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Epidemiologia e Serviços de Saúde

versão impressa ISSN 1679-4974versão On-line ISSN 2337-9622

Epidemiol. Serv. Saúde v.26 n.2 Brasília abr./jun. 2017

http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742017000200001 

EDITORIAL

Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do Sistema Único de Saúde do Brasil classificada como Qualis/Capes B2 na área da Saúde Coletiva

Leila Posenato Garcia1  , Elisete Duarte2 

1Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Diretoria de Estudos e Políticas Sociais, Brasília-DF, Brasil

2Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Brasília-DF, Brasil

Neste ano de 2017, a Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do Sistema Único de Saúde do Brasil (RESS), além de completar 25 anos, tem mais motivos para comemorar. A par da indexação na base bibliográfica MEDLINE,1 a revista foi classificada no estrato Qualis B2 pela comissão de avaliação da área da Saúde Coletiva da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

O Qualis Periódicos é um sistema de classificação de periódicos que constitui o principal critério adotado para a avaliação da produção intelectual dos docentes e discentes vinculados aos programas de pós-graduação (PPGs) credenciados pela Capes. Uma revista científica ingressa automaticamente no rol a ser avaliado pela comissão de área da Capes quando publica estudo de um docente ou discente de PPG credenciado. A área da Saúde Coletiva adota critérios rigorosos para avaliação dos periódicos, que consideram as bases bibliográficas nas quais as revistas estão indexadas e indicadores de citação, a exemplo do índice H e do fator de impacto. A avaliação contempla oito categorias (A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C), com restrição de número de revistas na composição dos estratos superiores.2

A classificação B2 ou superior na área da Saúde Coletiva engloba um seleto grupo de periódicos brasileiros e estrangeiros e expressa a relevância destes para a divulgação da produção científica da área. A nova classificação é importante para a RESS, por representar mais um reconhecimento de sua qualidade e de seu posicionamento entre os periódicos relevantes para a Saúde Coletiva.

Cabe destacar, contudo, que o sistema de avaliação dos PPGs da Capes, que inclui o Qualis Periódicos, é alvo de críticas. A principal se relaciona ao uso dos indicadores de citação, que apresentam diversos limites e são responsáveis por gerar distorções na comparação entre periódicos e, consequentemente, entre os PPGs.3, 4 Visando contornar estes limites, a comissão da área da Saúde Coletiva da Capes incorporou ajustes nos procedimentos para a classificação dos periódicos na última avaliação, que objetivaram minimizar discrepâncias entre as subáreas que compõem a Saúde Coletiva - Epidemiologia, Ciências Sociais e Política, Planejamento e Gestão em Saúde - e contemplar com classificação B3 periódicos que não alcançaram indexação em bases bibliográficas que fornecem indicadores de citação, mas foram julgados como adotantes de práticas editoriais qualificadas e importantes para a divulgação científica na área.5

O fato de os critérios da classificação Qualis serem baseados eminentemente em indicadores de citação gera outras distorções, além das supramencionadas. Atualmente, o mercado editorial de revistas científicas encontra-se extremamente concentrado entre poucas e grandes editoras internacionais, que são também as detentoras das bases bibliográficas utilizadas como referência pelas comissões de avaliação. Trata-se de um mercado altamente lucrativo. As revistas vinculadas às grandes editoras cobram taxas para publicação (no modelo de acesso aberto) ou para acesso aos artigos publicados; a própria Capes destina grande parte de seu orçamento anual à manutenção do Portal de Periódicos. Apesar da elevada receita, estas editoras geralmente não remuneram revisores, raramente remuneram editores e publicam trabalhos produzidos majoritariamente com financiamento público, o que as coloca entre os modelos de negócios mais lucrativos no mundo.6 Nesse contexto, são priorizados os interesses econômicos, o que resulta em restrições à indexação em bases bibliográficas comerciais de revistas não vinculadas a grandes editoras. No contexto brasileiro, estas revistas, por sua vez, são impedidas de ascender na classificação Qualis.

Por outro lado, a indexação na base bibliográfica MEDLINE, gerenciada pela Biblioteca Nacional de Medicina (National Library of Medicine) dos Estados Unidos da América, não é considerada pela comissão da área da Saúde Coletiva da Capes como critério para classificação de periódicos acima de B4. Não obstante, a indexação na base MEDLINE é realizada mediante processo de seleção extremamente rigoroso e possivelmente mais isento do que o adotado pelas grandes editoras que detêm as bases bibliográficas comerciais. Atualmente, somente 50 periódicos brasileiros, de todas as áreas da saúde e afins, estão indexados na base MEDLINE, e a RESS encontra-se nesse seleto conjunto.

Concordamos com a afirmação de Camargo3 de que a divulgação científica de forma democrática da ciência implica o fortalecimento de um “ecossistema diversificado de periódicos”, em contraposição ao privilégio de um grupo restrito de periódicos considerados de alta visibilidade, com base em indicadores de citação produzidos pelas próprias editoras comerciais às quais estão vinculados.

Não obstante as críticas apontadas, o sistema Qualis Periódicos ainda é o principal mecanismo para avaliação da produção dos PPGs no Brasil. Desse modo, espera-se que, com a nova classificação Qualis B2, a RESS se torne ainda mais atrativa aos autores para a submissão de artigos. Embora a classificação seja feita a posteriori, isto é, após a publicação dos artigos, a classificação Qualis é um fator frequentemente considerado pelos autores na seleção de revistas para a submissão de artigos científicos. Em particular, os autores vinculados aos PPGs muitas vezes devem cumprir exigências de submissão de artigos a periódicos com uma classificação Qualis mínima, geralmente B2.

Outra novidade da RESS é a ampliação de seu corpo editorial, com a incorporação de novos editores assistentes e associados que fazem parte do quadro de servidores da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) e que possuem formação em nível de mestrado e/ou doutorado na área da epidemiologia, como as demais editoras e editores vinculados a outras instituições. Com isso, a RESS reforça sua equipe editorial, o que a credencia a acolher um número maior de manuscritos e realizar mais atividades de divulgação científica e de capacitação de autores e revisores.

Referências

1. Cavalcante AL, Garcia LP. Os 25 anos da Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do Sistema Único de Saúde do Brasil e sua indexação na base MEDLINE®. Epidemiol Serv Saude. 2017 jan-mar;26(1)7-8. [ Links ]

2. Barata RCB. Dez coisas que você deveria saber sobre o Qualis. RBPG. 2016 jan-abr; 13(30): 13-40. [ Links ]

3. Camargo Júnior KR. Ao vencedor, as batatas? Physis. 2015 jan-mar; 25(1): 9-12. [ Links ]

4. Iriart JAB, Deslandes SF, Martin D, Camargo Júnior KR, Carvalho MS, Coeli CM. A avaliação da produção científica nas subáreas da Saúde Coletiva: limites do atual modelo e contribuições para o debate. Cad Saude Publica. 2015 out; 31(10):2137-47. [ Links ]

5. Ministério da Educação (BR). Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Considerações sobre Qualis Periódicos: Saúde Coletiva [Internet]. Brasília: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior; 2016 [citado 2017 fev 10]. Disponível em: Disponível em: http://capes.gov.br/images/documentos/Qualis_periodicos_2016/Consideracoes_Qualis_Periodicos_Area_22__20_12_2016_Revisto_GLW_Final_v2.pdfLinks ]

6. Larivière V, Haustein S, Mongeon P. The oligopoly of academic publishers in the digital era. PLOS One. 2015 Jun;10(6):e0127502. [ Links ]

7. Van Noorden R. Open access: the true cost of science publishing: cheap open-access journals raise questions about the value publishers add for their money. Nature. 2013 Mar; 495(7442): 426-9. [ Links ]

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