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Revista Paraense de Medicina

versão impressa ISSN 0101-5907

Rev. Para. Med. v.21 n.2 Belém jun. 2007

 

EDITORIAL

 

Bodas de Ouro da Universidade Federal do Pará

 

 

Manoel Barbosa de Rezende

Editor adjunto da Revista Paraense de Medicina. Membro da Diretoria da Associação dos Professores Aposentados da UFPA

 

 

Na Idade Média a missão de ensinar e de educar era exclusividade da classe eclesiástica. Até o século XI, as escolas catedrais, administradas por bispos e cônegos e anexas aos estabelecimentos conventuais, eram os centros mais importantes da educação. As universidades têm origem nessas escolas catedrais. A partir do século XII, várias delas surgiram na Europa como a de medicina, em Salermo e Montpellier; a de teologia, em Paris e a direito civil e direito canônico, em Bolonha.

Durante o período colonial e monárquico no Brasil, os esforços para implantação de universidades foram malogrados e as elites procuravam a Europa para realizar estudos de nível superior.

No governo do Presidente Epitácio Pessoa, em 07 de setembro de 1920, criou-se a primeira instituição universitária do Governo Federal, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os historiadores relatam fato inusitado. Monarca estrangeiro desejava receber, como era costume na época, título de doutor de universidade brasileira. Para satisfazê-lo, a única entidade federal de ensino superior no país passou a ser denominada de Universidade do Brasil (UB). Segundo normas de nomenclatura da época, em 1965, tendo na Presidência da República Humberto de Alencar Castelo Branco, ela voltou a ter a denominação inicial de UFRJ. No ano 2000, a Reitoria interpôs recurso judicial, que foi deferido favoravelmente, e a entidade passou a possuir duas siglas: UFRJ e UB.

A criação da primeira universidade federal ensejou a intensificação do debate em torno do problema universitário brasileiro e daí terem surgido novas unidades em nosso território brasileiro. Na Amazônia tal vantagem só se concretizou na segunda metade do século passado.

A Amazônia, esquecida pelos brasileiros e cobiçada pelos estrangeiros, é a maior fronteira de recursos naturais do planeta, com exuberante patrimônio florestal, com biodiversidade pouco conhecida, incalculáveis jazidas minerais, acentuada diversidade cultural, ocupando 56% do território nacional, possuindo 20% da água doce do mundo e 80% da do Brasil, elementos vitais no limiar do século XXI. Para a identidade social e econômica dos recursos amazônicos há de se encontrar soluções harmônicas tendo como prioridade o respeito pela etnografia local. Para a qualificação da força de trabalho, o progresso tecnológico manipula dois instrumentos fundamentais: o treinamento dos recursos humanos e a pesquisa seja pura ou aplicada. E a primeira universidade federal implantada na Amazônia brasileira vem cumprido tal mister, respeitando a diversidade biológica, étnica e cultural, contribuindo para o pleno exercício da cidadania mediante formação humanística através da integração do ensino, da pesquisa e da extensão, tanto na capital como no interior.

O processo de criação da UFPA tramitou no Congresso Nacional por longos cinco anos, emperrado por fatores políticos e partidários, até ser sancionado pelo Presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, em 02 de julho de 1957, há 50 anos.

A UFPA é a maior e mais importante instituição universitária do Trópico Úmido, oferecendo 120 cursos de graduação e 53 programas de Pós- Graduação. Estão matriculados 35.178 alunos no curso de graduação, sendo 21.893 na capital e 13.285 no interior; mais 1.960 no ensino fundamental e médio e 3.347 nos Cursos Livres, totalizando 40.485 alunos em curso de graduação nos três níveis de ensino, suplantando a UFRJ em alunos matriculados totalizando, atualmente, 36.174 em nível de graduação.

Nas comemorações das Bodas de Ouro da UFPA, todos os que participaram, direta ou indiretamente na consecução do ideal coletivo, tinham a certeza da transformação de sua energia, como moto-contínuo, em trabalho permanente que resultou no engrandecimento do ensino superior na Amazônia, de reconhecimento nacional e internacional.