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Informe Epidemiológico do Sus

versão impressa ISSN 0104-1673

Inf. Epidemiol. Sus v.8 n.4 Brasília dez. 1999

http://dx.doi.org/10.5123/S0104-16731999000400001 

EDITORIAL

 

O contexto epidemiológico atual das doenças infecciosas e transmissíveis

 

 

Jarbas Barbosa da Silva Junior

Editor

 

 

As doenças transmissíveis eram a principal causa de morte nas capitais brasileiras nos anos 30, respondendo por mais de um terço dos óbitos registrados nesses locais, percentual provavelmente muito inferior ao que ocorria na área rural, da qual não se têm registros adequados. As melhorias sanitárias, o desenvolvimento de novas tecnologias como vacinas e antibióticos, a ampliação do acesso aos serviços de saúde e às medidas de controle, fizeram com que esse quadro se modificasse bastante nos dias de hoje, sendo atualmente responsáveis por 6,2% das mortes, em quinto lugar, entre os grupos de óbitos com causas definidas. Apesar da redução significativa na participação desse grupo de doenças no perfil da mortalidade do nosso país, ainda há um impacto importante sobre a morbidade, principalmente naquelas doenças para as quais não se dispõe de mecanismos eficazes de prevenção e/ou que apresentam uma estreita correlação com fatores externos ao setor saúde. A alteração do quadro de morbi-mortalidade com a perda de importância relativa das doenças transmissíveis, faz com que haja uma percepção de que essas doenças estariam todas "extintas" ou próximas a isso, porém esse quadro não é verdadeiro no Brasil ou mesmo em países desenvolvidos. O enorme êxito alcançado na prevenção e controle de várias dessas doenças, que hoje ocorrem em proporção ínfima quando se compara com algumas décadas atrás, não significa que foram todas erradicadas. Essa é uma falsa percepção e uma expectativa irrealizável, pelo menos no curto prazo e com os meios tecnológicos atualmente disponíveis. A idéia de que "naturalmente" todas as doenças transmissíveis seriam erradicadas contribuiu para que as ações de prevenção e controle fossem sendo subestimadas na agenda de prioridades em saúde, com evidentes prejuízos para o desenvolvimento de uma adequada capacidade de resposta governamental e com a perda de oportunidade na tomada de decisão sobre medidas que teriam tido um impacto positivo nessa área. Com diferenças associadas às condições sociais, sanitárias e ambientais, as doenças transmissíveis ainda são um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Doenças antigas ressurgem com outras características e doenças novas se disseminam com uma velocidade impensável há algumas décadas. A erradicação completa de doenças, como no caso da varíola, ainda o único e solitário exemplo em escala mundial, é produto de anos e décadas de esforço continuado de governos e sociedade, e da disponibilidade de medidas amplamente eficazes.