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Epidemiologia e Serviços de Saúde

versão impressa ISSN 1679-4974versão On-line ISSN 2337-9622

Epidemiol. Serv. Saúde v.25 n.1 Brasília jan./mar. 2016

 

http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742016000100016

ARTIGO DE REVISÃO

 

Saúde Móvel: novas perspectivas para a oferta de serviços em saúde

 

Mobile health: new perspectives for healthcare provision

 

Salud Móvil: nuevas perspectivas para la prestación de servicios de salud

 

 

Thiago Augusto Hernandes Rocha1; Luiz Augusto Fachini2; Elaine Thumé2; Núbia Cristina da Silva3; Allan Claudius Queiroz Barbosa1; Maria do Carmo1; Júnia Marçal Rodrigues1

1Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Ciências Econômicas, Belo Horizonte-MG, Brasil
2Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Medicina, Pelotas-RS, Brasil
3Universidade Federal de Minas Gerais, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte-MG, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

OBJETIVO: revisar e discutir as novas perspectivas para a oferta de serviços em saúde decorrentes do desenvolvimento da saúde móvel e dos dispositivos vestíveis inteligentes.
MÉTODOS: foi realizada revisão não sistemática da literatura para identificar artigos completos, cujos títulos destacassem o termo 'mHealttí e/ou 'Smart wearable', publicados nos últimos 15 anos.
RESULTADOS: foram identificadas 467 publicações em periódicos indexados ao portal da Capes, 75 delas levadas em consideração pela análise; foram consolidadas evidências quanto às novas possibilidades decorrentes da disseminação da saúde móvel, aglutinadas segundo as categorias 'monitoramento de condições de saúde', 'transmissão de informações e análises de dados' e 'diagnóstico e terapêutica'.
CONCLUSÃO: os trabalhos revisados sugerem que a oferta de serviços de saúde sofrerá alterações ao longo dos próximos anos, no que tange às categorias analisadas, o que exigirá um esforço de adaptação por parte dos profissionais de saúde, acadêmicos e usuários.

Palavras-chave: Equipamentos e Provisões; Dispositivos de Armazenamento em Computador; Aplicativos Móveis; Literatura de Revisão como Assunto.


ABSTRACT

OBJECTIVE: to review and discuss new perspectives for healthcare provision resultingfrom the development of mobile health and intelligent wearable devices.
METHODS: an unsystematic literature review was conducted to identify complete articles published in the last 15 years with titles highlighting the term 'mHealth' and/or 'Smart wearable'.
RESULTS: 467 publications were identified in journals indexed on the CAPES portal, of which 75 were considered for analysis; evidence was then consolidated as to new possibilities arising from the spread of mobile health, grouped into the following categories: 'health status monitoring', 'information transmission and data analysis', and 'diagnosis and therapy'.
CONCLUSION: the studies reviewed suggest that healthcare provision will change over the coming years with regard to the categories analyzed. This will require adaptation on the part of health professionals, academics and service users.

Key words: Equipment and Supplies; Computer Storage Devices; Mobile Applications; Review Literature as Topic.


RESUMEN

OBJETIVOS: revisar y discutir las nuevas perspectivas para la prestación de servicios de salud resultantes del desarrollo de la salud móvil (mHealth) y los dispositivos portátiles inteligentes.
MÉTODOS: revisión narrativa, no sistemática, de la literatura para identificar artículos completos, cuyos títulos destacasen el termino ‘mHealth’ y/o ‘Smart wearable’, publicados en los últimos 15 años.
RESULTADOS: se identificaron 467 publicaciones de revistas indexadas por el portal Capes de las cuales 75 fueron consideradas; así se consolidaron las evidencias sobre las nuevas posibilidades que surgen de la propagación de la salud móvil, vinculadas a las categorías ‘monitoreo del estado de salud’, ‘transmisión de información y análisis de datos’, y ‘diagnóstico y terapéutica’.
CONCLUSIÓN: los estudios analizados sugieren que la oferta de servicios de salud va a cambiar en los próximos años, con respecto a las categorías analizadas, lo que requerirá un esfuerzo de adaptación por parte de los profesionales de salud, académicos y usuarios.

Palabras-clave: Equipos y Suministros; Equipos de Almacenamiento de Computador; Aplicaciones Móviles; Literatura de Revisión como Asunto.


 

 

Introdução

O desenvolvimento de tecnologias e a escalada dos custos em saúde têm fomentado uma nova área de fronteira: a saúde eletrônica (eHealth). Esta pode ser definida como a utilização de informações e de tecnologias de comunicação para oferta e melhoria de serviços de saúde.1 A relevância do tema acabou por conduzir a Organização Mundial da Saúde (OMS) a criar um Observatório Mundial de Saúde Eletrônica, e promover a questão ao nível de estratégia de ação para os próximos anos.2

A disseminação da internet via dispositivos móveis levou ao surgimento de uma subdivisão da saúde eletrônica, denominada e difundida como Saúde Móvel (mHealth). Embora não exista, segundo a OMS, uma definição padronizada do novo conceito, pode-se entender saúde móvel como a oferta de serviços médicos e/ou de Saúde Pública que se valem do apoio tecnológico de dispositivos móveis, como telefones celulares, sensores e outros equipamentos vestíveis (noutras palavras, dispositivos diretamente conectados ao usuário).3

Parte integrante da saúde móvel, os dispositivos vestíveis inteligentes (smart wearable devices) caracterizam-se como dispositivos ou sensores eletrônicos, sem fios, utilizados ou acessados por indivíduos em suas atividades cotidianas, permitindo-lhes monitorar ou intervir sobre condições de saúde.4 A massificação de dispositivos vestíveis inteligentes (DVI) pode contribuir para a redução dos gastos em saúde, minimização dos erros médicos, prevenção de hospitalizações desnecessárias e ampliação das possibilidades de interação entre pacientes e profissionais de saúde.5

A possibilidade de obter informações sobre dados clínicos de modo confiável, disponíveis a qualquer tempo e lugar, e conceber intervenções terapêuticas customizadas tem modificado as formas como são ofertados alguns serviços de saúde. A saúde móvel abre novas perspectivas para a coleta de dados ambientais,6 biológicos,7 comportamentais8 e emocionais,9 inclusive para intervenções terapêuticas,10 a partir da utilização dos DVI.

Entre as potenciais aplicações desse tipo de tecnologia, destacam-se:

- suporte telefônico para cuidado em saúde;

- serviços telefônicos gratuitos de emergência;

- acompanhamento da adesão ao tratamento;

- lembretes de compromissos;

- ações de promoção da saúde e mobilização comunitária;

- campanhas de educação em saúde;

- telemedicina móvel;

- atendimento de emergências em Saúde Pública;

- vigilância e monitoramento epidemiológico;

- monitoramento de pacientes;

- disseminação de informações;

- desenvolvimento de sistemas de apoio à tomada de decisão; e

- novas formas de armazenamento de dados clínicos.3

A saúde móvel cria condições para a avaliação contínua de parâmetros de saúde, configura um novo cenário de incentivo a comportamentos saudáveis e auxilia a autogestão de condições crônicas, entre outras vertentes de aplicação, como demonstra a Figura 1.

 

 

Os achados do segundo inquérito global sobre saúde eletrônica (2011), conduzido pela OMS junto a 114 países, apontaram que o Brasil relatava conduzir iniciativas de saúde móvel mas não dispunha de nenhuma informação sistematizada para tanto.3

O presente relato, elaborado a partir da revisão de tópicos da literatura existente, sem a pretensão de realizar uma busca exaustiva, propôs-se a chamar a atenção da comunidade científica brasileira sobre o tema, destacando alguns cenários possíveis de serem delineados a partir de avanços alcançados.4

 

Métodos

Trata-se de revisão da literatura, com a finalidade de identificar artigos que abordassem as potenciais aplicações de soluções baseadas nos seguintes conceitos: Saúde Móvel; e Dispositivos Vestíveis Inteligentes.

Como não há descritores específicos no MeSH ou nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) sobre esse tema, foram utilizados os termos 'mHealth' e 'Smart wearable'. A busca de trabalhos foi realizada junto ao sistema de busca dos periódicos publicados no portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)/Ministério da Educação, por assunto, tendo como parâmetro artigos completos, disponíveis no idioma inglês, publicados no período de 2000 a 2015, revisados por pares e que contassem com pelo menos um dos termos supracitados destacado no título do trabalho. Não foram empregados métodos de revisão sistemática da literatura.

Foram acessados, em setembro de 2015, 385 trabalhos em resposta à consulta sobre 'mHealth' e 82 sobre 'Smart wearables'. Após análises dos respectivos resumos, foram selecionados aqueles trabalhos que contribuíssem com a discussão sobre as novas possibilidades de aplicação da saúde móvel. Não foram considerados trabalhos que abordassem, exclusivamente, aspectos de telemedicina, uma vez que há vasta literatura sobre essa matéria. Eventualmente, bibliografias adicionais oriundas dos trabalhos selecionados foram também exploradas.

 

Resultados

Foram selecionados 75 trabalhos, nos quais foram revisadas e discutidas as novas perspectivas para a saúde móvel. O tema da saúde móvel envolve a utilização de biossensores, equipamentos implantáveis, suprimentos de energia, redes de comunicação sem fio, unidades de processamento, interfaces de usuários, softwares e algoritmos de captura e processamento de dados.4 Os DVI captam dados biomédicos e os enviam para dispositivos de transmissão - smartphones, por exemplo. Sistemas automatizados de análise captam essas informações e as disponibilizam aos profissionais de saúde, de modo a estes poderem identificar tendências pessoais, acompanhar a evolução de doenças e monitorar o efeito de medicamentos.4 A Figura 2 sumariza as tecnologias já utilizadas, viabilizadoras desse novo tipo de organização dos serviços de saúde, abordadas ao longo deste trabalho.

 

 

Monitoramento

A disseminação da internet móvel tem contribuído com novas possibilidades de transmissão de informações, transformando a relação paciente-profissional de saúde e permitindo o intercâmbio de parâmetros de diagnóstico de modo remoto e em tempo real.21-24 Tais avanços têm ampliado a gama de dados passíveis de serem coletados, de maneira não invasiva,7,22,38,52-54 que, até então, eram obtidos tão somente por testes laboratoriais. Assim, os profissionais de saúde já podem dispor de informações longitudinais e de qualidade, incrementando a precisão no diagnóstico de agravos. A Figura 3 ilustra algumas formas de apresentação desses dispositivos.

 

 

Redes de transmissão de dados

Diversas pesquisas sobre saúde móvel têm-se debruçado sobre o desenvolvimento de novas formas de transmissão e acesso a dados. Para que isso seja possível, o conceito de redes sem fio foi estendido ao corpo das pessoas. Essa rede de transmissão, na região corporal (body área network [RRC]), constitui um agrupamento de dispositivos de comunicação utilizados de modo adjacente ao corpo, sensíveis a este e aptos a coletar aspectos relacionados à saúde. A RRC também é capaz do provimento de serviços ao usuário - administração de medicamentos, por exemplo.49

A RRC conta com dois grupos de itens: rede de sensores sem fio (wireless network sensors [RSS]); e uma unidade móvel de processamento (mobile processing unit [UMP]). A RSS opera junto ao corpo do usuário, e compreende o conjunto de sensores sem fio. A UMP se agrega à rede de sensores sem fio, complementando a função da RRC. Cabe à UMP traduzir os dados monitorados pelos sensores sem fio e traduzi-los, tornando-os inteligíveis para outros sistemas, além de realizar a transmissão de dados via internet móvel,10 como demonstrado na Figura 4.

 

 

Os dados coletados podem ser enviados para profissionais de saúde ou centros de telemetria. Uma vez recebidos, esses dados permitem que sejam disparados procedimentos para evitar episódios agudos, seja um alerta a profissional de saúde específico, o envio de um comando para acionar um desfibrilador embutido em uma peça de vestuário20,43,64 ou o acionamento de um dispositivo implantado para liberar determinada dose de medicação.65

Ações preventivas também podem ser empreendidas, como por exemplo, acompanhamento dos sinais vitais de crianças, para evitar a síndrome da morte súbita,66 ou de pacientes diabéticos ou hipertensos sedentários, estimulando-os a modificar seus hábitos de vida.18,67,68 Em futuro não tão distante, residências com tecnologia de automação monitorarão o estado de saúde de seus moradores,32,47,48,67,69 e cidades contarão com redes de comunicação para a criação de um ambiente onipresente de monitoramento médico.70 Tais perspectivas modificarão as formas como são ofertados serviços de diagnóstico e terapêutica.

Diagnóstico e terapêutica

Profissionais têm-se empenhado pela realização de diagnóstico remoto, sem a necessidade de deslocamento do paciente para centros especializados. As estruturas de hardware capazes de processar esse tipo de tarefa são conhecidas como Dispositivos de Testagem no Ponto de Cuidado (DTPC).4 Os DTPC são capazes de analisar marcadores em busca de compostos bioquímicos, permitindo a realização de análises laboratoriais, identificação de doenças ou risco biológico, bem como a presença de microrganismos infectocontagiosos.4'26'71,72

Além dos DTPC, outras técnicas vêm sendo desenvolvidas procurando alterar a forma como alguns procedimentos invasivos são realizados. Dispositivos de locomoção ativa - por exemplo, cápsulas de endoscopia miniaturizadas - ilustram um novo conjunto de ferramentas de diagnóstico por imagem sendo concebido.40-42,73

Todos esses novos dispositivos concorrem para o desenho de um novo cenário dos serviços de saúde, possibilitando, entre diversas vantagens, um médico poder acompanhar pacientes em um continente diferente, contando, parcialmente, com informações disponíveis em um centro de alta complexidade. Na atualidade, orientações já são fornecidas a profissionais em outros países, mediante sistemas de telemetria e telemedicina.21-25

Sistemas microeletromecânicos serão capazes de realizar a administração de medicamentos sem a intervenção do paciente, de acordo com a variação síncrona de parâmetros biomédicos.4,39 Um bom exemplo ilustrativo desses sistemas são as bombas de insulina, capazes de controlar os níveis glicêmicos de indivíduos com diabetes:7,17 a aplicação da dosagem correta de insulina, decorrente de determinado padrão de glicose no sangue, diminui a ocorrência de hipoglicemia, melhorando a qualidade de vida desses pacientes.74 Inúmeros portadores de diversas patologias beneficiar-se-ão dessas melhorias terapêuticas, despreocupando-se dos horários e dosagens de seus medicamentos.

Parte do processo de transição epidemiológica, a abordagem de doenças crônicas tem se configurado como prioridade para diversos sistemas de saúde no mundo.75 Pesquisas sobre saúde móvel permitiram o surgimento do monitoramento multiparâmetro de sinais vitais.4,24,66,76 Ações voltadas para a prevenção de eventos agudos podem ser realizadas a partir da análise de parâmetros combinados, como a realização de atividades físicas, o monitoramento de pressão arterial, o acompanhamento de perfil lipídico, a aderência ao tratamento medicamentoso e a frequência de realização de consultas médicas.

O monitoramento inteligente dos padrões de eletro-cardiogramas permitirá que profissionais sejam avisados quando um paciente apresentar alterações deletérias relativas ao funcionamento cardíaco.20,37,50,76,77 Cientes da ocorrência do episódio agudo imediatamente após o fato, intervenções podem ser tomadas no menor espaço de tempo possível, minimizando eventuais complicações decorrentes.

Quanto às neoplasias, existem DTPC capazes de identificar a presença de alguns tumores pela análise de presença de óxido nítrico excretado pelas células tumorais,78 aumentando as chances de diagnóstico precoce. O aprimoramento de rins sintéticos44-46,79 criará condições para que os pacientes que dependem de terapia renal substitutiva possam fazê-la sem a necessidade de deslocamento a um centro de diálise.4

Recentes avanços em nanotecnologia aumentaram a gama de possibilidades terapêuticas para o sistema nervoso central. Nanomedicamentos podem ser transportados através da barreira hematoencefálica: testes pré-clínicos mostraram-se bem-sucedidos no manejo de condições como tumores cerebrais, doença de Alzheimer, acidentes vasculares encefálicos e epilepsia.56,80-83 A administração de medicamentos anticonvulsivantes diretamente no foco das convulsões pode minimizar episódios, além de prevenir efeitos colaterais indesejáveis. Nestes casos, é possível utilizar implantes carregados com medicação, a ser gradualmente liberada nas regiões responsáveis pelas convulsões.81,84 Enfermidades como doença de Parkinson, paralisias e lesões de coluna têm sido objeto da testagem de DVI capazes de melhorar a recuperação e a qualidade de vida de seus portadores.4

São mudanças que assinalam a necessidade de se discutir como esse novo tipo de tecnologia alterará a realização de análises e a condução de pesquisas em saúde.

Novos métodos analíticos vinculados à saúde móvel

A saúde móvel contribuirá para o surgimento de novos desenhos metodológicos, mais resolutivos que os atuais.59 A primeira modificação capaz de alterar as diferentes formas de pesquisas, atualmente utilizadas, refere-se à capacidade de geração de informação. Os DVI geram um volume maior de dados a um custo muito menor, se comparados com os atuais métodos de pesquisa.29 A combinação de modelos estatísticos avançados, conjuntamente com essas novas possibilidades de produção de informações, permitirá uma redução de custos e prazos necessários à produção de evidências em saúde.29,85

A alta densidade de dados exigirá métodos de processamento que não são usualmente adotados em pesquisas na área. Serão imprescindíveis conhecimentos e técnicas de análise de Big Data, aprendizagem das máquinas, mineração de dados e inteligência artificial.85-87

Atualmente, estudos avaliativos em saúde precisam lidar com uma dificuldade: a impossibilidade de controlar diversos aspectos, capazes de interferir nos resultados das avaliações. A ampliação da saúde móvel pode contribuir para superar esse tipo de dificuldade, ao oferecer a oportunidade de coleta de biomarcadores atrelados a outros indicadores de contexto social e ambiental, de forma síncrona.59 A integração de informações de múltiplos sensores habilita os pesquisadores a reduzir vieses e erros de mensuração, aumentando a confiabilidade e as possibilidades de generalização dos achados.59

A melhora dos resultados das pesquisas em função da análise multimodal não exclui outros avanços possíveis. A mobilidade proporcionada por esse tipo de tecnologia estimula e cria condições para o aumento de escala dos estudos em saúde,4,29 podendo comportar análises censitárias ao invés de amostrais.

Hoje, diversas aplicações contam com Application Programming Interface (API).4 Esse tipo de interface permite o acesso automatizado de informações por um contingente expressivo de usuários. Observam-se esforços para que os dados coletados, via saúde móvel, sejam padronizados e disponibilizados para o público geral por meio de API. Um exemplo desse caminho é o Open mHealth.51

Considerando-se a ampliação de uso da tecnologia de saúde móvel, vários elementos atinentes à condução de pesquisas poderão sofrer alterações estruturais.

 

Discussão

As possibilidades são inúmeras. Todavia, há uma série de obstáculos a serem superados: custo elevado;88 modelo de negócio e comercialização;88 facilidade de uso dos sistemas;89,90 captação multimodal;36 conformidade com padrões e interoperabilidade;51,90 confiabilidade dos dados coletados por sensores;30 segurança e privacidade de dados.4,91-94

A tecnologia aplicada nos dias de hoje está disponível há cerca de 30 anos. Os altos custos, combinados com a impossibilidade de acesso à internet de alta velocidade, limitavam suas possibilidades de expansão.95 São desafios que continuam presentes, tanto nos países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento. Os custos dos equipamentos ainda são elevados. Soma-se a isso a carência de conhecimento sobre os fatores que afetam a comercialização desse tipo de dispositivo, além da opção por sua utilização.88 Apesar disso, já existem pesquisas com o objetivo de entender o que leva ou não a decidir-se pela utilização de DVI.88

Agregam-se às dificuldades de custo e comercialização aquelas inerentes aos hardwares. Aspectos ergonômicos dificultam a larga utilização dos DVI: peso desconfortável, adesivos que causam irritações, baterias que aquecem, dificuldades na operação dos equipamentos.96 Os esforços constantes para redução de tamanho, assim como o desenvolvimento de novos biosensores, minimizarão esses problemas.

Para que a saúde móvel materialize todas suas potencialidades, é fundamental que os DVI sejam capazes de capturar dados de múltiplos sensores, simultaneamente.23,36,66,97 A captação multimodal cria condições para que as diversas possibilidades analíticas sejam, de fato, operacionais. Apesar dos avanços conseguidos, não há, atualmente, dispositivos que monitorem dados de vários sensores ao mesmo tempo, permitindo interação em tempo real com os profissionais de saúde.4 Além dessa limitação, não se observa o respeito a padrões de interoperabilidade, o que tem dificultado o intercâmbio de informações entre diferentes fabricantes.51,90,94

A validade das informações auferidas pelos DVI se apresenta como mais uma limitação à aplicação da nova tecnologia. A definição de medidas confiáveis e válidas perpassa a obtenção de dados corretos e adequados para cada contexto e sujeito. O caráter incipiente de desenvolvimento de alguns biossensores impede a avaliação da qualidade dos parâmetros mensurados.29,98 Mais estudos são necessários, bem como o desenvolvimento de protótipos testados no mundo real, em condições cotidianas, revelando mais evidências e contribuindo para maior compreensão dos aspectos determinantes da confiabilidade de medidas coletadas por DVI.

Cabe destacar, outrossim, duas questões centrais vinculadas a toda tecnologia envolvendo coleta de informações pessoais: ética e privacidade.99,100 A utilização de dados sobre condições de saúde e sua divulgação deve preservar a identidade do indivíduo a que esses dados se referem. A possibilidade de monitoramento e divulgação de informações - como localização, estado emocional, uso de medicamentos e presença de patologias - precisa ser regulamentada, no sentido de proteger a confidencialidade do sujeito. A utilização de chaves de encriptação exclusivas do usuário, leis específicas sobre o tema e protocolos de transmissão seguros são algumas estratégias a considerar, nesse debate.59,101

Os desafios para a popularização da tecnologia de saúde móvel são inúmeros; contudo, não são intransponíveis. Os impactos oriundos da popularização dessa tecnologia mudarão a forma como os serviços de saúde são ofertados, e os pesquisadores em saúde confrontar-se-ão com esses novos desafios em um futuro breve. Alguns desses desafios já estão colocados.

A incorporação de novos dispositivos e técnicas de análise demanda um perfil de pesquisador - e de profissional de saúde - por enquanto escasso. Há necessidade de domínio não somente de conteúdos de saúde, mas também de saberes relacionados à mineração de dados, ciência da computação, economia da saúde, epidemiologia e naturalmente, Saúde Pública. A revisão do perfil de formação dos currículos acadêmicos é um dos requisitos a ser tratado com a maior brevidade, objetivando a capacitação dos futuros profissionais sobre as novas demandas técnicas.

Quanto à inserção desse tema de debate na academia, nota-se uma divisão de saberes e pouco intercâmbio entre diferentes áreas,29 especialmente no contexto brasileiro. Os pesquisadores que dominam as novas técnicas analíticas, imprescindíveis à saúde móvel, nem sempre detêm os conhecimentos epidemiológicos e de saúde que poderiam potencializar estudos na área; o contrário também se observa, quando se analisa os profissionais de saúde.

A evolução tecnológica inaugura novas realidades, exigindo o constante re-desenho de arcabouços legais e éticos capazes de manejar situações inéditas. Retomando um exemplo citado aqui, o advento da saúde móvel permitirá o tratamento de pacientes por um profissional de saúde de outro país, trazendo à tona o debate sobre como eventuais erros serão tratados em um contexto de legislação internacional. Assim, a oferta de cuidados em saúde poderá assumir uma perspectiva global e exigir regulação em termos éticos, financeiros e de confidencialidade em um plano de leis internacionais, nem sempre alinhadas.

A saúde móvel constitui um novo paradigma para a geração de evidências. Embora permaneça uma agenda de debates inconclusa, esse tipo de tecnologia já encontra consumidores. Prova disso é a presença de alguns trabalhos4 de revisão, de grande qualidade, a despeito da pouca publicação e discussão entre os periódicos brasileiros sobre matéria tão inovadora.

Justamente, o presente trabalho buscou chamar a atenção para um tema novo, com poder de transformar a atual lógica de prestação e avaliação de serviços em saúde.

 

Agradecimentos

A Isabella Cristina Araújo, Isabela Saback e Andressa Prado, pelo auxílio na sistematização dos dados das referências utilizadas.

 

Contribuição dos autores

Rocha TAH, Silva NC, Facchini LA e Thumé E participaram da concepção e redação, revisão bibliográfica, análise e discussão dos elementos textuais e revisão crítica do manuscrito.

Barbosa ACQ, Carmo M e Rodrigues JM participaram da elaboração e revisão crítica do manuscrito.

Todos os autores aprovaram a versão final do manuscrito e declaram serem responsáveis por todos os aspectos do trabalho, garantindo sua precisão e integridade.

 

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Endereço para correspondência:
Thiago Augusto Hernandes Rocha
Universidade Federal de Minas de Gerais
Faculdade de Ciências Econômicas
Av. Antônio Carlos, no 6627
Pampulha, Belo Horizonte-MG, Brasil.
CEP: 31270-901
E-mail: rochahernandes285@yahoo.com.br

Recebido em 29/05/2015
Aprovado em 11/01/2016