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Epidemiologia e Serviços de Saúde
versión impresa ISSN 1679-4974versión On-line ISSN 2237-9622
Epidemiol. Serv. Saúde v.18 n.1 Brasília mar. 2009
http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742009000100001
EDITORIAL
Saúde, doenças e agravos e as ações de promoção, monitoramento, vigilância e prevenção – os desafios contínuos do SUS
Maria Regina Fernandes de Oliveira
Editora Executiva
As mudanças demográficas e epidemiológicas por que passa a sociedade brasileira e o crescente reconhecimento da importância dos determinantes sociais na condução das ações de promoção, monitoramente e vigilância de doenças e agravos não transmissíveis refletem-se no espectro temático de quatro artigos apresentados nesta edição da Epidemiologia e Serviços de Saúde.
Um deles apresenta a Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), resultado de intensos debates e articulações entre os gestores, instituições acadêmicas e organismos internacionais. De extrema relevância para a orientação dos gestores do SUS frente aos desafios impostos pela carga dessas doenças e agravos no país, a PNPS foi aprovada pela Comissão Intergestores Tripartite no ano de 2006, para que o sistema de saúde pudesse responder, de forma mais efetiva, a novos e velhos desafios para a Saúde Pública. Trata-se, aqui, de um relatório descritivo do processo de implantação da política nacional e da agenda da atividade física no âmbito do SUS.1 O assunto ainda merece a publicação por esta mesma edição, a partir dos dados coletados pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de um estudo descritivo das características do padrão da atividade física entre adultos brasileiros no ano de 2006.2
Os dados reunidos pelo Sistema de Serviços Sentinelas de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), desenvolvido pelo Ministério da Saúde em 2006,3 para diagnóstico epidemiológico e tomada de decisão, serviram ao estudo e elaboração de um manuscrito cujo propósito principal foi descrever o perfil de atendimentos de emergência por violência no âmbito do VIVA.
A melhora da promoção e atenção à saúde da mulher em idade fértil – especialmente durante o ciclo gravidez-parto-puerpério – é uma das grandes prioridades da política de saúde brasileira. O aperfeiçoamento dos sistemas de informações e da análise de situação de saúde são etapas necessárias ao alcance das metas de redução da razão de mortalidade materna (RMM). Mota e colaboradoras4 analisam a validade dos dados registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) comparativamente a seu estudo de investigação de óbitos de mulheres em idade fértil em um importante Município brasileiro cuja rotina de serviços de atenção à saúde da mulher não dispunha da assessoria de um Comitê de Mortalidade Materna implantado. O artigo discute as limitações, avanços e caminhos a serem trilhados pelos sistemas de informações e serviços de saúde para reduzir a RMM.
Nossa atenção volta-se ao campo das doenças transmissíveis com o estudo de sobrevida de pessoas vivendo com aids em Blumenau, Estado de Santa Catarina, de autoria de Santa Helena, Mafra e Simes.5 Seus autores destacam a baixa escolaridade entre os fatores sociais determinantes de menor sobrevida das pessoas infectadas pelo HIV/aids e sugerem o apoio social à população de nível educacional mais baixo como uma estratégia de promoção da adesão ao tratamento anti-retroviral e de sobrevida com qualidade.
A preocupação com as doenças imunopreveníveis motivou o artigo de revisão de Luhm & Waldman,6 em que são descritas diferentes experiências, tecnologias e metodologias empregadas em registros informatizados de imunização, em várias partes do mundo e em serviços brasileiros selecionados. Os autores destacam as vantagens e os benefícios que podem advir do constante monitoramento da segurança e da cobertura vacinal mediante o uso desses registros.
Daufenbach e colaboradores,7 em relato de estudo ecológico, descrevem a morbidade hospitalar por causas relacionadas à influenza na população brasileira acima de 60 anos de idade, no período de 1992 a 2006, para demonstrar a diminuição do coeficiente de morbidade hospitalar após o ano de 1999, possivelmente relacionada à introdução da vacina contra influenza nesse grupo.
Por fim, são apresentados três resumos das monografias vencedoras do Prêmio Rede de Formação de Recursos Humanos em Vigilância em Saúde (RFRH-VS).8 Trata-se de um reconhecimento público ao mérito de profissionais de saúde egressos de cursos de especialização que receberam apoio financeiro da SVS/MS e constituem uma das estratégias de aperfeiçoamento dos serviços de vigilância em saúde e de desenvolvimento da epidemiologia no Sistema Único de Saúde.
Os artigos e os resumos das monografias vencedoras do I Prêmio RFRH-VS aqui apresentados constituem um material rico em informações relevantes para o SUS. Em seu conjunto, não apenas retratam aspectos das ações de promoção, monitoramento, vigilância e prevenção executadas pelos serviços. Sua publicação cumpre a missão primordial deste periódico, de difundir o conhecimento epidemiológico visando ao aprimoramento dos serviços de saúde oferecidos à população do Brasil.
Referências
1. Malta DC, Castro AM, Gosch CS, Cruz DKA, Bressan A, Neto OLM, Nogueira JD. A Política Nacional de Promoção da Saúde e a agenda da atividade física no contexto do SUS. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2009; 18(1): 79-86.
2. Malta DC, Moura EC, Castro AM, Cruz DKA, Neto OLM, Monteiro CA. Padrão de atividade física em adultos brasileiros: resultados de um inquérito por entrevistas telefônicas, 2006. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2009; 18(1): 7-16.
3. Mascarenhas MDM, Silva MMA, Malta DC, Moura L, Macário EM, Gawryszewski VP, Neto OLM. Perfil epidemiológico dos atendimentos de emergência no Sistema de Serviços Sentinelas de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) – Brasil, 2006. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2009; 18(1): 17-28.
4. Mota SMM, Gama SGN, Theme Filha MM. A investigação do óbito de mulher em idade fértil para estimar a mortalidade materna no Município de Belém, Estado do Pará, Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2009; 18(1): 55-64.
5. Santa Helena ET, Mafra MLS, Simes M. Fatores associados à sobrevida de pessoas vivendo com aids no Município de Blumenau, Estado de Santa Catarina, Brasil, 1997-2004. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2009; 18(1): 45-53.
6. Luhm KR, Waldman EA. Sistemas informatizados de registro de imunização: uma revisão com enfoque na saúde infantil. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2009; 18(1): 65-78.
7. Daufenbach LZ, Carmo EH, Duarte EC, Campagna AS, Teles CAS. Morbidade hospitalar por causas relacionadas à influenza em idosos no Brasil, 1992 a 2006. Epidemiologia e Serviços de Saúde 2009; 18(1): 29-44.
8. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. I Prêmio Rede de Formação de Recursos Humanos em Vigilância em Saúde – 2008 (Resumos dos trabalhos premiados). Epidemiologia e Serviços de Saúde 2009; 18(1): 87-94.