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Epidemiologia e Serviços de Saúde

versão impressa ISSN 1679-4974versão On-line ISSN 2337-9622

Epidemiol. Serv. Saúde v.25 n.4 Brasília out./dez. 2016

http://dx.doi.org/10.5123/S1679-49742016000400015 

ARTIGO ORIGINAL

Conhecimentos e práticas de saúde bucal de gestantes usuárias dos serviços de saúde em São Luís, Maranhão, 2007-2008*

Oral health knowledge and practices among pregnant women using health services in São Luís, Maranhão, Brazil, 2007-2008

Conocimientos y prácticas de salud oral en gestantes usuarias de servicios de salud en São Luís, Maranhão, Brasil, 2007-2008

Fernanda Ferreira Lopes1  , Tafnes Valverde Ribeiro2  , Daniela Braga Fernandes2  , Nayra Rodrigues de Vasconcelos Calixto3  , Cláudia Maria Coêlho Alves1  , Antônio Luiz Amaral Pereira1  , Adriana de Fátima Vasconcelos Pereira1 

1Universidade Federal do Maranhão, Departamento de Odontologia II, São Luís-MA, Brasil

2Universidade Federal do Maranhão, Curso de Graduação em Odontologia, São Luís-MA, Brasil

3Universidade Federal do Maranhão, Programa de Pós-Graduação em Odontologia, São Luís-MA, Brasil

Resumo

OBJETIVO:

descrever as características dos cuidados de saúde bucal durante o acompanhamento pré-natal e o conhecimento sobre saúde bucal entre gestantes usuárias de serviços de saúde público e privado em São Luís, Maranhão, Brasil.

MÉTODOS:

estudo descritivo com 300 gestantes entrevistadas em serviço público e 300 em serviço privado, no período de agosto de 2007 a julho de 2008.

RESULTADOS:

a frequência de escovação dentária foi similar entre as usuárias dos serviços público e privado (p=0,156), enquanto o uso de fio dental (64,0% e 47,0%; p<0,001) e de colutórios (39,7% e 27,0%; p=0,001) foi mais frequente no serviço privado, em relação ao público; a maioria das usuárias, tanto do serviço público (60,3%) como do privado (65,7%), desconheciam a associação entre saúde bucal e gravidez.

CONCLUSÃO:

a frequência de escovação dentária foi similar entre gestantes dos serviços público e privado; os efeitos da gestação sobre a saúde bucal eram pouco conhecidos.

Palavras-chave: Atitude Frente à Saúde; Gestantes; Saúde Bucal; Epidemiologia Descritiva

Abstract

OBJECTIVE:

to describe characteristics of oral health care during prenatal check-ups and knowledge about oral health among pregnant women using public and private health services in São Luís, Maranhão, Brazil.

METHODS:

this is a descriptive study of 300 women interviewed in public health services and a further 300 interviewed in private health services between August 2007 and July 2008.

RESULTS:

tooth brushing frequency was similar among users of public and private services (p=0.156), while flossing (64.0% and 47.0%; p<0.001) and mouthwashing (39.7% and 27.0%; p=0.001) was more frequent among private service users in relation to public service users; most users of public services (60.3%) and private services (65.7%) were unaware of the association between oral health and pregnancy.

CONCLUSION:

frequency of tooth brushing was similar among pregnant women in public and private services; the effects of pregnancy on oral health were not well known.

Key words: Attitude to Health; Pregnant Women; Oral Health; Epidemiology, Descriptive

Resumen

OBJETIVO:

identificar las características de los cuidados en salud oral durante el prenatal y el conocimiento acerca de salud oral entre gestantes de servicios de salud públicos y privados en São Luís, Maranhão, Brasil.

MÉTODOS:

estudio descriptivo de 300 mujeres entrevistadas en servicio público y 300 en servicio privado, entre agosto de 2007 y julio de 2008.

RESULTADOS:

la frecuencia del cepillado dental fue similar entre usuarias de servicios públicos y privados (p=0,156), mientras que el uso de hilo dental (64,0% y 47,0%, p<0,001) y enjuagues bucales (39,7% y 27,0%, p=0,001) fue más frecuente en el servicio particular; la mayoría de las usuarias de los servicios públicos (60,3%) y privados (65,7%) no eran conscientes de la asociación de salud oral y embarazo.

CONCLUSIÓN:

la frecuencia cepillado dental fue similar entre las mujeres embarazadas en los servicios públicos y privados; los efectos del embarazo en la salud bucal eran poco conocidos.

Palabras-clave: Actitud Frente a la Salud; Mujeres Embarazadas; Salud Bucal; Epidemiología Descriptiva

Introdução

A manutenção da saúde bucal durante a gravidez tem sido reconhecida como um importante desafio de Saúde Pública mundial,1 já que há registro de alta freqüência de inflamação gengival entre gestantes.2,3 Alguns estudos sugerem associação entre prematuridade e (ou) baixo peso ao nascer e a doença periodontal,4-7 enquanto outros discordam dessa associação.8 Baixo peso ao nascer e (ou) prematuridade representam não somente um dos maiores problemas obstétricos, como também podem comprometer o desenvolvimento do bebê, além do maior risco de apresentarem alterações bucais como hipoplasia do esmalte dental e cárie precoce na infância.9

Visando garantir o bem-estar da gestante e orientá-la quanto aos cuidados odontológicos, o Ministério da Saúde recomenda, em seu manual de assistência à saúde durante o pré-natal,10 que a gestante deve ser referenciada ao atendimento odontológico como uma ação complementar. O estabelecimento precoce de hábitos saudáveis de higiene bucal e dieta alimentar devem ser enfatizados durante a gestação.11 Nesse sentido, consultas odontológicas e tratamento dental são necessários no decorrer do período pré-natal,3,5,12 não devendo ser interrompidos durante a gravidez e sim incentivados.13

Na maioria dos casos, entretanto, o cuidado pré-natal odontológico é negligenciado; mulheres grávidas visitam o dentista com menos frequência do que as mulheres não-grávidas.14 Dados recentes indicam que aproximadamente 50% das mulheres grávidas não visitam um dentista, mesmo quando percebem a necessidade de tratamento.15 Várias razões têm sido citadas como barreiras à procura de serviços de saúde bucal, entre as quais o medo e a ansiedade provocados pelo tratamento, baixa percepção de problemas dentários e de necessidade de tratamento, e equívocos sobre os efeitos adversos do tratamento dental no desenvolvimento do feto, apesar do sangramento gengival estar entre os sintomas bucais comuns às grávidas.16

Considerando-se a existência de poucas informações sobre o uso de serviços odontológicos pela população brasileira e a importância da saúde bucal durante a gestação, o presente estudo teve por objetivo identificar as características dos cuidados de saúde bucal durante o pré-natal e o conhecimento sobre saúde bucal entre gestantes usuárias de serviços de saúde publico e privado no município de São Luís, Maranhão, Brasil.

Métodos

Foi realizado um estudo descritivo com amostra de conveniência, composta por 600 gestantes divididas em dois grupos: 300 usuárias do serviço público e 300 usuárias do serviço privado de saúde na cidade de São Luís, capital do estado do Maranhão, no período de agosto de 2007 a julho de 2008.

Em 2008, a cidade de São Luís tinha uma população de 365.536 mulheres em idade fértil e o registro de 18.255 nascidos vivos.17 A coleta de dados para este estudo foi realizada por uma equipe de dois entrevistadores, previamente treinados, em duas unidades de serviço de saúde, uma pública e outra privada, uma vez por semana, durante a manhã e tarde. Todas as participantes foram abordadas na sala de espera dessas unidades, sendo incluídas gestantes em acompanhamento pré-natal desde o 1º trimestre e excluídas gestantes menores de 18 anos de idade. Todas foram convidadas a participar da pesquisa e, uma vez esclarecidas sobre a natureza do estudo, assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, com reposição de participantes nos casos de recusa, até completar o total de 300 usuárias em cada serviço de saúde - público e privado.

As entrevistas foram realizadas mediante aplicação de um questionário estruturado contemplando as seguintes questões:

  • a) Características socioeconômicas

  • - estado civil (sem ou com companheiro)

  • - anos de estudo (≤7; 8 a 10; >10)

  • - situação de trabalho (sem trabalho; jornada parcial; jornada integral)

  • - renda familiar, em salários mínimos (<1; 1 a 3; 4 a 5; >5)

  • b) Pré-natal

  • - início do pré-natal (no 1º trimestre; após o 1º trimestre)

  • - frequência de consultas no pré-natal (uma vez durante a gestação; a cada mês; a cada trimestre)

  • - número de gestações (1; 2; 3 ou mais)

  • c) Hábitos de higiene bucal

  • - escovação dentária (nenhuma; 1 vez ao dia; 2 vezes ao dia; 3 vezes ao dia)

  • - uso do fio dental (nenhuma; 1 vez ao dia; 2 vezes ao dia; 3 vezes ao dia)

  • - uso de colutórios (sim; não)

  • d) Utilização de serviço odontológico durante a gravidez e o trimestre da gestação no qual foi realizado o serviço

  • e) Conhecimentos sobre saúde bucal durante a gravidez questionados conforme definiram Honkala e Al-Ansari18 e Habashneh e colaboradores,19 a partir da proposição das seguintes questões às entrevistadas:

Você já ouviu falar sobre a possível associação entre saúde bucal e gravidez?

Você acha que os dentes e os problemas gengivais podem afetar a gravidez?

Você acha que há um aumento do sangramento gengival durante a gravidez?

Você acredita no ditado "um dente por bebê?

Os dados foram descritos por meio de frequências absolutas e relativas (percentuais). Para identificar diferenças na distribuição de frequências entre os grupos, conforme o serviço de saúde (público e privado), foi aplicado o teste do qui-quadrado ou teste exato de Fisher, com nível de significância de 5%.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Maranhão em 28 de fevereiro de 2007: Protocolo nº 2315011679/2007-44.

Resultados

Entre 300 gestantes entrevistadas no serviço público e 300 no serviço privado, foram observadas diferenças significativas quanto ao perfil socioeconômico. No serviço público, 38,0% das usuárias não tinham companheiro, 60,0% estavam sem trabalho e somente 10,7% tinham mais de 10 anos de estudo, enquanto no serviço privado, 29,7% das usuárias não tinham companheiro, 41,6% trabalhavam em tempo integral e 47,0% possuíam mais de 10 anos de estudo. A proporção de gestantes com renda familiar <1 salario mínimo foi maior entre as usuárias do serviço público (33,0%), em relação ao privado (16,0%) (Tabela 1).

Tabela 1 - Características socioeconômicas das gestantes por serviço de saúde público e privado no município de São Luís, Maranhão, 2007-2008 

a) Teste do qui-quadrado de Pearson

O início do acompanhamento pré-natal no 1º trimestre da gravidez foi mais frequente entre as usuárias do serviço privado, em relação ao serviço público (87,3% e 78,0%, respectivamente; p=0,002) (Tabela 2). A frequência mensal das consultas de pré-natal foi idêntica entre usuárias de ambos os serviços (98,7%; p>0,999). A maioria das entrevistadas teve apenas uma gestação, com maior proporção entre as usuárias do serviço privado (58,7%) na comparação com as do serviço público (47,0%) (Tabela 2).

Tabela 2 - Características relacionadas ao pré-natal e gestações das usuárias de serviços de saúde público e privado no município de São Luís, Maranhão, 2007-2008 

a) Teste do qui-quadrado de Pearson

b) Teste exato de Fisher

Não houve diferenças significativas entre as proporções de gestantes usuárias dos serviços público e privado quanto ao relato do hábito de escovação dentária (98,3% e 99,3%, respectivamente; p=0,450) e frequência de escovação (p=0,156) (Tabela 3). No que se refere ao uso de fio dental, entretanto, foi mais frequente o relato desse hábito entre as usuárias do serviço privado, em relação ao público (64,0% e 47,0%, respectivamente; p<0,001), bem como do uso de colutórios (39,7% e 27,0%, respectivamente; p=0,001) (Tabela 3).

Tabela 3 - Hábitos de higiene bucal relatados pelas gestantes atendidas em serviços de saúde público e privado no município de São Luís, Maranhão, 2007-2008 

a) Teste exato de Fischer

b) Teste do qui-quadrado de Pearson

Proporções semelhantes - e elevadas - de gestantes usuárias dos serviços público e privado (81,0% e 80,0%, respectivamente; p=0,614) não visitaram o dentista no transcurso da gestação, evidenciando a baixa utilização dos serviços odontológicos durante o período pré-natal (Figura 1).

Figura 1 - Distribuição percentual das gestantes que visitaram ou não o dentista durante a gravidez, de acordo com o trimestre de gestação e o tipo de serviço de saúde no município de São Luís, Maranhão, 2007-2008 

A maioria das gestantes usuárias do serviço público (60,3%) e privado (65,7%) responderam desconhecer a associação entre saúde bucal e gravidez (p=0,176), embora 57,0% de gestantes do serviço público e 58,3% do privado tenham afirmado acreditar que os dentes e problemas gengivais podem afetar a gestação. A maior parte das gestantes entrevistadas desconhece a possibilidade de aumento do sangramento gengival durante a gravidez, principalmente no serviço público, na comparação com as usuárias do serviço privado de saúde (73,3% e 63,7%, respectivamente; p=0,010). A maioria das usuárias relataram que não acreditam no ditado popular "um dente por filho", especialmente no serviço privado, em comparação com o serviço público (78,0% e 69,3%, respectivamente; p=0,016) (Tabela 4).

Tabela 4 - Distribuição das respostas das gestantes sobre os conhecimentos de saúde bucal durante a gravidez, de acordo com o serviços de saúde público e privado no município de São Luís, Maranhão, 2007-2008 

a) *Teste do qui-quadrado de Pearson

Discussão

No presente estudo, foram comparados os comportamentos e conhecimentos das gestantes usuárias de um serviço público e um privado, quanto aos cuidados de saúde bucal durante o acompanhamento pré-natal. As usuárias do serviço público possuíam menos anos de estudos, menor renda familiar, maior número de gestações e menor adesão ao início do pré-natal no 1º trimestre da gestação, quando comparadas às usuárias do serviço de saúde privado. Também se verificou que o uso diário de fio dental e de colutórios, bem como as visitas ao dentista durante a gestação, não foram hábitos comuns entre as grávidas, nos dois grupos. Tais resultados sugerem que há deficiências no atendimento às gestantes, como o limitado acesso aos serviços de saúde bucal, e que as recomendações necessitam ser reformuladas para melhorar a educação odontológica no pré-natal.20

O hábito de escovar os dentes pelo menos três vezes ao dia era comum entre as gestantes, realidade mais adequada que a registrada em Brunei no ano de 2010, por Bamanikar e Kee:20 segundo esses pesquisadores, todas as gestantes entrevistadas escovavam os dentes pelo menos duas vezes ao dia. Ressalta-se a importância da adequada escovação dentária no sentido de minimizar os danos provenientes dessas variações, pois uma das principais razões para os problemas bucais maternos são as variações hormonais e mudanças na dieta durante esse período, colocando as gestantes em maior risco de sofrer problemas dentais.1

O uso do fio dental pelas gestantes mostrou ser pouco frequente, especialmente entre as usuárias dos serviços públicos de saúde. A higiene com fio dental é relevante, seu uso frequente previne cáries interproximais e doenças periodontais, sendo muito importante para a saúde bucal.1 O hábito de higiene oral parece não ser muito comum em outros países, como observaram Bamanikar e Kee20 em Brunei (2010), e George e cols.1 em seu relato de estudo de 2013, realizado na Austrália, onde cerca de 40% das gestantes faziam uso do fio dental diariamente.

Aqui, encontrou-se baixo percentual de gestantes que procuraram atendimento odontológico no período gestacional, de modo semelhante ao encontrado no recém-citado estudo australiano, no qual menos de 30% das mulheres participaram de atendimento odontológico na gestação.1 É provável que esse comportamento decorra de um mito - baseado em crenças antigas e argumentos pautados na insegurança e (ou) no medo das gestantes, sem qualquer fundamentação científica - de que a mulher grávida não pode realizar tratamento odontológico.20,21 A gravidez não contraindica o tratamento odontológico, desde que se leve em conta o estágio da gravidez e a extensão dos procedimentos adotados.22

Mulheres grávidas tendem a apresentar maior nível de inflamação gengival,2 como também há registros da possível associação de problemas bucais com resultados adversos na gravidez,4-6 o que torna relevante a investigação do conhecimento sobre saúde bucal entre gestantes. No presente estudo, mais da metade das mulheres acreditavam que os problemas bucais poderiam afetar a gravidez; algumas delas já tinham ouvido falar sobre uma possível associação entre saúde bucal e gravidez e acreditavam no ditado "um dente por bebê", como já observaram Habashneh e cols. em estudo realizado no período 2001-2002, nos Estados Unidos da América.19

Em relação ao pré-natal, ressalta-se a importância de ser iniciado no primeiro trimestre gestacional, com acompanhamento mensal da gestação.1 Essa realidade foi observada entre as gestantes do estudo em tela: a maioria iniciou o pré-natal no primeiro trimestre de gravidez, embora esse fato se apresentasse significativamente mais frequente no serviço de saúde privado, na comparação com o serviço público.

As principais limitações ao desenvolvimento deste trabalho foram o uso de amostra de conveniência, restrita aos dados-resultados das entrevistas com as mulheres participantes e do autorrelato dos comportamentos de saúde bucal, passível de viés de informação: as respondentes podem ter relatado comportamentos que não adotam, por saberem que são mais aceitáveis socialmente. Contudo, o emprego de um instrumento de coleta de dados previamente utilizado em outros estudos18,19 contribui para minimizar possíveis vieses de informação.23

Não obstante essas limitações, o estudo permitiu conhecer algumas características do pré-natal e hábitos de higiene bucal entre as gestantes entrevistadas. Esse conhecimento configura-se como critério fundamental para o planejamento de ações e estratégias em saúde bucal, tanto para o setor público como para o setor privado, podendo auxiliar na elaboração e implementação de políticas públicas voltadas à saúde das mulheres grávidas.

É mister integrar os conhecimentos médicos e odontológicos, para melhor atender as gestantes durante o pré-natal.24 Faz-se necessária uma maior atuação interdisciplinar, entre cirurgiões-dentistas e médicos dedicados ao acompanhamento da gestante, em que o cirurgião-dentista se integre - efetivamente - à equipe de atendimento pré-natal, incluindo ações de promoção de saúde bucal da gestante e de seus filhos25 que vão além da função de indicador de saúde bucal, justamente a cobertura da primeira consulta de atendimento odontológico à gestante. Realidade esta distante, todavia. Distante da realidade proposta, a situação detectada nesta pesquisa revelou pouca realização de serviço odontológico às gestantes, em ambos os serviços de saúde.

Conclui-se que as gestantes usuárias dos serviços público e privado de saúde em São Luís, Maranhão, apresentam frequências de cuidados no pré-natal similares, não obstante as diferenças notadas quanto ao início do pré-natal, estado civil, nível de instrução, jornada de trabalho, renda familiar e número de gestações. A associação entre saúde bucal e gravidez, assim como as alterações da condição bucal no período de gestação, é pouco conhecida pelas gestantes.

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*Para a realização da pesquisa, a autora Tafnes Valverde Ribeiro recebeu bolsa de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)/Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Recebido: 18 de Janeiro de 2016; Aceito: 16 de Maio de 2016

Correspondência: Fernanda Ferreira Lopes - Universidade Federal do Maranhão, Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Av. dos Portugueses, nº 1966, Bacanga, São Luís-MA, Brasil. CEP: 65080-805. E-mail: fernanda.f.lopes@gmail.com

Lopes FF contribuiu com a concepção e delineamento do estudo, interpretação dos dados, redação e revisão crítica do conteúdo intelectual do manuscrito.

Ribeiro TV, Fernandes DB e Vasconcelos NR contribuíram na análise dos dados e redação do manuscrito.

Alves CMC, Pereira ALA e Pereira AFV colaboraram na redação e revisão crítica do manuscrito.

Todos os autores aprovaram a versão final do manuscrito e assumem responsabilidade por todos os aspectos do trabalho, incluindo a garantia de sua precisão e integridade.

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