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Epidemiologia e Serviços de Saúde

versão impressa ISSN 1679-4974versão On-line ISSN 2237-9622

Epidemiol. Serv. Saúde v.13 n.2 Brasília jun. 2004

http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742004000200001 

EDITORIAL

Os caminhos da Epidemiologia Brasileira

 

 

Moisés Goldbaum

Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva – ABRASCO
Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo –FMUSP
Membro do Comitê Editorial

 

A vitalidade da Epidemiologia, componente que é, ao lado das Ciências Humanas e Sociais em Saúde e da Política, Planejamento e Administração em Saúde, do campo da Saúde Coletiva, reafirma-se contínua e progressivamente no Brasil, bem como oferece excelentes oportunidades para o estreitamento do necessário intercâmbio entre os diferentes setores que trabalham o processo saúde-doença, seja em nível nacional, seja em nível internacional.

Nessa perspectiva, consolidam-se e aprimoram-se os instrumentos de divulgação e difusão de conhecimentos que, no campo da Epidemiologia, encontram nos nossos destacados periódicos, dos quais Epidemiologia e Serviços de Saúde – revista do Sistema Único de Saúde do Brasil é um deles, os veículos tradicionais para alcançar o grande contigente de usuários das informações produzidas. Ao lado deles, a realização de já tradicionais eventos, com destaque para os Congressos Brasileiros de Epidemiologia e os encontros da Expo-Epi, constitui momentos de exposição e reflexão da nossa produção técnico-científica. O primeiro, organizado pela Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva – ABRASCO –, realiza-se como um acontecimento singular e inovador, no qual a comunidade científica da Saúde Coletiva, em conjunto com os profissionais de serviços de saúde, apresenta, debate e sintetiza a produção disseminada pelos quatro cantos do país. O segundo, organizado pelo Ministério de Saúde, por intermédio da Secretaria de Vigilância de Saúde – SVS/MS –, reforça as exitosas experiências postas em prática por nossos serviços, expondo-as à análise e à apreciação de nossas comunidades. Esses eventos, associados àqueles de menor porte e mais específicos (mas de igual importância), mobilizam todos os envolvidos com a produção e utilização dos conhecimentos epidemiológicos, tratando da extensa gama de problemas de saúde que interessam à nossa população, bem como da formação de recursos humanos e da prática epidemiológica em serviços de saúde. Todo esse processo inspira-se, entre outros documentos, nos "Planos Diretores para o Desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil", organizados pela Comissão de Epidemiologia da ABRASCO com o apoio decisivo do Ministério da Saúde, pelo então Centro Nacional de Epidemiologia – Cenepi.

A expansão dessas iniciativas, elementos de visibilidade da consolidação da Epidemiologia Brasileira, vem permitindo, dentro de um processo bem organizado e articulado, atravessar as nossas fronteiras e estabelecer um bem-vindo movimento de intercâmbio com nossos pares latino-americanos e da Península Ibérica. No último Congresso Brasileiro de Epidemiologia, realizado em Recife, em junho deste ano, participamos da organização da "Rede de Epidemiologia para a América Latina e Caribe" – EPILAC –, que pretende incrementar o intercâmbio entre os países da região e promover o estabelecimento e fortalecimento de redes de ensino e pesquisa no âmbito universitário e dos serviços de saúde. A EPILAC, resultado de reunião paralela ao Congresso, em uma ação conjunta da ABRASCO, da International Epidemiological Association – IEA –, pela sua Representação regional, da Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS – e do Ministério da Saúde do Brasil, pela sua Secretaria de Vigilância da Saúde, congregou epidemiologistas de 16 países, incluindo o Brasil, além de dois representantes dos Centers for Disease Control and Prevention – CDC –, resultando na constituição de um grupo executivo, com representação de diferentes países e instituições, para a condução de propostas de atividades. De outro lado, por ocasião do último Congresso Europeu de Epidemiologia, realizado na cidade do Porto, Portugal, em setembro deste ano, a reunião, que contou com o decisivo apoio da SVS/MS, de epidemiologistas brasileiros e portugueses, propiciou o lançamento da "Carta do Porto", onde se reafirmou a necessidade de reforçar e articular as iniciativas e atividades comuns dos dois países no desenvolvimento da Epidemiologia. Para tanto, constituiu-se, igualmente, uma comissão bilateral com a incumbência de concretizar e implementar o intercâmbio e a troca das respectivas experiências. Nessas reuniões, ficou evidente a diversidade de situações experimentadas pelos diferentes países em termos da sua evolução e organização e identificou-se, também, o amplo conjunto de problemas comuns que nos une e nos desafia.

A evolução de nossa Saúde Coletiva, na qual a Epidemiologia se inscreve, beneficia-se de todos esses movimentos. Este novo número da revista Epidemiologia e Serviços de Saúde, ao trazer artigos oferecidos por pesquisadores de três Estados e abordando questões diversas como hepatite B,2 risco de protozoários,3 saúde ambiental4 e medicamentos,5 reafirma sua condição de uma plataforma indispensável para reforçar a atenção à diversidade e complexidade de nossas questões de natureza epidemiológica.

 

Referências bibliográficas

1. ABRASCO. Plano Diretor para o Desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil. Rio de Janeiro: ABRASCO, 1989. ABRASCO. II Plano Diretor para o Desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil. Rio de Janeiro: ABRASCO, 1995. ABRASCO. III Plano Diretor para o Desenvolvimento da Epidemiologia no Brasil. Rio de Janeiro: ABRASCO, 2000.

2. Souto FJD, Fontes CJF, Oliveira SS, Yonamine F, Santos DRL, Gaspar AMC. Prevalência da hepatite B em área rural de município hiperendêmico na Amazônia Mato-grossense: situação epidemiológica. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2004;13(2): 93-102.

3. Heller L, Bastos RKX, Vieira MBCM, Bevilacqua PD, Brito LLA, Mota SMM, Oliveira AA, Machado PM, Salvador DP, Cardoso AB. Oocistos de Cryptosporidium e cistos de Giardia: circulação no ambiente e riscos à saúde humana. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2004;13(2): 79-92.

4. Palácios M, Câmara VM, Jesus IM. Considerações sobre a epidemiologia no campo de práticas de saúde ambiental. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2004;13(2): 103-113.

5. Rozenfeld S, Valente J. Estudos de utilização de medicamentos – considerações técnicas sobre coleta e análise de dados. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2004;13(2): 115-123.