Caras editoras,
Parabenizamos os autores do artigo ‘Custos das Autorizações de Internação Hospitalar por quedas de idosos no Sistema Único de Saúde, Brasil, 2000-2020: um estudo descritivo’, desenvolvido por Lima et al.1 e publicado na edição número 1, volume 31 desta revista. Trata-se de um trabalho muito bem escrito, de agradável leitura e, apesar de ser um estudo de macrocusteio ou top-down - e, portanto, com limitações na precisão, em se tratando de tecnologias em saúde - ele permite visualizar o panorama dos custos das quedas na população idosa brasileira.
Examinamos o estudo à luz da ferramenta de avaliação proposta por Silva et al.,2 descrita no artigo ‘Estudos de avaliação econômica de tecnologias em saúde: roteiro para análise crítica’. Entre os critérios de avaliação do roteiro proposto pertinentes ao tipo do estudo, consideramos que ele atende à maioria dos itens apontados pelos autores, tão clara é a qualidade metodológica da pesquisa.
Como sugestões a apresentar, embora os custos totais tenham sido ajustados segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acreditamos que seus valores poderiam ter sido convertidos para dólares, moeda menos volátil que o real. Igualmente, poderiam ter sido utilizados métodos de extrapolação dos resultados no longo prazo, dando-nos uma perspectiva do problema das quedas no futuro.
A leitura do artigo levou-nos a refletir sobre o papel da Atenção Primária à Saúde na redução dos custos com quedas de idosos, dada a existência de programas como Atenção Domiciliar e Atenção Farmacêutica, que podem atuar no sentido de se reduzir o tempo de hospitalização e na prevenção de quedas. Sugerimos que, em um próximo estudo, seja abordado o papel dessas iniciativas na redução dos impactos financeiros referentes às quedas.
Com base nos resultados apontados no artigo, concordamos com os autores, quando concluem que as quedas são, na maioria das vezes, acontecimentos evitáveis. Os gestores públicos, os profissionais da saúde e a sociedade em geral devem estar mais atentos a essas ocorrências e às condições da população idosa, elaborando estratégias e medidas de prevenção, não só em razão dos custos diretos, apontados pelo estudo, mas também dos custos diretos não médicos, indiretos e intangíveis que advêm desses agravos.