EDITORIAL

Vigilância em Saúde: temas em destaque

Susan Martins Pereira

Editora Executiva

Esta última edição de 2010 apresenta temas de destaque em Vigilância à Saúde no decorrer do ano. Inicialmente, apresentamos o estudo sobre Análise da mortalidade por acidentes de transporte terrestre (ATT) antes e após a Lei Seca - Brasil, 2007-2009. Este foi um assunto muito debatido nos veículos de comunicação, à época da implantação da Lei N^o 11.705, de 19 de junho de 2008, conhecida como "Lei Seca", que introduziu dispositivos legais inibindo o consumo de bebida alcoólica por condutores de veículo automotores. O artigo apresenta uma análise ainda que preliminar, com resultados que apontam para a redução do risco de morte por ATT.¹ Outro tema sempre presente no âmbito dos serviços de saúde refere-se ao controle e prevenção da dengue. Neste artigo são apresentados resultados referentes à avaliação da operacionalidade da armadilha MosquiTRAP no monitoramento de Aedes aegypti, sendo discutidas vantagens deste método para o monitoramento do vetor, trazendo novas perspectivas aos programas de controle.² O artigo intitulado Desfecho dos casos de Influenza Pandêmica (H1N1) 2009 em mulheres em idade fértil durante a pandemia, no Município do Rio de Janeiro discute a epidemia recente de Influenza Pandêmica (H1N1) 2009. Este trabalho aborda a situação de mulheres em idade fértil acometidas, descrevendo aspectos relacionados ao risco de óbito neste grupo.³

Na área de avaliação de serviços de saúde, destacamos o artigo intitulado Efeitos da descentralização das ações de vigilância epidemiológica para as equipes de Saúde da Família, que traz uma discussão que esteve sempre na pauta no âmbito dos serviços do SUS, a Estratégia Saúde da Família. Os autores apresentam uma avaliação de indicadores da Vigilância Epidemiológica após a descentralização das ações para as Equipes de Saúde da Família. Os resultados sugerem que a Estratégia Saúde da Família contribui para aprimorar a VE.⁴ Ainda neste tópico, o artigo Análise descritiva da utilização de serviços ambulatoriais no Sistema Único de Saúde segundo o porte do município, São Paulo, 2000 a 2007 analisa a produção dos serviços de atenção ambulatorial do SUS no contexto da ampliação da oferta de atenção básica e das necessidades de articulação de serviços de distintas complexidades tecnológicas. Os autores discutem a ampliação da oferta dos serviços de atenção básica e suas repercussões em outros níveis do sistema e como isto ocorreu de forma diversa em municípios de diferentes portes, possibilitando orientar ajustes na política de saúde.⁵ No artigo Avaliação de indicadores hospitalares antes e após a implantação da gestão plena do sistema municipal em município do sul do Brasil, os autores analisam as tendências de padrões de internação em um município após a implantação da gestão plena.⁶

O artigo Tungíase em um aglomerado subnormal de Natal-RN: prevalência e fatores associados apresenta uma discussão no âmbito das ações desenvolvidas em serviços de saúde.⁷

Outro tema não menos relevante é introduzido por meio do artigo intitulado Desastres naturais - sistemas de informação e vigilância: uma revisão da literatura; os autores apontam a necessidade de sistemas de informação e vigilância integrados entre áreas como Saúde Pública, Defesa Civil e Ambiental para a análise dos efeitos dos desastres sobre a saúde das populações.⁸

Finalmente, apresentamos a nota técnica Identificação de surto de dermatite causada por besouro potó (Paederus brasiliensis) em Betim, Minas Gerais, 2009.⁹

Nesta edição, a Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde encerra as atividades desenvolvidas no ano de 2010, esperando que tenha contribuído com mais uma etapa no desenvolvimento e na divulgação da epidemiologia em serviços de saúde no Brasil.

Referências

1. Mascarenhas DM, Silva MMA, Lima CM, Morais Neto OL, Temporão JG, Penna GO. Análise da mortalidade por acidentes de transporte terrestre antes e após a Lei Seca - Brasil, 2007-2009. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2010;19(4):317-328.

2. Resende MC, Silva IM, Eiras AE. Avaliação da operacionalidade da armadilha MosquiTRAP no monitoramento de Aedes aegypti. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2010;19(4):329-338.

3. Saraceni V, Nicolai CCA, Toschi WDM, Caridade MC, Azevedo MB, Rocha PMM, Silva RI. Desfecho dos casos de Influenza pandêmica (H1N1) 2009 em mulheres em idade fértil durante a pandemia, no Município do Rio de Janeiro. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2010;19(4):339-346.

4. Barbosa MCL, Costa MCN, Teixeira MG, Mota EDA, Pereira SM. Efeitos da descentralização das ações de vigilância epidemiológica para as equipes de Saúde da Família. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2010;19(4):347-354.

5. Tanaka OY, Drumond Júnior M. Análise descritiva da utilização de serviços ambulatoriais no Sistema Único de Saúde segundo o porte do município, São Paulo, 2000 a 2007. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2010;19(4):355-366.

6. Di Colli L, Cordoni Junior L, Matsuo T. Avaliação de indicadores hospitalares antes e após a implantação da gestão plena do sistema municipal em município do sul do Brasil. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2010;19(4):367-377.

7. Bonfim WM, Cardoso MD, Cardoso VA, Andreazze R. Tungíase em uma área de aglomerado subnormal de Natal-RN: prevalência e fatores associados. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2010;19(4):379-388.

8. Sobral A, Freitas CM, Andrade EV, Lyra GFD, Mascarenhas MS, Alencar MRF, Castro RAL, França RF. Desastres naturais - sistemas de informação e vigilância: uma revisão da literatura. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2010;19(4):389-402.

9. Amado RC, Rabelo JV, Braga PMF, Chumbinho SA. Identificação de surto de dermatite causada por besouro potó (Paederusbrasiliensis) em Betim, Minas Gerais, 2009. Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2010;19(4):403-405.