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Epidemiologia e Serviços de Saúde

versão impressa ISSN 1679-4974versão On-line ISSN 2237-9622

Epidemiol. Serv. Saúde vol.30 no.3 Brasília set. 2021  Epub 19-Jul-2021

http://dx.doi.org/10.1590/s1679-49742021000300014 

Artigo Original

Prevalência e fatores associados ao excesso de peso em adultos nas capitais e no Distrito Federal, Brasil, 2019

Prevalencia y factores asociados al sobrepeso en adultos de las capitales y el Distrito Federal, Brasil, 2019

Alana Paulina de Moura Sousa (orcid: 0000-0001-9999-3441)1  , Izabela Cristina Pereira (orcid: 0000-0001-6703-8087)1  , Laécio de Lima Araujo (orcid: 0000-0002-1051-2240)1  , Mariana Rodrigues da Rocha (orcid: 0000-0002-4745-9690)1  , Hilda Maria Martins Bandeira (orcid: 0000-0001-6439-0632)1  , Luisa Helena de Oliveira Lima (orcid: 0000-0002-1890-859X)1 

1 Universidade Federal do Piauí, Programa de Pós-Graduação em Saúde e Comunidade, Teresina, PI, Brasil.

Resumo

Objetivo

Analisar a prevalência e fatores associados ao excesso de peso nas capitais e no Distrito Federal, Brasil, 2019.

Métodos

Se Estudo transversal, com dados do inquérito Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, 2019. Calculou-se a prevalência de excesso de peso e sua associação com características sociodemográficas, comportamentais e situação de saúde, estratificada segundo sexo.

Resultados

A prevalência de excesso de peso foi de 55,9% (IC95% 54,9;56,9). Nos homens, ela se associou à idade de 35-44 anos (RP=1,87 - IC95% 1,65;2,12), consumo de álcool (RP=1,09 - IC95% 1,03;1,15) e hipertensão (RP=1,24 - IC95% 1,17;1,31), enquanto nas mulheres associou-se à idade de 45-54 anos (RP=2,03 - IC95% 1,77;2,32), hábito de assistir à televisão 3h/dia (RP=1,09 - IC95% 1,04;1,15) e estado de saúde ruim/muito ruim (RP=1,31 - IC95% 1,20;1,43).

Conclusão

Observou-se excesso de peso em mais da metade da amostra, associado a hipertensão, diabetes mellitus e consumo de álcool, em ambos os sexos.

Palavras-chave: Sobrepeso; Obesidade; Inquéritos Epidemiológicos; Adulto; Idoso; Estudos Transversais

Resumen

Objetivo

Se Analizar la prevalencia y factores asociados al sobrepeso en las capitales brasileñas y el Distrito Federal, Brasil, 2019.

Métodos

Se Estudio transversal, con datos de la Vigilancia de Factores de Riesgo y Protección de Enfermedades Crónicas por Encuesta Telefónica, 2019. Se calculó la prevalencia de sobrepeso y su asociación con características sociodemográficas, conductuales y estado de salud, estratificada por sexo.

Resultados

Se La prevalencia de sobrepeso fue del 55,9% (IC95% 54,9; 56,9), asociada en hombres con la edad de 35-44 años (RP=1,87 - IC95% 1,65;2,12), consumo de alcohol (RP=1,09 - IC95% 1,03;1,15) e hipertensión (RP=1,24 - IC95% 1,17;1,31); y en mujeres, asociada a la edad 45-54 años (RP=2,03 - IC95% 1,77;2,32), hábito de ver televisión durante 3h/día (RP=1,09 - IC95% 1,04;1,15) y mal/muy mal estado de salud (RP=1,31 - IC95% 1,20;1,43).

Conclusión

Se Se observó sobrepeso en más de la mitad de la muestra, asociado hipertensión, diabetes mellitus y consumo de alcohol, en ambos sexos.

Palabras clave: Sobrepeso; Obesidad; Encuestas Epidemiológicas; Estudios Transversales; Adulto; Anciano

Introdução

O excesso de peso é visto como uma relevante questão de Saúde Coletiva. Ele pode ser causado, principalmente, pelo desequilíbrio entre consumo e gasto energético,1,2e apresenta uma configuração favorável ao surgimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) - por exemplo, enfermidades do coração, cânceres e diabetes mellitus, entre outras.3

A prevalência global de indivíduos com obesidade aumentou consideravelmente, quando comparados os anos de 1975 e 2016, e quase triplicou nesse período. Em 2016, existiam mais indivíduos com peso elevado que abaixo do peso, resultado observado em quase todos os continentes, exceto em partes da África subsaariana e da Ásia. Naquele mesmo ano, quase 2 bilhões de adultos com 18 anos ou mais estavam com peso em excesso, e destes, mais de um quarto (650 milhões) com obesidade.1 No Brasil, em 2019, 55% dos adultos estavam com o peso acima do ideal e 20% se encontravam obesos.4

Diante da alta prevalência de sobrepeso e obesidade, no ano de 2011, o Ministério da Saúde divulgou um Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNTs, cujo objetivo é enfrentar essas enfermidades e fatores associados, como características sociodemográficas (sexo, idade e escolaridade) e comportamentais (alimentação não adequada, inatividade física, hábito de fumar e de consumir bebidas alcoólicas).5

Avaliar o estado nutricional e seus fatores associados é de fundamental importância para a análise das condições de saúde de populações.6 Este trabalho traz atualizações sobre o estado de saúde dos adultos brasileiros, no que se refere ao estado nutricional, e pode servir de parâmetro para o desenvolvimento de estratégias que produzam mudanças no cenário de morbimortalidade do país.

O objetivo do estudo foi analisar a prevalência e fatores associados ao excesso de peso nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, no ano de 2019.

Métodos

Estudo transversal, a partir de dados do inquérito Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), coletados em entrevistas realizadas por telefone, entre janeiro e dezembro de 2019.4

O Vigitel é um inquérito coordenado pelo Ministério da Saúde, a partir do sorteio - estratificado pelo código de endereçamento postal (CEP) - de 5 mil linhas telefônicas por capital do país e Distrito Federal. Foram elegíveis para o Vigitel 2019 participantes adultos, com 18 anos ou mais de idade, habitantes das capitais brasileiras ou do Distrito Federal e com linha telefônica fixa na residência.4 Em cada capital e no Distrito Federal, os números de telefone selecionados foram sorteados novamente, e fracionados em réplicas de 200 linhas.

Os domicílios selecionados passaram por um último sorteio, para a seleção de um dos moradores adultos (≥18 anos). Finalizada a etapa de sorteio e antes de iniciar a entrevista, perguntava-se ao morador sobre seu interesse em participar do estudo. O objetivo da entrevista era identificar a frequência dos fatores associados ao desenvolvimento de DCNTs, considerando-se um intervalo de confiança de 95% (IC95%) e erro máximo de 2%.4

O desfecho do estudo foi o excesso de peso: sim; não.

Foram pesquisadas as seguintes variáveis independentes:

  1. Características sociodemográficas

    - Sexo (feminino; masculino);

    - Raça/cor da pele (amarela/indígena; branca; preta; parda);

    - Faixa etária (em anos: 18 a 24; 25 a 34; 35 a 44; 45 a 54; 55 a 64; 65 ou mais);

    - Estado civil (casado[a], solteiro[a], união estável, viúvo[a], separado[a]/divorciado[a]);

    - Escolaridade (em anos de estudo: 0 a 8; 9 a 11; 12 ou mais).

  2. Características comportamentais

    - Consumo regular de hortaliças (5 vezes ou mais por semana: sim; não);

    - Consumo regular de frutas (5 vezes ou mais por semana: sim; não);

    - Consumo regular de refrigerantes (5 vezes ou mais por semana: sim; não);

    - Consumo de bebidas alcoólicas (sim; não);

    - Tabagismo (sim; não);

    - Inatividade física (sim; não);

    - Hábito de assistir à televisão (<3 horas por dia; ≥3 horas por dia);

    - Hipertensão arterial (sim; não);

    - Diabetes mellitus (sim; não);

    - Autoavaliação de saúde (muito boa/boa; regular; ruim/muito ruim).

Todas as variáveis foram obtidas de autorrelato colhido por empresa especializada, contratada para realizar as entrevistas telefônicas.4

O excesso de peso foi conferido pelo cálculo do índice de massa corporal - IMC≥25,0kg/m2 -,4 obtido dividindo-se o peso autorreferido (em quilogramas: kg) pela altura autorreferida (em metros: m) ao quadrado.

As variáveis independentes de consumo alimentar foram estimadas com base nas perguntas respondidas pelos participantes:

  1. o consumo de hortaliças foi mensurado pela pergunta: Em quantos dias da semana o(a) Sr.(a) costuma comer pelo menos um tipo de verdura ou legume (alface, tomate, couve, cenoura, chuchu, berinjela, abobrinha - não vale batata, mandioca ou inhame)?

  2. o consumo de refrigerante (ou refresco/suco artificial) em cinco ou mais dias da semana foi obtido com a pergunta: Em quantos dias da semana o(a) Sr.(a) costuma tomar refrigerante ou suco artificial?

  3. o indicador de consumo de frutas em cinco ou mais dias da semana foi construído a partir das respostas às questões: Em quantos dias da semana o(a) Sr.(a) costuma comer frutas? e Em quantos dias da semana o(a) Sr.(a) costuma tomar suco de frutas natural?

  4. e o consumo de bebidas alcoólicas, ao se propor a pergunta: O(a) Sr.(a) costuma consumir bebida alcoólica?

Foi classificado como fumante o participante que deu resposta positiva à questão Atualmente o(a) Sr.(a) fuma?, sem levar em consideração a frequência, quantidade e duração do hábito de fumar.

Para a construção do indicador ‘inatividade física’, foram apresentadas questões a respeito da prática física no tempo ocioso, a atividade ocupacional, a locomoção, e sobre a higienização da própria residência.

O indicador ‘hábito de assistir à televisão’ (menor do que 3 horas/dia; maior ou igual a 3 horas/dia) foi construído considerando-se a resposta à seguinte pergunta: Em média, quantas horas por dia o(a) Sr.(a) costuma ficar assistindo à televisão?

Quanto às variáveis sobre a situação de saúde, o indicador de morbidade referida para diabetes mellitus e hipertensão arterial foi avaliado, respectivamente, pelas seguintes questões: Algum médico já lhe disse que o(a) Sr.(a) tem pressão alta? e Algum médico já lhe disse que o(a) Sr.(a) tem diabetes? Para a autoavaliação de saúde, perguntou-se: O(a) Sr.(a) classificaria seu estado de saúde como: muito bom, bom, regular, ruim ou muito ruim?

O cálculo da amostra do estudo baseou-se no tamanho amostral mínimo (cerca de 2 mil sujeitos por cidade), no IC95%, no erro máximo de 2% e na periodicidade de cada fator de risco nos indivíduos adultos consultados. Foram sorteadas 197.600 linhas telefônicas, com o objetivo de atingir no mínimo 2 mil entrevistas por capital. Foram identificadas somente 75.789 linhas elegíveis, e a amostra final contemplou n=52.443 indivíduos entrevistados e uma média de 1.943 entrevistas realizadas por capital.4

Foi empregada estatística descritiva para o cálculo da frequência relativa das variáveis, e estimada a prevalência de sobrepeso-obesidade com os respectivos IC95%. Utilizou-se a regressão de Poisson com variância robusta, com a finalidade de calcular a associação entre as variáveis, estratificada segundo o sexo, por meio da razão de prevalências (RP) bruta e ajustada e seus IC95%, com nível de significância para os testes de 5% (p≤0,05). Nas análises do modelo ajustado, consideraram-se apenas as variáveis independentes que, no modelo bruto, apresentaram p<0,20. Os dados foram analisados pelo módulo de amostras complexas do programa Stata, versão 14.0, tomando-se como referência as ponderações do método Rake.4

O projeto do Vigitel foi apreciado e aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), vinculada ao Conselho Nacional de Saúde (CNS): Parecer nº 4324071, publicado no dia 6 de junho de 2017; Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) nº 65610017.1.0000.0008. O consentimento dos entrevistados foi obtido oralmente, no momento precedente à entrevista telefônica.

Resultados

Foram sorteadas 197.600 linhas telefônicas, porém somente 75.789 linhas eram elegíveis, sendo entrevistados 52.443 indivíduos até o final da pesquisa. Algumas perdas ocorreram, dada a impossibilidade do contato inicial, porque as linhas telefônicas permaneciam ocupadas constantemente, sem resposta às chamadas, ou as ligações caíam diretamente na caixa postal; em outros casos, não foi possível entrar em contato com o adulto selecionado da residência, mesmo após inúmeras chamadas telefônicas em dias e horários variados.4

Entre os 52.443 adultos entrevistados, as características que apresentaram os maiores percentuais foram: sexo feminino (54,0% - IC95% 53,1;55,0), raça/cor da pele branca (43,8% - IC95% 42,9;44,8), idade entre 25 e 34 anos (25,0% - IC95% 24,1;26,1), escolaridade de 9 a 11 anos de estudo (38,4% - IC95% 37,5;39,3) e estado civil solteiro (42,8% - IC95% 41,9;43,8) (Tabela 1).

Tabela 1 Características sociodemográficas e prevalência do excesso de peso em adultos (≥18 anos), nas capitais e no Distrito Federal (n=52.443), Brasil, 2019 

Variáveis n % (IC95%)a
Sexo
Masculino 18.354 46,0 (45,0;46,9)
Feminino 34.089 54,0 (53,1;55,0)
Raça/cor da pele
Amarela/indígena 1.044 2,1 (1,9;2,3)
Branca 22.598 43,8 (42,9;44,8)
Preta 4.106 11,4 (10,7;12,1)
Parda 20.217 42,7 (41,7;43,7)
Faixa etária (anos)
18-24 4.031 13,8 (13,1;14,4)
25-34 5.052 25,0 (24,1;26,1)
35-44 6.943 18,8 (18,1;19,6)
45-54 8.216 17,9 (17,2;18,6)
55-64 10.618 13,1 (12,6;13,6)
≥65 17.583 11,4 (11,0;11,7)
Escolaridade (anos de estudo)
0-8 15.339 28,8 (27,9;29,7)
9-11 17.688 38,4 (37,5;39,3)
≥12 19.416 32,8 (31,9;33,7)
Estado civil
Solteiro(a) 15.663 42,8 (41,9;43,8)
Casado(a) 20.989 35,3 (34,5;36,2)
União estável 4.510 11,1 (10,5;11,8)
Viúvo(a) 6.586 4,8 (4,5;5,0)
Separado(a) 4.509 6,0 (5,6;6,4)
Excesso de peso
Não 19.900 44,6 (43,7;45,6)
Sim 27.219 55,4 (54,4;56,3)

a) IC95%: intervalo de confiança de 95%. Fonte: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel)/Ministério da Saúde.

No ano de 2019, 55,4% (IC95% - 54,4;56,3) dos adultos estavam com sobrepeso ou obesidade, sendo o maior percentual observado no sexo masculino: 57,1% - IC95% 55,6;58,7.

Homens pardos (58,5% - IC95% 56,1;60,9) e na faixa etária de 35 a 44 anos (67,7% - IC95% 64,3;70,8) apresentaram os maiores percentuais de excesso de peso quando comparados às mulheres pardas (55,0 - IC95% 53,2;57,0) e na faixa etária de 35 a 44 anos (55,6 - IC95% 53,0;58,1). Maior percentual de excesso de peso foi observado nas entrevistadas que declararam 0 a 8 anos de estudo (62,0% - IC95% 60,0;64,1). Os demais resultados sobre os percentuais de excesso de peso podem ser observados na Tabela 2.

Tabela 2 Prevalência do excesso de peso, segundo características sociodemográficas, comportamentais e situação de saúde, segundo sexo, em adultos (≥18 anos), nas capitais e no Distrito Federal (n=52.443), Brasil, 2019 

Variáveis Masculino Feminino Total
% % (IC95%)a % % (IC95%)a % % (IC95%)a
Raça/cor da pele
Amarela/indígena 53,4 44,7;62,0 50,0 42,1;57,8 51,7 45,8;57,6
Branca 56,9 54,4;59,4 51,4 49,6;53,2 53,8 52,3;55,3
Preta 54,3 49,6;59,0 57,6 53,5;61,5 55,9 52,3;60,0
Parda 58,5 56,1;60,9 55,0 53,2;57,0 56,7 55,2;58,1
Faixa etária (anos)
18-24 31,1 27,9;34,5 28,7 25,6;32,1 30,0 27,8;32,4
25-34 56,9 53,1;60,7 49,3 46,1;52,5 53,0 50,6;55,5
35-44 67,7 64,3;70,8 55,6 53,0;58,1 61,0 58,9;63,0
45-54 65,0 61,5;68,3 62,7 60,3;65,0 64,0 61,7;65,7
55-64 63,4 59,9;66,8 63,0 60,5;65,0 63,0 61,1;65,0
≥65 60,6 57,8;63,4 59,3 57,5;61,0 59,8 58,2;61,3
Escolaridade (anos de estudo)
0-8 59,7 56,7;62,8 62,0 60,0;64,1 61,0 59,2;62,8
9-11 52,7 50,3;55,0 54,9 52,9;56,8 53,8 52,3;55,3
≥12 60,4 57,6;63,1 45,9 43,9;48,0 52,2 50,6;53,9
Estado civil
Solteiro(a) 46,6 44,1;49,0 45,0 43,0;47,1 45,8 44,2;47,4
Casado(a) 67,8 65,6;69,9 60,8 59,0;62,5 64,1 62,7;65,5
União estável 67,3 62,4;71,9 57,2 53,1;61,1 62,3 59,1;65,3
Viúvo(a) 50,3 42,3;58,2 62,9 60,2;65,4 61,2 58,6;63,7
Separado(a) 53,1 46,2;59,9 56,6 53,0;60,1 55,3 51,9;58,7
Consumo de hortaliças
Não 56,4 54,3;58,4 54,8 53,1;56,6 55,6 54,3;57,0
Sim 58,2 55,8;60,5 53,0 51,4;54,5 55,0 53,7;56,4
Consumo regular de frutas
Não 58,9 56,5;61,2 53,5 51,4;55,6 56,4 54,7;58,0
Sim 55,7 53,6;57,7 54,0 52,7;55,4 54,7 53,6;55,9
Consumo de refrigerantes
Não 57,9 56,3;59,6 53,8 52,6;55,0 55,6 54,6;56,6
Sim 53,5 49,3;57,7 54,3 50,3;58,3 53,9 50,9;56,8
Consumo de bebidas alcoólicas
Não 55,3 53,0;57,5 54,9 53,5;56,3 55,0 53,9;56,3
Sim 59,0 56,7;61,0 51,8 49,6;53,9 55,8 54,3;57,4
Tabagismo
Não 58,0 56,4;59,7 54,3 53,0;55,5 56,0 55,0;57,0
Sim 50,5 45,4;55,5 48,8 44,4;53,3 49,8 46,3;53,2
Inatividade física
Não 58,0 56,4;59,7 54,3 53,0;55,5 54,8 53,8;55,8
Sim 50,5 45,4;55,5 48,8 44,4;53,3 58,8 56,4;61,0
Hábito de assistir à televisão
<3 horas/dia 56,9 55,1;58,7 51,9 50,6:53,3 54,2 53,1;55,3
≥3 horas/dia 57,9 54,6:61,2 60,0 57,8;62,3 59,1 57,2;61,0
Hipertensão arterial
Não 52,8 51,0;54,6 48,4 47,0;49,8 50,2 49,4;51,7
Sim 73,0 70,1;75,8 68,4 66,4;70,3 70,3 68,6;71,9
Diabetes mellitus
Não 56,0 54,4;57,6 52,4 51,1;53,6 54,0 53,0;55,0
Sim 71,6 66,2;76,4 71,5 68,4;74,5 71,5 68,7;74,3
Autoavaliação de saúde
Boa/muito boa 56,4 54,5;58,3 48,4 46,8;50,0 52,0 50,9;53,2
Regular 61,1 57,9;64,3 62,5 60,3;64,6 60,8 59,1;62,6
Ruim/muito ruim 65,3 57,3;72,5 69,4 63,8;74,6 66,8 62,7;70,7

a) IC95%: intervalo de confiança de 95%. Fonte: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel)/Ministério da Saúde.

Observou-se associação estatisticamente significativa com o excesso de peso nos homens de 35 a 44 anos (RP=1,87 - IC95% 1,65;2,12), escolaridade de 12 anos ou mais de estudo (RP=1,15 - IC95% 1,07;1,24), casados (RP=1,23 - IC95% 1,15;1,32), que consumiam álcool (RP=1,09 - IC95% 1,03;1,15), com hipertensão arterial (RP=1,24 - IC95% 1,17;1,31) e com diabetes mellitus (RP=1,09 - IC95% 1,01;1,19) (Tabela 3). Homens que informaram consumir frutas regularmente (RP=0,92 - IC95% 0,87;0,97) e tabagistas (RP=0,86 - IC95% 0,78;0,96) tiveram menor predominância do desfecho.

Tabela 3 Razão de prevalência (RP) de excesso de peso em adultos (≥18 anos) do sexo masculino, segundo características sociodemográficas, comportamentais e situação de saúde, nas capitais e no Distrito Federal (n=52.443), Brasil, 2019 

Variáveis Excesso de peso
Bruta Ajustada
RPa IC95%b p-valor RPc IC95%b p-valor
Raça/cor da pele 0,361
Amarela/indígena 1,00
Branca 1,06 0,89;1,26
Preta 1,01 0,84;1,22
Parda 1,09 0,92;1,29
Faixa etária (anos) <0,001 <0,001
18-24 1,00 1,00
25-34 1,82 1,61;2,07 1,67 1,47;1,90
35-44 2,17 1,93;2,44 1,87 1,65;2,12
45-54 2,08 1,85;2,34 1,73 1,52;1,98
55-64 2,03 1,80;2,29 1,60 1,30;1,73
≥65 1,94 1,73;2,18 1,50 1,30;1,73
Escolaridade (anos de estudo) <0,001 <0,001
0-8 1,00 1,00
9-11 0,88 0,82; 0,94 1,01 0,94;1,09
≥12 1,01 0,94;1,08 1,15 1,07;1,24
Estado civil <0,001 <0,001
Solteiro 1,00 1,00
Casado 1,45 1,36;1,54 1,23 1,15;1,32
União estável 1,44 1,32;1,57 1,22 1,12;1,34
Viúvo 1,07 0,91;1,27 0,97 0,81;1,16
Separado 1,13 0,99;1,31 1,00 0,87;1,14
Consumo de hortaliças 0,259
Não 1,00
Sim 1,03 0,97;1,08
Consumo regular de frutas 0,042 0,003
Não 1,00 1,00
Sim 0,94 0,89;0,99 0,92 0,87;0,97
Consumo de refrigerantes 0,061 0,315
Não 1,00 1,00
Sim 0,92 0,84;1,00 0,95 0,88;1,04
Consumo de bebidas alcoólicas 0,022 0,001
Não 1,00 1,00
Sim 1,06 1,01;1,12 1,09 1,03;1,15
Tabagismo 0,008 0,010
Não 1,00 1,00
Sim 0,86 0,78;0,96 0,86 0,78;0,96
Inatividade física 0,063 0,463
Não 1,00 1,00
Sim 1,07 0,99;1,14 1,02 0,95;1,10
Hábito de assistir à televisão 0,599
<3 horas/dia 1,00
≥3 horas/dia 1,01 0,95;1,08
Hipertensão arterial <0,001 <0,001
Não 1,00 1,00
Sim 1,38 1,31;1,45 1,24 1,17;1,31
Diabetes mellitus <0,001 0,024
Não 1,00 1,00
Sim 1,27 1,18;1,37 1,09 1,01;1,19
Autoavaliação de saúde 0,010 0,077
Boa/muito boa 1,00 1,00
Regular 1,08 1,01;1,15 1,05 0,99;1,12
Ruim/muito ruim 1,13 1,00;1,27 1,08 0,95;1,19

a) RP: razão de prevalência (modelo bruto); b) IC95%: intervalo de confiança de 95%; c) RP: razão de prevalência ajustada por todas as variáveis em que o p-valor foi <0,20 na análise bruta. Fonte: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel)/Ministério da Saúde.

O excesso de peso foi mais comum nas mulheres autodeclaradas pretas (RP=1,25 - IC95% 1,04;1,51), na idade de 45 a 54 anos (RP=2,03 - IC95% 1,77;2,32), casadas (RP=1,15 - IC95% 1,08;1,22), que relataram consumir bebida alcoólica (RP=1,05 - IC95% 1,01;1,11), ficar em frente à televisão por períodos de 3 horas diárias ou mais (RP=1,09 - IC95% 1,04;1,15), ter hipertensão arterial (RP=1,21 - IC95% 1,15;1,27) e diabetes mellitus (RP=1,09 - IC95% 1,03;1,15), e que avaliaram a própria situação de saúde como ruim/muito ruim (RP=1,31 - IC95% 1,20;1,43). As menores prevalências do desfecho foram observadas nas mulheres com 12 anos ou mais de estudo (RP=0,87 - IC95% 0,81;0,93) e fumantes (RP=0,84 - IC95% 0,76;0,94) (Tabela 4).

Tabela 4 Razão de prevalência (RP) de excesso de peso em adultos (≥18 anos) do sexo feminino, segundo características sociodemográficas, comportamentais e situação de saúde, nas capitais e no Distrito Federal (n=52.443), Brasil, 2019 

Variáveis Excesso de peso
Bruta Ajustada
RPa IC95%b p-valor RPc IC95%a p-valor
Raça/cor da pele <0,001 <0,001
Amarela/indígena 1,00 1,00
Branca 1,03 0,87;1,23 1,06 0,89;1,27
Preta 1,20 1,00;1,45 1,25 1,04;1,51
Parda 1,12 0,94;1,34 1,13 0,93;1,35
Faixa etária (anos) <0,001 <0,001
18-24 1,00 1,00
25-34 1,77 1,54;2,04 1,76 1,52;2,02
35-44 2,00 1,75;2,29 1,91 1,67;2,19
45-54 2,28 2,00;2,59 2,03 1,77;2,32
55-64 2,25 1,98;2,56 1,95 1,70;2,24
≥65 2,18 1,92;2,47 1,75 1,52;2,02
Escolaridade (anos de estudo) <0,001 <0,001
0-8 1,00 1,00
9-11 0,85 0,81;0,90 0,97 0,92;1,03
≥12 0,72 0,68;0,76 0,87 0,81;0,93
Estado civil <0,001 <0,001
Solteira 1,00 1,00
Casada 1,36 1,29;1,44 1,15 1,08;1,22
União estável 1,30 1,19;1,42 1,13 1,03;1,23
Viúva 1,44 1,35;1,54 1,14 1,06;1,23
Separada 1,26 1,16;1,37 1,04 0,96;1,13
Consumo de hortaliças 0,130 0,321
Não 1,00 1,00
Sim 0,96 0,92;1,01 0,97 0,93;1,02
Consumo regular de frutas 0,759
Não 1,00
Sim 0,99 0,94;1,04
Consumo de refrigerantes 0,284
Não 1,00
Sim 1,04 0,96;1,13
Consumo de bebidas alcoólicas 0,018 0,030
Não 1,00 1,00
Sim 0,94 0,89;0,98 1,05 1,01;1,11
Tabagismo 0,050 0,002
Não 1,00 1,00
Sim 0,90 0,82;1,00 0,84 0,76;0,94
Inatividade física 0,014 0,258
Não 1,00 1,00
Sim 1,07 1,01;1,13 1,03 0,97;1,10
Hábito de assistir à televisão <0,001 0,001
<3 horas/dia 1,00 1,00
≥3 horas/dia 1,17 1,12;1,23 1,09 1,04;1,15
Hipertensão arterial <0,001 <0,001
Não 1,00 1,00
Sim 1,45 1,39;1,51 1,21 1,15;1,27
Diabetes mellitus <0,001 0,001
Não 1,00 1,00
Sim 1,40 1,34;1,48 1,09 1,03;1,15
Autoavaliação de saúde <0,001 <0,001
Boa/muito boa 1,00 1,00
Regular 1,29 1,23;1,35 1,20 1,14;1,26
Ruim/muito ruim 1,43 1,31;1,56 1,31 1,20;1,43

a) RP: razão de prevalência (modelo bruto); b) IC95%: intervalo de confiança de 95%; c) RP: razão de prevalência ajustada por todas as variáveis em que o p-valor foi <0,20 na análise bruta. Fonte: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel)/Ministério da Saúde.

Discussão

Com base nos dados da pesquisa Vigitel 2019, observou-se que o excesso de peso estava presente na maior parte dos entrevistados, correspondendo aos homens o maior percentual. Em ambos os sexos, as maiores prevalências do desfecho estavam associadas ao consumo de bebidas alcoólicas, pressão arterial e índice glicêmico elevados. O estado civil de casada, o costume de ver televisão por mais de 3 horas diárias e a autoavaliação de saúde como negativa estiveram associados a elevadas prevalências de sobrepeso e obesidade, no sexo feminino.

A principal limitação do estudo foi basear-se em dados autorreferidos. Dados autorreferidos podem não representar a realidade, pela possibilidade de um viés de percepção do informante, a exemplo da superestimação da própria estatura e da subestimação do próprio peso, refletindo-se em uma subestimativa do IMC e, consequentemente, prevalências subestimadas de excesso de peso.7 Daí, destacar-se a importância do uso de métodos de correção dos dados autorrelatados. Outra limitação do estudo foi a representatividade da amostra, restrita aos habitantes das capitais e do Distrito Federal, onde poucos indivíduos detêm telefone fixo, embora fosse minimizada com o uso de métodos de ponderação dos dados pelo Vigitel, mediante pós-estratificação, que consistiu em estimar as prevalências considerando-se as distintas características demográficas dos participantes, comparadas às dos demais brasileiros.8

A elevada prevalência do desfecho, neste estudo, assemelha-se aos resultados apresentados na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS),9 que observou a maior representação de excesso de peso entre seus participantes. No relatório do Vigitel4 de 2019, foi comunicado que, entre os anos de 2006 e 2019, houve, em todas as regiões brasileiras, uma variação temporal significativa de aumento na prevalência de sobrepeso e obesidade, possivelmente explicada pelo agravamento desse problema de saúde. Cabe, então, ressaltar a relevância do conhecimento dos fatores associados e da busca de estratégias para seu controle e/ou prevenção.

As maiores prevalências do desfecho foram observadas nos homens com idade entre 35 e 44 anos, e nas mulheres de 45 a 54 anos. Estes achados corroboram os resultados de uma revisão sistemática e análise dos dados de 183 países, relativos ao período de 1980 a 2013, para o qual se constatou que pessoas de todas as idades ganharam peso; e entre os de 20 a 40 anos, um ganho de peso mais rápido.10

Entretanto, o envelhecimento é um fator que influencia no ganho de peso corporal. Durante essa fase da vida, o corpo passa por diversas alterações fisiológicas, a exemplo do processo da menopausa, nas mulheres, da diminuição na prática de atividades que demandam energia, da redução da massa muscular e da taxa metabólica.11 Uma pesquisa transversal coletou dados de 981 mulheres adultas (20 a 60 anos) brasileiras, e observou: as maiores prevalências de obesidade foram verificadas naquelas com mais idade (50 a 60 anos), apontando para uma possível associação entre a elevada prevalência de obesidade e as fases mais avançadas da vida.12

Homens e mulheres casados apresentaram as maiores prevalências de sobrepeso e obesidade. O casamento pode levar a um ganho de peso excessivo, por conta do menor envolvimento do casal em práticas que contribuem para o controle do peso, como o cuidado no consumo dos alimentos e a realização de atividades físicas regulares.13 Priorizar pessoas com companheiros em iniciativas de prevenção do excesso de peso é importante para a melhoria do bem-estar dos casais e da comunidade.

Mulheres que declararam possuir maior grau de escolaridade exibiram baixas prevalências de sobrepeso-obesidade; no caso dos homens, verificou-se o contrário. Dados de duas edições do Vigitel, de 2006 e 2016, também apontaram para menores prevalências de sobrepeso e obesidade em mulheres de maior nível educacional, enquanto nos homens o fator ‘educação’ não provocou o mesmo efeito.14

Um estudo que utilizou informações dos inquéritos Vigitel de 2006 e 2012, ao analisar a variação do peso corporal e a modificação do estado nutricional de brasileiros com mais de 20 anos, observou maior ganho de peso nas mulheres entrevistadas com maior grau de escolaridade. Pode-se atribuir este achado a fatores sociais, como mudanças nas relações de trabalho entre os gêneros e a incorporação de mulheres em ocupações profissionais de melhor remuneração e qualificação.15 Esses fatores exercem influência sobre o ganho de peso, relacionando-se diretamente com o aumento na aquisição e na ingestão de alimentos industrializados e de comida rápida.16

Menor prevalência de sobrepeso e obesidade foi observada nos homens que referiram consumir frutas regularmente. O consumo regular de alimentos saudáveis, como as frutas, previne as DCNTs, além de esses alimentos serem fontes de nutrientes, fibras e água. Uma alimentação baseada no consumo de alimentos saudáveis contribui para a estabilização do peso corporal ideal, além de contribuir para a melhora do bem-estar.17

A elevada prevalência de indivíduos com peso acima do recomendado também foi associada ao consumo de bebidas alcoólicas. Resultados semelhantes foram encontrados no Inquérito Nacional de Alimentação, realizado entre os anos de 2008 e 2009, quando o hábito de tomar bebidas alcoólicas apresentou associação positiva com o acúmulo de gordura corporal. Há, inclusive, a possibilidade de o consumo de álcool estar diretamente relacionado à ingestão de alimentos com alta densidade calórica.18

A menor prevalência do desfecho esteve associada aos entrevistados fumantes. Esse achado confirma dados do Vigitel 2015,19 no qual fumantes apresentaram menor prevalência de sobrepeso quando comparados a não fumantes. Esta relação inversa é atribuída à ação da nicotina, substância presente no cigarro: ela provoca a redução do apetite e o aumento da saciedade, levando à redução do peso corporal.20

Ademais a obesidade, sendo uma doença multifatorial, também está associada à redução do nível de atividade física, decorrente das mudanças nas formas de lazer, do aumento no uso de computadores, smartphones e tablets, e da televisão.21 Os resultados deste estudo vão ao encontro dessa mudança comportamental: identificou-se uma relação direta entre o sobrepeso e a obesidade e o maior tempo dedicado pelas mulheres a assistir à televisão.

O estudo permitiu constatar significativa associação do excesso de peso com a morbidade referida de pressão alta, para ambos os sexos. Relação positiva entre sobrepeso e obesidade e a hipertensão arterial também foi encontrada em um estudo sobre prevalência e fatores associados com hipertensão arterial entre adultos brasileiros.22 Indivíduos com obesidade apresentam até três vezes mais chances de desenvolver hipertensão arterial.23

Os resultados do presente trabalho mostraram associação significativa entre excesso de peso e morbidade referida de diabetes mellitus, independentemente do sexo. A PNS 2013, por sua vez, apontou forte associação entre sobrepeso e obesidade e o diabetes mellitus, embora com maior prevalência de diabetes em mulheres.9 Um estudo de revisão,24 ao buscar evidências sobre a relação entre o excesso de peso e o diabetes mellitus, constatou que o sobrepeso e a obesidade estão diretamente relacionados com o surgimento do diabetes tipo 2, e também com as implicações do desequilíbrio metabólico, nos níveis glicêmicos e no desenvolvimento de complicações.

O estudo revelou a autoavaliação do estado de saúde ruim ou muito ruim como um indicativo de maiores percentuais de excesso de peso entre as mulheres, resultado similar ao encontrado em uma pesquisa com adultos de uma cidade do estado de Santa Catarina.25 No inquérito domiciliar de base populacional de Belo Horizonte, Minas Gerais, observou-se associação significativa entre a autoavaliação de saúde como péssima, a baixa ingestão de alimentos saudáveis e o nível de atividade física inferior ao recomendado, comprovando que pessoas cuja autoavaliação de saúde é negativa podem apresentar baixa adesão a um modo de vida saudável.26

Conclui-se que o estudo permitiu conhecer a prevalência de excesso de peso e entender os principais fatores associados. Os resultados indicaram associação entre o sobrepeso e a obesidade e os fatores sociodemográficos, comportamentais e a situação de saúde dos entrevistados. O conhecimento desses fatores é relevante para a realização de estratégias intersetoriais, de incentivo a um estilo de vida saudável, priorizando as intervenções em saúde sobre fatores de risco modificáveis.

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Recebido: 17 de Outubro de 2020; Aceito: 02 de Março de 2021

Endereço para correspondência: Alana Paulina de Moura Sousa - Av. Frei Serafim, nº 2280, Teresina, PI, Brasil. CEP: 64000-020. E-mail: alanapaulina2012@gmail.com

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Contribuição dos autores

Se Sousa APM, Pereira IC e Rocha MR contribuíram na concepção e delineamento do estudo, interpretação dos dados, redação e revisão crítica do conteúdo do manuscrito. Araujo LL contribuiu na concepção e delineamento do estudo, análise e interpretação dos dados, redação e revisão crítica do conteúdo do manuscrito. Bandeira HMM e Lima LHO contribuíram na concepção e delineamento do estudo, redação e revisão crítica do conteúdo do manuscrito. Todos os autores aprovaram a versão final do manuscrito e são responsáveis por todos os seus aspectos, no sentido de garantir sua precisão e integridade.

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