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Epidemiologia e Serviços de Saúde

versión impresa ISSN 1679-4974versión On-line ISSN 2237-9622

Epidemiol. Serv. Saúde v.19 n.2 Brasília jun. 2010

http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742010000200007 

ARTIGO ORIGINAL

 

Cuidados alimentares e fatores associados em Canoas, RS, Brasil

 

Concerns about eating habits and associated factors in Canoas, Rio Grande do Sul State, Brazil

 

 

Vera Beatriz ZartI; Denise AertsII; Cristiano RosaIII; Jorge Umberto BériaII; Beatriz Warth RaymannIV; Luciana Petrucci GiganteII; Andréia FigueiredoII

ISetor de Vigilância Sanitária, Secretaria Municipal de Saúde de Carazinho-RS, Brasil
IIFaculdade de Medicina e Programa de Mestrado em Saúde Coletiva, Universidade Luterana do Brasil, Canoas-RS, Brasil

IIIFaculdade de Educação Física, Universidade Luterana do Brasil, Canoas-RS, Brasil
IVCurso de Fonoaudiologia e Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade Luterana do Brasil, Canoas-RS, Brasil. Christoffel Blindenmission

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Foi realizado um estudo transversal, de base populacional, com 1.951 indivíduos de 14 anos e mais, com o objetivo de investigar a associação entre cuidados alimentares e variáveis demográficas, socioeconômicas e outros hábitos relacionados à saúde em Canoas-RS. Desses, 45% referiram consumo de gorduras sem restrições, 61% de doces, 64% de carnes e 81% de farinhas/massas. Ao consumo de carnes sem restrições, associaram-se: sexo masculino; escolaridade entre cinco e oito anos; idade ≤59 anos; consumo de gorduras e farinhas/massas sem restrições; e não uso de homeopatia. Ao consumo de gorduras sem restrições, associaram-se: sexo masculino; escolaridade ≤8 anos; idade ≤59 anos; auto-percepção de vida não-saudável; tabagismo; uso de álcool, não uso de chás e medicamentos; consumo de carnes, doces e farinhas/massas sem restrições; não realização de exames preventivos. Ao consumo de doces sem restrições, associaram-se: idade ≤59 anos; auto-percepção de vida não-saudável; consumo de gorduras e farinhas/massas sem restrições. Ao consumo de farinhas/massas sem restrições, associaram-se: sexo masculino, idade ≤59 anos; consumo de carnes, gorduras e doces sem restrições. As associações evidenciadas entre ausência de cuidados alimentares e outros hábitos relacionados ao uso de álcool e tabaco, fatores de risco para doenças crônico-degenerativas, apontam para a necessidade da implementação de políticas intersetoriais de promoção da saúde.

Palavras-chave: hábitos alimentares; estilo de vida; promoção da saúde.


SUMMARY

A cross-sectional population-based study was conducted with 1,951 individuals aged>14 years old to investigate the association between concerns about eating habits and eating habits and demographic, socio-economic, and other health-related habits in residents of Canoas, Rio Grande do Sul. Individuals reported unrestricted consumption of fats (45%), meat (64%), sweets (61%), and flours/pastas (81%). The variables associated with unrestricted consumption of meat were: male sex; five to eight years of schooling; people with unrestricted consumption of fats andflours/pastas; and no homeopathic treatment. The variables associated with unrestricted consumption of fats were: male sex; indi­viduals with 8years of schooling or less; self-perception of their unhealthy lifestyle; smoking; alcohol consumption, no tea drinking and nonuse of medication; unrestricted consumption of meats, sweets and flours/pastas, and absence of preventive exams. The factors associated with unrestricted consumption of sweets were self-perception of their unhealthy lifestyle; and unrestricted consumption of fats andflours/pastas. The variables associated with unrestricted consumption of flours/pastas were: male sex; and unrestricted intake of fats, meats and sweets. Regarding the age group, unrestricted consumption for all variables was associated mainly with people aged less than 59 years old. The associations between eating habits and other risk factors for chronic diseases, like those related to alcohol and tobacco, point out the need for the implementation of health promotion inter-organizational policies.

Key words: eating habits; lifestyle; health promotion; epidemiological factors.


 

 

Introdução

Nas últimas décadas, o Brasil vem passando por mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais que determinaram alteração nos padrões demográficos, epidemiológicos e nos hábitos alimentares da população.1-4 Dessa forma, o País, que na década de 60 ainda sofria combatendo a desnutrição, passou a enfrentar também o problema da obesidade5,6 a partir da década de 90.3,7-13

Além do sobrepeso e da obesidade,3,7,10,14,15 a falta de atividade física3,15-19 e os hábitos alimentares inadequados15,17,19,20 são responsáveis pelo aumento das dislepidemias,3,15 estando associados a uma maior prevalência de doenças crônico-degenerativas.14,15,20-22 Por sua vez, hábitos alimentares são influenciados por fatores socioeconômicos23,24 e, em especial, por fatores culturais3,21,23,24-28 que influenciam o aprendizado sobre o quê, com quem, quando e quanto se deve comer. Assim, expressam o estilo de vida, as crenças e os tabus dos grupos sociais.3,26,29

Apesar de os dados sobre o padrão alimentar no País serem escassos e coletados com periodicidade irregular, as informações disponíveis mostram que, nos últimos 20 anos, o brasileiro passou a consumir mais alimentos de origem animal3,12 e menos grãos e cereais.7,9,17,18 Em algumas regiões, o consumo de gordura3,15,18,30 está acima da recomendação máxima de 30% das calorias totais e a proporção de adultos obesos aumentou em mais de 50% desde 1970.2

Os fatores associados aos hábitos alimentares têm sido alvo de vários estudos, pois são considerados fatores de risco para uma série de doenças crônico-degenerativas.3,15,21,27 Estudos realizados no Brasil,20 Chile31 e Alemanha25 mostraram que, independente do sexo, o total calórico da dieta diminui com a idade, chegando a ser insuficiente no grupo etário acima de 60 anos.17,32

Outros estudos têm demonstrado que homens apresentam um consumo maior de gorduras saturadas,3,19,22 colesterol,18 sal3,22 e açúcar17 do que as mulheres.

No que se refere à inserção socioeconômica,23 tem sido apontado que a escolaridade30 influencia as práticas alimentares.7,8 Essa influência deve-se tanto ao fato da conhecida associação entre baixa escolaridade e baixa renda quanto ao menor acesso a informações nutricionais e baixo poder aquisitivo,23,28,30 por parte daqueles que pouco frequentaram a escola.2,8

Assim, sexo,3,13 faixa etária23,32 e escolaridade9,13,17,33 são fatores determinantes dos hábitos alimentares, pois influenciam na adoção de comportamentos de risco ou proteção, de acordo com os padrões culturais pertinentes ao grupo.12,26 Além disso, alguns estudos mostram a influência de fatores como tabagismo,19,20,23,27 e uso de álcool,12,19,20,23,27,33 e a autopercepção da saúde.12,26,29,33,34 A forma como cada indivíduo percebe sua própria saúde determina, por sua vez, a adoção de práticas como a realização de consultas médicas e exames,33-35 que também podem estar associadas aos hábitos alimentares, visto o maior contato com os serviços de saúde e a possibilidade de recebimento de orientações.

A importância do conhecimento de fatores associados aos hábitos alimentares justifica-se pela estreita relação entre dieta e risco de morbimortalidade. Assim, o presente estudo teve por objetivo investigar a associação entre a referência de cuidados alimentares e variáveis demográficas, socioeconômicas, outros hábitos relacionados à saúde e percepção de saúde.

 

Metodologia

Foi realizado um estudo transversal de base populacional com o objetivo de investigar a prevalência de surdez e as condições de saúde de moradores de Canoas-RS, entre novembro de 2002 a junho de 2003. Esse estudo foi integrado por vários projetos satélites,34 entre eles, o que deu origem a esta pesquisa.

A cidade de Canoas está situada na região Metropolitana de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil, e contava com uma população de 306.093 habitantes36 segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para a obtenção de uma amostra representativa de seus moradores, foi utilizada uma amostragem multifásica.

A amostra do estudo maior foi estimada tendo como parâmetros uma prevalência esperada do desfecho de 10%, nível de confiança de 95% e efeito de delineamento 2. Com isso, a amostra foi calculada em 1.040 domicílios, considerando-se uma média de 3,75 pessoas por domicílio (http://www.ibge.gov.br, acessado em março de 2009). Inicialmente, foram sorteados 40 dos 391 setores censitários do município. Na segunda etapa, em cada setor, foram selecionados sistematicamente 26 domicílios, utilizando-se o módulo 4. Em cada domicílio, todos os moradores que aceitaram participar do estudo foram incluídos.

Os domicílios foram visitados por dez duplas de entrevistadores que receberam um manual contendo todas as informações necessárias sobre o instrumento de pesquisa e a coleta dos dados. Foram realizadas reuniões que tiveram como objetivo discutir o instrumento de coleta de dados. Essa capacitação foi realizada pelos pesquisadores do estudo.

Para o presente estudo, do total de 2.609 participantes do projeto maior, foram selecionados aqueles com 14 ou mais anos de idade, totalizando 1.954. Desses, três casos foram excluídos por apresentarem dados ignorados. Assim, a amostra foi composta por 1.951 indivíduos. Esse tamanho foi considerado adequado para estimar desfechos com prevalências entre 10% e 40%, com um erro máximo de ±2,5% e nível de significância de 0,05. Além disso, o poder do estudo foi suficiente para detectar razões de prevalência com magnitude igual ou superior a 1,2.

Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário pré-codificado. As variáveis relacionadas a hábitos de tabagismo; uso de álcool; chás medicinais; vitaminas; homeopatia e medicamentos; realização de exames preventivos periódicos e de consulta médica regular que foram obtidas mediante perguntas fechadas do tipo sim e não. A escolaridade e a idade foram coletadas de forma contínua, sendo depois categorizadas em três faixas: <4 anos, 5 a 8 anos e >9 anos, para a primeira, e <20 anos, de 20 a 59 anos e <60 anos, para a segunda. A variável relacionada à percepção de vida saudável foi coletada por meio da pergunta: "Você considera que está tendo uma vida saudável?", tendo como possibilidade de resposta sim e não.

Foram analisados quatro diferentes desfechos, indicadores da percepção dos sujeitos sobre cuidados/restrições alimentares em relação ao consumo de carnes, gorduras, farinhas/massas e doces. Para tanto, foi perguntado aos entrevistados: você evita consumir algum tipo de carne?; Você evita consumir gorduras?Você evita consumir farinhas/massas? Você evita consumir doces? Quando uma dessas variáveis foi utilizada como desfecho (consumo de carnes, gorduras, farinhas/massas ou doces sem restrições), as demais ingressaram no modelo como fatores em estudo.

A associação entre cada desfecho e os fatores em estudo foi investigada com uma regressão de Cox modificada para estudos transversais.37 A introdução dos fatores em estudo na regressão ocorreu segundo modelo hierarquizado do processo de determinação dos hábitos alimentares (Figura 1) definido a priori pelos autores. Para tanto, considerou-se que as condições socioeconômicas da família influenciam a percepção de saúde de seus moradores. Essas, por sua vez, influenciam o estilo de vida do indivíduo, aqui indicado pelos cuidados no consumo de certos tipos de alimentos, uso de álcool, tabaco e chás. O estilo de vida influencia mais diretamente as condições de saúde, determinando a busca por serviços de saúde, uso de medicamentos, homeopatia e vitaminas. Por fim, considerou-se que o desfecho específico para cada cuidado alimentar é influenciado por todos esses fatores. O sexo e a idade foram introduzidos na primeira etapa do modelo em função de não sofrerem influência de nenhuma outra variável.

 

 

Em cada etapa, permaneceram no modelo somente as variáveis que apresentaram associação com nível de significância ≤0,10 na etapa em que ingressaram, com o intuito de não perder possíveis fatores de confusão.37,38 Por fim, os modelos finais, foram compostos pelas variáveis que apresentaram nível de significância <0,05 na etapa em que foram introduzidas no modelo e participaram com as razões de prevalências e inter­valos de confiança originais.

A análise hierarquizada permite verificar se a associação entre o desfecho e o fator em estudo é direta ou mediada pelo efeito de outras variáveis. Assim, as variáveis que se encontram em um mesmo nível hierárquico funcionam como fatores de confusão para as demais do mesmo nível e para as de níveis inferiores. Por sua vez, essas últimas podem exercer um efeito mediador das influências das variáveis de níveis superiores.38

Considerações éticas

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Luterana do Brasil (2004-060H) e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

 

Resultados

A maioria dos indivíduos era do sexo feminino, com nove ou mais anos de escolaridade e estava na faixa etária entre 20 e 59 anos (Tabela 1). A comparação entre a distribuição das faixas etárias da amostra e da população de Canoas não mostrou diferenças estatisticamente significativas. No entanto, em relação ao sexo, a pesquisa amostrou mais mulheres do que a proporção existente na população em geral (57,4% na pesquisa versus 52,2% na população, com um χ2= 21,21 e p<0,05).

 

 

Entre os entrevistados, cerca de 82% referiram ter uma vida saudável, 24% eram tabagistas e/ou consumiam álcool, dois terços informaram ter o hábito de consumir chás medicinais e o uso de vitaminas e home­opatia foi mencionado por, cerca de 11% (Tabela 1).

A prática de consulta médica regular e a realização de exames preventivos periódicos foram mencionadas por cerca de metade dos entrevistados. Em contrapartida, grande número de entrevistados não utilizavam medicamentos (62%) (Tabela 1).

Em relação aos hábitos alimentares, as gorduras eram consumidas com mais restrições do que os outros alimentos. Dos pesquisados, 55% consumiam esse alimento com restrições, enquanto que um menor número apresentou o mesmo cuidado em relação ao consumo de doces (39%), carnes (36%) e farinhas/massas (19%) (Tabela 1).

Os homens apresentaram um consumo sem restrições significativamente maior de carnes, gorduras e farinhas/massas do que as mulheres. Da mesma forma, os indivíduos com escolaridade igual ou inferior a 4 anos e entre cinco a oito anos consumiram mais gorduras do que seus pares de referência. Em relação ao consumo de carnes, foi encontrada diferença estatisticamente significativa apenas entre os de escolaridade maior e intermediária (Tabela 2).

 

 

Quanto à faixa etária, essa apresentou associação significativa com todos os desfechos, sendo que os entrevistados com idade inferior ou igual a 59 anos apresentaram maior prevalência de consumo sem restrições dos alimentos do que aqueles com 60 ou mais anos (Tabelas 2 e 3).

 

 

Os indivíduos pesquisados que manifestaram percepção de vida não saudável, apresentaram comportamento de risco para o consumo de gorduras e doces sem restrições (Tabelas 2 e 3).

Os tabagistas, que faziam uso de álcool e os que não utilizavam chás medicinais referiram um consumo de gorduras sem restrições com uma prevalência 24%, 14% e 12% maior do que seus pares de referência, respectivamente, sendo que esses hábitos não se associaram aos outros desfechos. O uso de vitaminas não se associou a nenhum dos desfechos investigados. Entretanto, os indivíduos que não faziam uso de homeopatia apresentaram uma prevalência 23% maior de consumo de carnes sem restrições do que os que a utilizavam (Tabela 2).

Em relação à referência de cuidados alimentares, observou-se que os entrevistados que mencionaram consumir gorduras e massas/farinhas sem restrições também apresentaram o mesmo comportamento de risco para todos os demais alimentos (Tabelas 2 e 3).

Não foram encontradas associações significativas entre a realização de consultas médicas regulares e os desfechos. Entretanto, as pessoas que referiram não realizar exames preventivos periódicos ou não utilizar medicamentos apresentaram referência de consumo de gorduras sem restrições significativamente maior do que seus pares de referência.

 

Discussão

A relação existente entre saúde e alimentação é inequívoca e está profundamente entrelaçada aos aspectos sociais e econômicos de uma sociedade, conferindo às práticas alimentares um significado cultural de grande relevância.21,26,27 Essa relação foi analisada no presente estudo. No entanto, um cuidado deve ser tomado na interpretação dos resultados, pois o delineamento transversal não permite o estabelecimento de causalidade e, sim, a investigação de associações entre os desfechos de interesse e fatores em estudo.

O tamanho da amostra revelou-se adequado para os objetivos propostos, pois teve poder para detectar razões de prevalência de pequena magnitude (≥1,2). Entretanto, as perdas ocorridas no estudo maior produziram um viés de seleção que amostrou mais as mulheres do que homens. Apesar dessa perda, encontrou-se associações significativas com praticamente todos os desfechos, indicando que os homens referiram consumir mais carnes, gorduras e farinhas/massas sem restrições do que as mulheres. No entanto, é impossível afirmar se essa situação é verdadeira para o conjunto de moradores do sexo masculino de Canoas ou se foi determinada pela perda de indivíduos que apresentavam maiores cuidados alimentares.

Não foi encontrada associação entre sexo e a referência de consumo de doces sem restrições, fato esse evidenciado por vários estudos que asseveram existir entre os homens uma maior ingestão de carboidratos39 e gorduras saturadas4,16,22 fatores predisponentes à obesidade e doenças cardiovasculares.6,14,40 É possível que, no caso de cuidados com o consumo de doces, homens e mulheres tenham um padrão alimentar semelhante em função da herança cultural, pois Canoas é uma cidade constituída em grande parte por imigrantes alemães, que trouxeram arraigados a seu estilo de vida o hábito alimentar do consumo de doces em suas mais diferentes formas.

Autores apontam que indivíduos de baixa escolaridade e renda familiar de até três salários mínimos apresentam um estilo de vida mais sedentário24 e consomem maior quantidade de carnes e gorduras.7,9 Esses dados corroboram os do presente estudo, em que os indivíduos com escolaridade entre cinco e oito anos informaram consumir sem restrições mais carnes e gorduras do que aqueles com escolaridade maior do que nove anos. Entretanto, não foi encontrada diferença estatisticamente significativa para a referência de consumo de carnes entre indivíduos com escolaridade inferior a cinco anos e os de maior escolaridade. É possível que isso decorra do custo da carne em nosso meio, determinando um consumo mais reduzido desse alimento devido a questões financeiras e não como uma medida de promoção ou prática de saúde, o que possivelmente ocorre entre os indivíduos com mais escolaridade. Situação diferente foi evidenciada em relação aos cuidados com o consumo de gorduras sem restrições, que por serem mais acessíveis, foram mais referidas nos grupos populacionais de mais baixa inserção socioeconômica.

As alterações metabólicas, fisiológicas e psicológicas inerentes ao processo de envelhecimento são fatores determinantes das modificações alimentares que ocorrem no indivíduo após os 50 anos de idade.2,32 Os indivíduos com idade entre 14 e 59 anos referiram menos cuidados com o consumo de carnes, gorduras, doces e farinhas/massas, informando maior consumo sem restrições. A maior referência de cuidados na redução de carnes, que ocorreu entre os entrevistados com idade igual ou superior a 60 anos, pode estar relacionada ao alto custo desse alimento, baixo poder aquisitivo, gasto excessivo com medicamentos e às perdas dentárias, presentes entre essas pessoas.33,40,41 É importante ressaltar que muitos indivíduos, nessa faixa etária, também restringem o consumo dos nutrientes referidos como medida preventiva ou mesmo terapêutica em relação às doenças cardiovasculares30 e digestivas.

O autocuidado está relacionado à percepção que cada indivíduo possui de si próprio34 e influencia suas práticas de prevenção e promoção de saúde.29 Autores têm demonstrado que indivíduos com percepção de saúde negativa realizam menos consultas médicas34 e possuem menor autocuidado.35 Essa situação foi evidenciada neste estudo, pois os indivíduos que referiram percepção de vida não saudável também informaram consumir mais gorduras sem restrições.

A associação entre o consumo de álcool e fumo tem sido descrita em vários estudos4,19-21 potencializando o risco para doenças crônico-degenerativas,6,42 sendo mais prevalente entre indivíduos do sexo masculino,4,6,19,23,29,33 de baixo nível cultural, profissional e econômico.33 Semelhante ao estudo de Chor,22 encontrou-se associação entre tabagismo, uso de álcool e referência ao consumo de gorduras sem restrições, associação que deve ser ressaltada pelo efeito deletério para a saúde dos indivíduos da combinação desses hábitos.

No Brasil, o consumo de chás medicinais e de homeopatia faz parte da cultura3,23 constituindo-se como prática de medicina caseira no combate as doenças, comumente utilizadas pela população.43 Além disso, também pode representar uma resposta às dificuldades de acesso à assistência médica, aos exames e aos medicamentos. A opção por uma medicina homeopática em detrimento da alopáttica depende da opção e dos valores culturais de cada indivíduo, mas o uso dessas práticas sugere uma preocupação dos indivíduos com sua saúde.26,33 Isso parece ser verdade, pois os que não informaram fazer uso de chás medicinais referiram menos cuidados com o consumo de gorduras e os que não utilizavam homeopatia, mais carnes.

Para alguns autores, a realização de exames preventivos periódicos está relacionada com a autopercepção de saúde26,33 menor utilização de serviços de saúde está associada à baixa renda, mesmo após a padronização por idade, sexo e uso de medicamentos.9,41,44 Resultados semelhantes foram identificados no presente estudo, em que os indivíduos que não realizavam exames preventivos periódicos, não utilizavam medicamentos e que apresentavam uma pior percepção de sua saúde foram os que mais referiram consumir gorduras sem restrições.

Muitos autores têm descrito a crescente substituição das proteínas vegetais por animais12 e de carboidratos por lipídios4,15,39 na dieta ocidental, fato que está relacionado mais ao custo dos alimentos do que ao conhecimento do seu valor nutricional.8,9 Esse padrão alimentar foi evidenciado no presente estudo, em que foi encontrada associação entre a referência de consumo de carnes, gorduras e farinhas/massas sem restrições. Da mesma forma, a referência de consumo de doces, gorduras e farinhas/massas esteve associado, sugerindo a alta densidade energética e o elevado teor de gorduras e açúcares simples presentes na dieta dos moradores de Canoas.

Os achados do presente estudo evidenciam o quanto a alimentação reflete os valores, as crenças e os recursos naturais de cada povo. No Rio Grande do Sul, os tropeiros deixaram o maior legado: o churrasco que hoje, mais do que uma tradição, é uma instituição cultural. A carne utilizada é a costela gorda, a picanha, a ovelha e a linguiça de suino. Essa prática cultural vem corroborar a associação encontrada entre a referência de consumo de carnes e gorduras sem restrições.45

A grande disponibilidade de alimentos processados,3 a maior facilidade de aquisição e a diminuição do tempo disponível para o preparo dos alimentos são fatores responsáveis pelo maior consumo de alimentos ricos em gorduras saturadas15 e açúcares,3,14,15,17,23 pobres em carboidratos complexos3,15,17 e pelo aumento dos gastos com preparações pré-prontas3 na maioria das vezes extremamente calóricas.4,13

As mudanças na estrutura da população, a maior urbanização e o ingresso da mulher na população economicamente ativa1,3,21 contribuíram de forma relevante para as alterações dos padrões alimentares, que, aliados ao sedentarismo,42 são considerados atualmente determinantes do aumento da prevalência da obesidade no Brasil.2,3,23

Os resultados mostraram que os indivíduos mais jovens, os do sexo masculino e os com escolaridade mais baixa foram os que apresentaram, de forma geral, maior referência de consumo de alimentos sem restrições. Além disso, evidenciou-se associação entre hábitos alimentares não adequados e outros hábitos nocivos à saúde, como o uso de álcool e fumo. Assim, a morbidade relacionada ao estilo de vida assume maior relevância, uma vez que as doenças transmissíveis46 já não são as maiores responsáveis pela carga total de enfermidades.9,14

Diante do exposto, é incontestável a necessidade de se investigar também a representação social dos hábitos alimentares, investindo em pesquisas com abordagens qualitativas. Conhecer a percepção dos indivíduos e dos grupos populacionais sobre a saúde e suas práticas alimentares é de extrema importância para o planejamento de ações e políticas intersetoriais, indispensáveis para a promoção da saúde da população.

 

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Endereço para correspondência:
Avenida Pátria, 105/201,
Centro, Carazinho-RS, Brasil.
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E-mail:verazart@terra.com.br

Recebido em 22/03/2009
Aprovado em 09/10/2009