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Epidemiologia e Serviços de Saúde

versión impresa ISSN 1679-4974versión On-line ISSN 2237-9622

Epidemiol. Serv. Saúde v.24 n.2 Brasília jun. 2015

 

http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742015000200016

REVISÃO SISTEMÁTICA

Redação, publicação e avaliação da qualidade da revisão sistemática

 

Writing, publishing, and quality assessment of systematic reviews

 

 

Taís Freire GalvãoI; Maurício Gomes PereiraII

IUniversidade Federal do Amazonas, Hospital Universitário Getúlio Vargas, Manaus-AM, Brasil
IIUniversidade de Brasília, Professor Emérito, Brasília-DF, Brasil

 

 

Concluídas as etapas anteriores da revisão,1-5 os pesquisadores estão prontos para comunicar seus achados e, desta forma, contribuir com o conhecimento existente no assunto.

A redação de uma revisão sistemática, semelhante à de outras pesquisas, requer que os autores primem pela clareza, de modo que transmitam com transparência e objetividade as etapas realizadas e os resultados encontrados.6 Para facilitar a tarefa, foi elaborado o PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis): Este guia de redação é de grande utilidade na elaboração do manuscrito. Pode também ser útil para os pesquisadores identificarem procedimentos que precisam ser incluídos na própria elaboração da revisão.

O relato dos resultados de qualquer investigação original, sob a forma de artigo científico, segue a lógica do raciocínio científico. Esta lógica é materializada na estrutura do texto em quatro seções, identificadas pelas iniciais IMRD, proveniente dos itens Introdução, Métodos, Resultados e Discussão. Cada uma destas subdivisões tem suas especificidades.6, 8 É prudente procurar saber o que se recomenda a respeito nas instruções para autores do periódico ao qual se submeterá o artigo.

 

Preparo do relato da revisão sistemática

Iniciar a redação é um passo importante, frequentemente difícil de ser dado. Deparar-se com uma folha em branco é intimidante. Nesse ponto, o PRISMA mostra-se útil, pois possibilita inserir no papel tópicos predefinidos para depois expandi-los. O PRISMA consiste de uma lista de verificação de 27 itens, que cobrem a estrutura do artigo, e ainda oferece um modelo de fluxograma.7

Geralmente se inicia a redação pelos resultados ou pelos métodos. No caso das revisões sistemáticas, recomendamos que se comece pela seção de métodos e que este passo se dê precocemente, quando do planejamento e da elaboração da revisão.1-5 Desta forma evita-se a perda de informações por falta de anotações sobre o assunto. A seção de métodos pode ser publicada sob a forma de protocolo. A base mais utilizada atualmente para registrar protocolos de revisões sistemáticas é o PROSPERO (International Prospective Register of Systematic Reviews).9 O registro nesta base de dados é cada vez mais recomendado e cobrado por editores de periódicos científicos.10 A publicação do protocolo deve ser pensada mesmo antes da elaboração da pesquisa e efetivada quando estiverem sendo realizadas as buscas ou a seleção dos estudos, etapas que ajudarão a melhor definir o escopo da revisão.

Concluída a redação dos métodos, o passo seguinte é escrever os resultados, apresentando-se neles os números da busca, as características dos estudos incluídos, os achados e a qualidade da evidência. Em seguida, elabora-se a discussão, primeiramente com uma síntese do que se encontrou e depois com as limitações do estudo e como elas foram mitigadas, a contextualização com a literatura vigente e, ao final, a conclusão. Recomenda-se também que sejam apresentadas implicações para a prática e para futuras pesquisas, uma vez que os autores da revisão sistemática entraram em contato com todo o conhecimento disponível no tópico. Por fim, escreve-se a introdução, justificando-se a realização da pesquisa e apresentando-se os objetivos e o resumo da pesquisa, geralmente estruturado no formato IMRD.

 

Avaliação crítica da revisão sistemática

Enfatizamos anteriormente a diferença entre guias de redação e guias de avaliação crítica,3 mas é oportuno, neste último artigo da série, realçar a diferença nas finalidades dessas ferramentas. O PRISMA é um guia de redação. Orienta o que deve conter um bom relato de revisão sistemática sem julgar se sua forma de elaboração foi adequada. Quando estamos lendo uma revisão sistemática e queremos saber se foi bem elaborada, não seria o PRISMA o instrumento a ser empregado, mas sim a ferramenta AMSTAR (a Measurement Tool to Assess Systematic Reviews).11 Trata-se de um guia composto de onze questões que ajudam a julgar a adequação da busca, seleção, extração, análise dos dados e demais procedimentos da revisão.

 

Considerações finais

Neste último artigo da série sobre elaboração de revisões sistemáticas na Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde, os autores se felicitam pela oportunidade de compartilhar duas paixões científicas em comum: revisão sistemática e redação científica. Esperamos que os leitores da série tenham tido satisfação igual à que tivemos na elaboração desses seis artigos.

 

Referências

1. Galvão TF, Pereira MG. Revisões sistemáticas da literatura: passos para sua elaboração. Epidemiol Serv Saude. 2014 jan-mar;23(1):183-4.

2. Pereira MG, Galvão TF. Etapas de busca e seleção de artigos em revisões sistemáticas da literatura. Epidemiol Serv Saude. 2014 abr-jun;23(2):369-71.

3. Pereira MG, Galvão TF. Extração, avaliação da qualidade e síntese dos dados para revisão sistemática. Epidemiol Serv Saude. 2014 out-dez;23(3):577-8.

4. Pereira MG, Galvão TF. Heterogeneidade e viés de publicação em revisões sistemáticas. Epidemiol Serv Saude. 2014 out-dez;23(4):775-8.

5. Galvão TF, Pereira MG. Avaliação da qualidade da evidência de revisões sistemáticas. Epidemiol Serv Saude. 2015 jan-mar;24(1):173-5.

6. Pereira MG. Artigos Científicos: como redigir, publicar e avaliar. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011.

7. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, The PRISMA Group. Preferred reporting items for systematic reviews and meta-analyses: the PRISMA statement. PLoS Med. 2009 Jul;6(7):e1000097.

8. International Committee of Medical Journal Editors. Recommendations for the conduct, reporting, editing, and publication of scholarly work in medical journals [Internet]. Vancouver: International Committee of Medical Journal Editors; 2014 [cited 2015 Feb 6]. Available from: http://www.icmje.org/icmje-recommendations.pdf

9. University of York. Centre for Reviews and Dissemination. International Prospective Register of Systematic Reviews (PROSPERO) [Internet]. York: University of York; 2015 [cited 2015 Mar 31]. Available from: http://www.crd.york.ac.uk/PROSPERO/

10. Shamseer L, Moher D, Clarke M, Ghersi D, Liberati AD, Petticrew M, et al. Preferred reporting items for systematic review and meta-analysis protocols (PRISMA-P) 2015: elaboration and explanation. BMJ. 2015 Jan;349:g7647.

11. Shea BJ, Grimshaw JM, Wells GA, Boers M, Andersson N, Hamel C, et al. Development of AMSTAR: a measurement tool to assess the methodological quality of systematic reviews. BMC Med Res Methodol. 2007 Feb;7:10.

 

 

Nota: A versão traduzida para o português da Recomendação PRISMA encontra-se disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-96222015000200335&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

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