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Epidemiologia e Serviços de Saúde

versão impressa ISSN 1679-4974versão On-line ISSN 2237-9622

Epidemiol. Serv. Saúde v.21 n.3 Brasília set. 2012

http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742012000300010 

ARTIGO ORIGINAL

 

Perfil epidemiológico dos acidentes ofídicos no Estado da Paraíba, Brasil, 2005 a 2010

 

Epidemiological profile of snake bites in the State of Paraiba, Brazil, 2005 to 2010

 

 

Matheus Gurgel SaraivaI; Daniel de Souza OliveiraI; Gilson Mauro Costa Fernandes FilhoI; Luiz Alberto Soares de Araújo CoutinhoI; Jória Viana GuerreiroII

ICurso de Medicina, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, Brasil
IIDepartamento de Promoção da Saúde, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

OBJETIVO: caracterizar o perfil clínico-epidemiológico dos acidentes ofídicos no estado da Paraíba, Brasil, no período 2005-2010.
MÉTODOS: estudo transversal descritivo sobre dados obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação da Secretaria de Estado de Saúde.
RESULTADOS: foram notificados 3.033 casos no período, com média de 505,5 casos/ano; a incidência anual do período foi de 13,7 casos/100 mil habitantes; a maior frequência de casos foi no sexo masculino (76,0%); a faixa etária que apresentou maior risco foi a dos 60-64 anos (18,9 casos/100 mil hab.); a maioria dos casos ocorreu entre maio e agosto (43,1%), em grande parte causados pelo gênero Bothrops (jararaca) (83,0%); 122 (4,0%) foram classificados como casos graves e 18 (0,6%) evoluíram para óbito.
CONCLUSÃO: os meses de maior índice pluviométrico (maio a agosto) foram os que apresentaram maior número de casos; a evolução para cura foi o desfecho mais comum; os acidentes de grau leve predominaram.

Palavras-chave: Epidemiologia; Epidemiologia Descritiva; Mordeduras de Serpentes; Bothrops.


ABSTRACT

OBJECTIVE: to characterize clinical and epidemiological profile of snakebites in the state of Paraíba, Brazil, in the period 2005-2010.
METHODS: a cross-sectional descriptive study based on data obtained in the Information System for Notifiable Diseases, of the State Health Secretariat.
RESULTS: 3,033 cases were reported in the period, with an average of 505.5 cases/year; the annual incidence of the period was 13.7 cases per 100,000 inhabitants; the higher frequency of cases was in male gender (76.0%); the age group with highest risk was 60-64 years (18.9 cases per 100,000 inhab.); most cases occurred between May and August (43.1%) and the genus Bothrops (pit viper) caused most ofthese (83.0%); 122 were classified as severe cases (4.0%) and 18 (0.6%) died.
CONCLUSION: months of greatest rainfall (May to August) presented highest number of cases; cure was the most common outcome; accidents of mild degree predominated.

Key words: Epidemiology; Epidemiology, Descriptive; Snake Bites; Bothrops.


 

 

Introdução

A palavra 'ofídio' deriva do latim Ophidia e do grego (Ophis): significa cobra ou serpente.1,2 Os acidentes ofídicos são um importante problema de Saúde Pública, especialmente em países tropicais, por conta da alta frequência com que ocorrem e pela significativa letalidade que ocasionam.3 No Brasil, tais ocorrências tornaram-se agravos de notificação obrigatória a partir do ano de 1986, o que permitiu uma melhor compreensão de sua epidemiologia.4 Os acidentes ofídicos não se encontram geograficamente localizados, tendo sido registrados casos em todas as Regiões e Estados brasileiros. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, ocorrem cerca de 25 mil acidentes ofídicos por ano,5 com aproximadamente 115 óbitos anuais.5 O coeficiente médio de acidentes no país, em 2008, foi de 13,8 acidentes/100 mil habitantes, sendo a Região Norte a de maior ocorrência (52 acidentes/100 mil hab.), enquanto a Nordeste apresentou a terceira maior ocorrência (13 acidentes/100 mil hab.) e o Sudeste, a menor do país (8 acidentes/100 mil hab.).5 Em relação aos países da América do Sul, o Brasil é o que apresenta o maior número de casos por ano.6

A mortalidade dos acidentados difere nas diversas localidades do mundo. No Brasil, a letalidade dos acidentes situa-se em torno de 0,45%.3,5 Na Europa, Estados Unidos da América e Canadá, os acidentes ofídicos são relativamente raros. Cerca de 90,0% dos 8 mil envenenamentos ocorridos por ano necessitam de hospitalização, resultando entre 15 e 30 casos fatais. Já no continente africano, a incidência de acidentes ofídicos é subestimada, por não se contar com um sistema de notificação preciso. Dos 500 mil casos de acidentes ofídicos, 40,0% são hospitalizados, levando a 20 mil óbitos por ano.7,8 Na Ásia, principalmente na Índia, na Birmânia e no Paquistão, o ofidismo provoca entre 25 mil a 35 mil óbitos por ano.7 No Japão, a incidência é de cerca de 1/100 mil hab. e a letalidade é menor que 1,0%.8

Existem em todo o mundo aproximadamente 3 mil espécies de serpentes, das quais 10,0 a 14,0% são consideradas peçonhentas.3,7 O território brasileiro conta, de forma catalogada, com 250 espécies de serpentes, sendo 70 delas peçonhentas.8 A maior parte dos acidentes no Brasil é atribuída ao gênero Bothrops (jararaca), representando 90,0% das espécies envolvidas neste tipo de acidente, seguidos pelos gêneros Caudisona 7,7%, Lachesis 1,4% e Micrurus 0,5%.3,7,9 Quanto às serpentes não peçonhentas, existem algumas de importância médica que estão associadas a acidentes no Brasil, como é o caso dos gêneros Philodryas, Phalotris, Xenodon e Tachimenis7 A identificação da serpente envolvida no acidente é de grande relevância para que as medidas terapêuticas adotadas sejam adequadas. Contudo, o diagnóstico é baseado, geralmente, na análise do quadro clínico apresentado pelo paciente em consequência das atividades tóxicas causadas pela inoculação da peçonha.8

Os estudos epidemiológicos dos acidentes ofídicos são importantes para a garantia de melhores condições de atendimento e tratamento aos acidentados, reduzindo, dessa forma, a gravidade e a letalidade que esses acidentes podem provocar.6 Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo caracterizar o perfil clínico epidemiológico dos acidentes ofídicos no estado da Paraíba, no período 2005-2010, buscando contribuir para o maior conhecimento do comportamento desses agravos no estado.

 

Métodos

Trata-se de um estudo transversal descritivo, fundamentado em pesquisa com dados secundários dos acidentes ofídicos ocorridos no Estado da Paraíba, no período 2005-2010.

A Paraíba situa-se na região Nordeste do país e ocupa uma área de 53.439km2. Em 2010, o Estado contava com uma população de 3.766.528 habitantes, segundo dados da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE.

Foram analisadas informações coletadas junto à Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba sobre acidentes ofídicos registrados no banco de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificações (Sinan). Para efeitos de comparação da realidade paraibana com a brasileira, as informações referentes às cinco macrorregiões e ao Brasil como um todo também foram obtidas na página do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus).

Foram analisadas as seguintes variáveis: número de casos por ano; sexo e faixa etária dos pacientes; ano e mês de ocorrência do acidente; microrregião de ocorrência do acidente; gênero da serpente envolvida; tempo decorrido entre a picada e o atendimento médico; classificação quanto à gravidade; evolução dos casos; e local anatômico da picada.

As variáveis quantitativas foram descritas pelo seu valor absoluto e de distribuição de frequências relativas (em porcentagem). Foram calculadas a taxa de incidência para cada 100 mil habitantes e a taxa de letalidade (em porcentagem).

Este trabalho está de acordo com a Resolução CNS no 196/1996, do Conselho Nacional de Saúde, que estabelece as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.

 

Resultados

Foram notificados à Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba, em cada ano de 2005 a 2010, respectivamente, 477, 541, 436, 393, 627 e 559 acidentes por serpentes peçonhentas ocorridos no Estado, totalizando 3.033 acidentes e média de 505,5 casos por ano. O coeficiente de incidência de acidentes ofídicos no período estudado foi de 13,7 casos/100 mil hab./ano (Tabela 1).

 

 

A maioria dos acidentes envolveu indivíduos do sexo masculino: de 70,7% em 2008 a 79,6% em 2007. No período 2005-2010, a média foi de 76,0% de casos em indivíduos do sexo masculino (Tabela 1).

Quanto à distribuição etária dos acidentes com ofídios na Paraíba, no período estudado, entre adultos jovens - 20 a 39 anos de idade -, foram registrados 1.020 casos (33,6%). Na faixa etária de 0 a 19 anos, foram registrados 900 casos (29,7%); e na faixa de 40 a 59 anos, 758 casos (25,0%) (Tabela 1).

Apesar de uma maior quantidade de casos entre indivíduos de 20 a 39 anos, verificou-se que a taxa de incidência nessa faixa etária foi a sexta maior, com 14,2 casos/100 mil hab. No período estudado, a maior taxa de incidência de acidentes com ofídios foi na faixa de 60 a 64 anos de idade, com 18,9 casos/100 mil hab., seguida da faixa de 40 a 59 anos, com 18,3 casos/100 mil hab. Em terceiro lugar aparece a faixa etária de 15 a 19 anos, com 16,5 casos/100 mil hab. A menor taxa de incidência foi registrada entre crianças na idade de 1 a 4 anos, com 5,4 casos/100 mil hab. (Tabela 1).

Quanto à sazonalidade dos casos, observou-se que os valores mais elevados ocorreram entre maio e agosto, período em que foram registrados 43,1% dos casos, e os valores mais baixos, entre novembro e fevereiro, com 22,5% dos casos. Os outros meses apresentaram valores oscilando em torno da média de 34,4% dos casos. O número médio de casos por mês, para todo o período, foi de 42,12 (Tabela 2).

 

 

Com relação à região geográfica dos acidentes, o local com maior número de casos foi o Cariri paraibano (Cariri Ocidental mais Cariri Oriental): um total de 916 ocorrências, correspondendo a aproximadamente 30,0% dos casos registrados no Estado, durante o período em análise. Em seguida aparecem o Curimataú (Curimataú Oriental mais Ocidental) e o Seridó (Oriental mais Ocidental), com 12,8% e 11,9% respectivamente (Tabela 3).

 

 

Houve predominância de acidentes provocados por serpentes do gênero Bothrops, com 1.938 casos, correspondendo a 63,9% dos casos registrados e a 83% dos casos com gênero identificados. O gênero Caudisona foi responsável por 6,7% dos caos, seguido do Micrurus com 2,0% e, por último, do Lachesis com 0,3%. O conjunto das cobras não peçonhentas foi responsável por 4,1% dos casos. Esta foi a variável que apresentou maior quantidade de casos sem identificação, com 23,0% (Tabela 4).

 

 

Considerando-se a evolução dos casos, verificou-se que a maioria resultou em cura sem sequelas, correspondendo a 2.749 casos (90,6%), 20 casos (0,7%) resultaram em cura com sequelas e 18 casos evoluíram para óbito, o que corresponde a uma taxa de letalidade de 0,6%. Aproximadamente 8,0% dos casos estavam ignorados ou em branco para esta variável (Tabela 4).

Quanto à gravidade do caso, houve maior número de registros de grau leve, com um total de 1.882 casos (62,0%), seguido pelo grau moderado com 822 casos (27,1%), e pelo grave, com 126 casos (4,2%), e ignorado/em branco com 203 casos (6,7%) (Tabela 5).

 

 

A respeito do tempo demandado entre o acidente e o atendimento, encontrou-se que: a maioria foi atendida entre 1 e 3 horas, correspondendo a 38,1% dos casos; 18,3% foram atendidos no intervalo de 3 a 6 horas; e 14,3%, entre 0 e 1 hora. A proporção de casos não identificados para esta variável representou 18,1% do total de casos (Tabela 5).

Com relação ao local anatômico da picada, verificou-se que as extremidades foram mais as atingidas: 88,2% dos casos identificados ocorreram nas regiões distais ao cotovelo e ao joelho, sendo as maiores proporções de local da picada no pé (43,0%) e na mão (13,4%). Os locais menos atingidos foram o tronco e a coxa, ambos com 0,4% dos casos. Registros em branco ou ignorados, somados, corresponderam a 8,9% dos casos (Tabela 5).

 

Discussão

Foram analisados 3.033 casos de acidentes ofídicos registrados no estado da Paraíba, compreendendo o período de 2005 a 2010. O perfil epidemiológico dos acidentes ofídicos no estado paraibano aponta para uma frequência maior de casos no sexo masculino. A faixa etária que apresentou maior risco foi a de 60-64 anos. Os meses de maior índice pluviométrico (maio a agosto) foram os que apresentaram maior número de casos. A maioria dos acidentes envolveu ofídios do gênero Brothrops. A evolução para cura foi o desfecho mais comum. Os acidentes de grau leve predominaram e a maior proporção dos casos levou de 1 a 3 horas entre o acidente e o atendimento médico.

O estado apresentou um coeficiente de 13,7 casos/100 mil hab., valor próximo à taxa da região Nordeste, de 14,1 casos/100 mil hab.10

O número de ocorrências anuais mostrou-se variável, tendo havido, no ano de 2009, maior notificação de casos em relação aos outros anos estudados. Variação semelhante foi encontrada em outros estudos feitos na região Nordeste.8,12 É possível que este aumento do número de casos em 2009 esteja associado ao perfil pluviométrico e climático observado nesse ano, visto que existe relação entre essas variáveis e a atividade dos animais peçonhentos no campo.6

Os acidentes ofídicos, apesar de terem ocorrido durante todo o ano, mostraram-se mais freqüentes entre os meses de maio e agosto. Trabalhos realizados no estado da Paraíba mostraram resultados semelhantes.8,12 Tais aspectos sazonais podem ser explicados pelo maior índice pluviométrico no período e pela maior atividade do homem na zona rural, no preparo do solo, no plantio e na colheita da safra e até na retirada de madeira para as festividades juninas, típicas da cultura nordestina, ocorridas nos meses citados.11,12

A predominância de casos no sexo masculino (76,0%), na faixa etária dos 20-39 anos apresentou resultado compatível com dados da literatura nacional e regional.5-8,13,15 A explicação para tais achados reside na relação entre o sexo masculino e aquela faixa etária com o trabalho no campo.6 A zona rural e as áreas de plantio são os locais de maior ocorrência de acidentes ofídicos e, por conta do perfil geral dos trabalhadores rurais, justificam-se os achados do presente trabalho.

A taxa de letalidade encontrada (0,6%) foi semelhante à apresentada em estudo anterior realizado no estado da Paraíba (0,5%).12

Foi verificada a ocorrência de acidentes ofídicos em todas as microrregiões do estado da Paraíba, no entanto não foram encontrados estudos na literatura que abordem as microrregiões paraibanas como variável de estudo, impedindo comparações.

A proporção de acidentes provocados por serpentes não peçonhentas encontrada nesta análise (4,1%), foi maior que outros estudos (2,6%).13 Com relação aos acidentes provocados por serpentes peçonhentas, o gênero Bothrops representou o maior percentual das notificações, dado que coincide com resultados disponíveis na literatura.6-8,14,16 Este gênero é responsável pelo maior número de casos devido à capacidade de se adaptar a diferentes tipos de ambientes, podendo ser encontrado nos mais diversos ecossistemas. Os gêneros Lachesis, Caudisona e Micrurus representaram menor proporção de casos, concordando com a literatura.12,13,16 Estes estudos também ressaltam o elevado percentual de casos onde o gênero da serpente não foi identificado, o mesmo tendo sido verificado nesta análise.

O tempo transcorrido entre o acidente e o atendimento é fundamental para evitar complicações e até mesmo o óbito. Quanto menor este tempo, maiores as chances de não existirem sequelas. Comparando-se com os dados nacionais, verificou-se que a proporção de casos atendidos entre 0 e 1 hora, foi de apenas 14,0%, enquanto que, no Brasil estes percentuais se situam em torno de 25,0%.10 Destaca-se que esta proporção pode ser maior em função do elevado percentual de casos (18,1%) com esta variável ignorada ou em branco.

No que se refere à gravidade dos acidentes, as ocorrências leves são maiores na Paraíba (62,0%), comparando-se com o Brasil (50,7%). Quando levados em consideração os graus moderados e graves de acidentes, os percentuais paraibanos são menores.5 As taxas moderadas e graves, ainda que abaixo da média nacional, devem ser consideradas pois, assim como na região Nordeste, há pacientes que demoram várias horas para procurar atendimento na unidade de saúde do seu município.8

A predominância nos membros inferiores e superiores encontrados na Paraíba e em outros estudos se relaciona às condições de realização do trabalho rural. A ausência de utilização de equipamentos de proteção individual, tais como botas de cano longo, perneira, luvas e demais vestimentas tornam os trabalhadores mais susceptíveis aos ataques nessas áreas.4,6,13,15 Estima-se que, com a utilização dos equipamentos de proteção adequados, cerca de 50,0 a 75,0% das picadas por ofídios poderiam ser evitadas.8

Uma limitação do presente estudo está relacionada à elevada proporção de variáveis ignoradas ou em branco, especialmente para aquelas que se referem ao gênero da serpente, à microrregião de ocorrência do acidente e ao local anatômico da picada. Dessa maneira, a qualificação da informação dos acidentes ofídicos no estado contribuirá para o conhecimento da epidemiologia desses acidentes e melhora o atendimento a essas ocorrências, além da promoção de medidas de prevenção adequadas à realidade local.

Sabe-se que a subnotificação representa um importante fator limitante para a adequada interpretação do estudo. Se comparado com as regiões Sul e Sudeste, o Nordeste ainda apresenta taxas de subnotificações maiores. Entretanto, é esperado que com o passar dos anos ocorra progressiva diminuição dessas taxas na macrorregião e em todo o país.

Os raros estudos nacionais de acidentes ofídicos refletem a pouca importância que é dada a este tipo de agravo à saúde. Sugere-se a realização de análises utilizando-se dos dados secundários provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - Sinan -, contribuindo para a qualificação desta fonte de informação e para que se possa traçar a real dimensão do problema nas diversas esferas de gestão do Sistema Único de Saúde.

 

Contribuição dos autores

Oliveira DS, Coutinho LASA, Saraiva MG participaram do desenvolvimento da introdução, discussão e conclusão.

Fernandes Filho GMC participou da análise estatística, desenvolvimento da metodologia e resultados.

Guerreiro JV participou da supervisão e revisão do artigo.

 

Referências

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3. Pinho FMO, Pereira ID. Ofidismo. Revista da Associação Médica Brasileira. 2001; 47(1):24-29.

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8. Lemos JC, Almeida TD, Fook SML, Paiva AA, Simões MOS. Epidemiologia dos acidentes ofídicos notificados pelo Centro de Assistência e Informação Toxicológica de Campina Grande (Ceatox-CG), Paraíba. Revista Brasileira de Epidemiologia. 2009; 12(1):50-59.

9. Fernandes TA, Aguiar CN, Daher EF. Envenenamento Crotálico: epidemiologia, insuficiência renal aguda e outras manifestações clínicas. Revista Eletrônica Pesquisa Médica. 2008; 2(2):1-10.

10. Ministério da Saúde. Informações de saúde [acessado durante o ano de 2012, para informações de 2005 a 2010]. Disponível em http://www.datasus.gov.br.

11. D'agostini FM, Chagas FB, Beltrame V. Epidemiologia dos acidentes por serpentes no Município de Concórdia, SC no período de 2007 a 2010. Evidência, Joaçaba. 2011; 11(1):51-60.

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Endereço para correspondência:
Universidade Federal da Paraíba,
Centro de Ciências Médicas,
Departamento de Medicina Interna,
Campus I, João Pessoa-PB, Brasil.
CEP: 58051-900
E-mail: depmi@hulw.ufpb.br; medinterna@ccs.ufpb.br

Recebido em 17/05/2012
Aprovado em 16/08/2012