SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.21 número1Epidemiologia de pacientes co-infectados HIV/HCV atendidos na Fundação Santa Casa de Misericórdia do ParáDegeneração neuronal secundária e excitotoxicidade índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

  • Não possue artigos citadosCitado por SciELO

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Revista Paraense de Medicina

versão impressa ISSN 0101-5907

Rev. Para. Med. v.21 n.1 Belém mar. 2007

 

ARTIGO ORIGINAL

 

Efeito do extrato de mastruz em culturas de Staphylococcus Aureus e Escherichia coli1

 

Mastruz stratum effect in cultures of Staphylococcus Aureus and Escherichia coli1

 

 

Marcus Vinicius Henriques BritoI; Daniel da Silva CarvalhoII; Ana M Morais AlbuquerqueIII

IProfessor Adjunto, Doutor; Coordenador do Curso de Pós-graduação em Pesquisa Aplicada a Ciências da Saúde (UEPA); Coordenador da Disciplina de TOCEA- UEPA; Coordenador do LCE- UEPA
IIPós-graduado em Pesquisa Aplicada à Ciência da Saúde (UEPA)
IIIBioquímica e Farmacêutica do Laboratório de Microbiologia e Patologia da (UEPA)

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

OBJETIVO: Analisar a ação do extrato de mastruz sobre o crescimento de culturas de Staphylococcus aureus e Escherichia coli.
MÉTODO: Para avaliar o efeito do extrato de mastruz foram criados os Grupos Stafilococus aureus (Gsa) e o Grupo Escherichia coli (Gec). O grupo Gsa foi composto de três placas de Petri com cultura de S.aureus, cepa ATC 25923 e em cada uma delas, colocados discos impregnados individualmente com mastruz, gentamicina e oxacilina. No grupo Gec as placas foram semeadas com cepa de E. coli 35218, e também posicionados discos com as três substâncias em estudo.
RESULTADOS: Tanto nas culturas de S. aureus como nas de E. coli, não houve halo de inibição induzida pelo extrato de mastruz. Este halo foi observado ao redor dos discos de gentamicina e oxacilina nas culturas de S. aureus e somente nos discos de gentamicina na cultura de E. coli.
CONCLUSÃO: o extrato de mastruz não tem ação antimicrobiana sobre cepa ATCC 25923 de S. aureus e nem sobre a 35218 de E. coli.

Descritores: Mastruz; Staphylococcus aureus; Escherichia coli, plantas medicinais


SUMMARY

OBJECTIVE: To analyze the mastruz extract effect on the Staphylococcus aureus and Escherichia coli cultures growth.
METHOD: SaG composed for three Petri plates with S.aureus culture of stump, ATC 25923e in each one of them, put disks impregnated individually with mastruz, gentamicina and oxacilina. EcG stump 35218 composed by three Petri plates with E. coli cultures and in each one of them, paper filter impregnated respectively with mastruz, gentamicina and Oxacilina.
RESULT: In SaG and in EcG, there was not inhibition induced halo by the mastruz extract.
CONCLUSION: o mastruz extract doesn't have inhibition action on stump ATCC 25923 of S. aureus and to 35218 of E. coli.

Key words: Mastruz, effect, Staphylococcus aureus, Escherichia coli.


 

 

INTRODUÇÃO

Na Amazônia a população tem o hábito de depositar folhas de mastruz em ninhos de galinhas, visando afugentar piolhos. Estas folhas esmagadas sobre um pano e aplicadas como compressa na cabeça de crianças combatem a fitiriase 1,2,3,4,5.

O sumo das folhas do mastruz misturado ao leite e bebido diariamente; de manhã ajuda no tratamento de problemas pulmonares em que se inclui até mesmo a tuberculose 5,6,7.

Esse sumo apresenta ainda grande poder antipruriginoso, razão porque é aplicado em feridas infectadas, facilitando a cicatrização. Usa-se o sumo contra reumatismo, pisaduras, pancadas, golpes. Nas fraturas, encana-se com uma "taboca" (bambu) e envolve-se com mastruz 5,6,7.

Embora sejam encontradas na literatura diversas utilizações para o mastruz, não foram localizados estudos sobre sua ação antimicrobiana, principalmente a respeito de germes comuns de nossa flora.7,8

Desse modo cepas de E. coli e S. aureus foram selecionadas a fim de se avaliar a ação antimicrobiana do extrato de mastruz sobre tais agentes infecciosos.

 

OBJETIVO

Analisar in vitro a ação do extrato de mastruz sobre o crescimento de culturas puras ATCC de Staphylococcus aureus e Escherichia coli.

 

MÉTODO

O trabalho foi autorizado pelo Coordenador Geral dos Laboratórios da UEPA, pelo Coordenador do Laboratório de Microbiologia da Universidade do Estado do Pará e também pelo Núcleo de Pesquisa Extensão e Pós-graduação da Universidade Estado do Pará.

Sendo a pesquisa do tipo experimental e básica.

Utilizou-se cepas puras ATCC 25923 de Staphylococcus aureus e 35218 de Escherichia coli, fornecida pelo Instituto Evandro Chagas e cultivadas em meio de Muller-Hinton e os antimicrobianos oxacilina e gentamicina fornecidos pelo Laboratório de Bioquímica do CCBS - UEPA.

No experimento empregou-se o extrato de mastruz (Chenopodium ambrósoides, Linneu), obtido de folhas fornecidas pela Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária (EMBRAPA).

Para a preparação do extrato de mastruz utilizaram-se apenas as folhas; as quais foram coletadas e transferidas à estufa para secagem a 40oC, sendo posteriormente moídos até se obter um fino pó que pesou 25g. A amostra foi embalada em papel alumínio e colocada na geladeira por 24 horas, sendo realizado o experimento no dia seguinte.

Para a confecção do extrato, as 25g de material obtido, foram diluídas em 500 ml de água destilada dando origem ao extrato de mastruz.

O extrato de mastruz foi submetido à análise microbiológica, sendo o resultado, a ausência de microorganismos.

O modelo adotado para realização do teste foi o de Kirby-Bauer.

 

Procedimento

Uma suspensão em solução salina foi produzida a partir da cultura pura American Type Culture Collection (ATCC), sendo esta comparada a um tubo padrão de turbidez, para ajustar a densidade da suspensão de teste ao padrão.

Em seguida 03 placas de Petri foram semeadas com o organismo em teste, E. coli ou S. aureus, em ágar de Mueller-Hinton de maneira uniforme, sendo colocado um (1) disco estéril de papel filtro comum, de 0,4cm de diâmetro, impregnado com 8mg/disco de extrato de mastruz.

Na mesma placa foram, também, posicionados um disco com gentamicina e outro com oxacilina, ambos com 0,4cm de diâmetro e 10mg de antimicrobiano por disco.

As placas foram então colocadas em estufa numa temperatura de 37o durante 24h.

Após o período de incubação descrito, com um paquímetro digital foram medidos pelo maior diâmetro os halos de inibição do extrato de mastruz, da gentamicina e da oxacilina.

Para a análise dos dados, os valores obtidos foram anotados e inseridos no programa Microsoft Excel 2003, sendo confeccionados tabelas e gráficos.

Os resultados obtidos foram analisados descritivamente.

 

 

RESULTADOS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DISCUSSÃO

A utilização de plantas e ervas na medicina popular para os mais diversos fins é hábito comumente observado em diversas regiões do país.1,2,3,4,5,6,7

Muitas de suas espécies vegetais são largamente utilizadas, por ser a elas atribuídas propriedades terapêuticas, como é o caso do mastruz.7

No entanto não foram localizadas na literatura pesquisada a comprovação cientifica para algumas destas indicações.

Nos últimos anos, bactérias resistentes a drogas deram origem a eclosões de caso de infecções com gravidade, gerando assim a necessidade de programas de estudos para monitorar a resistência bacteriana através de métodos confiáveis que apresentem resultados compatíveis.8,9,10,11,12,13

Assim, o grande número de bactérias resistentes aos antimicrobianos de uso corrente tem propiciado a busca de alternativas como a pesquisa de produtos naturais de origem vegetal como e estrato de mastruz.

Assim sendo, o presente estudo teve como objetivo verificar a ação do extrato de mastruz sobre o crescimento de culturas de Staphylococus aureus e Escherichia coli.

O volume de estrato de mastruz padronizado para o experimento foi determinado no plano piloto, devido ser a quantidade exata da droga capaz de ser absorvida pelo disco de papel filtro comum e não transbordar.

Não foram testadas no experimento outros volumes ou concentrações.

Realizou-se ainda no referido estrato uma análise microbiológica, para confirmação da ausência de microorganismos.

Padronizou-se para o experimento a utilização de cepas puras ATCC 25923 de Staphylococus aureus e 35218 de Escherichia coli em decorrência destas possuírem aplicações e suscetibilidade reconhecidas, sendo preconizado por esta instituição tanto o meio de cultura quanto a temperatura ideal para o crescimento destes tipos bacterianos.

A determinação dos grupos deste trabalho foi baseada na necessidade de se investigar os efeitos desta droga frente a tipos bacterianos gram positivos e gram negativos. De acordo com método utilizado, constatou-se que houve crescimento de Staphylococus aureus e Escherichia coli, nas adjacências do disco impregnado com mastruz, o que mostra que esta droga não apresentou efeito sobre estas culturas.

Barros e col (2005)14 em trabalho realizado ;onde tratou por seis semanas com extrato de mastruz, tíbias fraturadas de 45 ratos; relatou que não alterou o processo de consolidação óssea do ponto de vista histológico e radiológico nesses animais, concluindo que o material em analisado necessitava de mais estudos sobre seus efeitos.

Entretanto, a inexistência de trabalhos científicos de mesmo teor nos deixa impossibilitado de apresentar comparações com os resultados observados nesse estudo.

 

CONCLUSÃO

O crescimento das culturas de Staphylococus aureus e Escherichia coli não foi inibido pelo extrato de mastruz empregado no estudo.

 

REFERÊNCIAS

1 - CORRÊA, M.P, Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro : Ministerio da Agricultura, instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, 1996, v. 2.

2 - CORRÊA MP ,PENNA L, Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro : Instituto Brasileiro de Defesa Florestal, 1984, v. 4. 172p.

3 - FREIRE , F.W. Plantas Medicinais Brasileiras. São Paulo: Secretaria da Agricultura, industria e Comercio do Estado de São Paulo , 1991.

4 - MUHAYAMANA , A.; CHALCHAT, J.C.; GARRY, R.P. Chemical composition of essentiol oils of chenopodium ambrosioides L. from Ruada. Jounal of Essential oil R0esearch . v.10 ,n.6 , p.690-692, 1998

5 - CRUZ GL, Dicionário das plantas úteis do Brasil. 5 ed. Rio de Janeiro

6 - DIAS DA ROCHA, Botânica médica cearense. 4 ed. Fortaleza

7 - DUARTE FR, Enciclopédia de plantas brasileiras. São Paulo : Três, 1998. v. 1.

8 - JAWETZ, E; MELNICK, JL; ADELBERG, EA – Bactérias gram-negativas e gram-positivas. In :JAWETZ- Microbiologia Médica, 20 ed. Rio de janeiro: Ed. Lange, 1998,p.146-9.

9 - VUONG C, OTTO M. Staphylococcus epidermidis Infections. Microb Infect, 4:481-489, 2002.

10 - HEILMANN C, PETERS G. Biology and pathogenieity of Staphylococus epidermidis. In: Fischeti VA 4442-449, 2000

11 - MARCK D. Molecular mechanisms of Staphylococcus epidermidis biofilm formation. J Hosp Infect, 43: 113-125. 2002

12 - EWING WH. EDWARDS AND EWING'S Identification of Enterobacteriacecea. 4a ed. Elsevier , New York ,1986

13 - MURRAY PR, BARON EJ , PFALIER MA , YOLKEN RR . Manual of clinical microbiology , 8a ed. Washington DC, 2003

14 - CASTRO , P.; HOSHINO , A. ;BRITO ,R ; DIAS , L .B; BARROS , R.S.M Análise radiografica e histologica do processo de consolidação óssea em ratos tratado com Chenopodium ambrosioiodes. Rev. Para. Med.2005; V.19 (3):07-12

 

 

Endereço para correspondência:
Daniel da silva Carvalho
AV. Marques de Herval n 1316 apto 101-A
Bairro: Pedreira - CEP:66085-310
Belém-Pará - Fone: (0xx91)32666704/ 81724054
E-mail: danielpesquisa@gmail.com

Recebido em 28.04.2006
Aprovado em 12.02.2007

 

 

1Trabalho realizado no Laboratório de Microbiologia e Patologia da UEPA