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Revista Paraense de Medicina

Print version ISSN 0101-5907

Rev. Para. Med. vol.22 no.1 Belém Mar. 2008

 

ARTIGO ESPECIAL

 

Fernando Guimarães e o Prêmio "João Prisco dos Santos"

 

 

Roger Normando; Geraldo Ishak

Membros Titulares do Colégio Brasileiro de Cirurgiões

 

 

No ano em que faz 50 anos de seu legado pela Medicina, Fernando Aguiar Guimarães, nascido em Belém do Grão-Pará, recebeu uma justa homenagem de seus pares no dia 28 de março de 2008, no Centro de Estudos do Hospital Barros Barreto (UFPA) o prêmio - João Prisco dos Santos. Sob a tutela do Colégio Brasileiro de Cirurgiões , Capítulo do Pará (CBC), a outorga foi criada, há 30 anos, pelo saudoso cirurgião Prof° Clodoaldo Beckman e representa, simbolicamente, o que poderia se chamar de "Cirurgião do Ano", mas que não deve ser confundido com mídia de objetivos furtivos e promocionais.

Fernando, homem de palavras serenas e luzentes, é um "professor prático", como ele mesmo aferiu de forma tão poética e sábia no seu discurso. Ele não tem e nunca teve, qualquer compromisso com a publicidade. Ensinou com objetividade e maestria diversos jovens cirurgiões que hoje perfilam seus atributos pela sociedade paraense. O "Guimarães" de Fernando está no plural porque é um híbrido com Guilherme, seu irmão mais velho, também premiado com a mesma láurea. Naquela memorável noite, Guilherme fez uma comovente e breve leitura da vida do irmão mais novo. Juntos, os dois formam "Os Guimarães", como bem expressou Alípio Bordalo.

No seu emocionado discurso, àquela noite chuvosa, Fernando falou de sua família, da profissão e da honra em ser reconhecido pela maior sociedade de cirurgiões da América Latina, o CBC. Não deixou de falar do elemento formador que o fez merecedor do prêmio, até mesmo, porque esteve sempre à sombra dos ensinamentos do tio, Adriano Guimarães, com quem aprendeu a operar os casos mais complexos de sua carreira. Dedicou-se à cirurgia com fidalguia e esmero para ter a chance de ensinar com mãos e gestos afetivos o que aprendeu com seu mestre, levando a crer que só assim perpetuaria a arte do tutor. Se a essência da educação é o exemplo, Fernando fez com dedicação.

Viveu numa invejosa época em que os cirurgiões não tinham especialidades e faziam de tudo. Tanto é que falou de pneumectomia e gastrectomia, além de inúmeras cirurgias pediátricas. Fernando opera adultos e crianças até hoje, apesar do coração ter-lhe pregado alguns sustos.

Citando o poeta português Óscar Lopes, por ter dito que o seu livro não sairia enquanto vivo estivesse, pois o final de sua verdadeira história teria que rimar com a morte, Fernando não precisou deste diapasão para terminar o seu, pois o CBC assim o reconhece bem antes, tornando a homenagem menos espirituosa e mais epidérmica ao arrancar ovação, nó na garganta e lágrimas de quem por lá esteve e ouviu.