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Epidemiologia e Serviços de Saúde

versão impressa ISSN 1679-4974versão On-line ISSN 2237-9622

Epidemiol. Serv. Saúde vol.32 no.1 Brasília  2023  Epub 24-Mar-2023

http://dx.doi.org/10.1590/s2237-96222023000300006 

ARTIGO ORIGINAL

Prevalência de saúde cardiovascular ideal na população adulta brasileira - Pesquisa Nacional de Saúde 2019

Ana Carolina Souto Valente Motta (orcid: 0000-0001-9016-4794)1  , Kelb Bousquet-Santos (orcid: 0000-0002-4687-4681)2  , Isabela Harumi Lopes Motoki (orcid: 0000-0002-8316-921X)1  , Joanlise Marco De Leon Andrade (orcid: 0000-0002-3984-3799)1 

1Universidade de Brasília, Departamento de Estatística, Brasília, DF, Brazil

2Universidade de Brasília, Colegiado de Bases Biológicas e da Saúde, Brasília, DF, Brazil

Resumo

Objetivo:

analisar a prevalência de saúde cardiovascular (SCV) ideal na população adulta brasileira.

Métodos:

estudo transversal com base na Pesquisa Nacional de Saúde de 2019 (n = 77.494); foram estimadas as prevalências e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) de SCV ideal (sete metas alcançadas simultaneamente) e por metas individuais (quatro metas comportamentais; três biológicas), conforme propõe a Associação Americana do Coração.

Resultados:

apenas 0,5% (IC95% 0,4;0,6) da população estudada apresentou SCV ideal, observando-se maior prevalência entre aqueles com maior escolaridade (1,3%; IC95% 0,9;1,6) e os residentes em áreas urbanas (0,6%; IC95% 0,5;0,7); as prevalências das metas comportamentais e biológicas foram de 0,7% (IC95% 0,6;0,8) e 63,3% (IC95% 62,7;63,9) respectivamente.

Conclusão:

a prevalência de SCV ideal foi muito baixa, evidenciando a necessidade de políticas públicas para promoção, vigilância e atenção à SCV na população adulta brasileira.

Palavras-chave: Estudos Populacionais em Saúde Pública; Inquérito Nacional de Saúde; Fatores de Risco de Doenças Cardíacas; Desigualdade em Saúde; Estudos Transversais.

Contribuições do estudo
Principais resultados Prevalência de saúde cardiovascular (SCV) ideal de 0,5% no Brasil em 2019. Metas comportamentais e biológicas de SCV tiveram prevalência de 0,7% e 63,3% respectivamente. A meta de dieta correspondeu à menor prevalência na população estudada (4,3%).
Implicações para os serviços Os resultados obtidos podem contribuir para a elaboração de políticas públicas de promoção, vigilância e atenção à saúde. As estimativas de prevalência das metas de SCV apontam para quais metas e segmentos populacionais os esforços devem ser direcionados.
Perspectivas Temas para estudos futuros incluem a estimação de prevalências de metas de SCV para subgrupos da população, a identificação de variáveis demográficas e socioeconômicas que afetem tais prevalências e a avaliação de novos critérios de SCV.

INTRODUÇÃO

As doenças cardiovasculares (DCVs) constituem a principal causa de morte no mundo e no Brasil, correspondendo a um terço do total de óbitos.1 Entre as DCVs, a doença arterial coronariana foi a principal causa de morte no país.2 No período de 1990 a 2019, houve uma redução na taxa de mortalidade por DCV ajustada por idade em todas as Unidades da Federação (UFs), embora menos significativa no Norte e no Nordeste, em comparação às demais regiões.2

Os fatores de risco modificáveis são responsáveis por 70% das mortes por DCV.3 Dieta inadequada, obesidade, sedentarismo e tabagismo representam fatores comportamentais de risco, enquanto fatores metabólicos incluem níveis de colesterol elevados, hipertensão arterial e diabetes mellitus. Em vários países, a identificação dos fatores de risco para DCVs de maior prevalência na população permitiu aos programas de prevenção de doença cardiovascular reduzir, de forma expressiva, a mortalidade por DCV.4 No Brasil, diferentes fontes de dados possibilitam o monitoramento contínuo da mortalidade, da morbidade e dos fatores de risco para DCV, a exemplo do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) e de pesquisas de saúde periódicas, como a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS).2

Em 2010, a American Heart Association (ou Sociedade Americana do Coração), dos Estados Unidos, propôs o conceito de “saúde cardiovascular ideal” com o objetivo de melhorar a saúde cardiovascular da população americana e reduzir a mortalidade por DCV.5 Tendo como premissa a prevenção primordial, as sete metas componentes do escore de saúde cardiovascular (SCV) estão divididas em três metas biológicas - níveis adequados de pressão arterial, colesterol e glicose sérica - e quatro metas comportamentais - dieta adequada, prática de atividade física, peso corporal adequado e hábito de não fumar. Desde sua criação em 2010, o escore de SCV vem sendo amplamente utilizado na literatura científica internacional, em associação com desfechos cardiovasculares ou outros tipos de desfechos.6)-(8

A prevalência de SCV ideal na população brasileira, considerando-se os dados da PNS 2013, foi inferior a 1%, sendo menor em homens, nos indivíduos com 60 anos ou mais de idade e entre residentes da região Sul do país.9 Resultados semelhantes foram obtidos em estudos internacionais,10),(11 que mostraram uma prevalência de SCV inferior a 1% e nula, em países do Cone Sul (Argentina, Chile e Uruguai) e nos Estados Unidos, respectivamente.12)-(14

Considerando-se a prevalência muito baixa de SCV ideal no Brasil em 2013 e o fato de o escore de SCV ideal ter se mostrado um instrumento eficiente de vigilância cardiovascular, conclui-se que o acompanhamento de indicadores de SCV, representados pelas metas biológicas e comportamentais do escore de SCV, representa uma estratégia necessária à prevenção primordial das DCVs. Entretanto, não se tem conhecimento, até o momento da conclusão deste artigo, de estudos publicados mais recentes que tenham avaliado a prevalência de SCV ideal em uma amostra representativa da população brasileira. O objetivo do presente estudo foi analisar a prevalência de SCV ideal na população adulta brasileira.

MÉTODOS

Desenho do estudo

Estudo com delineamento transversal, utilizando dados da PNS 2019, com o propósito de determinar prevalências de indivíduos com SCV ideal na população brasileira adulta. As prevalências e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%) foram calculados para as metas de SCV, assim como por variáveis de características sociodemográficas.

Contexto

A PNS é um inquérito de saúde de base domiciliar, de âmbito nacional, realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos anos de 2013 e 2019.15 A população pesquisada corresponde aos moradores de domicílios particulares permanentes no Brasil, exceto os localizados nos setores censitários especiais.15 A amostra da PNS é uma subamostra da Amostra Mestra da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), com avanços tanto no espalhamento geográfico como na precisão das estimativas.15

Para a seleção da amostra, primeiramente, foram selecionadas as unidades primárias de amostragem (UPAs), por amostragem aleatória simples, mantendo-se a estratificação da amostra mestra da PNAD. Dessa forma, uma quantidade fixa de domicílios particulares permanentes foi selecionada aleatoriamente, em cada uma dessas UPAs, a partir do Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), totalizando 108.525 domicílios. Por fim, um morador na idade de 15 anos ou mais foi selecionado em cada domicílio da amostra, a partir de uma lista de moradores elegíveis construída no momento da entrevista, para responder à entrevista individual. A amostra final envolveu um total de 94.114 entrevistas individuais realizadas. Após preencher uma lista de todos os indivíduos residentes no domicílio, o entrevistador identificou o morador que proveria as informações sobre o questionário domiciliar e o de todos os moradores do domicílio, além do sorteio do morador de 15 anos ou mais para responder à entrevista individual. O questionário do morador selecionado continha questões relacionadas aos estilos de vida, doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), entre outros. Maior detalhamento sobre o delineamento da pesquisa pode ser encontrado na literatura.15),(16

O cálculo do tamanho da amostra de domicílios e de pessoas levou em consideração (i) os vários indicadores de interesse, (ii) a estimação de proporções com nível de precisão desejado em IC95%, (iii) o efeito do plano amostral, (iv) o número de domicílios selecionados por UPA, (v) a proporção de domicílios com pessoas na faixa etária de interesse e (vi) a possibilidade de estimação dos principais indicadores em nível estadual e de capitais.15

Participantes

Os critérios de exclusão do presente estudo foram (i) a idade inferior a 18 anos completos, (ii) as entrevistas individuais incompletas, (iii) os questionários individuais respondidos por terceiros, (iv) as mulheres grávidas ou que não souberam informar se estavam grávidas e (v) a resposta ausente de uma ou mais variáveis de SCV. A amostra final do estudo constitui-se de 77.494 indivíduos.

Variáveis

a) Saúde cardiovascular (SCV)

Neste estudo, as metas de SCV avaliadas foram adaptadas das metas originais propostas pela Sociedade Americana do Coração em 2010.5 As quatro metas comportamentais e as três metas biológicas foram avaliadas com base em informações autorreferidas, conforme o Quadro 1. Cada meta (variável) foi categorizada como resultado favorável (= 1) ou resultado desfavorável (= 0). O escore de SCV foi obtido da soma dos resultados das sete metas, com variação de 0 a 7. Considerou-se SCV ideal quando o indivíduo apresentou valor de escore = 7, ou seja, quando obteve resultado favorável (= 1) nas sete metas (Quadro 1).5 Os códigos originais (indicados no dicionário da PNS 2019)17 das variáveis utilizadas e os resultados considerados favoráveis estão disponíveis no material suplementar a este manuscrito.5 O consumo de grãos integrais não foi considerado para a meta de dieta adequada pois essa informação não foi coletada pela PNS 2019.

b) Sociodemográficas

- sexo (masculino; feminino);

- região do Brasil (Norte; Nordeste; Centro- -Oeste; Sudeste; Sul);

- situação do domicilio (urbano; rural);

- faixa etária (em anos: 18 a 24; 25 a 39; 40 a 59; 60 ou mais);

- raça/cor da pele (parda; branca; preta; amarela/indígena/ignorada);

- estado civil (solteiro; casado; separado/divorciado/viúvo);

- nível de escolaridade (até o ensino fundamental incompleto; do ensino fundamental completo ao ensino médio incompleto; do ensino médio completo ao ensino superior incompleto; ensino superior completo); e

- ocupação (com emprego; sem emprego).

c) Doenças crônicas

Uma variável “doenças crônicas” foi definida quando o indivíduo relatasse pelo menos uma das seguintes doenças crônicas: asma (ou bronquite asmática); artrite ou reumatismo; dor crônica nas costas ou no pescoço, lombalgia, dor ciática e problemas nas vértebras ou disco; distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho; doenças cardiovasculares; doença no pulmão ou doença pulmonar obstrutiva crônica; câncer; insuficiência renal crônica; depressão; doença mental, como esquizofrenia, transtorno bipolar, psicose ou transtorno obsessivo compulsivo; doença crônica em geral (física ou mental) ou doença de longa duração (de mais de 6 meses).

Fontes de dados/mensuração

Os dados são públicos e estão disponíveis na página eletrônica do IBGE15 e da PNS (https://www.pns.icict.fiocruz.br/bases-de-dados/).

Métodos estatísticos

Inicialmente, foram realizadas análises descritivas das características da população de estudo, com cálculo das proporções (para variáveis categóricas), além das médias e desvio-padrão (para variáveis contínuas). Em seguida, as prevalências e respectivos IC95% foram estimados para as seguintes condições: (i) o SCV ideal; (ii) o escore de SCV (0-7 metas); (iii) as metas comportamentais e seu respectivo escore (0-4); (iv) as metas biológicas e seu respectivo escore (0-3). Por fim, as prevalências de SCV ideal e as metas comportamentais e biológicas foram descritas segundo as características sociodemográficas e a presença de doença crônica.15

As proporções foram consideradas diferentes quando não houve sobreposição nos respectivos IC95%.18 As análises foram conduzidas utilizando-se o software R19 versão 3.6.2. O pacote survey foi utilizado para ajuste por amostragem complexa e o delineamento do estudo da PNS 2019.15

Aspectos éticos

A PNS 2019 foi aprovada pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) do Conselho Nacional de Saúde (CNS) em agosto de 2019: Parecer nº 3.529.376.15 A pesquisa obedeceu à Resolução do CNS no 196, de 10 de outubro de 1996, assegurando aos sujeitos de pesquisa sua voluntariedade, anonimato e possibilidade de desistência a qualquer momento do estudo.

Quadro 1 Metas de saúde cardiovascular adaptadas da Sociedade Americana do Coração 

Metas Métrica utilizada
Comportamentais 4 metas comportamentais atingidas simultaneamente
Tabagismo Nunca ter fumado ou não fumar há mais de 12 meses.
Índice de massa corporal (IMC) < 25 kg/m² (a partir de medidas de peso e altura autorreferidas e imputadas).
Atividade física Prática de exercício físico ou esporte ≥ 150 min./semana.
Dieta adequada 4 metas de dieta atingidas simultaneamente:
i) frutas e vegetais: consumo ≥ 1 vez/dia;
ii) peixe: consumo ≥ 2 vezes/semana;
iii) sódio: consumo de sal na comida preparada na hora e nos alimentos industrializados em quantidade adequada, baixa ou muito baixa; e
iv) açúcar: consumo de refrigerantes e/ou sucos industrializados < 5 dias/semana.
Biológicas 3 metas biológicas atingidas simultaneamente
Colesterol total Ausência de diagnóstico médico autorreferido de colesterol alto.
Pressão arterial Ausência de diagnóstico médico autorreferido de hipertensão arterial.
Glicose Ausência de diagnóstico médico autorreferido de diabetes mellitus.

RESULTADOS

A amostra final do estudo constituiu-se de 77.494 indivíduos, com idade média de 48 (± 17) anos. Foram excluídos 2.431 indivíduos com idade inferior a 18 anos completos, 837 com entrevistas individuais não completadas, 1.711 questionários individuais respondidos por terceiros, 3.131 mulheres grávidas ou que não souberam informar se estavam grávidas e 8.508 indivíduos com dados faltantes para uma ou mais variáveis de SCV.

As características sociodemográficas da amostra são apresentadas na Tabela 1. Foram observadas maiores frequências para participantes do sexo feminino (54,7%), de raça/cor da pele parda (49,5%), sem doença crônica (57,7%), com nível de escolaridade até o ensino fundamental incompleto (38,5%), empregados (59,6%), residentes na região Nordeste (33,9%), em área urbana (79,0%). A Figura 1 apresenta a distribuição do escore de SCV na população estudada. A prevalência de SCV ideal foi de 0,5% (IC95% 0,4;0,6) na população adulta brasileira. Observou-se que 8,9% dos participantes apresentaram resultado favorável em 6 a 7 metas, 81,5% em 3 a 5 metas e 9,6% em 0 a 2 metas.

Tabela 1 Características da população brasileira adulta (n = 77.494), Pesquisa Nacional de Saúde 2019 

Variáveis N % IC95% a
Sexo
Masculino 63.359.986 45,2 (44,6;45,9)
Feminino 76.676.523 54,8 (54,1;55,4)
Faixa etária (anos)
18-24 16.797.883 12,0 (11,5;12,5)
25-39 40.026.391 28,6 (28,0;29,2)
40-59 51.822.239 37,0 (36,4;37,6)
≥60 31.389.996 22,4 (21,8;23,0)
Raça/cor da pele
Parda 59.763.814 42,7 (42,0;43,4)
Branca 62.440.066 44,6 (43,8;45,4)
Preta 15.752.118 11,2 (10,8;11,7)
Amarela/indígena/ignorada 2.080.511 1,5 (1,3;1,7)
Estado civil
Solteiro 55.627.974 39,7 (39,0;40,4)
Casado 64.089.556 45,8 (45,1;46,5)
Separado/divorciado/viúvo 20.318.979 14,5 (14,1;14,9)
Escolaridade (nível de ensino)
Até o ensino fundamental incompleto 46.739.391 33,4 (32,7;34,1)
Ensino fundamental completo a médio incompleto 19.367.870 13,8 (13,4;14,3)
Ensino médio completo a superior incompleto 49.745.301 35,5 (34,9;36,2)
Ensino superior completo 24.183.947 17,3 (16,6;18,0)
Situação de ocupação
Empregado 86.692.821 61,9 (61,3;62,5)
Sem ocupação 53.343.688 38,1 (37,5;38,7)
Doença crônica
Pelo menos uma 63.178.438 45,1 (44,4;45,8)
Sem doença 76.858.071 54,9 (54,2;55,6)
Região
Norte 10.178.075 7,3 (7,0;7,6)
Nordeste 35.417.215 25,3 (24,7;25,9)
Sudeste 63.001.662 45,0 (44,1;45,9)
Sul 20.852.598 14,9 (14,4;15,3)
Centro-Oeste 10.586.959 7,5 (7,3;7,9)
Situação de domicílio
Urbano 122.412.326 87,4 (87,0;87,8)
Rural 17.624.183 12,6 (12,2;13,0)

Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde 2019.

a) IC95%: Intervalo de 95% de Confiança.

a) SCV: saúde cardiovascular; b) Os intervalos de confiança de 95% para os valores do escore de SCV foram, respectivamente: 0,1 a 0,2; 1,9 a 2,3; 7,1 a 7,7; 18,4 a 19,4; 33,5 a 34,7; 27,9 a 29,1; 8,0 a 8,8; e 0,5 a 0,6.

Figura 1 - Distribuição da frequência da população de acordo com a pontuação obtida no escore de saúde cardiovascular (SCV)a com respectivos intervalos de 95% de confiança,b estimados para a população adulta, Brasil, 2019 

Prevalências estimadas de SCV ideal e das metas comportamentais e biológicas são apresentada na Tabela 2. Esta tabela também 4apresentas os resultados por variáveis sociodemográficas. Foram observadas prevalências de SVC ideal mais elevadas entre os indivíduos com ensino superior completo (1,3%; IC95% 0,9;1,6), em relação aos demais níveis de escolaridade, e entre residentes em áreas urbanas (0,6%; IC95% 0,5;0,7), comparados aos residentes na área rural.

Tabela 2 Prevalências (e intervalos de 95% de confiança) de brasileiros adultos (n = 77.494) com metas comportamentais e biológicas adequadas e saúde cardiovascular ideal, Pesquisa Nacional de Saúde, Brasil, 2019 

Característica sociodemográfica Metas comportamentais Metas biológicas Saúde cardiovascular ideal (soma das 7 metas)
Metas comportamentais (soma das 4 metas) Não fumar Peso corporal adequado Prática de atividade física Dieta adequada Metas biológicas (soma das 3 metas) Níveis normais de colesterol Pressão arterial normal Glicemia normal
Total 0,7 (0,6;0,8) 86,0 (85,6;86,5) 34,1 (33,4;34,7) 27,4 (26,8;28,1) 4,3 (4,0;4,5) 63,3 (62,7;63,9) 84,1 (83,6;84,6) 73,0 (72,4;73,6) 91,4 (91,0;91,7) 0,5 (0,4;0,6)
Sexo
Masculino 0,5 (0,4;0,6) 82,7 (82,0;83,4) 38,3 (37,4;39,2) 29,3 (28,4;30,2) 3,1 (2,8;3,3) 68,1 (67,3;69,0) 87,5 (86,8;88,1) 77,2 (76,4;77,9) 92,3 (91,8;92,8) 0,4 (0,3;0,5)
Feminino 0,9 (0,8;1,1) 88,8 (88,3;89,3) 41,7 (40,9;42,6) 25,9 (25,1;26,6) 5,2 (4,9;5,6) 59,2 (58,4;60,1) 81,3 (80,6;81,9) 69,6 (68,8;70,3) 90,6 (90,1;91,1) 0,7 (0,5;0,8)
Faixa etária (anos)
18-24 0,5 (0,2;0,9) 86,6 (85,0;88,2) 61,6 (60,0;63,7) 35,7 (33,4;37,9) 1,6 (1,0;2,1) 92,0 (90,8;93,1) 95,8 (94,9;96,7) 96,4 (95,6;97,2) 99,0 (98,6;99,4) 0,5 (0,2;0,9)
25-39 0,6 (0,5;0,8) 86,7 (85,9;87,5) 39,9 (38,6;41,2) 31,3 (30,2;32,4) 2,6 (2,3;2,9) 83,3 (82,4;84,2) 92,6 (91,9;93,3) 90,1 (89,4;90,8) 97,8 (97,5;98,2) 0,6 (0,4;0,7)
40-59 0,8 (0,7;1,1) 84,6 (83,9;85,4) 34,1 (33,2;35,1) 26,4 (25,3;27,4) 5,0 (4,6;5,3) 58,3 (57,2;59,3) 81,2 (80,4;82,0) 70,4 (69,4;71,4) 91,2 (90,7;91,8) 0,6 (0,4;0,7)
≥60 0,8 (0,7;1,0) 87,3 (86,5;88,0) 39,1 (38,1;40,2) 19,9 (18,9;20,9) 6,7 (6,1;7,2) 30,6 (29,6;31,6) 71,8 (70,7;72,9) 43,0 (41,9;44,2) 79,3 (78,4;80,2) 0,3 (0,2;0,4)
Raça/cor da pele
Parda 0,7 (0,5;0,8) 85,4 (84,7;86,1) (40,5) (39,7;41,3) 26,1 (25,3;26,9) 3,9 (3,6;4,2) 64,6 (63,7;65,4) 85,1 (84,5;85,6) 73,4 (72,6;74,2) 91,5 (91,1;92,0) 0,5 (0,3;0,6)
Branca 0,9 (0,7;1,0) 87,0(86,3;87,6) 40,2 (39,2;41,3) 29,0 (27,9;30,0) 4,6 (4,2;5,0) 62,4 (61,4;63,3) 82,8 (82,0;83,6) 73,3 (72,4;74,2) 91,4 (90,9;91,9) 0,7 (0,5;0,8)
Preta 0,4 (0,2;0,5) 85,0 (83,6;86,3) 37,8 (36,1;39,6) 26,5 (24,9;28,1) 3,9 (3,3;4,5) 62,4 (60,6;64,2) 85,5 (84,2;86,9) 70,5 (68,9;72,1) 91,0 (90,0;91,9) 0,3 (0,2;0,4)
Amarela/indígena/ignorada 1,3 (0,6;2,0) 84,3 (80,6;87,9) 47,7 (41,8;53,7) 27,0 (22,1;31,8) 5,9 (3,6;8,1) 59,7 (53,9;65,4) 83,1 (78,5;87,7) 70,1 (65,0;75,2) 87,9 (84,2;91,7) 0,8 (0,2;1,3)
Estado civil
Solteiro 0,7 (0,5;0,8) 82,4 (81,5;83,2) 47,2 (46,2;48,2) 29,8 (28,8;30,8) 3,1 (2,8;3,4) 76,7 (75,9;77,5) 89,7 (89,1;90,3) 84,0 (83,3;84,7) 95,4 (95,1;95,8) 0,5 (0,4;0,7)
Casado 0,8 (0,7;1,0) 89,8 (89,3;90,4) 35,0 (34,1;35,9) 26,9 (26,0;27,8) 4,7 (4,3;5,1) 57,6 (56,7;58,5) 81,7 (81,0;82,5) 68,9 (68,0;69,8) 89,9 (89,4;90,5) 0,5 (0,4;0,7)
Separado/divorciado/viúvo 0,9 (0,7;1,1) 84,1 (83,1;85,2) 37,4 (36,0;38,8) 22,5 (21,3;23,7) 6,1 (5,5;6,7) 44,5 (43,1;45,9) 76,0 (74,8;77,3) 55,8 (54,4;57,3) 84,7 (83,8;85,7) 0,4 (0,3;0,6)
Até o ensino fundamental incompleto 0,4 (0,3;0,5) 81,7 (80,9;82,5) 39,1 (38,1;40,0) 15,6 (14,8;16,3) 3,7 (3,3;4,0) 48,4 (47,4;49,4) 78,7 (77,8;79,5) 58,9 (57,9;59,9) 85,6 (84,9;86,2) 0,2 (0,1;0,3)
Ensino fundamental completo a médio incompleto 0,5 (0,3;0,7) 82,8 (81,5;84,1) 40,4 (38,7;42,0) 22,9 (21,5;24,4) 3,2 (2,7;3,7) 67,3 (65,7;69,0) 87,4 (86,3;88,5) 75,3 (73,9;76,8) 92,6 (91,7;93,4) 0,3 (0,1;0,5)
Ensino médio completo a superior incompleto 0,8 (0,6;0,9) 88,7 (88,0;89,4) 40,1 (39,8;41,2) 32,0 (31,0;33,1) 3,8 (3,5;4,2) 72,9 (71,9;73,9) 87,7 (86,9;88,5) 81,8 (81,0;82,7) 94,7 (94,2;95,1) 0,6 (0,4;0,7)
Ensino superior completo 1,7 (1,4;2,1) 91,6 (90,8;92,4) 40,6 (39,0;41,1) 44,5 (43,0;46,0) 7,2 (6,4;7,9) 68,9 (67,5;70,3) 84,4 (83,4;85,5) 80,2 (79,0;81,3) 94,9 (94,3;95,5) 1,3 (0,9;1,6)
Ocupação
Empregado 0,7 (0,6;0,8) 86,1 (85,5;86,6) 39,0 (38,2;39,8) 29,6 (28,8;30,4) 3,8 (3,6;4,1) 71,3 (70,5;72,0) 87,1 (86,5;87,7) 80,5 (79,8; 81,1) 94,6 (94,2; 94,9) 0,6 (0,5;0,7)
Sem emprego 0,8 (0,7;1,0) 86,0 (85,3;86,7) 42,0 (41,1;43,1) 23,9 (23,0;24,7) 4,9 (4,6;5,3) 50,3 (49,3;51,3) 79,2 (78,4;79,9) 60,8 (59,9; 61,8) 86,2 (85,5;86,8) 0,5 (0,3;0,6)
Doença crônica
Sem doença 0,9 (0,7;1,0) 86,9 (86,3;87,5) 42,6 (41,6;43,5) 29,2 (28,4;30,1) 4,0 (3,7;4,3) 73,3 (72,6;74,1) 90,2 (89,7;90,8) 81,0 (80,3; 81,6) 93,9 (93,5;94,2) 0,7 (0,5;0,8)
Com doença 0,7 (0,5;0,8) 85,0 (84,3;85,7) 37,3 (36,4;38,2) 25,2 (24,4;26,0) 4,6 (4,2;4,9) 51,6 (50,1;52,0) 76,6 (75,8;77,4) 63,3 (62,4; 64,2) 88,3 (87,8;88,9) 0,4 (0,3;0,5)
Região
Norte 0,7 (0,5;0,9) 89,5 (88,7;90,3) 42,4 (41,6;43,7) 25,9 (24,7;27,1) 4,9 (4,3;5,5) 69,9 (68,6;71,2) 86,3 (85,4;87,2) 79,4 (78,4;80,5) 93,4 (92,8;94,1) 0,4 (0,3;0,6)
Nordeste 0,9 (0,7;1,0) 88,4 (87,8;89,1) 42,7 (41,7;43,7) 27,2 (26,4;28,1) 5,4 (5,0;5,8) 63,9 (63,0;64,9) 83,9 (83,2;84,7) 73,4 (72,6;74,2) 91,9 (91,4;92,4) 0,6 (0,4;0,7)
Sudeste 0,8 (0,6;0,9) 84,9 (84,1;85,7) 39,8 (38,6;41,0) 28,1 (26,9;29,3) 4,0 (3,6;4,4) 61,5 (60,4;62,6) 83,3 (82,4;84,2) 71,7 (70,7;72,8) 90,7 (90,1;91,4) 0,6 (0,4;0,7)
Sul 0,6 (0,5;0,8) 83,9 (82,9;85,0) 36,1 (34,7;37,5) 25,1 (23,8;26,4) 3,2 (2,8;3,7) 63,0 (61,6;64,3) 84,7 (83,8;85,7) 72,2 (70,9;73,4) 91,2 (90,5;92,0) 0,5 (0,3;0,6)
Centro-Oeste 0,8 (0,5;1,1) 85,9 (84,9;86,9) 40,0 (38,6;41,4) 29,8 (28,4;31,3) 3,6 (3,1;4,2) 65,8 (64,3;67,4) 85,6 (84,4;86,7) 74,6 (73,3;76,0) 91,7 (90,9;92,6) 0,5 (0,3;0,8)
Situação de domicílio
Urbano 0,8 (0,7;0,9) 86,1 (85,6;86,6) 39,5 (38,7;40,2) 29,1 (28,4;29,8) 4,4 (4,2;4,7) 63,2 (62,6;63,9) 83,9 (83,3;84,4) 73,1 (72,5;73,8) 91,2 (90,9;91,6) 0,6 (0,5;0,7)
Rural 0,4 (0,2;0,5) 85,5 (84,5;86,6) 45,3 (44,1;46,6) 15,8 (14,8;16,9) 3,1 (2,7;3,5) 63,4 (62,2;64,6) 85,7 (84,8;86,5) 71,9 (70,8;73,1) 92,5 (91,9;93,1) 0,2 (0,1;0,3)

Observou-se uma prevalência de 63,3% (IC95% 62,7;63,9) de indivíduos que reportaram resultados favoráveis em relação às três metas biológicas, e de 0,7% (IC95% 0,6;0,8) em relação às quatro metas comportamentais, na população estudada. Quanto às metas biológicas, a prevalência de indivíduos que reportaram glicemia normal (resultado favorável) foi a mais elevada (91,4%; IC95% 91,0;91,7), enquanto a prevalência de relato de pressão arterial normal (resultado favorável) foi a que apresentou menor nível (73,0%; IC95% 72,4;73,6).

No que concerne às metas comportamentais, a que apresentou maior prevalência foi o hábito de não fumar (favorável) (86,0%; IC95% 85,6;86,5), enquanto a dieta adequada (favorável) (4,3%; IC95% 4,0;4,5) foi a meta de menor prevalência entre a população estudada.

DISCUSSÃO

Os resultados do presente estudo demonstraram baixa prevalência de SCV ideal na população adulta brasileira. Entre os componentes do escore de SCV ideal, observou-se maior prevalência de cumprimento das metas biológicas (63,3%) na população, em comparação às metas comportamentais (0,7%). A meta relativa à dieta adequada foi a principal responsável pela baixa prevalência das metas comportamentais e da condição de SCV ideal propriamente dita. A análise da SCV ideal, de acordo com o perfil sociodemográfico, mostrou maiores níveis de prevalência de SCV ideal na população com maior nível de escolaridade e entre residentes de áreas urbanas.

A principal limitação do presente estudo reside no fato de a PNS considerar medidas autorreferidas pelos participantes. As prevalências de indivíduos que alcançaram metas biológicas e comportamentais favoráveis podem estar subestimadas, uma vez que os dados de morbidade autorreferida, incluindo diagnóstico médico de diabetes mellitus, hipercolesterolemia e hipertensão arterial, dependem do acesso aos serviços de saúde para o diagnóstico. Portanto, pessoas com acesso restrito a esses serviços possuem menor oportunidade de diagnóstico médico. No entanto, dados autorreferidos para avaliação das metas de SCV foram utilizados em outros estudos20)-(22 e possuem boa correlação com as medidas biológicas.23 Outra limitação do estudo envolve a comparação entre subgrupos de variáveis sociodemográficas que podem não ter quantidade suficiente de representantes em algumas categorias como raça/cor da pele. Sobre pontos positivos do estudo, ressalta-se (i) ter sido realizado em uma amostra representativa da população adulta brasileira e (ii) com dados atualizados acerca da prevalência de SCV no Brasil.

O conceito de SCV ideal é baseado em uma combinação de metas comportamentais e biológicas, as quais estão associadas a evidências de sobrevivência livre de DCVs, longevidade saudável, redução de morbidade e dos custos de saúde.5 Embora atingir 5 a 7 metas seja um resultado associado ao menor risco de incidência de DCV, um efeito protetor intermediário para DCV pode ser alcançado ao se atingir 3 a 4 metas do escore de SCV.24 Neste estudo, 37,4% da população alcançaram 5 a 7 metas de SCV. Contudo, a prevalência de SCV ideal - quando as sete metas componentes do escore são alcançadas simultaneamente - foi inferior a 1%. Esses resultados estão em conformidade com um estudo anterior, que utilizou dados da PNS 2013.9 A despeito de algumas diferenças metodológicas nas duas edições da pesquisa e na construção da amostra, os autores do referido estudo relataram uma prevalência de 0,3% (IC95% 0,2;0,5) de SCV ideal na PNS 2013. Estudos internacionais também relatam uma prevalência baixa de SCV ideal na população adulta, com valores que variam de 0% a 0,1%.6)-(8

Os resultados deste trabalho demonstraram que a prevalência de metas biológicas favoráveis na população estudada - considerando-se as três metas simultaneamente - foi maior em comparação às metas comportamentais - quatro metas simultaneamente: 63,3% versus 0,7%, respectivamente. As metas de glicemia normal e de não fumar foram as que apresentaram as maiores proporções em suas respectivas categorias, confirmando os resultados da PNS 2013.9 No que se refere ao tabagismo, tem-se observado tendência de queda em sua prevalência entre adultos brasileiros, nas últimas décadas, o que representa uma resposta às ações desenvolvidas pela Política Nacional de Controle do Tabaco.25

Quanto à meta de glicose normal, é necessário destacar que as informações obtidas a partir de autorrelato tendem a ser menos precisas. De fato, outro estudo26 baseado nos dados da PNS 2019 reportou um aumento de 24% na prevalência de diabetes mellitus, relativamente a 2013. Múltiplos fatores contribuíram para esse achado, incluindo um aumento na incidência e diagnóstico de diabetes. Apesar disso, a obesidade e os maus hábitos alimentares destacam-se como fatores de risco associados à maior prevalência de diagnóstico autorreferido de diabetes mellitus e DCVs no Brasil.

A meta de dieta adequada foi a principal responsável pela baixa prevalência de SCV ideal no presente estudo. Isto se deve ao fato de apenas 4,3% da população ter apresentado, simultaneamente, consumo de sal, açúcar, peixe, frutas e hortaliças de acordo com as recomendações da literatura. Outros estudos, nacionais e internacionais,27),(28 encontraram resultados semelhantes. Por exemplo, no estudo ELSA-Brasil28, que avaliou servidores com 35 a 74 anos de idade, a meta de dieta adequada foi a que apresentou pior resultado (1,3%). Indivíduos adultos que aderem às recomendações de uma dieta saudável apresentam menores taxas de morbidade e mortalidade cardiovascular29 e, sendo assim, os resultados do presente estudo confirmam os achados anteriores acerca da importância de intervenções para promoção de hábitos alimentares saudáveis, como parte de uma estratégia para prevenção de DCVs.

Conclui-se que a prevalência de brasileiros com SCV ideal foi muito baixa. Esses resultados, baseados na PNS 2019, acompanham a tendência dos achados da PNS 2013. As metas comportamentais de SCV, principalmente a dieta adequada, apresentaram os piores resultados. Estes achados podem ser úteis no embasamento de ações para promoção da SCV e prevenção das DCVs. O sucesso na execução dessas ações implicará possivelmente em uma redução das mortes prematuras por doenças cardiovasculares, justamente uma das pautas prioritárias da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, implementada pela Organização das Nações Unidas.30 Outrossim, como resultado dessas ações, espera-se uma redução dos custos em saúde no Brasil, já que as doenças cardiovasculares são responsáveis pelos maiores gastos com hospitalização no Sistema Único de Saúde.2

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TRABALHO ACADÊMICO ASSOCIADO Artigo derivado de dissertação de mestrado intitulada Aplicação de métodos de regressão logística ordinal e multinomial em um estudo de associação entre saúde cardiovascular e determinantes socioeconômicos, defendida por Ana Carolina Souto Valente Motta no Programa de Pós-Graduação em Estatística da Universidade de Brasília, em novembro de 2022.

Quadro Suplementar 1

- Construção e métodos de cálculo das variáveis, Pesquisa Nacional de Saúde 2019, Brasil

Quadro Suplementar 1 - Construção e métodos de cálculo das variáveis, Pesquisa Nacional de Saúde 2019, Brasil 

Variáveis Descrição das variáveis do questionário da PNSa 2019 Método de cálculo
Tabagismo P050. Atualmente, o(a) Sr.(a) fuma algum produto do tabaco? Opções de respostas: 1-Sim, diariamente; 2-Sim, menos que diariamente; 3-Não fumo atualmente. P052. E no passado, o(a) Sr.(a) fumou algum produto do tabaco? Opções de respostas: 1-Sim, diariamente; 2-Sim, menos que diariamente; 3-Não, nunca fumei. P05901. Número de anos que parou de fumar. Opções: número de anos. Resultado favorável (1) Se indivíduo é não fumante [P050 =3 e P052 =3] ou é ex-fumante há mais de um ano [P050=3 e P052 = (1 ou 2) e P05901 > 1)]
Índice de massa corporal (IMC) P00104. Peso - Final (em kg) Opções: 3 inteiros e 1 casa decimal P00404. Altura - Final (em cm) Opções: 3 inteiros Resultado favorável (1) Peso [P00104] dividido pelo quadrado da Altura [P00404] < 0,0025
Atividade física P035. Quantos dias por semana o(a) Sr(a) costuma (costumava) praticar exercício físico ou esporte? Opções: 1 a 7 dias ou 0 - Nunca ou menos de uma vez por semana. P03701. Em geral, no dia em que o(a) Sr(a) pratica exercício ou esporte, quanto tempo em horas dura essa atividade? Opções: quantidade de horas. P03702. Em geral, no dia em que o(a) Sr(a) pratica (praticava) exercício ou esporte, quanto tempo em minutos dura essa atividade? Opções: quantidade de minutos. Resultado favorável (1) Quantidade de exercícios físicos praticados em minutos por dia [P03701*60+P03702] vezes a quantidade de dias por semana [P035] ≥ 150
Dieta P015. Em quantos dias da semana o(a) Sr(a) costuma comer peixe? Opções: 1 a 7 dias ou 0 - Nunca ou menos de uma vez por semana. P02001. Em quantos dias da semana o(a) Sr(a) costuma tomar suco de caixinha/lata ou refresco em pó? Opções: 1 a 7 dias ou 0 - Nunca ou menos de uma vez por semana. P02002. Em quantos dias da semana o(a) Sr(a) costuma tomar refrigerante? Opções: 1 a 7 dias ou 0 - Nunca ou menos de uma vez por semana. P018. Em quantos dias da semana o(a) Sr(a) costuma comer frutas? Opções: 1 a 7 dias ou 0 - Nunca ou menos de uma vez por semana. P00901. Em quantos dias da semana o(a) Sr(a) costuma comer pelo menos um tipo de verdura ou legume (sem contar batata, mandioca, cará ou inhame), como alface, tomate, couve, cenoura, chuchu, berinjela, abobrinha? Opções: 1 a 7 dias ou 0 - Nunca ou menos de uma vez por semana. P02601. Considerando a comida preparada na hora e os alimentos industrializados, o(a) Sr(a) acha que o seu consumo de sal é: Opções: 1-Muito alto; 2-Alto; 3-Adequado; 4-Baixo; 5-Muito baixo. Resultado favorável (1) Indivíduos que atingiram as 4 metas de dieta: (i) Consumo de frutas e vegetais todos os dias [P018 = 7 e P00901 = 7]; (ii) Consumo de peixe 2 vezes por semana [P015 ≥ 2]; (iii) Consumo de sal adequado, baixo ou muito baixo [P02601≥3]; e (iv) Consumo de refrigerantes e/ou sucos industrializados em menos de 5 dias da semana [P02001+P02002 < 5].
Colesterol total Q060. Algum médico já lhe deu o diagnóstico de colesterol alto? Opções: 1-Sim; 2-Não. Resultado favorável (1) Ausência de diagnóstico médico de colesterol alto [Q060 = 2].
Pressão arterial Q00201. Algum médico já lhe deu o diagnóstico de hipertensão arterial (pressão alta)? Opções: 1-Sim; 2-Não. Resultado favorável (1) Ausência de diagnóstico médico de hipertensão arterial (pressão alta) [Q00201 = 2].
Glicose Q03001. Algum médico já lhe deu o diagnóstico de diabetes? Opções: 1-Sim; 2-Não. Resultado favorável (1) Ausência de diagnóstico médico de diabetes [Q03001 = 2].

a) PNS: Pesquisa Nacional de Saúde

Recebido: 17 de Agosto de 2022; Aceito: 21 de Dezembro de 2022

Correspondência: Ana Carolina Souto Valente Motta. E-mail: anacarolina_souto@hotmail.com

CONTRIBUIÇÃO DAS AUTORAS

Todas as autoras contribuíram de forma significativa no desenho do estudo, análise e interpretação dos dados e elaboração da versão preliminar do manuscrito. Motta ACSV e Motoki IHL contribuíram na análise e intepretação dos dados, redação e revisão crítica do conteúdo do manuscrito. Bousquet-Santos KB e Andrade JML contribuíram na concepção e delineamento do estudo, análise e interpretação dos resultados, redação e revisão crítica do conteúdo do manuscrito. Todas as autoras aprovaram a versão final do manuscrito e são responsáveis por todos os aspectos do estudo, incluindo a garantia de sua precisão e integridade.

CONFLITOS DE INTERESSE

As autoras declararam não haver conflitos de interesse.

Editora associada:

Doroteia Aparecida Höfelmann - https://orcid.org/0000-0003-1046-3319

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