SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.10 suppl.1Utilização do geoprocessamento na operacionalização do combate ao dengueConcepções dos atores sociais envolvidos nas ações do Plano de Erradicação do Aedes author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

Journal

Article

Indicators

  • Have no cited articlesCited by SciELO

Related links

  • Have no similar articlesSimilars in SciELO

Share


Informe Epidemiológico do Sus

Print version ISSN 0104-1673

Inf. Epidemiol. Sus vol.10  suppl.1 Brasília  2001

http://dx.doi.org/10.5123/S0104-16732001000500008 

 

Indicadores de risco ambiental como dispositivo na luta contra dengue

 

 

José Ivo dos Santos PedrosaI; Joana Zélia Arcoverde CastroII; Tereza do Carmo Melo MartinsII; Raimunda Nonato de OliveiraIII; Francisca Odete de MeloI

IMestrado em Saúde Coletiva / Universidade Federal do Piauí
IIDepartamento de Medicina Comunitária / Universidade Federal do Piauí
IIIFundação Nacional de Saúde/PI

Correspondência para

 

 


 

 

Delineamento do Problema

Teresina, capital do Estado do Piauí, apresenta, em seu quadro epidemiológico, permanência de alto índice de infestação de Aedes aegypti, fato reforçado pela constatação de que 85% dos imóveis investigados correspondiam ao tipo residência. Deduz-se, portanto, que grande parte da população não se compromete com as ações preventivas, como saneamento de seu domicílio para impedir a reprodução do mosquito. Tendo como produto esperado o incentivo à mobilização e organização da comunidade no combate, controle e erradicação do Aedes aegypti, o estudo pretende contribuir na discussão de estratégias de intervenção de educação em saúde, identificando informações que possam ajudar a desencadear ações preventivas por parte dos envolvidos.

 

Metodologia

A pesquisa caracteriza-se como pesquisa-ação, realizada em uma população de aproximadamente 5.000 pessoas que habitam cinco comunidades da periferia da capital, caracterizadas como de baixa renda, onde a Universidade Federal do Piauí desenvolve trabalho junto com alunos do curso de graduação em Medicina. O estudo compreendeu três momentos: conhecer, refletir sobre a realidade e intervir sobre a realidade, modificando-a. O momento de conhecer compreendeu a realização de seminário de sensibilização e oficina para seleção dos indicadores da pesquisa entre uma listagem proposta pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Estas informações foram organizadas em cinco grupos, relacionadas ao chefe da família e aos seus componentes, domicílio, população, além de informações mais técnicas e específicas relacionadas à doença e coletadas por meio de questionários domiciliares. O momento da reflexão consistiu na apresentação, dos dados coletados, para as comunidades, por meio de várias técnicas e instrumentos de comunicação durante um dia de mobilização, identificando-se entre as técnicas de comunicação as que mais informaram sobre a doença e seu transmissor. Após a apresentação das informações, os indicadores previamente selecionados que orientaram o trabalho de campo foram sendo revalidados por meio do diálogo com representações locais, técnicos e pesquisadores. Os resultados do inquérito definiram a etapa da ação/intervenção, que se inicia na identificação de grupos estratégicos para o planejamento e a programação das atividades.

 

Resultados

Apreendeu-se o perfil das comunidades tomadas em seu conjunto, por meio dos 355 questionários respondidos, que correspondeu a 100% dos que foram aplicados. Os resultados definiram o conteúdo dos temas e as formas de comunicar utilizadas no dia de mobilização, avaliadas enquanto instrumentos de comunicação para as informações sobre dengue. O resultado da avaliação mostrou que as técnicas mais comunicativas, em ordem decrescente, foram: teatro, exposição do mosquito por meio do microscópio, exposição de criadouros e atividades desenvolvidas com escolares. Cartazes, faixas, panfletos e filmes chamaram pouca atenção do público. O perfil da comunidade colocou em evidência aspectos relativos aos domicílios e aos comportamentos individuais, sugerindo tais espaços como local para estratégias para evitar a doença e que informações sobre estes aspectos seriam potencialmente capazes de gerar motivações para a participação, as relacionadas às pessoas, aos domicílios e às famílias. Admite-se que o fator tempo mostra-se de fundamental importância para as ações de educação em saúde, o que dificulta a visualização do impacto de intervenções desta natureza, considerando as modificações ocorridas no comportamento dos indivíduos e da coletividade. Pode-se creditar como resultados não esperados da intervenção: a) integração interinstitucional: Universidade Federal do Piauí/FMS/FUNACI/Fundação Nacional de Saúde-Cordenação Regional do Piauí; b) integração intra-institucional: Mestrado em Saúde Coletiva, Departamento de Medicina Comunitária; e c) identificação dos Agentes de Saúde como sujeitos estratégicos para divulgação das informações sobre saúde em geral e sobre as condições de risco para dengue. Outros resultados são previsíveis em tempo futuro, em virtude do trabalho desencadeado pela pesquisa, tais como a formação de: a) grupos estratégicos em cada área de atuação; b) grupos de trabalho em cada escola articulando professores e alunos; e c) líderes e multiplicadores locais para reproduzirem o trabalho.

 

Conclusões

A análise dos dados confirmou as condições de excluídos socialmente e portadores de comportamentos inadequados. Quando as informações vinculam dados referentes à situação da população como fatores de risco para alguma doença, ela tende a negar tal condição, não se identificando entre a população sob risco. Os indicadores utilizados para mobilizar a população referem-se a quatro dimensões: coletiva, cuja preocupação é o percentual de pessoas que não participam da associação; ambiente, que relaciona a localização geográfica e condições físicas dos domicílios; famílias, com hábitos e costumes que denotam riscos para a reprodução do mosquito; e indivíduos, com seus comportamentos.

 

 

Correspondência para:
José Ivo Pedrosa
Av. Frei Serafim, 2280.
Teresina - PI
CEP: 64.000-010
E-mail: ivopedrosa@uol.com.br

 


 

Dengue: instruções para pessoal de combate ao vetor. Manual de normas técnicas - FUNASA - 2001

 

 

"O Plano de Erradicação do Aedes aegypti (PEAa) nasceu em 1996, com data prevista para início de execução em março de 1997. O Decreto no 1.934, de 18/06/96, criou a Comissão Executiva Nacional e a Portaria Ministerial no 1.298, de 27/06/96, criou a Secretaria Executiva do Plano, vinculada ao Gabinete do Ministro da Saúde. O PEAa incorporou (...) descentralização da política e das ações de controle do vetor para Estados e Municípios, alterando modelo (...) de gestão centralizada e verticalizada, de prestação de serviço segmentada por procedimentos e equipes específicas para cada doença."

"A estratégia central do combate ao vetor deverá ser realizada através das seguintes atividades: manejo ambiental (saneamento domiciliar); educação em saúde; eliminação física de criadouros e tratamento de criadouros com larvicidas ou adulticidas, quando indicados."