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Epidemiologia e Serviços de Saúde

versão impressa ISSN 1679-4974versão On-line ISSN 2237-9622

Epidemiol. Serv. Saúde v.24 n.2 Brasília jun. 2015

 

http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742015000200001

EDITORIAL

 

Primeiros resultados da Pesquisa Nacional de Saúde, big data e relato de revisões sistemáticas

 

 

Leila Posenato Garcia

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Assessoria Técnica da Presidência, Brasília-DF, Brasil

 

 

Neste segundo número de 2015, a Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do Sistema Único de Saúde do Brasil (RESS) destaca os primeiros resultados de um grande inquérito de base domiciliar e abrangência nacional - a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS). A primeira edição da PNS, conduzida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, foi realizada em 2013.

Entre os autores dos artigos, encontram-se renomados pesquisadores e competentes gestores do IBGE, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde (SVS/MS), que tiveram contribuição fundamental para a execução da PNS e continuam trabalhando intensamente na análise dos dados e divulgação dos resultados.

O primeiro artigo relata o desenvolvimento dessa grandiosa pesquisa, desde sua preparação, iniciada em 2009, passando pela execução do trabalho de campo, em 2013, até a divulgação dos primeiros resultados, no final de 2014.1 O segundo descreve o desenho amostral da PNS, explica como foi feito o cálculo do tamanho e as etapas de seleção da amostra, a partir da amostra mestra do Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares (SIPD) do IBGE. O estudo também relata o cálculo dos pesos das unidades amostrais, destacando a necessidade de sua consideração na análise dos dados.2

Os demais artigos são derivados de estudos descritivos que abordam desfechos relacionados a estilos de vida e doenças crônicas, por estes terem sido os primeiros dados da PNS, divulgados e disponibilizados para análise. Os temas incluem: consumo de álcool, uso do tabaco, alimentação saudável, prática de atividade física, problemas crônicos de coluna e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), hipertensão arterial, diabetes e o uso de medicamentos para tratamento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).

Apesar de reconhecer o potencial para a realização de trabalhos analíticos com os dados da PNS, a RESS acolheu os estudos descritivos, tendo em vista a oportunidade da publicação dos primeiros resultados da pesquisa, e a indisponibilidade da base completa, com a ausência de variáveis relevantes, neste primeiro momento.

A propósito da relevância da divulgação dos primeiros resultados da PNS, a RESS inaugura a tradução para a língua inglesa de parte dos artigos publicados. Os textos traduzidos para o inglês, juntamente com os originais em português, estão disponíveis na versão eletrônica da RESS. Para os próximos números, a tradução de parte dos artigos será continuada, sem custo para os autores.

Os microdados da PNS, juntamente com um grande volume de informações - que incluem publicações, notas técnicas, tabelas e o dicionário de variáveis - estão disponíveis no sítio eletrônico do IBGE.3 Com o livre acesso à informação, esperam-se muitas outras publicações derivadas de estudos realizados com dados da PNS. Os próximos números da RESS, assim como de outras revistas nacionais e estrangeiras, certamente trarão novos trabalhos com relatos de estudos descritivos e analíticos realizados com a vasta gama de dados sobre inúmeros desfechos e exposições que foram coletados pela PNS.

Em junho de 2015, foram divulgados os dados sobre acesso e utilização dos serviços de saúde, acidentes e violências. Ainda são aguardados os dados sobre características da saúde da mulher e atendimento pré-natal, além dos resultados dos exames laboratoriais, reforçando o potencial para a realização de estudos muito interessantes, que poderão subsidiar o monitoramento, a avaliação e a orientação das políticas de saúde no Brasil.

O presente número da RESS traz, também, novo artigo da série Aplicações da epidemiologia, assinado pelo Prof. Alexandre Dias Porto Chiavegatto Filho, que destaca as potencialidades do uso de big data em estudos na área da saúde no Brasil. A expressão big data refere-se a dados de volume cuja magnitude desafia as formas tradicionais de análise. O autor, além de ressaltar áreas que considera promissoras para o uso de big data em saúde, apresenta metodologias de análise, e discute limitações e desafios para o futuro.4

O último artigo da série Revisão sistemática, elaborado pela Dra. Tais Freire Galvão e pelo Prof. Mauricio Gomes Pereira, também publicado neste número, aborda os temas da redação, publicação e avaliação da qualidade de revisões sistemáticas.5 Este artigo é acompanhado pela tradução para o português da Recomendação PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses), o guia de relato que deve ser adotado para revisões sistemáticas e metanálises.6 Cabe destacar a cuidadosa condução do processo de tradução da Recomendação PRISMA, que incluiu a tradução para o português, a retrotradução para o inglês, além de várias etapas de criteriosa revisão, com participação da equipe de tradutores e editoras das RESS, além de membros do Grupo PRISMA, que confirmou a versão traduzida.

O conjunto de artigos que compõem a série Revisão sistemática, juntamente com a Recomendação PRISMA, fornecem subsídios importantes para a elaboração e redação de estudos desta natureza. Estes textos constituem relevante contribuição da RESS para o desenvolvimento de estudos de revisão sistemática no Brasil, em consonância com iniciativas voltadas à promoção da integridade na pesquisa e redução do desperdício em pesquisas científicas.7

 

Referências

1. Damacena GN, Szwarcwald CL, Malta DC, Souza-Júnior PRB, Vieira MLFP, Pereira CA, et al. O processo de desenvolvimento da Pesquisa Nacional de Saúde no Brasil, 2013. Epidemiol Serv Saude. 2015 abr-jun;24(2):197-206.

2. Souza-Júnior PRB, Freitas MPS, Antonacci GA, Szwarcwald CL. Desenho da amostra da Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Epidemiol Serv Saude. 2015 abr-jun;24(2):207-16.

3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde 2013 [Internet]. Rio de Janeiro: IBGE; 2013 [citado 2015 mar 15]. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/pns/2013/

4. Chiavegatto Filho ADP. Uso de big data em saúde no Brasil: perspectivas para um futuro próximo. Epidemiol Serv Saude. 2015 abr-jun;24(2):325-32.

5. Galvão TF, Pereira MG. Redação, publicação e avaliação da qualidade da revisão sistemática. Epidemiol Serv Saude. 2015 abr-jun;24(2):333-4.

6. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, PRISMA Group. Preferred reporting items for systematic reviews and meta analyses: the PRISMA statement. PLoS Med. 2009 Jul;6(7):e1000097.

7. Ioannidis JPA, Greenland S, Hlatky MA, Khoury MJ, Macleod MR, Moher D, et al. Increasing value and reducing waste in research design, conduct, and analysis. Lancet. 2014 Jan;383(9912):166-75.