SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.31 número3Tendência temporal e perfil epidemiológico dos acidentes por animais peçonhentos no Brasil, 2007-2019Avaliação de exames histopatológicos do colo do útero diagnosticados como “outras neoplasias” no Sistema de Informação do Câncer, Brasil, 2013-2020: estudo descritivo índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

  • Não possue artigos citadosCitado por SciELO

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Epidemiologia e Serviços de Saúde

versão impressa ISSN 1679-4974versão On-line ISSN 2237-9622

Epidemiol. Serv. Saúde vol.31 no.3 Brasília  2022  Epub 04-Out-2022

http://dx.doi.org/10.1590/s2237-96222022000300011 

Artigo Original

Análise temporal da letalidade materna hospitalar no pós-parto segundo risco gestacional e via de parto, nas regiões do Brasil, 2010-2019

Análisis temporal de letalidad materna hospitalaria en el posparto según riesgo gestacional y vía de parto en las regiones de Brasil, 2010-2019

Bruna Depieri Michels (orcid: 0000-0003-0936-1171)1  , Concepção e desenho do estudo, Revisão da literatura, Coleta, análise e interpretação dos dados, Redação da primeira versão do manuscrito; Daniela Ferreira D'Agostini Marin (orcid: 0000-0001-5166-7778)1  , Concepção e desenho do estudo, Análise e interpretação dos dados, Redação e revisão crítica do conteúdo intelectual; Betine Pinto Moehlecke Iser (orcid: 0000-0001-6061-2541)2  , Concepção e desenho do estudo, Análise e interpretação dos dados, Redação e revisão do conteúdo intelectual

1Universidade do Sul de Santa Catarina, Faculdade de Medicina, Tubarão, SC, Brasil

2Universidade do Sul de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Tubarão, SC, Brasil

Resumo

Objetivo:

analisar a letalidade materna hospitalar pós-parto segundo risco gestacional e via de parto, no Sistema Único de Saúde, Brasil e macrorregiões, 2010-2019.

Métodos:

estudo ecológico de série temporal, com dados do Sistema de Informações Hospitalares; a letalidade materna hospitalar pós-parto considerou internações maternas com desfecho "óbito" sobre o total de internações/ano, segundo risco gestacional e via de parto, nas regiões.

Resultados:

houve 19.158.167 internações para parto e 5.110 óbitos no período analisado; a letalidade materna subiu de 1,1 (2010) para 1,9 óbito/10 mil internações (2019), em gestações de risco habitual após partos vaginais, e reduziu-se de 10,5 (2010) para 7,0 óbitos/10 mil internações (2019) em gestações de alto risco após cesarianas; o Centro-Oeste expressou a maior e o Sul a menor letalidade para gestações de alto risco.

Conclusão:

a letalidade hospitalar foi maior em gestações de alto risco, com diferenças segundo via de parto e regiões.

Palavras-chave: Mortalidade Materna; Parto; Período Pós-Parto; Estudos de Séries Temporais

Resumen

Objetivo:

analizar la letalidad materna hospitalaria posparto según riesgo gestacional y modalidad de parto por el Sistema Único de Salud en Brasil y regiones entre 2010-2019.

Métodos:

estudio de serie temporal ecológico con datos del Sistema de Información Hospitalario; la letalidad materna hospitalaria posparto consideró las hospitalizaciones maternas con resultado de óbito, por el total de hospitalizaciones por año.

Resultados:

hubo 19.158.167 admisiones por parto y 5.110 óbitos en el período; la letalidad materna aumentó de 1,10 (2010) a 1,9 muerte/10.000 (2019) en embarazos de riesgo habitual posparto vaginal y disminuyó de 10,5 a 7,0 muertes/10.000 en embarazos de alto riesgo después de cesáreas; el Centro-Oeste expresó la letalidad más alta y el Sur la más baja para embarazos de alto riesgo.

Conclusión:

la letalidad hospitalaria fue mayor en los embarazos de alto riesgo, con diferencias según el modo de parto y las regiones de Brasil.

Palabras clave: Mortalidad Materna; Parto; Período Posparto; Estudios de Series Temporales

Contribuições do estudo

Principais resultados

Verificou-se tendência de aumento da letalidade materna hospitalar pós-parto de gestantes de risco habitual no Brasil, entre 2010 e 2019. Disparidades regionais foram observadas. Gestações de alto risco apresentaram maior letalidades.

Implicações para os serviços

O estudo demonstra a importância da atenção ao risco gestacional nos sistemas de saúde, para que a assistência à mulher seja feita de forma adequada, focando nos impactos do risco gestacional, incluindo o óbito materno, no puerpério imediato.

Perspectivas

Ao se identificarem as diferenças no prognóstico de gestações de risco habitual e alto risco, pretende-se aprimorar informações destinadas aos profissionais de saúde para melhoria do atendimento no pré-natal e no pós-parto imediato, direcionando recursos.

Introdução

A mortalidade materna é um problema de saúde pública; e uma grave violação dos direitos humanos da mulher, principalmente pelo fato de a maior parte dos casos caracterizar-se como evento evitável.1

A redução da mortalidade materna, independentemente do risco gestacional, é uma das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização Mundial da Saúde (OMS) para 2030.2 Em 2019, no Brasil, a razão da mortalidade materna (RMM) era de 58 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos (NVs), valor quase duas vezes superior à meta estabelecida pela OMS para 2030, de 30 óbitos por 100 mil NVs.3

A assistência obstétrica brasileira é baseada em um modelo intervencionista, que já levou a uma “epidemia de cesariana”. Atualmente, o Brasil é o segundo país que mais realiza partos cirúrgicos no mundo, tendo este tipo de parto atingido a proporção de 55,8% dos partos ocorridos no país entre 2014 e 2017.4 Entretanto, estudos mostram maior risco de morte materna após cesarianas, quando comparado ao risco com partos vaginais, no país.5,6

A análise de informações sobre indicadores de mortalidade materna é essencial para conhecer o cenário de saúde da mulher e a assistência ofertada a ela, auxiliando nas decisões para reduzir suas causas e prevenir novos óbitos. Embora o indicador de RMM seja bastante utilizado, de acordo com a literatura nacional e internacional, pouca ênfase é dada ao óbito enquanto desfecho das internações para parto - uma fração da RMM, referente ao puerpério imediato e diretamente relacionada aos cuidados no momento do nascimento. Nesse contexto, o estudo teve como objetivo analisar a série temporal da letalidade materna pós-parto segundo risco gestacional e via de parto realizado, no Brasil e suas macrorregiões, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), entre 2010 e 2019.

Métodos

Trata-se de um estudo ecológico de séries temporais, que analisou a letalidade materna hospitalar pós-parto no Brasil, entre os anos de 2010 e 2019. Segundo dados do Censo Demográfico de 2010, a população total feminina em idade fértil (faixa etária de 15 a 49 anos, segundo a OMS),7 correspondia a 28% (53.669.289) da população brasileira. Foram registrados 29.157.184 nascidos vivos no período de 2010 a 2019, no Brasil, sendo 39% deles na região Sudeste, a mais populosa do país.8

O estudo utilizou dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), que registra todas as internações hospitalares realizadas pelo SUS no território nacional, em todas as cinco grandes regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro--Oeste, Sudeste e Sul), no período de 2010 a 2019. Estima-se que 80% dos partos realizados no país sejam realizados no âmbito do SUS.9 Os dados do SIH/SUS, disponibilizados no sítio eletrônico do Departamento de Informática do SUS (Datasus),10 foram acessados em 20 de dezembro de 2020, utilizando-se o aplicativo Tabnet.

A população do estudo foi composta por todas as gestantes que deram entrada para o parto em um hospital vinculado ao SUS (público ou privado conveniado). A análise incluiu as internações para parto, identificadas pelo Capítulo XV - Gravidez, parto e Puerpério - da Décima Revisão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10), sendo selecionados os procedimentos realizados: parto normal; parto normal em gestação de alto risco; parto cesariano; e parto cesariano em gestação de alto risco. A categorização do risco gestacional é realizada previamente, pelo profissional de saúde que atendeu a gestante. Segundo o Ministério da Saúde do Brasil,1 a condição de alto risco gestacional envolve uma análise individual que considere a história reprodutiva e clínica prévia, ademais de intercorrências clínicas/obstétricas na gestação atual, tais como obesidade com IMC > 40, abortamentos de repetição, restrição de crescimento ou óbito fetal, doenças prévias e/ou doenças infecciosas na gestação. Os dados de interesse coletados para o estudo foram (i) a internação materna para o parto (a partir das Autorizações de Internação Hospitalar [AIH] pelo SUS) e (ii) os óbitos maternos após o parto (número de internações que tiveram alta por óbito), segundo a classificação de risco gestacional e via de parto, por macrorregião do Brasil, em cada ano estudado.

A variável-desfecho de interesse do estudo foi o óbito após o parto, ou seja, no puerpério imediato, considerando-se o número de internações para o parto que tiveram alta por óbito. As variáveis independentes analisadas foram (i) o ano da internação (2010 a 2019), (ii) a região do país (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sul, Sudeste), (iii) o risco gestacional (alto risco, risco habitual) e (iv) a via de parto (vaginal, cesariana). O risco gestacional e a via de parto foram selecionados de acordo com a classificação: parto vaginal de alto risco, parto vaginal de risco habitual, parto cesariano de alto risco, parto cesariano de risco habitual.

O cálculo da letalidade materna hospitalar pós-parto foi realizado dividindo-se o número de internações maternas para parto que tiveram alta hospitalar por óbito pelo total de internações maternas para o parto, multiplicado por 10 mil, segundo ano e região.

Para análise da tendência temporal da letalidade materna hospitalar relacionada à via de parto e das relações tempo/evento no período 2010-2019, utilizou-se a análise de regressão linear generalizada pelo método de Prais-Winsten,11 calculando-se o coeficiente de determinação (R2) e a variação média anual dos valores das séries (coeficiente β). A variável-resposta (Yi) foi a letalidade materna hospitalar, em cada ano; e a variável explicativa (Xi), o ano do óbito. O valor do coeficiente angular (β) positivo/negativo representa a média anual de aumento/diminuição da letalidade materna, respectivamente, para cada ano analisado, e se expressa em pontos percentuais (p.p.) ao ano. Foi estimada a letalidade materna hospitalar média, como também seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%), visando comparar os indicadores de acordo com as características de interesse. O nível de significância foi de 5%.

O projeto do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Sul de Santa Catarina (CEP Unisul) em 22 de dezembro de 2020, sob Parecer nº 4.482.150. A base de dados utilizada é de domínio público e não está vinculada a dados individuais.

Resultados

No Brasil, o total de gestantes internadas para o parto, entre 2010 e 2019, foi de 19.158.167; foram registrados 5.110 óbitos após o parto, no mesmo período. Houve 17.137.656 internações para parto classificadas como gestação de risco habitual, e 2.020.511 internações (aproximadamente 12%) de gestantes de alto risco, conforme dados detalhados na Tabela 1.

Tabela 1 Número de internações e óbitos pós-parto registrados no Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS), segundo risco gestacional e via de parto, por macrorregiões, Brasil, 2010-2019 

Brasil e macrorregiões Risco habitual Alto risco gestacional
Parto vaginal Parto via cesariana Parto vaginal Parto via cesariana
Internações Óbitos Internações Óbitos Internações Óbitos Internações Óbitos
Brasil 10.618.496 1.522 6.519.160 2.101 792.592 378 1.227.919 1.109
Norte 1.345.161 310 800.707 325 53.320 43 101.225 114
Nordeste 3.543.874 540 2.053.375 604 306.758 186 435.899 465
Sudeste 319.167 117 2.183.128 702 319.167 117 509.262 415
Sul 88.894 16 916.743 285 88.894 16 125.403 49
Centro-Oeste 24.417 16 565.207 185 24.417 16 56.130 66

No Brasil, a letalidade hospitalar de gestantes de risco habitual, após cesarianas, foi de 3,2 óbitos por 10 mil, em 2010, e atingiu 3,6 por 10 mil em 2019, indicando estabilidade e taxa média durante o período de 3,2 (IC95% 2,9;3,6) óbitos por 10 mil. A região Norte foi a única a apresentar aumento significativo da letalidade hospitalar após parto via cesariana em gestação de risco habitual, passando de 3,4 óbitos por 10 mil internações para parto, em 2010, para 4,2 óbitos a cada 10 mil internações em 2019 (p-valor = 0,003). Considerando-se os partos vaginais de risco habitual realizados no país como um todo, a letalidade aumentou significativamente, de 1,1 óbito por 10 mil internações por parto, em 2010, para 1,9 em 2019 (p-valor = 0,001), conforme descrito na Tabela 2 e na Figura 1.

Legenda: CesBaixo: Cesarianas em gestações de risco habitual; CesAlto: Cesarianas em gestações de alto risco; NoBaixo: Parto normal em gestações de risco habitual; NoAlto: Parto normal em gestações de alto risco.

Figura 1 Tendência temporal da letalidade materna hospitalar pós-parto segundo risco gestacional e via de parto, por macrorregiões, Brasil, 2010-2019 

Tabela 2 Letalidade materna hospitalar (por 10 mil internações) pós-parto em gestações de risco habitual durante a internação hospitalar, por período, de acordo com a via de parto e as macrorregiões, Brasil, 2010-2019 

Ano Gestação de risco habitual
Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Cesariana Vaginal Cesariana Vaginal Cesariana Vaginal Cesariana Vaginal Cesariana Vaginal Cesariana Vaginal
2010 3,2 1,1 3,4 1,3 2,9 1,4 3,3 0,9 4,4 0,7 2,5 1,0
2011 3,0 1,1 3,8 1,1 2,7 1,3 2,8 1,1 3,6 0,7 3,0 1,4
2012 3,0 1,1 3,2 1,7 3,0 1,3 2,7 0,9 3,4 0,9 3,0 0,7
2013 2,6 1,1 5,0 1,0 2,4 1,7 2,1 0,8 2,1 0,4 3,2 0,8
2014 2,6 0,8 3,0 0,9 2,5 0,8 2,5 0,7 2,6 0,4 2,6 0,9
2015 3,2 1,8 3,3 2,8 3,1 2,0 3,3 1,1 2,9 2,5 3,1 1,6
2016 4,2 2,3 5,7 6,4 3,2 1,4 4,3 1,4 3,9 3,1 5,5 2,0
2017 3,3 1,5 4,0 2,6 2,9 1,8 3,8 1,1 2,8 1,1 2,2 0,8
2018 3,6 1,8 5,0 2,8 3,3 1,8 3,5 1,7 3,8 1,4 3,0 2,0
2019 3,6 1,9 4,2 2,8 3,7 2,1 3,9 1,7 1,8 1,4 4,5 1,6
Média 3,2 1,5 4,0 2,3 2,9 1,5 3,2 1,1 3,1 1,3 3,3 1,3
IC95%a 2,9;3,6 1,1;1,8 3,4;4,7 1,2;3,5 2,7;3,2 1,3;1,8 2,7;3,7 0,9;1,4 2,6;5,9 0,6;1,9 2,6;3,9 0,9;1,6
βb 0,08 0,11 0,14 0,28 0,09 0,08 0,10 0,08 -0,45 0,12 0,12 0,09
p-valor 0,100 0,001 0,003 0,040 0,060 < 0,001 0,238 0,040 0,02 0,112 0,009 0,021

a) IC95%: Intervalo de confiança de 95%; b) β: Coeficiente beta da regressão, indicando a variação da letalidade em pontos percentuais (p.p.) ao ano.

No que concerne às gestações de risco habitual, as regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste acompanharam a tendência de aumento da letalidade hospitalar após partos vaginais, no âmbito nacional, no período de estudo. Na região Norte, igualmente, observou-se elevação da letalidade por essa via de parto, de 1,3 óbito por 10 mil internações, em 2010, para 2,8 por 10 mil em 2019 (média de 2,3 no período; IC95% 1,2;3,5), enquanto, na região Nordeste, a elevação foi de 1,4 (2010) para 2,1 (2019) e a média de 1,5; IC95% 1,3;1,8. Na região Centro-Oeste, houve aumento da letalidade materna, de 1,0 por 10 mil internações para parto (2010) para 1,6 (2019), e média de 1,3 (IC95% 0,9;1,6) por 10 mil. Na região Sudeste, o indicador que era de 0,9 em 2010, passou a 1,7 em 2019, com média de 1,1 (IC95% 0,9;1,4). Na região Sul, que já exibia valores mais baixos, a letalidade hospitalar manteve-se estável ao longo de todo o período.

Em relação às gestações de alto risco, a letalidade após cesarianas no Brasil, que era de 10,5 óbitos por 10 mil internações para parto, em 2010, reduziu-se para 7,0 por 10 mil em 2019, com média de 9,2 (IC95% 8,5;9,9) no período (Tabela 3). Apesar da redução, a maior letalidade após o parto no período, no Brasil e em todas as suas regiões, continua sendo para as gestações de alto risco e após parto via cesariana (Tabela 3 e Figura 1).

Tabela 3 Letalidade materna hospitalar (por 10 mil internações) pós-parto em gestações de alto risco durante a internação hospitalar, por período, de acordo com a via de parto e as macrorregiões, Brasil, 2010-2019 

Ano Gestações de alto risco
Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Cesariana Vaginal Cesariana Vaginal Cesariana Vaginal Cesariana Vaginal Cesariana Vaginal Cesariana Vaginal
2010 10,5 4,1 16,7 9,6 10,9 3,8 9,8 3,5 6,9 5,7 9,5 0,0
2011 9,7 3,2 9,8 0,0 10,6 3,5 9,1 3,5 7,6 2,0 10,4 8,3
2012 8,8 4,4 11,4 5,9 9,2 4,6 7,8 4,1 6,8 0,0 14,0 15,3
2013 9,4 3,9 9,1 4,4 12,1 3,8 8,1 4,4 1,2 1,9 13,8 4,5
2014 9,3 2,5 9,8 4,6 10,7 2,1 8,6 2,7 2,4 0,0 16,1 8,5
2015 8,7 4,1 5,2 3,6 12,1 4,7 7,6 3,8 2,6 1,2 13,9 10,5
2016 10,3 4,1 12,7 3,0 11,6 6,0 9,6 2,8 6,0 2,8 13,4 7,3
2017 9,5 5,6 11,7 22,9 9,7 6,7 10,4 3,0 3,9 2,5 9,5 0,0
2018 8,4 6,9 12,7 10,3 11,8 13,8 6,1 2,7 3,7 0,7 8,7 8,1
2019 7,0 6,6 13,4 10,1 8,4 8,5 5,6 6,5 2,2 1,8 10,4 5,6
Média 9,2 4,5 11,2 7,4 10,7 5,7 8,3 3,7 4,3 1,9 12,0 6,8
IC95%a 8,5;9,9 3,5;5,5 9,1;13,4 2,9;12,0 9,8;11,6 3,3;8,2 7,2;9,4 2,9;4,5 2,7;5,9 0,7;3,0 10,1;13,8 3,5;10,1
βb -0,29 0,31 -0,09 0,99 -0,06 0,78 -0,32 0,13 -0,45 -0,27 0,08 -0,07
p-valor 0,004 0,050 0,853 0,122 0,680 0,048 0,160 0,558 0,018 0,403 0,878 0,915

a) IC95%: Intervalo de confiança de 95%; b) β: Coeficiente beta da regressão, indicando a variação da letalidade em pontos percentuais (p.p.) ao ano.

Em relação às macrorregiões, o Sul foi a única a apresentar redução significativa da letalidade materna hospitalar pós-parto, após cesariana de gestações de alto risco, passando de 6,9 óbitos por 10 mil internações, em 2010, para 2,2 em 2019 (p-valor = 0,018). A região Centro-Oeste foi onde se observou a maior letalidade hospitalar entre as mulheres com alto risco gestacional, especialmente após cesarianas: 12,0 (IC95% 10,1;13,8), uma média superior à média nacional e às do Sudeste e do Sul. A propósito, a região Sul foi a que apresentou a menor letalidade hospitalar para gestações de alto risco no Brasil, após cesarianas (4,3; IC95% 2,7;5,9), ou após parto vaginal (1,9; IC95% 0,7;3,0).

Em relação à letalidade hospitalar após partos vaginais de alto risco, a medida nacional foi de 4,1 óbitos por 10 mil internações, em 2010, e de 6,6 em 2019, com média de 4,5 (IC95% 3,5;5,5) no período. O Nordeste foi a única região com tendência de aumento, tendo passado de 3,8 (2010) para 8,5 óbitos por 10 mil internações para parto (2019), com média de 5,7 (IC95% 3,3;8,2).

Ao se comparar a letalidade hospitalar pós-parto média por risco gestacional no Brasil, entre 2010 e 2019, ela foi maior em gestantes de alto risco, após parto via cesariana (9,2; IC95% 8,5;9,9) e parto vaginal (4,5; IC95% 3,5;5,5), seguindo-se as gestações de risco habitual após cesarianas (3,2; IC95% 2,9;3,6); e a menor letalidade hospitalar materna foi identificada após parto vaginal em gestantes de risco habitual (1,5; IC95% 1,1;1,8). Este padrão nacional foi semelhante ao verificado nas regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste, cujas médias de letalidade variaram de 2,9 a 3,3 óbitos por 10 mil internações para parto via cesariana, e de 1,1 a 1,5 óbito por 10 mil internações para parto vaginal, entre gestantes de risco habitual; nessas mesmas regiões, para partos de alto risco gestacional, as médias de letalidade variaram de 8,3 a 12,0 óbitos por 10 mil internações para parto via cesariana, e de 3,7 a 6,8 óbitos por 10 mil internações para parto vaginal. Por sua vez, na região Sul, as gestantes de alto risco e cujo parto foi cesariano foram as que apresentaram maior letalidade pós-parto (4,3; IC95% 2,7;5,9), seguidas - na mesma região Sul - das gestantes com risco habitual e parto via cesariana (3,1; IC95% 2,6;5,9). Na região Sul, a maior letalidade ocorreu após partos cesarianos, independentemente do risco gestacional, e as menores medidas, após o parto vaginal, igualmente sem diferenças significativas de acordo com o risco gestacional. Na região Norte, houve diferença estatisticamente significativa apenas quanto aos óbitos após cesarianas de alto risco (11,2; IC95% 9,1;13,4), cuja letalidade foi maior quando comparada à letalidade após partos vaginais e cesarianos de risco habitual.

Discussão

Neste estudo, verificou-se tendência de aumento da letalidade hospitalar após o parto vaginal de gestantes de risco habitual, ademais de redução da letalidade após parto cesariano de mulheres de alto risco gestacional, no Brasil, entre 2010 e 2019. As gestações de alto risco evidenciaram as maiores taxas de letalidade no país, independentemente da via de parto. A análise segundo macrorregiões mostrou que o Sul foi a única região nacional a apresentar redução da letalidade materna hospitalar entre as gestantes de alto risco que realizaram parto via cesariana.

A tendência de aumento da letalidade materna após o parto em gestações de risco habitual encontrada no estudo não foi concordante com os dados de mortalidade materna publicados no mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde,3 que considera os óbitos durante a gestação e até 42 dias após o parto. Na consulta ao boletim citado, observa-se uma tendência decrescente da mortalidade materna entre 1990 e 2019, com redução da declínio a partir de 2001. Pode-se sugerir que, apesar da redução da mortalidade durante a gestação e puerpério tardio (até 42 dias), ocorreu um aumento no número de óbitos maternos logo após o parto, ainda durante a internação hospitalar, caracterizando a letalidade hospitalar pós-parto avaliada neste estudo. Os primeiros dias do puerpério correspondem ao período em que ocorre o maior número de hemorragias pós-parto, sendo esta a principal causa de morte materna no mundo nos últimos 25 anos.12 Óbitos por hemorragia pós-parto estão fortemente relacionados a problemas no manejo obstétrico da hemorragia e disfunções organizacionais/estruturais no hospital-maternidade, contribuindo para o atraso no manejo do sangramento puerperal.13 Evidencia-se a importância da incorporação de protocolos que previnam a hemorragia pós-parto no Brasil, como forma de reduzir a morte materna no puerpério precoce.

Entretanto, destaca-se que, para atingir a meta de redução da mortalidade materna pactuada pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) até 2015, o Ministério da Saúde, em 2008, intensificou a vigilância do óbito materno, a fim de melhorar as informações sobre as causas de morte entre puérperas.14 Foram definidas diretrizes, como a descentralização das ações de vigilância de óbito e a atuação integrada e articulada da vigilância e da assistência das três instâncias de gestão do SUS.15 A partir da investigação e do uso de fatores de correção, o Brasil apresentou um aumento de óbitos entre mulheres em idade fértil da ordem de 26%, em 2009, e de 29% em 2017.14 Ressalta-se que um aumento no número de óbitos no período pode ser influenciado por melhorias no registro e não apenas por piores resultados maternos. De qualquer forma, o país não atingiu a meta de redução da mortalidade materna acordada para 2015, alcançando um valor muito superior (62 óbitos maternos por 100 mil NVs) ao estipulado nos ODM, de 35,8 por 100 mil NVs.14

Ao contrário das gestações de risco habitual no Brasil, os óbitos relacionados às gestações de alto risco apresentaram estabilidade no período estudado, considerando-se os partos vaginais; e redução, considerando-se os partos cesarianos. Em concordância com o dado observado, o ministério publicou nota relatando que a assistência pré-natal e puerperal oferecida pelo SUS tem levado a uma redução do número de óbitos maternos por hipertensão arterial, hemorragia e síndromes infecciosas, patologias muitas vezes relacionadas a gestações de alto risco.16

Além disso, a região Sul foi a única a ter redução da letalidade hospitalar em algum subgrupo estudado, dentro do grupo de cesarianas de alto risco. Os três estados pertencentes ao Sul estão entre os cinco com maior índice de desenvolvimento humano (IDH) do país,17 o que pode ter contribuído para uma melhor assistência ao parto e puerpério naquela região. Em consonância com esse achado, um estudo realizado na Suíça, país com o 3º melhor IDH do mundo,18 também encontrou redução da mortalidade após cesarianas, no período entre 2005 e 2014.19

As diferenças entre as macrorregiões observadas neste estudo foram acentuadas. Na região Nordeste, houve aumento da letalidade nas internações de gestantes que realizaram parto vaginal, independentemente do risco gestacional, enquanto, na região Sul, observou-se redução da letalidade de gestantes de alto risco submetidas a cesariana. Um estudo de avaliação da RMM realizado no Brasil, no período entre 1997 e 2012, encontrou aumento na região Nordeste e diminuição na região Sul, durante aqueles anos.20 Nesse contexto, sugere-se que as diferenças socioeconômicas e de qualidade da assistência ao parto entre as regiões são importantes influenciadores da mortalidade materna. O Nordeste apresenta o maior percentual de analfabetismo21 entre as cinco regiões, e seus municípios, alguns dos piores índices de vulnerabilidade socioeconômica do país,22 além do que, habitantes de regiões menos desenvolvidas tendem a ter maior dificuldade de acesso e utilização dos serviços de saúde.23

As maiores letalidades pós-parto ocorreram após cesarianas de gestações de alto risco. Em se tratando do risco gestacional, o Ministério da Saúde considera as consequências da gravidez de alto risco como algumas das principais causas de morte materna no mundo.1 É fato que gestações de alto risco aumentam as taxas de cesarianas, principalmente em casos de risco iminente de morte materna. Contudo, ressalta-se que a gestação de alto risco não é indicação absoluta de parto cesariano e, portanto, o profissional encarregado de auxiliar o parto deve avaliar previamente as condições da mulher. Dependendo de cada caso, é possível aguardar o início do parto espontâneo ou realizar indução por via vaginal.24

As gestantes de alto risco apresentaram maior letalidade hospitalar pós-parto do que as gestantes de risco habitual, independentemente da via de parto. Apesar da indicação de monitoramento mais frequente durante o pré-natal de alto risco,1 presume-se que nem todas as condições sejam adequadamente controladas, permanecendo um risco aumentado de complicações e óbitos para as mulheres com condições preexistentes. O Sul foi o único a expressar um padrão diferente do Brasil: naquela região, as gestantes de risco habitual submetidas a cesariana tiveram a segunda maior letalidade após o parto. O pré-natal realizado no Sul do país é considerado três vezes mais acessível, comparado ao mesmo serviço prestado nas demais regiões brasileiras, e apresenta os maiores níveis de orientação às gestantes sobre os riscos gestacionais.25 Dessa forma, sugere-se que, na região mais meridional do Brasil, a maior qualidade da assistência pré-natal, aliada à maior escolaridade da população, pode ter facilitado o controle de comorbidades entre as gestantes, reduzindo os óbitos por doenças e destacando os óbitos decorrentes do procedimento cirúrgico.

O estudo também apontou um risco maior para a mulher ir a óbito quando a via de parto foi a cesariana, na comparação com o parto vaginal, independentemente do risco gestacional. No entanto, ressalta-se que a maior ocorrência de óbito após cesariana pode estar associada à indicação do parto cirúrgico e não diretamente ao procedimento, uma vez que condições de sofrimento materno-fetal agudo podem determinar a escolha da cesariana como a forma mais rápida de resolver a condição.1 Todavia, o parto cesariano aumenta o risco de infecção cirúrgica em cinco vezes, sendo a sepse uma das maiores causas de morte materna no mundo, com aumento do risco de morte em 3,5 vezes.26 Uma coorte brasileira também relacionou o excesso de cesarianas a um maior risco de desfechos desfavoráveis para a puérpera: risco 56% maior de complicações precoces, 79% maior de infecção urinaria, e 2,98 vezes mais chances de infecção pós-parto.5 Uma revisão sistemática, realizada na América Latina, encontrou maior risco de óbito após cesarianas, frente ao parto vaginal [odds ratio (OR) de 1,6 para 7,08].6 No Brasil, a popularização da cesariana faz com que o parto cirúrgico em mulheres com risco obstétrico habitual chegue a mais de 45,5%.27 A cesariana é uma opção importante na obstetrícia, principalmente em condições de emergências obstétricas que necessitam de uma resolução rápida da gestação, e em condições nas quais o parto vaginal está contraindicado; entretanto, por ser um procedimento cirúrgico e dado o risco de complicações, o parto via cesariana deve-se realizar mediante indicações patológicas adequadas.28

Como limitações deste estudo, cumpre mencionar aquelas inerentes ao uso de dados secundários, influenciados pela qualidade do registro feito pelo profissional que realizou o atendimento, ao caracterizar e registrar o risco gestacional e a via de parto. Ademais, por se tratar de um estudo ecológico, há um propósito exploratório a partir de dados agregados, sem que uma relação de causa-efeito possa ser definida. Ressalta-se que foram avaliados os óbitos de mulheres durante a internação para o parto, ou seja, em nível hospitalar. Dessa forma, o estudo não reflete a totalidade dos óbitos maternos decorrentes de trabalhos de parto, principalmente aqueles realizados em ambientes inseguros e/ou sem assistência médica adequada, embora estes representem cerca de 0,6% dos partos.29

Importante destacar que foram avaliados os óbitos maternos ocorridos após o parto e tão somente durante o tempo de internação hospitalar, não englobando os 42 dias de pós-parto avaliados no indicador de mortalidade materna da OMS. Além disso, não foram contabilizados óbitos maternos após abortamento ou outras causas não registradas no sistema como decorrentes de internação para parto, tampouco foram avaliados os dados específicos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Assim, os dados aqui apresentados não são totalmente comparáveis às RMMs, estas, de fato, mais exploradas na literatura científica, limitando a relação com as evidências sobre o assunto. Finalmente, o baixo número de publicações sobre a letalidade materna decorrente do parto segundo o risco gestacional fortalece a contribuição deste estudo para a compreensão da atenção à saúde da mulher no momento do parto. No sentido de aprimorar os dados relativos ao óbito materno no pós-parto imediato, sugere-se, como próxima etapa, o cálculo das taxas de mortalidade a partir da vinculação dos dados do SIH/SUS com os de outros sistemas de informações em saúde, a exemplo do SIM e do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc).

Este estudo mostra uma tendência de aumento da letalidade hospitalar pós-parto de gestantes de risco habitual que realizaram parto vaginal no Brasil, no período entre 2010 e 2019. Disparidades regionais foram observadas, principalmente da região Sul, comparada às demais. As gestações de alto risco apresentaram as maiores letalidades no Brasil, com a maior proporção ocorrendo após cesarianas.

Referências

1. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. Manual de gestação de alto risco (Internet). Brasília: Ministério da Saúde; 2022 (citado 2022 Set 16). 659 p. Disponível em: https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/uploads/2022/03/manual_gestacao_alto_risco.pdfLinks ]

2. Organização das Nações Unidas. Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (Internet). Brasília: Organização das Nações Unidas; 2015 (citado 2022 Mai 05). 49 p. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/91863-agenda-2030-para-o-desenvolvimento-sustentavelLinks ]

3. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Mortalidade proporcional por grupos de causas em mulheres no Brasil em 2010 e 2019. Bol Epidemiol. 2021;52:(29):1-12 [ Links ]

4. Rudey EL, Leal MC, Rego G. Cesarean section rates in Brazil: Trend analysis using the Robson classification system. Medicine. 2020;99(17):e19880. doi: 10.1097/MD.0000000000019880 [ Links ]

5. Mascarello KC, Matijasevich A, Santos IDS, Silveira MF. Early and late puerperal complications associated with the mode of delivery in a cohort in Brazil. Rev Bras Epidemiol. 2018;21:e180010. doi: 10.1590/1980-549720180010 [ Links ]

6. Fahmy WM, Crispim CA, Cliffe S. Association between maternal death and cesarean section in Latin America: A systematic literature review. Midwifery. 2018: 59:88-93. doi: 10.1016/j.midw.2018.01.009 [ Links ]

7. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. População residente Brasil, 2010 (Internet). Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2021 (citado 2022 Jun 20). Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?ibge/cnv/popuf.def Links ]

8. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Nascidos vivos por ano, por região do Brasil. Sistema de informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) (Internet). Brasilia: Ministério da Saúde; 2020 (citado 2022 Jun 16). Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sinasc/cnv/nvuf.def Links ]

9. Leal MC, Torres JA, Domingues RMSM, Theme Filha MM, Bittencourt S, Dias MAB, et al. Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre parto e nascimento. Sumário Executivo Temático no Brasíl (Internet). Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca; 2014 (citado 2022 Jul 13). 8p. Disponível em: http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/arquivos/anexos/nascerweb.pdf Links ]

10. Ministério da Saúde (BR). Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Informações de Saúde (Tabnet). Procedimentos hospitalares do SUS - por local de internação - Brasil (Internet). Brasília: Ministério da Saúde; 2022 (citado 2022 Ago 31). Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sih/cnv/qiuf.defLinks ]

11. Antunes JLF, Cardoso MRA. Uso da análise de séries temporais em estudos epidemiológicos. Epidemiol Serv Saude. 2015;24(3):565-76. doi: 10.5123/S1679-49742015000300024 [ Links ]

12. Say L, Chou D, Gemmill A, Tunçalp Ö, Moller AB, Daniels J, et al. Global causes of maternal death: A WHO systematic analysis. Lancet Glob Heal. 2014;2(6):e323-33. doi: 10.1016/S2214-109X(14)70227-X [ Links ]

13. Organização Pan-Americana da Saúde. Recomendações assistenciais para prevenção, diagnóstico e tratamento da hemorragia obstétrica (Internet). Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde; 2018 (citado 2022 Mai 05). 80 p. Disponível em: http://iris.paho.org/xmlui/bitstream/handle/123456789/34879/9788579671241-por.pdf?sequence=1&isAllowed=yLinks ]

14. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. Saúde Brasil 2019 uma análise da situação de saúde com enfoque nas doenças imunopreveníveis e na imunização (Internet). Brasília: Ministério da Saúde; 2019 (citado 2022 Mai 05). 524 p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_brasil_2019_analise_situacao.pdf Links ]

15. Nardi ACF, Malta DC, Souza MFM, Duarte E, Ferreira HL, Duarte EC, et al. Saúde Brasil 2014: uma análise da situação de saúde e das causas externas. Epidemiol Serv Saude. 2015;24(4):803-04. doi: 10.5123/S1679-49742015000400024 [ Links ]

16. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas. Brasil registra queda nas mortes de gestantes por hipertensão e hemorragia (Internet). Brasília: Ministério da Saúde; 2019 (citado 2021 Out 3). Disponível em: https://aps.saude.gov.br/noticia/12496Links ]

17. Organização das Nações Unidas. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Atlas Brasil (Internet). Brasília: Organização das Nações Unidas; 2020 (citado 2021 Out 9). Disponivel em: http://www.atlasbrasil.org.br/ranking Links ]

18. Selim J, Eva J, Mukherjee S, Bonini A, Calderon C, Cazabat C, et al. Relatório do Desenvolvimento Humano 2015. O Trabalho como Motor do Desenvolvimento Humano. New York: Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento; c2015. 310 p. [ Links ]

19. Perotto L, Zimmermann R, Quack Lötscher KC. Maternal mortality in Switzerland 2005-2014. Swiss Med Wkly. 2020;150:w20345. doi: 10.4414/smw.2020.20345 [ Links ]

20. Rodrigues ARM, Cavalcante AES, Viana AB. Mortalidade materna no Brasil entre 2006-2017: análise temporal (Internet). ReTEP. 2019 (citado 2022 Jun 10);11(1):3-9. Disponível em: http://www.coren-ce.org.br/wp-content/uploads/2020/01/Mortalidade-materna-no-Brasil-entre-2006-2017-an%C3%A1lise-temporal-final.pdfLinks ]

21. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Educação 2019. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD 2016-2019) (Internet). Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2020 (citado 2022 Set 01).16 p. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101736_informativo.pdf Links ]

22. Ministério da Economia (BR). Instituto de Pesquisa Econômica. Atlas da Vulnerabilidade Social nos Municípios Brasileiros (Internet). Brasília: Ministério da Economia; 2015(citado 2022 Set 02). 77 p. Disponível em: http://www.ipea.gov.br Links ]

23. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de Indicadores Sociais - Uma análise das condições de vida da população brasileira (Internet). Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2013 (citado 2022 Set 13). 266 p. Disponível em: https://bit.ly/3Cyr0iuLinks ]

24. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual Técnico Gestação de Alto Risco (Internet). Brasília: Ministério da Saúde; 2010 (citado 2022 set 13). 302 p. Disponível em: https://bit.ly/3g7WUuGLinks ]

25. Viellas EF, Domingues RMSM, Dias MAB, Gama SGN, Theme Filha MM, Costa JV, et al. Prenatal care in Brazil. Cad Saude Publica. 2014;30(Supl 1):85-100. doi: 10.1590/0102-311X00126013 [ Links ]

26. Liu S, Liston RM, Joseph KS, Heaman M, Sauve R, Kramer MS, et al. Maternal mortality and severe morbidity associated with low-risk planned cesarean delivery versus planned vaginal delivery at term. CMAJ. 2007;176(4):455-60. doi: 10.1503/cmaj.060870 [ Links ]

27. Leal MC, Pereira APE, Domingues RMSM, Theme Filha MM, Dias MAB, Nakamura-Pereira M, et al. Intervenções obstétricas durante o trabalho de parto e parto em mulheres Brasileiras de risco habitual. Cad Saude Publica.2014;30(Supl 1):17-32. doi: 10.1590/0102-311X00151513 [ Links ]

28. Molina G, Weiser TG, Lipsitz SR, Esquivel MM, Uribe-Leitz T, Azad T, et al. Relationship between cesarean delivery rate and maternal and neonatal mortality. JAMA. 2015;314(21):2263-70. doi: 10.1001/jama.2015.15553 [ Links ]

29. Guimarães NM, Freitas VCS, Senzi CG, Frias DFR, Gil GT, Lima LDSC, et al. Childbirths Under the Unified Health System (Sus) of Brazil: Prevalence and Profile of Parturients. Brazilian J Dev. 2021;7(2):11942-58. doi: 10.34117/bjdv7n2-019 [ Links ]

Recebido: 21 de Junho de 2022; Aceito: 15 de Setembro de 2022

Correspondência Bruna Depieri Michels bruna.michelss@hotmail.com

Editora associada

Cristine Bonfim - https://orcid.org/0000-0002-4495-9673

Conflitos de interesse

As autoras declararam não haver conflitos de interesse.

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons