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Epidemiologia e Serviços de Saúde

versão impressa ISSN 1679-4974versão On-line ISSN 2237-9622

Epidemiol. Serv. Saúde vol.29 no.4 Brasília  2020  Epub 25-Ago-2020

http://dx.doi.org/10.5123/s1679-49742020000400016 

ARTIGO ORIGINAL

Ofidismo no Tocantins: análise ecológica de determinantes e áreas de risco, 2007-2015 *

Ofidismo en Tocantins: análisis ecológico de determinantes y áreas de riesgo, 2007- 2015

Shirley Barbosa Feitosa (orcid: 0000-0003-2917-1092)1  , Yukari Figueroa Mise (orcid: 0000-0002-5273-1548)2  , Eduardo Luiz Andrade Mota (orcid: 0000-0001-7819-0084)2 

1Secretaria de Saúde do Estado do Tocantins, Vigilância Epidemiológica de Zoonoses e Acidentes por Animais Peçonhentos, Palmas, TO, Brasil

2Universidade Federal da Bahia, Instituto de Saúde Coletiva, Salvador, BA, Brasil

Resumo

Objetivo

Investigar o perfil dos casos de acidentes ofídicos, seus determinantes e áreas de risco no estado do Tocantins.

Métodos

Estudo ecológico, com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do período 2007-2015. Empregou-se regressão linear múltipla e os testes Mann-Whitney e Kruskal-Wallis.

Resultados

Foram notificados 7.764 acidentes ofídicos (incidência de 62,1/100 mil habitantes; letalidade de 0,5%). As variáveis associadas ao ofidismo foram densidade demográfica (Coef.=1,36 – IC95% 0,72;1,99), trabalho agropecuário (Coef.=0,02 – IC95% 0,01;0,03), índice de desenvolvimento humano municipal (Coef.=2,99 – IC95% 0,60;5,38), área cultivada de mandioca (Coef.=8,49 – IC95% 1,66;15,32), população indígena (Coef.=0,02 – IC95% 0,00;0,04), proporção de população analfabeta (Coef.=4,70 – IC95% 0,61;8,79) e população empregada (Coef.=3,00 – IC95% 0,93;5,06), que explicaram 64,48% da variação. As áreas de alto risco foram as regiões de saúde Amor Perfeito, Cantão, Cerrado Tocantins Araguaia e Médio Norte Araguaia.

Conclusão

Aspectos socioeconômicos e demográficos municipais associaram-se ao ofidismo.

Palavras-Chave: Mordeduras de Serpentes; Estudos Ecológicos; Perfil de Saúde; Zona de Risco

Resumen

Objetivo

Investigar el perfil de accidentes ofídicos, sus determinantes y áreas de riesgo, en el estado de Tocantins.

Métodos

Estudio ecológico con datos del Sistema de Información de Enfermedades de Agravamiento de Notificación, 2007-2015. Se utilizaron pruebas de regresión lineal y pruebas de Mann-Whitney y Kruskal-Wallis.

Resultados

Se reportaron 7.764 accidentes ofídicos (incidencia: 62,1/100.000 hab.; letalidad: 0,5%). Las variables relacionadas al ofidismo fueron densidad demográfica (Coef.=1,36 – IC95% 0,72;1,99), trabajo agrícola (Coef.=0,02 – IC95% 0,01;0,03), índice de desarrollo humano municipal (Coef.=2,99 – IC95% 0,60;5,38), área cultivada de yuca (Coef.=8,49 – IC95% 1,66;15,32), población indígena (Coef.=0,02 – IC95% 0,00;0,04), proporción de la población analfabeta (Coef.=4,70 – IC95% 0,61;8,79) y empleados (Coef.=3,00 – IC95% 0,93;5,06), explicando 64,48% de la variación. Las áreas de alto riesgo fueron las regiones de salud Amor Perfecto, Cantão, Cerrado Tocantins Araguaia y Medio Norte Araguaia.

Conclusión

Aspectos socioeconómicos y demográficos municipales se asociaron con el ofidismo.

Palabras-clave: Mordeduras de Serpientes; Estudios Ecológicos; Perfil de Salud; Zona de Riesgo

Introdução

Acidentes ofídicos persistem como um problema de Saúde Pública, pela assiduidade com que ocorrem e morbimortalidade que ocasionam, principalmente nos países tropicais, detentores da maior diversidade de serpentes de importância médica do planeta.( 1 )Esse agravo à saúde acomete, frequentemente, homens jovens, trabalhadores rurais, em idade economicamente ativa.( 1 )

Em 2009, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o ofidismo na lista de doenças tropicais negligenciadas. No ano de 2019, estimou-se ocorrerem em todo o mundo, anualmente, 2,7 milhões casos de envenenamento ofídico e de 81 mil a 138 mil óbitos decorrentes, além de 400 mil vítimas sobreviventes com incapacidade física e psicológica.( 2 )Apesar dessas estimativas, dados globais são relativamente incipientes, e o número de pessoas acometidas, em sua totalidade, subestimado.( 1 )

No período selecionado para o estudo, ocorreram cerca de 28,5 mil acidentes ofídicos por ano no Brasil, com uma incidência de 14,5/100 mil habitantes e uma letalidade de 0,41%,( 6 )nove vezes superior à estimativa mundial. A região Norte do país se destaca pela alta taxa de incidência: 56,0 casos/100 mil hab.( 4 )

O conhecimento sobre o ofidismo avançou muito nas últimas décadas,( 8 ) embora pouco se tenha investigado, sob uma perspectiva do contexto espacial, que considerasse a ocorrência desse agravo um evento complexo da sociedade, uma vez que as condições socioeconômicas e ambientais podem compor fatores de risco.( 4 )

O presente estudo teve por objetivo investigar o perfil dos casos de acidentes ofídicos, seus determinantes e áreas de risco no estado do Tocantins, Brasil.

Métodos

Trata-se de um estudo ecológico de múltiplos grupos, em que o município foi a unidade de análise para a ocorrência de acidentes ofídicos no período de 2007 a 2015, no estado do Tocantins.

O Tocantins integra a região Norte do Brasil e suas principais atividades econômicas são a agricultura e a pecuária.( 10 )O estado possui 139 municípios, extensão territorial de 277.720,567km2 e população estimada de 1.515.126 habitantes.( 11 )Os indígenas correspondem a aproximados 5% dessa população, distribuídosentre nove etnias: Apinayé; Xerente; Karajá; Krahô; Xambioá; Krahô-Kanela; Javaé; Pankararu; e Avá-Canoeiro.( 10 ) O Tocantins apresenta índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0,699 e índice de Gini de 0,60: 32,36% de sua população encontra-se em condições de pobreza.( 11 ) O estado é composto por oito regiões de saúde: Médio Norte Araguaia; Bico do Papagaio; Sudeste; Cerrado Tocantins Araguaia; Ilha do Bananal; Capim Dourado; Cantão; e Amor Perfeito.( 13 )

Todos os municípios do estado foram incluídos no estudo, uma vez que notificaram casos de ofidismo no período selecionado.

Dados referentes à caracterização do ofidismo foram obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) da Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (SESAU/TO), por município de ocorrência. As variáveis socioeconômicas e demográficas foram obtidas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil. Utilizaram-se dados censitários de 2010 e as progressões estatísticas para os períodos intercensitários.

As variáveis relacionadas aos indivíduos foram:

  1. sexo (masculino; feminino);

  2. idade (em anos: <15; 15 a 34; 35 a 54; 55 ou mais);

  3. escolaridade (não estudou; até ensino fundamental completo; ensino médio completo; ensino superior completo; sem informação);

  4. raça/cor da pele (branca; preta; amarela; parda; indígena; sem informação); e

  5. ocupação (agropecuário; trabalhador em geral; sem informação).

Em relação ao acidente ofídico, as variáveis investigadas foram:

  1. município de ocorrência;

  2. zona (urbana; rural; periurbana; sem informação);

  3. mês de ocorrência;

  4. local anatômico da picada (eixo central; membros inferiores; membros superiores; sem informação);

  5. gênero de serpente ( Bothrops; Crotalus; Micrurus; Lachesis ; não peçonhenta; sem informação);

  6. tempo transcorrido do acidente ao atendimento (até seis horas; acima de seis horas; sem informação);

  7. estadiamento (leve; moderado; grave; sem informação);

  8. evolução clínica (cura; óbito; sem informação); e

  9. acidente relacionado ao trabalho (sim; não; sem informação).

Foram investigadas as seguintes variáveis para o município:

  1. índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM);

  2. índice de Gini;

  3. produto interno bruto (PIB) per capita (U$);

  4. população empregada (%);

  5. área destinada à agricultura (%);

  6. população empregada na agropecuária (%);

  7. população com acesso a água e coleta de lixo (%);

  8. proporção de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais de idade (%);

  9. proporção da população indígena do município, em relação à população geral municipal (%);

  10. densidade demográfica (hab./km2); e

  11. aspecto climático (período seco; período chuvoso).

As variáveis relacionadas à agropecuária foram selecionadas a partir das principais atividades desenvolvidas no Tocantins, por município, tendo como referência o ano de 2015. As variáveis relativas à agricultura consistiram das áreas cultivadas (em km2) de arroz, abacaxi, banana, cana-de-açúcar, feijão, mandioca, melancia, milho, soja e sorgo. Quanto à pecuária, considerou-se o total efetivo de rebanho, por cabeças de bovino, caprino, equino, galináceo e suíno. Todos os dados socioeconômicos provieram do banco de dados do IBGE.

Foram calculadas a taxa de incidência (número de casos dividido pela população, a cada 100 mil hab.), a taxa de mortalidade (número de óbitos divididos pela população, a cada 100 mil hab.) e a letalidade (proporção do número de óbitos em relação ao número de casos) para o ofidismo, por ano e por município. A descrição do perfil epidemiológico foi feita pelas frequências – absoluta e relativa – das variáveis referentes aos indivíduos acidentados e aos acidentes.

Na análise de regressão linear múltipla, foram consideradas como exposição as variáveis demográficas e socioeconômicas municipais. Os casos de ofidismo municipal registrados no período foram a variável-resposta. A associação do ofidismo com as variáveis demográficas e socioeconômicas municipais foi analisada por meio de regressão linear múltipla. As variáveis que atingiram o nível de significância de 5% no modelo não ajustado foram selecionadas e submetidas à análise. Os resultados foram apresentados como coeficiente (Coef.) e intervalo de confiança de 95% (IC95%). O critério de informação de Akaike (AIC) foi usado para avaliar a qualidade do ajuste do modelo. Para investigação de sazonalidade, foi realizada análise de associação entre frequência mensal de acidentes e o período sazonal (período seco, de maio a setembro; e período chuvoso, de outubro a abril), pelo teste de Mann-Whitney. Para a identificação das áreas de risco, utilizou-se o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis (p-valor ajustado). Os grupamentos resultantes foram classificados como de baixo ou alto risco, com base nos coeficientes de incidência de ofidismo. Posteriormente, foram elaborados mapas para análise da distribuição espacial.

O programa Stata® versão 12.0 foi utilizado para o processamento dos testes de regressão linear, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis; e o Tabwin versão 3.6, do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus)/Ministério da Saúde), para a elaboração dos mapas.

O projeto do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (CEP/ISC/UFBA): Parecer nº 2.091.150, de 30 de maio de 2017.

Resultados

No Tocantins, foram notificados 7.764 acidentes ofídicos no período de 2007 a 2015. A incidência média estadual foi de 62,1/100 mil hab., variando de 52,2 a 78,4/100 mil hab. ( Figura 1 ). A incidência municipal variou de 2,8 a 288,8/100 mil hab. Os municípios com maiores incidências foram Recursolândia (288,8/100 mil hab.), Centenário (260,4/100 mil hab.), Tocantínia (252,8/100 mil hab.), Santa Maria (240,0/100 mil hab.) e Conceição do Tocantins (235,3/100 mil hab.) ( Figura 2 ).

Fontes: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan)/Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (Sesau/TO) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Figura 1 – Taxa de incidência (por 100 mil hab.), letalidade (%) e taxa de mortalidade (por 100 mil hab.) dos acidentes ofídicos no estado do Tocantins, Brasil, 2007 a 2015 

Fonte: Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan)/Secretaria de Estado da Saúde do Tocantins (Sesau/TO).

Figura 2 – Distribuição espacial dos acidentes ofídicos segundo a taxa de incidência acumulada (por 100 mil hab.) nos municípios que integram as regiões de saúde do estado do Tocantins, 2007-2015Legenda:APE: Amor PerfeitoBCP: Bico do PapagaioCAN: CantãoCPD: Capim DouradoCTA: Cerrado Tocantins-AraguaiaIBA: Ilha do BananalMNA: Médio Norte AraguaiaSUD: Sudeste 

As regiões de saúde Médio Norte Araguaia e Cerrado Tocantins Araguaia foram as que mais notificaram casos, com 22,7% e 16,8% dos registros, respectivamente. As regiões de saúde Médio Norte Araguaia e Cerrado Tocantins Araguaia referiram os maiores coeficientes de incidência, 97,3/100 mil hab. e 89,1/100 mil hab., respectivamente ( Tabela 1 e Figura 3 ).

Tabela 1 – Classificação de áreas de risco de acidente ofídico entre as regiões de saúde do estado do Tocantins, Brasil, 2007-2015 

Regiões de saúde APE BCP CAN CPD CTA IBA MNA SUD Classificação de risco Coeficiente de incidência (por 100 mil hab.)
APE Diferente Igual Diferente Igual Diferente Igual Diferente Alto 80,9
BCP Diferente Diferente Igual Diferente Igual Diferente Igual Baixo 43,9
CAN Igual Igual Diferente Igual Diferente Igual Diferente Alto 75,3
CPD Diferente Diferente Diferente Diferente Igual Diferente Igual Baixo 40,8
CTA Igual Diferente Igual Diferente Diferente Igual Diferente Alto 89,1
IBA Diferente Igual Diferente Diferente Diferente Diferente Igual Baixo 48,4
MNA Diferente Diferente Igual Diferente Igual Diferente Diferente Alto 97,3
SUD Diferente Igual Diferente Igual Diferente Igual Diferente Baixo 45,7

a) De acordo com o teste de Kruskal-Wallis, com correção robusta de White.

Legenda:

APE: Amor Perfeito

BCP: Bico do Papagaio

CAN: Cantão

CPD: Capim Dourado

CTA: Cerrado Tocantins-Araguaia

IBA: Ilha do Bananal

MNA: Médio Norte Araguaia

SUD: Sudeste

Nota:

Nesta comparação entre as medianas da incidência municipal das regiões de saúde, (i) a diferença significa que as medianas são estatisticamente distintas, e (ii) a igualdade significa que não há diferença estatisticamente significativa entre as regiões.

Figura 3 – Mapeamento das áreas de risco de acidente ofídico nas regiões de saúde do estado do Tocantins, 2007-2015Legenda:APE: Amor PerfeitoBCP: Bico do PapagaioCAN: CantãoCPD: Capim DouradoIBA: Ilha do BananalCTA: Cerrado Tocantins-AraguaiaSUD: SudesteMNA: Médio Norte Araguaia 

Ocorreram, no período, 36 óbitos, perfazendo uma letalidade média de 0,5%, com variação entre 0,3 e 0,9% para o estado e entre 0,0 e 8,7% para os municípios. O acidente crotálico foi o mais letal (1,4%), seguido do botrópico (0,4%). Não foram registrados óbitos por Micrurus e Lachesis . O gênero da serpente não foi informado em 3 óbitos. A mortalidade variou de 0,0 a 0,5/100 mil hab. entre os municípios ( Figura 1 ).

Os acidentes ocorreram sobretudo no período chuvoso (65,3%) (p<0,001). A maioria das pessoas era do sexo masculino (76,9%), com idade entre 15 e 34 anos (36,3%). Houve perda de informação sobre escolaridade em 21% dos casos e, entre as notificações preenchidas com essa variável, predominou escolarização até no máximo o ensino fundamental (61,7%). A ocupação, quando referida, identificou trabalhadores agropecuários (31,1%) como os mais afetados. Quanto à raça/cor da pele, 76,6% eram pardos e 4,1% indígenas ( Tabela 2 ).

Tabela 2 – Distribuição de casos de ofidismo segundo características associadas, por triênio, nos municípios (139) do estado do Tocantins, 2007-2015 

Variáveis 2007-2009 2010-2012 2013-2015 2007-2015

N (2.356) (%) N (2.991) (%) N (2.417) (%) N (7.764) (%)
Sexo                
Masculino 1.839 78,1 2.275 76,1 1.856 76,8 5.970 76,9
Feminino 517 21,9 716 23,9 561 23,2 1.794 23,1
Idade (anos)
<15 404 17,1 566 18,9 436 18,0 1.406 18,1
15-34 926 39,4 1.078 36,0 815 33,8 2.819 36,3
35-54 691 29,3 893 29,9 743 30,7 2.327 30,0
≥55 335 14,2 454 15,2 423 17,5 1.212 15,6
Escolaridade
Sem estudo 139 5,9 145 4,8 111 4,6 395 5,1
Ensino fundamental completo 1.639 69,6 1.812 60,6 1.330 55,0 4.781 61,7
Ensino médio completo 97 4,1 197 6,6 212 8,8 506 6,5
Ensino superior completo 13 0,6 23 0,8 29 1,1 65 0,8
Não se aplica 114 4,8 142 4,7 127 5,3 383 4,9
Sem informação 354 15,0 672 22,5 608 25,2 1.634 21,0
Ocupação
Agropecuário 750 31,8 969 32,4 693 28,7 2.412 31,1
Trabalho em geral 159 6,7 202 6,8 223 9,2 584 7,4
Outros 556 23,6 674 22,5 576 23,8 1.806 23,3
Sem informação 891 37,9 1.146 38,3 925 38,3 2.962 38,2
Raça/cor da pele
Branca 278 11,8 245 8,2 178 7,4 701 9,0
Preta 204 8,7 232 7,8 174 7,2 610 7,9
Amarela 40 1,6 30 1,0 34 1,4 104 1,3
Parda 1.724 73,2 2.330 77,9 1.895 78,4 5.949 76,6
Indígena 87 3,7 123 4,1 107 4,4 317 4,1
Sem informação 23 1,0 31 1,0 29 1,2 5.970 1,1
Gênero de serpente
Bothrops 1.761 74,8 2.390 79,9 1.840 76,1 5.991 77,2
Crotalus 262 11,1 260 8,7 243 10,1 765 9,9
Micrurus 19 0,8 17 0,6 12 0,5 48 0,6
Lachesis 18 0,8 13 0,4 7 0,3 38 0,5
Não peçonhenta 133 5,6 128 4,3 151 6,2 412 5,2
Sem informação 163 6,9 183 6,1 164 6,8 510 6,6
Zona de ocorrência
Urbana 308 13,1 365 12,2 366 15,1 1.039 13,4
Rural 1.970 83,6 2.514 84,1 1.963 81,2 6.447 83,0
Periurbana 42 1,8 54 1,8 38 1,6 134 1,7
Sem informação 36 1,5 58 1,9 50 2,1 144 1,9
Aspecto climático – precipitação pluviométrica
Mais chuvoso 1.480 62,8 2.009 67,2 1.582 65,5 5,071 65,3
Menos chuvoso 876 37,2 982 32,8 835 34,5 2.693 34,7
Sem informação 0,0 0,0 0,0 0,0
Tempo transcorrido do acidente até o atendimento
Até seis horas 1.912 81,1 2.500 83,6 2.018 83,4 6.430 82,8
Acima de seis horas 324 13,8 362 12,1 301 12,5 987 12,7
Sem informação 120 5,1 129 4,3 98 4,1 347 4,5
Local anatômico da picada
Eixo central 22 0,9 33 1,1 29 1,2 84 1,1
Membros inferiores 1.951 82,8 2.434 81,4 1.996 82,6 6.381 82,2
Membros superiores 358 15,2 480 16,0 361 14,9 1.199 15,4
Sem informação 25 1,1 44 1,5 31 1,3 100 1,3
Estadiamento
Leve 1.140 48,4 1.311 43,9 1.123 46,5 3.574 46,0
Moderado 947 40,2 1.361 45,5 1.012 41,9 3.320 42,8
Grave 169 7,2 160 5,3 166 6,9 495 6,4
Sem informação 100 4,2 159 5,3 116 4,8 375 4,8
Evolução clínica
Cura 2.314 98,2 2.896 96,8 2.212 91,5 7.422 95,7
Óbito 17 0,7 11 0,4 14 0,6 36 0,5
Sem informação 25 1,1 84 2,8 191 7,9 300 3,8
Acidente relacionado ao trabalho
Sim 687 29,2 906 30,3 542 22,4 2.135 27,5
Não 1.574 66,8 1.926 64,4 1.644 68,0 5.144 66,3
Sem informação 95 4,0 159 5,3 231 9,6 485 6,2

A maioria dos acidentes envolveu o gênero Bothrops (77,2%). Em 6,6% dos casos, a serpente não foi identificada, e em 5,2% a serpente não era peçonhenta. Os acidentes procederam, hegemonicamente, da zona rural (83,0%), com atendimento médico nas primeiras horas pós-picada (82,8%). Os membros inferiores foram mais acometidos (82,2%). Os casos foram predominantemente classificados como de gravidade leve (46,0%) e com evolução para cura (95,7%). Em 27,5% dos casos, o acidente teve relação com o trabalho ( Tabela 2 ).

Após a análise não ajustada, alcançaram significância estatística (5%) as seguintes variáveis: IDHM (Coef.=4,29 – IC95% 2,04;6,55), índice de Gini (Coef.=1,48 – IC95% 0,63;4,32), densidade demográfica (Coef.=1,78 – IC95% 0,99;2,58), proporção de analfabetismo (Coef.=4,78 – IC95% 2,60;6,96), desemprego entre os maiores de 18 anos de idade (Coef.=2,48 – IC95% 0,63;4,32) e áreas cultivadas de soja (Coef.=0,12 – IC95% 0,02;0,21), mandioca (Coef.=20,60 – IC95% 13,65;27,65), milho (Coef.=0,31 – IC95% 0,07;0,55), sorgo (Coef.=5,56 – IC95% 2,08;9,05), feijão (Coef.=4,67 – IC95% 0,15;9,19) e banana (Coef.=58,58 – IC95%33,55;83,63).

A regressão linear múltipla evidenciou forte associação do ofidismo (p<0,001) com 7 das 16 variáveis investigadas: densidade demográfica; trabalho agropecuário; IDHM; área cultivada de mandioca; população indígena; taxa de analfabetismo; e emprego ( Tabela 3 ). O modelo proposto explicou 64,48% (R2 ajustado = 0,6448) do ofidismo no Tocantins.

Tabela 3 – Modelo final da análise de regressão linear múltipla para o acidente ofídico segundo variáveis agropecuárias, geográficas e socioeconômicas, nos municípios (139) do estado do Tocantins, 2007-2015 

Variáveis Coeficiente Teste t p-valor >| t |a IC95%b
Densidade demográfica (hab./km2) 1,36 4,23 0,001 0,72;1,99
Trabalho agropecuário 0,02 3,54 0,001 0,01;0,03
IDHMc 2,99 2,47 0,015 0,60;5,38
Área cultivada de mandioca (km2) 8,49 2,46 0,015 1,66;15,32
População indígena 0,02 2,32 0,022 0,00; 0,04
Analfabetismo 4,70 2,28 0,024 0,61; 8,79
Emprego 3,00 2,87 0,005 0,93;5,06
Constante (casos/100 mil hab.) -540,38 -4,39 0,001 -784,15;-296,60

a) Valor de p derivado do teste T.

b) IC95%: intervalo de confiança de 95%.

c) IDHM: índice de desenvolvimento humano municipal.

Nota:

R2 ajustado = 0,6448.

Critério de informação de Akaike (AIC) = 460.45.

A Tabela 1 apresenta os resultados do teste de Kruskal-Wallis. Quanto ao risco de acidente ofídico, a comparação entre as regiões de saúde identificou duas áreas distintas (p<0,005): (i) uma área de alto risco, com incidência acumulada de 85,7/100 mil hab., composta pelas regiões de saúde Amor Perfeito, Cantão, Cerrado Tocantins Araguaia e Médio Norte Araguaia; e (ii) uma área de “baixo risco”, com incidência acumulada de 44,7/100 mil hab., composta pelas regiões de saúde Bico do Papagaio, Capim Dourado, Ilha do Bananal e Sudeste.

Discussão

As análises dos casos notificados de ofidismo no Tocantins de 2007 a 2015 evidenciaram que esse tipo de acidente acomete, predominantemente, homens adultos jovens, trabalhadores rurais, nos membros inferiores, por envenenamento botrópico. Esses casos se distribuíram desigualmente, no estado, delimitando áreas de alto risco (regiões de saúde Amor Perfeito, Cantão, Cerrado Tocantins Araguaia e Médio Norte Araguaia) e de “baixo risco” (regiões de saúde Bico do Papagaio, Capim Dourado, Ilha do Bananal e Sudeste). Os acidentes ofídicos estiveram relacionados a densidade demográfica, trabalho agropecuário, IDHM, área cultivada de mandioca, população indígena, taxa de analfabetismo e emprego.

O perfil epidemiológico encontrado é consonante com o padrão mundial, nacional e regional.( 1 ) A precocidade no atendimento médico divergiu do atraso comumente referido para a região Norte,( 7 ) provavelmente porque o Tocantins destoa da região quanto às principais questões de acessibilidade geográfica características da Amazônia.( 4 )

No período estudado, o Tocantins apresentou o terceiro mais alto coeficiente de incidência de ofidismo, tanto para o conjunto do Brasil quanto para a região Norte, ficando atrás apenas dos estados de Roraima e Pará.( 6 ) A maioria dos municípios apresentou incidência superior à média nacional,( 6 ) o que reforça a necessidade de priorizar o enfrentamento do ofidismo no plano municipal de saúde, com incremento circunstancial de ações efetivas de vigilância e educação em saúde com foco na melhoria da qualidade das notificações e na prevenção. São necessárias pactuações entre municípios ou regiões de saúde, com o objetivo de se constituírem redes para o atendimento em tempo oportuno.

Todas as regiões de saúde do estado, inclusive as que compõem a região de “baixo risco” para ofidismo, apresentaram risco triplicado em relação aos parâmetros nacionais, considerando-se o mesmo período de estudo como referência.( 6 ) Comparadas ao padrão nacional, todas as regiões de saúde do Tocantins seriam de alto risco.

A análise da situação desse agravo no estado, com apreciação das áreas de “baixo risco” e alto risco de ofidismo, sazonalidade e barreiras geográficas, deve ser levada em conta, para orientação das estratégicas de distribuição de soros antiofídicos e fortalecimento das ações de vigilância. Essa dedicação à análise – contínua e oportuna – é indispensável diante de eventuais problemas de acesso a determinadas áreas, baixo estoque de soros e indisponibilidade desses imunobiológicos nos municípios, seja por não se constituírem em áreas consideradas de risco, seja por não conterem unidades de saúde adequadas para realização de soroterapia.( 16 )

A letalidade média estadual é equiparável à média nacional para o mesmo período. Entretanto, a estimativa observada no município de Tupirama é problemática, considerando-se que os soros antiofídicos são ofertados pela rede pública de saúde do Brasil.( 17 )Sabe-se que o êxito letal é um desfecho complexo, influenciado por diversos fatores, como gênero de serpente, uso de torniquete e picada em extremidades (dedos de mãos e pés), como também pelo tempo decorrido entre o acidente e o atendimento (principalmente em casos provenientes da zona rural), tipo de soro utilizado e número de ampolas adotadas, estes três últimos relacionados ao serviço de saúde.( 18 )Tais fatores devem ser considerados na análise da ocorrência de casos graves e, consequentemente, nos óbitos por envenenamento ofídico.

No Tocantins, o trabalho agropecuário foi associado ao ofidismo. Fragilidades sociais como a baixa escolaridade e o analfabetismo,típicas em pessoas acometidas pelo ofidismo, são recorrentes nesse grupo ocupacional,( 19 )uma situação que parece refletir a invisibilidade desses trabalhadores na formulação de políticas e programas de proteção à saúde do trabalhador. O cenário é particularmente grave quando o ofidismo é um agravo de fácil prevenção, mediante concessão de equipamento de proteção individual (EPI), constantemente não utilizado durante a atividade agropecuária.( 18 ) Áreas plantadas de mandioca ( Manihot esculenta Crantz) (em km2 cultivados), especialmente, associaram-se ao ofidismo no estado. Essa lavoura explora intensamente o solo, cujo preparo para o plantio pode provocar impactos de desflorestamento.( 20 )

A associação do IDHM com o ofidismo pode estar relacionada com a economia agropecuária predominante no estado. A densidade demográfica foi fortemente associada ao ofidismo no Tocantins. Esse padrão é consonante com achados para o continente americano, em 2017, embora diverso do Rio de Janeiro em 2004.( 21 ) O Tocantins, por ser o estado mais recente do Brasil, encontra-se em expansão demográfica, com maior dinâmica populacional em municípios de intensa atividade agropecuária, fomentada mediante incentivos fiscais para grandes empresários.( 22 ) Esse cenário propicia o recrutamento de pessoas para o trabalho rural. Consistente com essa associação, a variável ‘emprego’ relacionou-se com o ofidismo, provavelmente pelo perfil econômico dos municípios, hegemonicamente agropecuários.( 11 ) Esses achados sugerem que as atividades laborais referentes à agricultura (plantio, colheita, acondicionamento, transporte etc.) e pecuária são realizadas sem proteção adequada, cenário clássico do ofidismo.( 23 )

A ausência de escolaridade como fator determinante evidencia um problema de vulnerabilidade social, padrão apontado desde os trabalhos de Vital Brazil com indivíduos picados na região Sudeste do país, no início do século XX.( 24 ) Assim, é indispensável o enfrentamento dessa vulnerabilidade com políticas públicas que priorizem ações eficazes de fornecimento e sensibilização dos trabalhadores rurais quanto ao uso de EPIs, considerados os aspectos locais de sazonalidade e atividade agropecuária.

A associação do ofidismo com populações indígenas reforça a necessidade de estudos que envolvam essa população. Trata-se de uma temática complexa, presente em escassos estudos científicos sobre ofidismo nessa etnia. O conhecimento específico da situação epidemiológica de envenenamento ofídico nessas populações é essencial à elaboração de políticas públicas efetivas, voltadas à melhoria da assistência à saúde dos indígenas. Todavia, é mister ampliar a discussão sobre preservação ambiental para além das áreas indígenas, como estratégica para evitar o refúgio das serpentes e sua concentração próxima a esse grupo étnico.

Os resultados deste estudo devem ser considerados sob algumas condições limitantes, como a subnotificação e a incompletude dos dados de notificação do Sinan, especialmente para variáveis socioeconômicas. Esses atributos, historicamente, apresentam problemas na notificação, não obstante a qualidade do preenchimento dos dados ter melhorado nos útimos. Também cumpre lembrar as limitações metodológicas inerentes ao desenho ecológico.

Conclui-se que o ofidismo no Tocantins tem alta incidência e é fortemente associado a atributos sociodemográficos e ao perfil agrícola municipal. O estudo apontou, ainda, as áreas de maior ocorrência, um resultado destinado a auxiliar no planejamento da distribuição de soro antiofídico no estado. Grupos vulneráveis da sociedade estiveram fortemente associados ao ofidismo no Tocantins, assim como características agropecuárias e demográficas municipais relacionadas com desigualdades sociais, impactos no modo de vida e novas necessidades de saúde dos trabalhadores rurais.

A vigilância de acidentes ofídicos no Tocantins deve ser priorizada, no sentido de se fortalecerem a educação em saúde para prevenção, a prestação dos primeiros socorros, diagnóstico e tratamento, além dos serviços de manejo clínico e distribuição eficiente dos antivenenos. Para tanto, é fundamental se considerarem as áreas de risco, a distribuição espacial e sazonal dos casos e as barreiras geográficas, no acesso ao atendimento.

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*Artigo derivado de dissertação de Mestrado de Shirley Barbosa Feitosa, intitulada ‘Perfil epidemiológico das pessoas acometidas por acidentes ofídicos e seus determinantes no Tocantins’, defendida junto ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 2017.

Editora associada: Bárbara Reis-Santos - orcid.org/0000-0001-6952-0352

Recebido: 04 de Março de 2020; Aceito: 24 de Maio de 2020

Endereço para correspondência: Shirley Barbosa Feitosa – Quadra 210 Sul, Alameda 15, Lote 6 (Multifamiliar), casa 12, Palmas, TO, Brasil. CEP: 77020-590 E-mail: shirleybiofeitosa@gmail.com

Contribuição dos autores

Feitosa SB e Mise YF contribuíram na concepção e delineamento do estudo, análise e interpretação dos resultados, redação e revisão crítica do conteúdo do manuscrito. Mota ELA contribuiu na análise e interpretação dos resultados, redação e revisão crítica do conteúdo do manuscrito. Os três autores aprovaram a versão final do manuscrito e são responsáveis por todos os seus aspectos, incluindo a garantia de sua precisão e integridade.

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