SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.31 número3Anos potenciais de vida perdidos por aids no sexo feminino, no Sul do Brasil: estudo descritivo, 2007-2017Distribuição espacial e incidência de casos de HIV/aids em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, 2001 a 2020 índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

  • Não possue artigos citadosCitado por SciELO

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Epidemiologia e Serviços de Saúde

versão impressa ISSN 1679-4974versão On-line ISSN 2237-9622

Epidemiol. Serv. Saúde vol.31 no.3 Brasília  2022  Epub 11-Out-2022

http://dx.doi.org/10.1590/s2237-96222022000300017 

Artigo original

Características e tendência temporal das taxas de mortalidade de crianças e adolescentes em Mato Grosso e no Brasil, 2009 a 2020

Características y tendencia temporal de la mortalidad en niños y adolescentes en Mato Grosso y Brasil, 2009 a 2020

Mônia Maia de Lima (orcid: 0000-0002-5481-4726)1  , Concepção do manuscrito, Análise e interpretação dos dados, Redação do artigo, Revisão crítica relevante do conteúdo intelectual; Alexsandra Rodrigues de Mendonça Favacho (orcid: 0000-0002-4950-2357)1  , Concepção do manuscrito, Análise e interpretação dos dados, Redação do artigo, Revisão crítica relevante do conteúdo intelectual; Reinaldo Souza-Santos (orcid: 0000-0003-2387-6999)2  , Concepção do manuscrito, Análise e interpretação dos dados, Redação do artigo, Revisão crítica relevante do conteúdo intelectual; Silvana Granado Nogueira da Gama (orcid: 0000-0002-9200-0387)3  , Concepção do manuscrito, Análise e interpretação dos dados, Redação do artigo, Revisão crítica relevante do conteúdo intelectual

1Fundação Oswaldo Cruz, Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Equidade e Saúde Pública, Campo Grande, MS, Brasil

2Escola Nacional de Saúde Pública, Departamento de Endemias Samuel Pessoa, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

3Escola Nacional de Saúde Pública, Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

Resumo

Objetivo:

analisar as características e a tendência temporal das taxas de mortalidade na população de 5 a 14 anos em Mato Grosso e no Brasil, no período de 2009 a 2020.

Métodos:

estudo ecológico de série temporal, sobre dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade. As análises foram descritivas e de tendência, utilizando-se o modelo de regressão por pontos de inflexão (joinpoint) com cálculo da variação média no período (VMP).

Resultados:

no Brasil e em Mato Grosso, os óbitos foram predominantemente masculinos, evitáveis e por causas externas. Foi identificada tendência decrescente no Brasil (5 a 9 anos VMP: -2,9; IC95% -4,3;-1,6 e 10 a 14 anos VMP: -2,5; IC95% -3,3;-1,8) e estacionária em Mato Grosso (5 a 9 anos VMP: -2,0; IC95% -5,6;1,7 e 10 a 14 anos VMP: -0,1; IC95% -5,9;6,1).

Conclusão:

a tendência estável da mortalidade em patamares elevados demanda intervenções urgentes, visando a sua redução.

Palavras-chave: Mortalidade; Estudos de Séries Temporais; Causas de Morte; Causas Externas; Acidentes de Transporte

Resumen

Objetivo:

analizar las características y la tendencia temporal de las tasas de mortalidad en la población de 5 a 14 años en Mato Grosso y Brasil, desde 2009 hasta 2020.

Métodos:

estudio ecológico de serie temporal, sobre datos del Sistema de Información de Mortalidad. Se realizaron análisis descriptivos y de tendencia, utilizando el modelo de regresión por puntos de inflexión (joinpoint) y el cálculo de la variación media del periodo (VMP).

Resultados:

en Brasil y Mato Grosso, las muertes fueron predominantemente masculinas, evitables y por causas externas. Se identificó una tendencia decreciente en Brasil (5 a 9 años VPP: -2,9; IC95% -4,3;-1,6 y 10 a 14 años VMP: -2,5; IC95% -3,3;-1,8) y una tendencia estacionaria en Mato Grosso (5 a 9 años VMP: -2,0; IC95% -5,6;1,7 y 10 a 14 años VMP: -0,1; IC95% -5,9;6,1).

Conclusión:

la tendencia estacionaria de la mortalidad en niveles altos exige intervenciones urgentes orientadas a reducirla.

Palabras clave: Mortalidad; Estudios de Series Temporales; Causas de Muerte; Causas Externas; Accidentes de Transporte

Contribuições do estudo

Principais resultados

Foi elevada a magnitude dos óbitos no sexo masculino, dos evitáveis e por causas externas, em Mato Grosso e no Brasil. No estado, a tendência de mortalidade nas faixas de idade de 5 a 9 e de 10 a 14 anos apresentou estabilidade, e foi decrescente no Brasil.

Implicações para os serviços

A morbimortalidade relacionada às causas externas sobrecarrega os atendimentos de emergência e reabilitação. Óbitos por estas causas, considerados evitáveis, levam a potenciais anos de vida perdidos, com consequências epidemiológicas, sociais e econômicas.

Perspectivas

São imprescindíveis intervenções multifatoriais para a redução dos fatores de risco. Políticas preventivas, de acidentes de trânsito, em especial, são inadiáveis e capazes de provocar mudanças importantes na tendência de mortalidade.

Introdução

A inclusão da mortalidade de crianças menores de 5 anos, denominada mortalidade na infância, entre as metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), de 1990 a 2015, e dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), propostos até 2030, aponta sua relevância como indicador da situação de saúde da população. Seu monitoramento norteia o desenvolvimento de estratégias de redução do adoecimento e dos óbitos nessa faixa etária.1

Para além dos esforços direcionados à redução da taxa de mortalidade na infância, a mortalidade na população dos 5 aos 14 anos também merece destaque, por aí se incluírem óbitos majoritariamente evitáveis.2,3,4 Entre 1990 e 2016, o risco de morte para a faixa etária de 5 a 14 anos foi reduzido em 51% em todo o mundo, tendo esta tendência sofrido desaceleração nos anos 2000. Neste período, a queda dos óbitos entre 5 e 9 anos foi maior em comparação àqueles na faixa de 10 a 14 anos.3

As causas externas, especialmente os acidentes de trânsito, foram as principais responsáveis pelas mortes na faixa etária de 5 a 14 anos na Europa, de 1990 a 2016.5 Nos países de baixa e média renda, além das causas externas, câncer, doenças respiratórias, neurológicas e infecciosas têm se destacado como causas de óbitos dessa faixa etária.2

Estudo conduzido na Índia, China, México e Brasil, onde foram analisadas características e tendências de mortalidade dos 5 aos 14 anos, entre 2005 e 2016, apontou semelhanças destes óbitos quanto às principais causas básicas e à proporção de óbitos por causas mal definidas. Contudo, foram evidenciadas variações entre a ordem e a proporção das causas de morte, da faixa etária de 5 a 9 em relação à de 10 a 14 anos, entre os sexos e os países de estudo.2

De 2009 a 2020, 867.548 brasileiros menores de 20 anos perderam suas vidas. Apesar de representar em torno de 12% do total de óbitos da população, o grupo de 5 a 14 anos corresponde a cerca de 100 mil óbitos, majoritariamente classificados como evitáveis, segundo a Lista de Causas de Mortes evitáveis (5 a 74 anos de idade) por intervenções do Sistema Único de Saúde do Brasil (SUS).6,7

Ainda entre os anos de 2009 e 2020, a análise das taxas de mortalidade dos 5 aos 9 anos e dos 10 aos 14 anos, no Brasil, indica que a região Norte liderou o ranking nacional, com valores mais elevados (357,1/100 mil habitantes - 5 a 9 anos; 432,9/100 mil hab. - 10 a 14 anos), seguida pelo Centro-Oeste (298,0/100 mil hab. - 5 a 9 anos; 394,8/100 mil hab. - 10 a 14 anos). O estado de Mato Grosso, localizado no Centro-Oeste, apresentou os maiores valores da sua região, em ambas as faixas etárias (321,9/100 mil hab. - 5 a 9 anos; 430,0/100 mil hab. - 10 a 14 anos), superando alguns estados da região Norte e todas as taxas nacionais.6

Em Mato Grosso, cerca de 70% dos óbitos em menores de 20 anos, ocorridos entre 2009 e 2020, foram decorrentes de causas evitáveis: acidentes, agressões e doenças transmissíveis.6 Os óbitos evitáveis, em geral, resultam de falhas na prevenção, diagnóstico e tratamento de condições determinantes de sua ocorrência, além de refletirem níveis insatisfatórios de saúde e contextos de vida.8 O objetivo deste estudo foi analisar as características e a tendência temporal das taxas de mortalidade na população de 5 a 14 anos em Mato Grosso e no Brasil, no período de 2009 a 2020.

Métodos

Delineamento

Trata-se de um estudo ecológico de série temporal, que utilizou dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), contemplando uma série histórica de 12 anos (2009 a 2020), cujas unidades de análise foram o Brasil e o estado de Mato Grosso.

Contexto

O SIM agrega informações referentes às características dos óbitos atestados na declaração de óbito (DO) em todo o território nacional. O banco de dados disponibilizado pelo Departamento de Informática do SUS (Datasus) é de livre acesso e possibilita inúmeros cruzamentos de dados. As estatísticas de mortalidade são importantes ferramentas na identificação dos problemas de saúde da população e subsidiam o planejamento e a gestão das políticas públicas de saúde.9,10

Participantes

Foram analisados os óbitos de crianças e adolescentes de 5 a 14 anos residentes em Mato Grosso e no Brasil, ocorridos entre 2009 e 2020.

Variáveis

Além do desfecho “óbito”, foram extraídos os agregados das seguintes variáveis:

  1. Sexo (masculino; feminino);

  2. Faixa etária (5 a 9 anos; 10 a 14 anos);

  3. Raça/cor da pele (branca; preta; parda; indígena; amarela; ignorada; outras);

  4. Causa básica do óbito, segundo os capítulos mais recorrentes da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - CID-10 (Algumas doenças infecciosas e parasitárias - A00 a B99; Neoplasias - C00 a D48; Doenças do Sistema Nervoso - G00 a G99; Doenças do Aparelho Respiratório - J00 a J99; Causas Externas - V01 a Y98); e

  5. Classificação de evitabilidade do óbito, conforme grupos de causas, segundo a Lista de Causas de Mortes Evitáveis (de 5 a 74 anos de idade) por intervenções do SUS, cuja lista de descrição dos CIDs pode ser consultada em Malta et al. (2018):7 reduzíveis pelas ações de imunoprevenção; reduzíveis por ações de promoção à saúde, adequada prevenção, controle e atenção às doenças de causas infecciosas; reduzíveis por ações de promoção à saúde, adequada prevenção, controle e atenção às doenças não transmissíveis; reduzíveis por ações de adequada prevenção, controle e atenção às causas maternas; reduzíveis por ações intersetoriais e de promoção à saúde, prevenção e atenção adequada às causas externas; causas mal definidas; demais causas (não claramente evitáveis).

Coleta dos dados

Os dados de mortalidade foram extraídos do Datasus, tendo como referência as causas básicas de óbito segundo os capítulos da CID-10. Foram considerados os cinco capítulos com maior frequência de ocorrência. Para a análise de evitabilidade, considerou-se a atualização da Lista de Causas de Mortes Evitáveis (de 5 a 74 anos de idade) por intervenções do SUS.7

Os dados populacionais foram extraídos do site do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE), que disponibiliza os dados do Censo de 2010 e as estimativas populacionais até o ano de 2021.

Análise dos dados

Os dados foram tabulados por meio do Tabulador de Informações em Saúde (TabNet) e exportados em tabelas de Excel®. Os óbitos foram estratificados por faixas etárias e pelo sexo.

Foram calculadas as taxas anuais brutas de mortalidade por 100 mil habitantes de cada faixa etária, do Brasil e de Mato Grosso, bem como a taxa total do período analisado. Para o cálculo, utilizou-se a seguinte fórmula:

Taxa de mortalidade = (número de óbitos/população) x 100.000

Calcularam-se também as taxas padronizadas por faixa etária, pelo método direto, sendo a referência a estrutura etária da população do Brasil estimada pelo IBGE para cada ano de análise. A padronização foi necessária, a fim de que as taxas de mortalidade fossem comparáveis entre si e ao longo do período estudado.

Após a padronização, foi calculado o valor médio de cada grupo etário, bem como o desvio-padrão e a diferença entre as taxas do final do período e as do início.

Realizou-se análise descritiva dos dados de mortalidade nos locais de estudo. Além das taxas de mortalidade, foram apresentadas as frequências absolutas de óbitos e suas distribuições por raça/cor da pele e causa básica, tanto para a comparação entre o Brasil e Mato Grosso, quanto para a comparação entre as faixas etárias em nível estadual.

Na análise de raça/cor da pele, foram agrupadas as categorias “preta” e “indígena”, pelo pequeno número de casos e por serem grupos mais vulnerabilizados, e “ignorado” e “outros”.

Foram realizadas análises de tendência temporal do Brasil e de Mato Grosso, comparando-se os valores da variação percentual anual (VPA) e da variação média do período (VMP) resultantes.

Métodos estatísticos

Para se testar a homogeneidade das proporções obtidas na análise descritiva, foi aplicado o teste qui-quadrado (X2), empregando-se o software R.

Na análise da tendência temporal das taxas de mortalidade, utilizou-se o programa JoinPoint Regression Program, versão 4.9.1.0, de abril de 2022 (Statistical Research and Applications Branch, National Cancer Institute), que, com base no método de permutação de Monte Carlo, estima a VPA e a VMP, considerando-se intervalo de confiança de 95% (IC95%) e nível de significância de 5%.

A variação dos valores das taxas de mortalidade, tanto para crescimento quanto para redução, são base para identificação dos pontos de inflexão. Seguindo o padrão do método, o número de pontos de inflexão varia conforme a quantidade de pontos (neste caso, anos) do banco de dados analisado. Pela inclinação da reta de regressão, é possível identificar tais pontos, o que permite classificar a tendência temporal como estacionária (p-valor > 0,05), crescente (p-valor < 0,05 e coeficiente da regressão positivo) ou decrescente (p-valor < 0,05 e coeficiente da regressão negativo).11,12,13 Foi aplicado o modelo de regressão por ponto de inflexão para as duas faixas etárias e entre o cenário nacional e o estadual.

Aspectos éticos

Por tratar-se de análise de dados secundários e agrupados, de domínio público e livre acesso, sem identificação dos indivíduos, o estudo recebeu Parecer de Dispensa Ética nº 09/2022, do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública.

Resultados

De 2009 a 2020, foram registrados 876 óbitos de pessoas com idades entre 5 e 9 anos, e 1.192 na faixa dos 10 aos 14 anos, em Mato Grosso, enquanto, no Brasil, ocorreram 42.661 óbitos de pessoas entre 5 e 9 anos e 60.323 na faixa dos 10 aos 14 anos de idade.

Ao longo da série temporal, de 2009 a 2020, a taxa de mortalidade na faixa etária de 10 a 14 anos superou a do grupo mais jovem, em Mato Grosso (321,9/100 mil hab. - 5 a 9 anos; 430,0/100 mil hab. - 10 a 14 anos) e no Brasil (268,3/100 mil hab. - 5 a 9 anos; 360,1/100 mil hab. - 10 a 14 anos). A mortalidade masculina superou a feminina, tanto em Mato Grosso quanto no Brasil (Mato Grosso: 439,9/100 mil hab. - masculino e 312,2/100 mil hab. - feminino; Brasil: 369,2/100 mil hab. - masculino e 259,3/100 mil hab. - feminino), com as taxas estaduais mais elevadas que as nacionais em todos os estratos.

Houve redução das taxas de mortalidade do final do período analisado em relação às do início, para ambas as faixas etárias, nos cenários estadual (32,1 para 26,9/100 mil hab., dos 5 aos 9 anos; 42,1 para 37,2/100 mil hab., dos 10 aos 14 anos) e nacional (26,0 para 17,6/100 mil hab., dos 5 aos 9 anos; 33,5 para 24,6/100 mil hab., dos 10 aos 14 anos). Maior redução foi observada na mortalidade das crianças de 5 a 9 anos, no Brasil (-32,3%), conforme a Figura 1.

As taxas de mortalidade estaduais superaram as nacionais, nos dois grupos analisados (média em Mato Grosso: 26,8/100 mil hab., para 5 a 9 anos, e 35,9/100 mil hab. para 10 a 14 anos; média no Brasil: 22,3/100 mil hab., para 5 a 9 anos, e 29,9/100 mil hab. para 10 a 14 anos). As exceções foram os anos de 2015, para as crianças de 5 a 9 anos, e 2011, para as de 10 a 14 anos. A flutuação dos valores foi maior em Mato Grosso em ambos os grupos, com maior variabilidade naqueles com 10 a 14 anos (Figura 1).

Figura 1 Variação das taxas de mortalidade segundo as faixas etárias de 5 a 9 e de 10 a 14 anos, Brasil e Mato Grosso, 2009 a 2020 

Tanto no Brasil quanto em Mato Grosso, houve predomínio de óbitos do sexo masculino nas duas faixas etárias (Mato Grosso: 58,2%, de 5 a 9 anos, e 60,6% de 10 a 14 anos; Brasil: 57,2%, de 5 a 9 anos, e 61,5% de 10 a 14 anos) (Tabela 1).

Tabela 1 Número e percentual de óbitos segundo faixa etária (5 a 9 e 10 a 14 anos), sexo, raça/cor da pele, causa básica e causas evitáveis, Brasil e Mato Grosso, 2009 a 2020 

Variáveis Brasil Mato Grosso
5 a 9 anos 10 a 14 anos p-valora 5 a 9 anos 10 a 14 anos p-valora
n % n % n % n %
Sexo
Masculino 24.412 57,2 37.101 61,5 < 0,001 510 58,2 722 60,6 0,282
Feminino 18.242 42,8 23.216 38,5 366 41,8 470 39,4
Ignorado 7 0,0 6 0,0 - 0,0 - 0,0
Raça/cor da pele
Branca 16.763 39,3 21.985 36,4 < 0,001 276 31,5 375 31,5 0,044
Parda 20.694 48,5 30.694 50,9 496 56,6 701 58,8
Preta e indígena 2.690 6,3 4.505 7,5 79 9,0 102 8,5
Ignorado e outros 2.514 5,9 3.139 5,2 25 2,9 14 1,2
Causa básica
Causas externas 12.865 30,2 25.347 42,0 < 0,001 311 35,5 561 47,1 < 0,001
Neoplasias 7.164 16,8 7.678 12,7 108 12,3 136 11,4
Doenças neurológicas 4.932 11,6 5.928 9,8 92 10,5 95 8,0
Doenças respiratórias 3.679 8,6 3.723 6,2 79 9,0 71 5,9
Doenças infecciosas 3.084 7,2 3.125 5,2 72 8,2 66 5,5
Demais causas 10.937 25,6 14.522 24,1 214 24,5 263 22,1
Causas evitáveis
Total de óbitos por causas evitáveis 23.315 54,7 37.788 62,6 < 0,001 519 59,2 783 65,7 < 0,001
Reduzíveis por ações de imunoprevenção 49 0,1 80 0,1 - 0,0 3 0,2
Reduzíveis por ações relacionadas a atenção às doenças transmissíveis 5.292 12,4 5.468 9,1 118 13,5 100 8,4
Reduzíveis por ações relacionadas a atenção às doenças não transmissíveis 5.109 12,0 6.724 11,1 90 10,2 114 9,6
Reduzíveis por ações relacionadas a atenção às causas maternas - 0,0 196 0,3 - 0,0 5 0,4
Reduzíveis por ações relacionadas a atenção às causas externas 12.865 30,2 25.347 42,0 311 35,5 561 47,1
Total de óbitos 42.661 60.323 876 1.192

a) Teste de independência do qui-quadrado.

A distribuição dos óbitos segundo raça/cor da pele e causa básica revela semelhanças entre o cenário estadual e o nacional, com predomínio de óbitos dos indivíduos pardos (Mato Grosso: 56,6%, de 5 a 9 anos, e 58,8% de 10 a 14 anos; Brasil: 48,5%, de 5 a 9 anos, e 50,9% de 10 a 14 anos) e por causas externas (Mato Grosso: 35,5%, de 5 a 9 anos, e 47,1% de 10 a 14 anos; Brasil: 30,2%, de 5 a 9 anos, e 42% de 10 a 14 anos) sobre as demais, conforme a Tabela 1.

A Tabela 1 evidencia a magnitude da evitabilidade dos óbitos nas faixas etárias (Mato Grosso: 59,2%, de 5 a 9 anos, e 65,7% de 10 a 14 anos; Brasil: 54,7%, de 5 a 9 anos, e 62,6% de 10 a 14 anos), sobretudo aqueles reduzíveis por ações relacionadas à atenção às causas externas.

Em Mato Grosso, para o sexo feminino, a distribuição dos óbitos pelos principais grupos de causas externas foi similar nas duas faixas etárias, com predomínio de acidentes de transporte (55,8%, de 5 a 9 anos, e 48,1% de 10 a 14 anos). No sexo masculino, apesar de também predominarem os acidentes de transporte em ambas as faixas etárias, destaca-se a proporção dos óbitos por agressões entre os indivíduos de 10 a 14 anos (20,4%) (Tabela 2).

Tabela 2 Distribuição dos óbitos por causas externas de residentes, segundo as faixas etárias, o sexo e os principais grupos da CID-10a, Brasil e Mato Grosso, 2009 a 2020 

Grupos de causa básica dos óbitos por causas externas Sexo
Masculino Feminino
Faixa etária (em anos) Faixa etária (em anos)
5 a 9 10 a 14 p-valorb 5 a 9 10 a 14 p-valorb
n (%) n (%) n (%) n (%)
Acidentes de transporte 87 (45,5) 150 (40,3) 0,001 67 (55,8) 91 (48,2) 0,095
Afogamentos e submersões 49 (25,7) 70 (18,9) 26 (21,7) 32 (16,9)
Agressões 14 (7,3) 76 (20,4) 10 (8,3) 32 (16,9)
Demais causas externas 41 (21,5) 76 (20,4) 17(14,2) 34 (18,0)

a) Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde - CID-10; b) Teste de independência do qui-quadrado.

No Brasil, na faixa etária de 5 a 9 anos, houve um ponto de inflexão (joinpoint) em 2018, e a tendência temporal foi classificada como decrescente (VMP = -2,9; IC95% -4,3;-1,6); por sua vez, na faixa de 10 a 14 anos, houve um ponto de inflexão (joinpoint) em 2012, e a tendência temporal também foi classificada como decrescente (VMP = -2,5; IC95% -3,3;-1,8). Em Mato Grosso, esta tendência mostrou-se estacionária nas duas faixas etárias (5 a 9 anos, VMP = -2,0; IC95% -5,6;1,7; e 10 a 14 anos, VMP = -0,1; IC95% -5,9;6,1), com pontos de inflexão (joinpoints) em 2015, na faixa etária dos 5 aos 9 anos, e em 2018, na faixa de 10 aos 14 anos (Tabela 3). Além de superiores às nacionais, as taxas estaduais apresentaram maior oscilação dos valores obtidos, em relação aos esperados (Figura 2).

Figura 2 Tendência temporal de mortalidade de 5 a 9 anos (A) e de 10 a 14 anos (B), Brasil e Mato Grosso, 2009 a 2020 

Tabela 3 Variações médias percentuais pelo joinpoint regression das taxas de mortalidade de 5 a 14 anos, Brasil e Mato Grosso, 2009 a 2020 

Local Faixa etária (em anos) Período VPAa (IC95%) Classificação VMPb (IC95%) Classificação
Brasil 5 a 9 2009-2018 -2,4c (-3,2;-1,7) Decrescente -2,9c (-4,3;-1,6) Decrescente
2018-2020 -5,1 (-12,8;3,2)
Mato Grosso 2009-2015 -5,5c (-10,6;-0,2) Decrescente -2,0 (-5,6;1,7) Estacionária
2015-2020 2,3 (-4,9;10,0) Estacionária
Brasil 10 a 14 2009-2012 -0,4 (-3,3;2,5) Estacionária -2,5c (-3,3;-1,8) Decrescente
2012-2020 -3,3c (-3,9;-2,7) Decrescente
Mato Grosso 2009-2018 -2,0 (-5,2;1,3) Estacionária -0,1 (-5,9;6,1) Estacionária
2018-2020 8,9 (-24,7;57,4)

a) Variação percentual anual; b) Variação média no período; c) Teste de significância pelo método de permutação de Monte Carlo.

Discussão

Entre 2009 e 2020, a mortalidade, na faixa etária de 5 a 14 anos de idade, no Brasil e em Mato Grosso, foi predominantemente masculina, evitável e decorrente de causas externas, destacando-se os acidentes de trânsito e agressões, sendo maior entre aqueles indivíduos de 10 a 14 anos em comparação aos de 5 a 9 anos. Houve redução das taxas de mortalidade do final do período em relação aos valores observados no início.

Diferentemente do Brasil, que manteve tendência decrescente nas duas faixas etárias, Mato Grosso apresentou tendência estacionária para ambos os grupos. Mesmo não apresentando significância estatística, considerando-se a alta mortalidade no estado, esta tendência sinaliza alerta de mudança no contexto estadual.

Esses resultados estão em consonância com a redução da mortalidade de crianças e adolescentes de 10 a 14 anos em países de diferentes concentrações de renda, entre 1955 e 2004. Neste período, entre menores de 24 anos, o grupo de 5 a 14 anos foi o que apresentou menor número de óbitos, e a redução da mortalidade dos 5 aos 9 anos foi maior em relação à dos 10 aos 14 anos.14

A diferença na velocidade da queda, entre as faixas etárias, continuou sendo observada em todo o cenário mundial, desde 1990 até 2016.2,3 A maior queda de mortes dos 5 aos 9 anos pode ser atribuída ao benefício indireto das políticas públicas direcionadas às crianças menores de 5 anos, enquanto as causas de óbito de 10 a 14 anos são de mais difícil prevenção, devido à maior frequência de óbitos por causas externas.4

O perfil de mortalidade de crianças e adolescentes matogrossenses assemelha-se ao de outros estados do Brasil15,16,17 e ao de outros países.18,2,3,5 Além das causas externas, neoplasias, doenças respiratórias, neurológicas e infecciosas figuram no ranking de causas de morte nessas faixas etárias, apontando papel crucial dos aspectos socioeconômicos na ordem de ocorrência dos óbitos de cada região.2,3,5,15,16,17,18,19

A redução da mortalidade por doenças infecciosas e por câncer pode ser reflexo de melhorias no acesso e na qualidade nos serviços de assistência à saúde, como vacinação, métodos diagnósticos precoces, uso oportuno de antibióticos e tratamentos cirúrgicos adequados.19

O predomínio dos óbitos por causas externas, com destaque para os resultantes de acidentes de trânsito, se deve tanto à baixa frequência de morbidade desse grupo, quanto à maior vulnerabilidade dos residentes em áreas de grande densidade populacional, com elevados índices de violência e com precária e insegura infraestrutura urbana e rodoviária. Somados às características naturais da idade (menor estrutura física, dificuldade de identificar riscos e dependência de socorro de terceiros), tais fatores podem ser essenciais para o aumento deste desfecho entre crianças.20

No Brasil, a taxa de mortalidade para as principais causas básicas evitáveis mostrou-se semelhante entre as faixas etárias de 5 a 9 anos e de 10 a 14 anos, para quase todas as causas. Entretanto, apesar da redução geral da mortalidade por causas evitáveis desde os anos 2000, em 2013, a taxa de mortalidade por causas externas apresentou-se significativamente maior na faixa etária mais elevada.16

Em Cuiabá, capital de Mato Grosso, em 2009, as vítimas fatais com idades entre 5 e 14 anos representaram 4,6% dos óbitos por causas externas ocorridos em menores de 24 anos: a maioria resultante de acidentes, e, a partir de 10 anos de idade, com expressivo predomínio do sexo masculino e aumento das vítimas de agressões.21

Considerando-se que os acidentes de trânsito são majoritariamente previsíveis e evitáveis, o monitoramento destes eventos é uma importante ferramenta para a implantação de políticas públicas de prevenção e promoção à saúde.22 A implementação de políticas de segurança no trânsito - como o uso de cinto de segurança, capacetes e cadeiras de transporte, o investimento em segurança das rodovias, o estímulo ao comportamento de direção segura e a criminalização da direção sob uso de drogas - foi associada à redução da mortalidade de crianças e adolescentes em acidentes de trânsito, no Brasil e no mundo.20,21,22

Em Mato Grosso, o afogamento representa importante causa de óbito entre as causas externas, especialmente nas crianças de 5 a 9 anos. No estado, os aspectos climáticos e hidrográficos favorecem atividades de lazer aquáticas, aumentando a exposição, o que requer vigilância contínua, maior atenção às estruturas de segurança nas áreas de risco e mudança comportamental das famílias.23

Em ordem de importância, as agressões são a terceira causa de morte dos 5 aos 14 anos, apontando alteração no padrão de mortalidade associada ao aumento da idade.6 Estudos no Brasil e no mundo17,20,24 também revelaram, neste grupo etário, aumento do risco de morte por agressão à medida que aumenta a idade, especialmente no sexo masculino.

Verificou-se predomínio da mortalidade masculina, em ambas as faixas etárias, e elevado número de óbitos evitáveis em diferentes estudos ao redor do mundo. Nas últimas décadas, houve predominância da mortalidade masculina dos 5 aos 14 anos em países de distintas características étnicas e socioeconômicas, como Etiópia (52%), Índia (52%), China (57,1%), Brasil (59,4%) e México (63,4%).2,18 Cenário semelhante foi observado em diferentes estados brasileiros: Minas Gerais (64,3%), Maranhão (53,5%) e Rio Grande do Norte (65%).25,26,27

Em geral, jovens do sexo masculino costumam estar expostos a situações de maior risco, como comportamento agressivo, violência urbana, tráfico, consumo de álcool e outras drogas, atividades laborais, e direção perigosa de veículos automotores, estando, assim, mais associados ao perfil de mortalidade por causas externas.15

Não foi possível obter as informações da população residente segundo a raça/cor da pele em cada faixa etária, limitando-se a análise desta variável somente à descrição das frequências absoluta e relativa. A categorização utilizada não foi suficiente para analisar possíveis iniquidades relacionadas à raça/cor da pele das crianças e adolescentes que vieram a óbito.

Por tratar-se de análise de dados secundários, extraídos das DOs, existe possibilidade de erros no preenchimento do documento original e na inserção dos dados no sistema. Todavia, os resultados obtidos vão ao encontro dos descritos na literatura e corroboram a necessidade de maior enfoque para este desfecho.2,9,10

Estudos das causas de morte, realizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e da carga global de morbidade revelam que, em diversos países, o processo de coleta, registro e disponibilização dos dados de mortalidade necessita de melhorias, quanto à subestimação de mortes e suas causas, especialmente na faixa etária dos 5 aos 14 anos, por sua menor visibilidade.2 A subnotificação de mortes interfere em importantes indicadores epidemiológicos. A melhora da qualidade das informações sociodemográficas e de morbimortalidade subsidia o processo de tomada de decisão na gestão pública, para a prevenção e o controle de condições e agravos característicos de cada região.9

A evolução dos estudos e evidências relacionadas à mortalidade dos 5 aos 14 anos permite identificar intervenções mais adequadas para a redução destes óbitos.28 A ocorrência de desfechos desta natureza implica, além de potenciais anos de vida perdidos, consequências epidemiológicas, sociais, econômicas e, em cada família afetada, pode deixar cicatrizes emocionais imensuráveis.

Os resultados da análise de tendência temporal podem estar relacionados ao aumento da vulnerabilidade social dos indivíduos. A austeridade fiscal implementada no Brasil para o controle da crise econômica iniciada em 2015 pode ter impactado negativamente nos programas e políticas de bem-estar social, elevando o número de hospitalizações e de mortes evitáveis entre crianças.29 A ameaça aos progressos sanitários e socioeconômicos até agora alcançados traz indícios de piora de indicadores a partir de 2016, bem como o ressurgimento de doenças já erradicadas.11

A constatação da tendência temporal estacionária, frente à elevada mortalidade identificada - tendo as causas externas como as principais causas de morte infanto-juvenil, com amplo destaque para os acidentes de trânsito -, caracteriza motivo de alerta e aponta urgência das intervenções dos diversos setores oficiais e da sociedade civil no estado de Mato Grosso.

Referências

1. França EB, Lansky S, Rego MAS, Malta DC, França JS, Teixeira R, et al. Principais causas da mortalidade na infância no Brasil, em 1990 e 2015: estimativas do estudo de Carga Global de Doença. Rev Bras Epidemiol. 2017;20(supl 1):46-60. doi: 10.1590/1980-5497201700050005 [ Links ]

2. Fadel SA, Boschi-Pinto C, Yu S, Reynales-Shigematsu LM, Menon GR, Newcombe L, et al. Trends in cause-specific mortality among children aged 5-14 years from 2005 to 2016 in India, China, Brazil, and Mexico: an analysis of nationally representative mortality studies. Lancet. 2019;393(10176):1119-27. doi:10.1016/s0140-6736(19)30220-x [ Links ]

3. Masquelier B, Hug L, Sharrow D, You D, Hogan D, Hill K, et al. Global, regional, and national mortality trends in older children and young adolescents (5-14 years) from 1990 to 2016: an analysis of empirical data. Lancet Glob Health. 2018;6(10): e1087-e1099. doi:10.1016/s2214-109x(18)30353-x [ Links ]

4. Hill K, Zimmerman L, Jamison DT. Mortality risks in children aged 5-14 years in low-income and middle-income countries: a systematic empirical analysis. Lancet Glob Health. 2015;3(10):e609-e616. doi:10.1016/s2214-109x(15)00044-3 [ Links ]

5. Kyu HH, Stein CE, Pinto CB, Rakovac I, Weber MW, Purnat DT, et al. Causes of death among children aged 5-14 years in the WHO European Region: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2016. Lancet Child Adolescent Health. 2018;2(5):321-37. doi: 10.1016/s2352-4642(18)30095-6 [ Links ]

6. Ministério da Saúde (BR). Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Banco de dados do Sistema Único de Saúde-DATASUS [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2022. Disponível em: https://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude-tabnetLinks ]

7. Malta DC, França E, Abreu DX, Oliveira H, Monteiro RA, Sardinha LMV, et al. Atualização da lista de causas de mortes evitáveis (5 a 74 anos de idade) por intervenções do Sistema Único de Saúde do Brasil. Epidemiol Serv Saude. 2011; 20(3):409-12. doi:10.5123/S1679-49742011000300016 [ Links ]

8. Bonatti AF, Silva AMC, Muraro AP. Mortalidade infantil em Mato Grosso, Brasil: tendência entre 2007 e 2016 e causas de morte. Cienc Saude Colet. 2020; 25(7):2821-30. doi:10.1590/1413-81232020257.28562018 [ Links ]

9. Messias KLM, Bispo Júnior JP, Pegado MFQ, Oliveira LC, Peixoto TG, Sales MAC, et al. Qualidade da informação dos óbitos por causas externas em Fortaleza, Ceará, Brasil. Cienc Saude Colet. 2016;21(7):2319. doi: 10.1590/1413-81232015217.14362016 [ Links ]

10. Daniel VM, Macadar MA, Pereira GV. O Sistema de Informação sobre Mortalidade e seu Apoio à Gestão e ao Planejamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Rev Gestão em Sistemas de Saúde. 2013;2(2):148-73. doi: 10.5585/rgss.v2i2.76 [ Links ]

11. Marinho CSR, Flor TBM, Pinheiro JMF, Ferreira MAF. Objetivos de Desenvolvimento do Milênio: impacto de ações assistenciais e mudanças socioeconômicas e sanitárias na mortalidade de crianças. Cad Saude Publica. 2020; 36(10):e00191219. doi: 10.1590/0102-311X00191219 [ Links ]

12. Souza CDF, Albuquerque AR, Cunha EJO, Silva Junior LCF, Silva JVM, Santos FGB, et al. Novo século, velho problema: tendência da mortalidade infantil e seus componentes no Nordeste brasileiro. Cad Saude Colet. 2021;29(1):133-42. doi:10.1590/1414-462X202129010340 [ Links ]

13. Aragão CMC, Mascarenhas MDM. Tendência temporal das notificações de lesão autoprovocada em adolescentes no ambiente escolar, Brasil, 2011-2018. Epidemiol Serv Saude. 2022;31(1):e202820. doi:10.1590/S1679-49742022000100028 [ Links ]

14. Viner RM, Coffey C, Mathers C, Bloem P, Costello A, Santelli J, et al. 50-year mortality trends in children and young people: a study of 50 low-income, middle-income, and high-income countries. Lancet. 2011;377(9772):1162-74. doi:10.1016/S0140-6736(11)60106-2 [ Links ]

15. Malta DC, Saltarelli RMF, Prado RR, Monteiro RA, Almeida MF. Mortes evitáveis no Sistema Único de Saúde na população brasileira, entre 5 e 69 anos, 2000 - 2013. Rev Bras Epidemiol. 2018;21:e180008. doi:10.1590/1980-549720180008 [ Links ]

16. Marchi JA, Wakiuchi J, Sales CA, Mathias TAF, Fernandes CAM. Câncer infanto juvenil: perfil de óbitos. Rev Rene. 2013;14(4):911-19. Disponível em: http://www.periodicos.ufc.br/rene/article/view/3618Links ]

17. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Impacto da violência na saúde dos brasileiros. Série B. Textos Básicos de Saúde [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2005. 340 p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/impacto_violencia.pdfLinks ]

18. Dedefo M, Zelalem D, Eskinder B, Assefa N, Ashenaf W, Barak N, et al. Causes of Death among Children Aged 5 to 14 Years Old from 2008 to 2013 in Kersa Health and Demographic Surveillance System (Kersa HDSS), Ethiopia. PLoS ONE. 2016;11(6):e0151929 .doi: 10.1371/journal.pone.0151929 [ Links ]

19. Cunningham RM, Walton MA, Carter PM. The Major Causes of Death in Children and Adolescents in the United States. N Engl J Med. 2018;379(25):2468-75. doi:10.1056/nejmsr1804754 [ Links ]

20. Martínez P, Contreras D. The effects of Chile's 2005 traffic law reform and in-country socioeconomic differences on road traffic deaths among children aged 0-14 years: A 12-year interrupted time series analysis. Accident Analysis and Prevention. 2020;136(9):105335. doi: 10.1016/j.aap.2019.105335 [ Links ]

21. Matos K F, Martins CBG. Perfil epidemiológico da mortalidade por causas externas em crianças, adolescentes e jovens na capital do Estado de Mato Grosso, Brasil, 2009. Epidemiol Serv Saude. 2012;21(1):43-53. doi:10.5123/S1679-49742012000100005 [ Links ]

22. Souto RMCV, Barufaldi LA, Malta DC, Freitas MG, Pinto IV, Lima CM. et al. Perfil e tendência dos fatores de risco para acidentes de trânsito em escolares nas capitais brasileiras: PeNSE 2009, 2012 e 2015. Rev Bras Epidemiol. 2018;21(supl 1):e180016. doi: 10.1590/1980-549720180016.supl.1 [ Links ]

23. Martins CBG, Mello-Jorge MHP. Circumstances and factors associated with accidental deaths among children, adolescents and young adults in Cuiabá, Brazil. São Paulo Med J. 2013;131(4):228-37. doi: 10.1590/1516-3180.2013.1314459 [ Links ]

24. Sá Neto JA, Silva ACSS, Knupp VMAO, Souza AC, Góes FGB, Silva IR, et al. Diagnóstico situacional de mortalidade entre adolescentes em condição de vulnerabilidade. Rev Enferm UERJ. 2020;28:e.39279. doi:10.12957/reuerj.2020.39279 [ Links ]

25. Romero HSP, Rezende EM, Martins EF. Mortalidade por causas externas em crianças de um a nove anos. Rev Min Enferm. 2016;20:e958. doi: 10.5935/1415-2762.20160027 [ Links ]

26. Santos OJ, Santos Júnior OM, Pinto KL, Santos RM, Galvão Júnior AC, Casimiro LM, et al. Mortalidade por causas externas em crianças de 0 a 12 anos: uma análise dos registros de óbitos. Rev Pesq Saúde. 2012;13(3):17-2. doi: 10.18764/ [ Links ]

27. Albuquerque NMG, Cavalcante CAA, Macêdo MLAF, Oliveira JSA, Medeiro SM. Causas externas: características de crianças e adolescentes assistidas em um hospital do Rio Grande do Norte. Rev Bras Pesq Saude. 2014;16(2):7-14. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/rbps/article/view/9297Links ]

28. Bundy DAP, Silva N, Horton S, Patton GC, Schultz L, Jamison DT, et al. Investment in child and adolescent health and development: key messages from Disease Control Priorities. Lancet. 2018;391(10121):687-99. doi: 10.1016/s0140-6736(17)32417-0 [ Links ]

29. Rasella D, Basu S, Hone T, Paes-Sousa R, Ocké-Reis CO, Millett C, et al. Child morbidity and mortality associated with alternative policy responses to the economic crisis in Brazil: A nationwide microsimulation study. Forecasting child mortality associated with austerity measures in Brazil. PLoS Medicine. 2018;15(5):e1002570. doi: 10.1371/journal.pmed.1002570 [ Links ]

Trabalho acadêmico associado Artigo derivado da tese de doutorado intitulada Mortalidade de crianças e adolescentes de 5 a 14 anos no estado de Mato Grosso: uma análise sob a luz dos determinantes sociais, qualificada por Mônia Maia de Lima, no Programa de Pós-graduação em Epidemiologia, Equidade e Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Mato Grosso do Sul, em abril de 2021, com previsão de defesa para 2023.

Recebido: 05 de Agosto de 2022; Aceito: 10 de Outubro de 2022

Correspondência Mônia Maia de Lima moniaenfermagem@gmail.com

Editora associada

Doroteia Aparecida Höfelmann - http://orcid.org/0000-0003-1046-3319

Conflitos de interesse

Os autores declararam não haver conflitos de interesse.

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons