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Epidemiologia e Serviços de Saúde

versão impressa ISSN 1679-4974versão On-line ISSN 2237-9622

Epidemiol. Serv. Saúde v.15 n.1 Brasília mar. 2006

http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742006000100001 

EDITORIAL

 

 

Otaliba Libâneo

Diretor do DASIS/SVS/MS

 

A presente edição da revista Epidemiologia e Serviços de Saúde aborda quatro temáticas de grande relevância para a epidemiologia, a prevenção e o controle de doenças: a prevalência da hipertensão arterial no Brasil; o relacionamento entre bases de dados dos sistemas de informação de mortalidade e de internação hospitalar; as características da internação hospitalar na população idosa; e a produção e disseminação de manuscritos científicos.

Dois artigos abordam os temas da alta carga das doenças crônicas não transmissíveis e do impacto nos serviços de saúde causados pelo rápido envelhecimento populacional, vivenciados nas últimas décadas no Brasil.

O artigo intitulado “Hipertensão arterial no Brasil: estimativa de prevalência a partir de estudos de base populacional” 1 apresenta uma revisão crítica dos estudos de base populacional que estimam a prevalência de hipertensão arterial (HA) no país, publicados a partir do ano de 1990 e recuperados nas bases LILACS e Medline. Seus autores identificam e selecionam 13 estudos publicados, em sua grande maioria relativos às macrorregiões Sul e Sudeste. Entre os principais resultados apresentados nessa revisão, destacam-se a prevalência média de 20% de hipertensão arterial na população adulta, com tendência de elevação nas faixas de idade mais avançadas, e a associação da HA com condições socioeconômicas (como a baixa escolaridade), com história de antecedentes familiares, com outros agravos (a obesidade e o diabetes, por exemplo), com hábitos de vida (o tabagismo, o consumo de álcool e a inatividade física, principalmente) e com alterações metabólicas (como as dislipidemias). O estudo chama a atenção para a pouca abordagem dos aspectos relacionados ao conhecimento da população sobre a condição de hipertenso, bem como ao tratamento e controle da HA. Do ponto de vista da relevância para a Saúde Pública, o artigo destaca-se por abordar a magnitude do problema da HA no Brasil, apesar de pouco conhecida nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, a importância da abordagem da HA de forma integrada com os demais fatores relacionados às doenças crônicas não transmissíveis, especialmente as cardiovasculares, e a importância de aprofundar os aspectos de acesso ao tratamento e de controle da HA no âmbito dos serviços de saúde.

Outro artigo apresentado nesta edição, “Assistência hospitalar à população idosa em cidade do sul do Brasil”,2 traz uma análise da expressiva proporção das pessoas com idade acima de 60 anos no conjunto das internações hospitalares financiadas pelo SUS. Trata-se de um estudo transversal sobre as características das autorizações de internação hospitalar entre a população idosa do Município de Londrina, Estado do Paraná, e suas implicações para o Sistema Único de Saúde (SUS) em termos de número de internações e de dias de permanência, e seus custos para o sistema. Os resultados do estudo mostram o maior peso de internações da população acima de 60 anos de idade, proporcionalmente ao total das internações realizadas e à sua distribuição populacional por idade, além dos principais grupos de causas e das patologias específicas responsáveis por essas internações. O estudo chama a atenção para o impacto do envelhecimento populacional no sistema de saúde e a urgente necessidade de reorganização dos serviços de saúde, para a atenção à população acima de 60 anos de idade, e de reorganização do modelo assistencial, mediante a priorização das ações de promoção da saúde e de prevenção primária, no sentido de proporcionar um envelhecimento ativo e promover modos de viver mais saudáveis.3

A leitura de ambos os estudos reafirma a necessidade de primazia das ações de vigilância das doenças crônicas não transmissíveis e de seus fatores de risco, bem como de desencadear intervenções de prevenção de doenças e de promoção da saúde efetivas, atuantes sobre os fatores determinantes e sobre os fatores de risco comuns às várias patologias, como o sedentarismo, a alimentação inadequada, o tabagismo, as altas proporções de não-detecção e não-tratamento adequado da hipertensão arterial, entre outros.4

O texto “Requisitos Uniformes para Manuscritos Submetidos a Periódicos Biomédicos: escrevendo e editando para publicações biomédicas” 5 é uma tradução para o idioma Português da publicação do Comitê Internacional de Editores de Periódicos Médicos (ICMJE), originalmente apresentada no seu sítio na internet. A revista apresenta a seus leitores a edição em Português de um documento completo de sistematização e padronização de como produzir, avaliar e disseminar a produção de conhecimento científico por meio de revistas dedicadas a relatos desse caráter, desenvolvidos nas áreas biomédicas e da Saúde Pública. O documento aborda os seguintes temas gerais: (i) aspectos éticos na produção de artigos – autoria, colaboração, editoração, revisão, conflito de interesses, privacidade e sigilo, proteção de seres humanos e animais em pesquisas –; (ii) questões editoriais relevantes, como publicação de estudos com resultados negativos, correções, retratações e advertência, direitos autorais, publicações múltiplas, duplicadas e concorrentes, publicações temáticas e eletrônicas, anúncios, relação entre as revistas médicas e os meios de comunicação, obrigação do registro dos ensaios clínicos; e (iii) orientação aos autores sobre como elaborar um manuscrito de forma a ser claro, objetivo e qualificado na abordagem de todos os seus passos e conteúdos – resumo e palavras-chave, introdução, metodologia, resultados, discussão, referências, tabelas e figuras –, como também a forma de submetê-lo ao periódico.

O artigo “Método de relacionamento de bancos de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e das autorizações de internação hospitalar (BDAIH) no Sistema Único de Saúde (SUS), na investigação de óbitos de causa mal-definida no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, 1998” 6 apresenta um método de relacionamento entre duas bases de dados: informações de mortalidade; e informações de internação hospitalar. No atual contexto de rápidos avanços na capacidade de processamento dos microcomputadores e de desenvolvimentos de aplicativos que possibilitam o relacionamento entre várias bases de dados, é grande o potencial para validação, correção e ampliação das informações que a análise isolada de cada base possibilita. Amplia-se, ainda, o potencial de análises epidemiológicas de tendências e de avaliação de fatores de riscos.

Em síntese, os artigos apresentados trazem contribuições relevantes para os profissionais de saúde e gestores do SUS nos campos da produção do conhecimento, da análise de situação de saúde – no que se refere às doenças crônicas não transmissíveis – e do desenvolvimento de metodologias voltadas para potencializar o uso dos sistemas de informações existentes.

 

 

Referências bibliográficas

1. Passos VMA, Assis TD, Barreto SM. Hipertensão arterial no Brasil: estimativa de prevalência a partir de estudos de base populacional. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2006; 15(1):35-45.

2. Martin GB, Cordoni Júnior L, Bastos YGL, Silva PV. Assistência hospitalar à população idosa em cidade do sul do Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2006; 15(1):59-65.

3. World Health Organization. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Tradução Suzana Gontijo. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005.

4. World Health Organization. Preventing chronic diseases: a vital investment. WHO Global Report. Geneva: World Health Organization; 2005.

5. Comitê Internacional de Editores de Periódicos Biomédicos. Requisitos uniformes para manuscritos submetidos a periódicos biomédicos: escrevendo e editando para publicações biomédicas [Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: Writing and editing for Biomedical Publication]. Trad. Ermenegyldo Munhoz Junior. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2006; 15(1):7-34.

6. Teixeira CLS, Bloch KV, Klein CH, Coeli CM. Método de relacionamento de bancos de dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e das autorizações de internação hospitalar (BDAIH) no Sistema Único de Saúde (SUS), na investigação de óbitos de causa mal-definida no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, 1998. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2006; 15(1):47-57.