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Boletim de Pneumologia Sanitária

versão impressa ISSN 0103-460X

Bol. Pneumol. Sanit. v.8 n.1 Rio de Janeiro jun. 2000

 

IN MEMORIAM

 

Miranda

 

 

Miguel Aiub Hijjar

 

 

Meu amigo JOSÉ ANTONIO NUNES DE MIRANDA, nascido em 04 de setembro de 1923, faleceu no dia 05 de janeiro de 2000. Muitos choraram. Mas, com certeza, os que mais deveriam ter chorado seriam os passados, presentes e futuros doentes de tuberculose, para os quais Miranda dedicou toda sua vida.

Minha vida profissional, felizmente, sempre foi muito ligada a ele. Agora sendo incumbido pelo Dr. Gilmário Teixeira, editor do Boletim de Pneumologia Sanitária e também grande amigo, de dar a notícia do falecimento do Miranda, percebo uma coincidência: ele se formou médico na Universidade do Brasil em 1950, ano em que nasci.

Desde então, suas principais atividades profissionais foram: Organizador e Diretor do Sanatório de Aracaju, CNCT, Ministério da Saúde, 1953; Chefe do Centro de Reabilitação do Conjunto Sanatorial de Curicica, Divisão Nacional de Tuberculose, Ministério da Saúde, 1962; Coordenador das atividades dos dispensários de tuberculose de: Rio Branco (Acre), Porto Velho (Rondônia), Cuiabá, Corumbá e Campo Grande (Mato Grosso), 1968; Responsável pela Chefia da Unidade de Atendimento Especial (área indígena), 1963; Coordenador do Programa de Controle da Tuberculose em área indígena, Divisão Nacional de Tuberculose/ Fundação Nacional do Índio, 1975; Chefe do Serviço de Supervisão e Avaliação da Divisão Nacional de Pneumologia Sanitária, Ministério da Saúde, 1977; Membro Titular do Conselho Indigenista, Fundação Nacional do Índio, 1979; Coordenador do Programa Nacional do Controle da Tuberculose, Divisão Nacional de Pneumologia Sanitária, Ministério da Saúde; Superintendente da Campanha Nacional de Contra a Tuberculose, Ministério da Saúde, 1990; Assessor temporário da Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde, junto aos programas de Tuberculose dos Ministérios da Saúde da Bolívia, El Salvador e República Popular de Angola, períodos de 30 dias entre 1982 a 1985.

Tudo isto, para mim, aparenta muito pouco para descrever a grandeza do Miranda. Por isto, gostaria de reproduzir, aqui, o que escrevi ainda sob a emoção de seu falecimento, e que foi publicado no "Notícias do Hélio Fraga" de jan/mar/2000.

"Quem no Brasil, que trabalha no Programa Nacional de Controle da Tuberculose - PNCT, não conhece o Miranda?

Talvez alguns poucos recém admitidos nos últimos dois anos quando ele se afastou, por motivos de doença, do ambiente da Saúde Pública do País.

Eu tive o privilégio de conhecê-lo, em 1977, quando ainda estava elaborando meu projeto de tese e comecei a freqüentar a antiga Divisão Nacional de Pneumologia Sanitária.

Lá, junto com apoio e orientações precisas que tive dos drs. Germano Gehardt, Gilmário Teixeira e Fabio Luelmo, pude discutir, por longos períodos, e com o dr. José Antônio Nunes de Miranda, aspectos práticos do controle da tuberculose. Iniciava-se uma intensa e feliz convivência que se estendeu por mais de vinte anos.

Difícil descrever, aqui, tantas lembranças que desfilam por minha cabeça, levando-me à emoção.

Como enumerar todos os seus feitos e qualidades? Lembro sua atuação intensa junto a populações indígenas, em conjunto com Noel Nutels; a participação em toda estruturação, normas e procedimentos do PNCT, muitos ainda vigentes; sua simplicidade e humildade sempre avessa a qualquer manifestação de pompa; seu pragmatismo que o caracteriza como mestre no cotidiano, que usava seu vasto conhecimento sem perder-se em discussões teóricas, procurando disponibilizar logo para a população as decisões de consenso.

Atento às mudanças, vem-me à memória o dia em que me alertou da necessidade, no início dos anos oitenta, para o potencial explosivo da associação TB e HIV, e que deveríamos começar a abordar esse tema nos nossos encontros nacionais de avaliação, o que efetivamente fizemos.

Também nos alertou da necessidade do Centro de Referência Professor Hélio Fraga criar uma área de pesquisa forte, para subsidiar as medidas do PNCT.

Em suma, para mim, MIRANDA deixa as lembranças boas do médico, do sanitarista, do indigenista, do mestre e do amigo. Amigo que tinha o privilégio de chamar de MIRANDA. Mas, hoje, que me desculpe a Therezinha, sua grande companheira de toda uma vida, gostaria de chamá-lo como ela sempre fez: MIRANDINHA. Um beijo para você MIRANDINHA, continuarei seguindo teu exemplo. Afinal, se fizessem uma revisão mais atenta do dicionário Aurélio, o nome MIRANDA deveria entrar como sinônimo de Programa Nacional de Controle da Tuberculose."