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Revista Paraense de Medicina

versão impressa ISSN 0101-5907

Rev. Para. Med. v.21 n.2 Belém jun. 2007

 

ARTIGO ESPECIAL

 

Cinqüentenário dos médicos de 1957

 

 

Alípio Augusto Bordalo

Do Conselho Estadual de Cultura do Pará. Da Associação Brasileira de Editores Científicos ABEC

 

 

Uma colação de grau é um fato marcante em nossas vidas. É a meta almejada após 18 anos de estudo e dedicação, desde a alfabetização.

Assim foi à noite de 8 de dezembro de 1957. Ao sairmos da imponente Basílica de N. S. de Nazaré, após a benção dos anéis pelo Arcebispo Metropolitano, uma demorada chuva nos acompanhou até chegarmos ao pavilhão do Auditório maior da tradicional Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará.

Éramos 24 jovens graduandos que proferiram o juramento de Hipócrates, algumas vezes não obedecido. O paraninfo escolhido foi o saudoso Prof. Gervásio de Britto Melo, da Cadeira de Doenças Tropicais, discursando sobre o tema - A mentira médica -. Mestre competente, diálogo aberto, coração bondoso e maior amigo da turma. Oriundo do Piauí, quando jovem, pretendia estudar Medicina na Bahia, mas, quis o destino que viesse para o Pará, onde ficou e se graduou pela Faculdade de Medicina e Cirurgia, em 1939. Quando recém graduado, fez parte dos pesquisadores pioneiros do, então, Instituto de Patologia Tropical do Norte, hoje, Instituto Evandro Chagas.

O colega Oziel Rodrigues Carneiro, com espírito extrovertido e de liderança, foi o orador escolhido e soube cumprir a missão.

Cabe citar os nomes dos componentes da Turma de 1957. Em primeiro lugar aqueles que já partiram para a eternidade, como sejam: Albanir Leal, Adalcides Galo, Agostinho Marques, José Câmara, Joel Guimarães, Carlos Cunha, Rodolfo Tourinho, Neuza Dilon, Neide Rocha e Cheker Naim. Que Deus os tenha na santa paz.

Guardo com carinho o livro que a saudosa colega Neuza Lima Dilon me ofereceu, sob título Mestres da Dermatologia Paulista, São Paulo: JSN Editora 2002, onde, o autor narra e ressalta o trabalho abnegado de Neuza em organizar, ao início dos anos 60, o Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina de Botucatu da UNESP. Decerto, foi uma paraense que, com seu valor e dedicação, deixou sua marca na história da Dermatologia em São Paulo.

Dentre os vivos e com mais de setenta anos, estão - Alcir Araújo, Arival Brito, Alípio Bordalo, Altair Lemos, Carlos Borges, Clara Ventura, Hiran Soares, Iaci Pina de Nazaré, Maria José Chaves, Mario Ernesto Rodrigues, Neide Brito, Neusa Carneiro, Oziel Carneiro e Reinaldo Oliveira.

Acreditamos que os esculápios de 1957 da UFPA não desonraram a nobre profissão. Vivemos uma fase de transição, isto é, do exercício da Medicina liberal para a assistência "massificada" pelos governos estadual e federal e mercantilizada pelos planos de saúde.

Não cabe, aqui, elogiar cada um, pois poderíamos melindrar alguém. Apenas, citaremos alguns nomes com atuação no contexto histórico-cultural regional e nacional.

A história da Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará, fundada em 1919, e as gerações de médicos que graduou, nortistas, nordestinos e goianos, se integram à história do Pará e do Brasil.

A cronologia histórica da Medicina no Pará, desde o sec. XIX, nos mostra os nomes de Ferreira Cantão, Fructuoso Guimarães, José da Gama Malcher, Joaquim Corrêa de Freitas e José Paes de Carvalho, do Corpo clínico do Hospital de Caridade da Santa Casa de Misericórdia. Paes de Carvalho governou o Pará, durante a última década do referido século.

Durante o séc. XX, ressaltam os nomes de Acilino de Leão Rodrigues, clínico renomado, mestre de gerações e deputado estadual; Catete Pinheiro, ministro da saúde do Gov. Jânio Quadros; Epílogo de Campos, ardoroso deputado federal que muito lutou pela criação, nos anos 50, da Universidade Federal do Pará UFPA; Celso Malcher, Prefeito de Belém e Aracy Barreto, Reitor da UFPA.

Da plêiade de 1957, o colega Oziel Carneiro, também, teve atividade política como senador da República, candidato a governador do Estado do Pará e Presidente do Banco do Brasil. É justo citar os colegas, Carlos Salgado Borges, Diretor do Centro de Ciências da Saúde CCS da Universidade Federal do Maranhão e Arival Cardoso de Brito, Diretor do CCS da UFPA. Felizmente, voltou a tradicional denominação - Faculdade de Medicina.

Merecem uma homenagem especial os saudosos e ilustres mestres, José da Silveira Neto, incansável batalhador da Faculdade e criador do campus do Guamá da UFPA, Gervásio de Britto Meio, Orlando Rodrigues da Costa, Afonso Rodrigues Filho, Abelardo Santos, Pedro Rosado, Cláudio Dacier Lobato, Domingos Barbosa da Silva, Dionísio de Oliveira Bentes e ainda vivos, os octogenários Guaraciaba Quaresma da Gama, José Monteiro Leite e Clodoaldo Ribeiro Beckman.

O espaço disponível é curto para contar as muitas estórias de vivência acadêmica na tradicional Faculdade de Medicina e na tricentenária Santa Casa de Misericórdia do Pará, merecedora da nossa maior homenagem, pois, àquela época era o principal hospital-escola do Pará. A história da Medicina no Pará ainda vive e respira o ar do antigo Largo de Santa Luzia.

Agradecemos a Deus e aos queridos pais, pelo que somos e fizemos.

Belém, junho/2007