadros 3 e 4, notou-se melhora nos graus da amplitude articular de movimento do tornozelo direito e esquerdo em todos os pacientes participantes do estudo.

Nesta pesquisa, a avaliação do grau de amplitude de movimento articular do tornozelo foi realizada pela goniometria. Utilizaram-se as medidas goniométricas nas formas rápida e lenta, para o grau de mobilidade total de dorsiflexão do tornozelo e nesse caso, a adoção da posição neutra (0o) foi feita com auxílio do goniômetro.

De acordo com o quadro 3, o teste T Student atestou que houve diferenças estatisticamente significantes, sendo maiores os valores obtidos entre o 15o ao 30o dia no tornozelo direito (p=0,0081) e esquerdo (p=0,0095), através da goniometria realizada para os valores médios em graus da ADM do tornozelo na forma lenta para o movimento total.

O quadro 4 demonstra os valores médios da amplitude articular do tornozelo direito e esquerdo na forma rápida, período compreendido entre o 15o e o 30o dia após a aplicação da TBA. Verificou-se diferença, estatisticamente, significante para o tornozelo direito (p=0,0063) e para o tornozelo esquerdo (p=0,0009), quando comparados com o período pré-bloqueio até o 15o dia pós-bloqueio, confirmando a importância do tratamento fisioterapêutico combinado. Sendo, que após o bloqueio químico, a tendência é haver um maior relaxamento muscular e, com isso facilitar o ganho de ADM, sendo que os achados dessa pesquisa confirmam os dados encontrados na literatura.

Durigon13 mediante o desafio de medir as mínimas mudanças nas atividades funcionais de crianças submetidas a tratamento fisioterapêutico, desenvolveu uma pesquisa com crianças portadoras de PC, em que validou uma escala de atividades funcionais dinâmicas. A escala tem o propósito de avaliar funções ou habilidades, e não o desempenho motor implícito na função.

Com relação à escala de atividades funcionais dinâmicas, conforme demonstra o quadro 5, não se observou diferenças, estatisticamente, significantes (p=0,0888) através da análise realizada pelo Teste Kappa. Todavia, houve melhora clínica observada no aumento dos pontos da escala, sendo sugerido a realização de um estudo com uma casuística maior ou a realização do tratamento fisioterapêutico por um período mais prolongado.

A literatura atual faz referência à importância da fisioterapia após bloqueio químico. Com o tratamento fisioterapêutico ocorre a inibição da atividade reflexa patológica, possibilitando a adequação terapêutica do tônus muscular, facilitando dessa forma, padrões de movimentação próximos da normalidade, conseqüentemente, aumentando a mobilidade articular, com a melhora da funcionalidade e evitando o surgimento de deformidades.10

Todos os participantes deste estudo estavam inseridos em um programa de tratamento fisioterapêutico, tanto antes, como após a injeção da TBA, cumprindo uma freqüência semanal de no mínimo 2 sessões fisioterapêuticas. Muito importante para que haja no sucesso do tratamento, é que o paciente esteja engajado em um processo de reabilitação, de modo que após o procedimento, os músculos antagonistas aos injetados possam ser trabalhados especificamente.14

Fragoso et al15 realizaram um estudo recente com objetivo de avaliar a expectativa e a realidade dos pacientes submetidos a bloqueio neuromuscular com TBA, e constataram que os efeitos positivos da toxina, como restauração funcional dos músculos-alvo e melhora nas atividades de vida diária, desperta grande expectativa aos responsáveis dos pacientes. Durante esta, os responsáveis das crianças, mesmo sendo de baixa classe econômica e social eram informados quanto à doença e tratamento. Sendo assim, esperava-se obter resultados favoráveis após a aplicação de TBA, o que facilitou a realização do tratamento.

 

CONCLUSÃO

1 - A TBA combinada à fisioterapia mostrou ser útil no tratamento da espasticidade de pacientes portadores de PC do tipo diparesia e tetraparesia espástica, quando aplicada em músculos gastrocnêmios, aumentando o grau de amplitude de movimento do tornozelo, tanto na forma lenta como na forma rápida.

2 - Observou-se que a TBA reduz a hipertonia muscular através da graduação na escala de Ashworth modificada.

3 - O estudo mostrou que a TBA, quando complementada por fisioterapia, é um elemento facilitador de atividades funcionais através da graduação na escala de atividades funcionais dinâmicas, contribuindo para a melhora clinica global dos pacientes que receberam o medicamento

4 - Novos estudos devem ser realizados envolvendo um maior número de participantes; com acompanhamento fisioterapêutico por um maior período de tempo.

 

REFERÊNCIAS

01. BAIOCATO, A.C. et al. Uso da Toxina Botulínica Tipo A como Coadjuvante no Tratamento da Espasticidade: Uma Revisão da Literatura. Fisioterapia em Movimento. v. 7, n. 2, p. 33, out-mar. 1999/2000.

02. LEVITTI, Sophie. O Tratamento da Paralisia Cerebral e do Retardo Motor. 3. ed. São Paulo: Manole, 2001.

03. SILVA JR., João Alírio T. et al. Tratamento das deformidades em eqüino de pacientes portadores de paralisia cerebral do tipo diplégico espástico mediante a injeção de toxina botulínica tipo A em músculos gastrocnêmios. Revista Brasileira de Ortopedia. v. 38, p. 41-54, jan-fev. 2003.

04 SOUZA, I.; FERRARETO, A. Paralisia Cerebral: Aspectos Práticos. 2. ed. São Paulo: Memnom, 1998.

05. SIQUEIRA, Brena. A Utilização da Toxina Botulínica do Tipo A (BOTOX) no Tratamento da Espasticidade, 2004. Fisioweb. Disponível em: www.fisioweb.com.br. Acesso em: 16 mar, 2005.

06. LIANZA, S.; BARON, C. E. Mensuração da Qualidade de Vida de Pacientes Hemiplégicos Espásticos após Aplicação de Toxina Botulínica Tipo A. FisioBrasil. v. 5, n. 6, nov/dez. 2004.

07. LEITE, J. M. & PRADO, FG. Paralisia cerebral: aspectos fisioterapêuticos e clínicos. Revista Neurociências. v.12, no 1, 2004

08. DURIGON, OC et al. Validação de um protocolo de avaliação do tono muscular e atividades funcionais para crianças com paralisia cerebral. Revista Neurociências. v. 12, no , 2004.

09. SILVA, A. & OLIVEIRA, D. TCC de. Benefícios da toxina botulínica do tipo a em pacientes com paralisia cerebral do tipo espástica Associada a condutas fisioterapêuticas.[tese de Graduação em Fisioterapia]. Goiânia: Universidade Católica de Goiás, 2003.

10. SILVA JR., João Alírio T. et al. Tratamento das deformidades em eqüino de pacientes portadores de paralisia cerebral do tipo diplégico espástico mediante a injeção de toxina botulínica tipo A em músculos gastrocnêmios. Revista Brasileira de Ortopedia. v. 38, p. 41-54, jan-fev. 2003.

11. PONTES, Lucieny da Silva. Estudo Comparativo entre a ADM do Tornozelo e o Índice de Mobilidade Funcional de Rivermead em Hemiparéticos Espásticos, Após Injeção Intramuscular de Toxina Botulínica Tipo A nos Músculos Grastrocnêmio e Solear, Complementada por Fisioterapia. Tese de Mestrado. UNIFESP, 2003.

12. CALDERÓN-GONZÁLEZ, R.; CALDERÓN-SEPÚLVEDA, R. F. Tratamiento de la Espasticidade em Parálisis Cerebral com Toxina Botulínica. Revista de Neurologia. v. 34, n. 1, p. 52-59, 2002.

13. FONSECA, AP; GREVE, JMD; PAVÃN, K.; GRANERO, LHM; GAL, PLM Consenso Nacional Espasticidade: Diretrizes para Diagnóstico e Tratamento. Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação. São Paulo, 2001.

14. SPOSITO, Maria Matilde de Mello. Toxina Botulínica Tipo A: Propriedades farmacológicas e Uso Clínico. Acta Fisiátrica. Sup.1, 2004.

15. FRAGOSO, YD; ARAÚJO, MG.; GENNARO, KV.; PENTEADO, ALT. A Expectativa e a Realidade de Pacientes Submetidos a Bloqueio Neuroquímico com Toxina Botulínica A para Tratamento de Espasticidade. Reabilitar. v. 20, 2003. Disponível em: http://www.revistareabilitar.com.br/art_capa20.shtml.

 

 

Endereço para correspondência
Caroline Buarque Franco
Av. Braz de Aguiar, no 564, apto 1301, Bl. A
Nazaré, Belém - PA, CEP. 66035-000
Telefone: (91)3222.6793 ou 9902.2492
e-mail: karolinytc@hotmail.com

Recebido em 21.03.2006
Aprovado em 28.06.2006

 

 

1Trabalho realizado na Universidade da Amazônia (UNAMA)/ Fundação Pública Estadual Hospital de Clínicas Gaspar Viana (FHCGV)