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Epidemiologia e Serviços de Saúde

Print version ISSN 1679-4974On-line version ISSN 2237-9622

Epidemiol. Serv. Saúde vol.32 no.2 Brasília  2023  Epub Aug 29, 2023

http://dx.doi.org/10.1590/s2237-96222023000200026 

NOTA DE PESQUISA

Características clínico-epidemiológicas e tendência temporal de casos novos de hanseníase com grau 2 de incapacidade física, no estado do Maranhão, 2011-2020

Rodolfo José de Oliveira Moreira (orcid: 0000-0003-3812-444X)1  , Janaína Miranda Bezerra (orcid: 0000-0002-4799-9638)1  , Floriacy Stabnow Santos (orcid: 0000-0001-7840-7642)1  , Lívia Maia Pascoal (orcid: 0000-0003-0876-3996)1  , Leonardo Hunaldo dos Santos (orcid: 0000-0003-2280-4643)1  , Marcelino Santos Neto (orcid: 0000-0002-6105-1886)1 

1Universidade Federal do Maranhão, Programa de Pós-Graduação em Saúde e Tecnologia, Imperatriz, MA, Brasil

Contribuições do estudo

Principais resultados

De 2.147 casos de hanseníase com grau 2 de incapacidade física no Maranhão, a maioria era do sexo masculino, raça/cor da pele parda, classificação multibacilar e forma dimorfa. A unidade regional de saúde de São Luís apresentou tendência decrescente.

Implicações para os serviços

Os resultados podem guiar estratégias do programa de controle da hanseníase no estado, visando a novas abordagens no sentido do diagnóstico precoce, tratamento e prevenção de incapacidades.

Perspectivas

Mais estudos são necessários, por exemplo, sobre a distribuição espacial dos casos e as taxas de detecção de hanseníase nos menores de 15 anos de idade, para maior compreensão do perfil epidemiológico da hanseníase no Maranhão.

Palavras-chave: Hanseníase; Epidemiologia; Incidência; Grau de Incapacidade Física; Estudo de Séries Temporais

Resumo

Objetivo:

descrever as características clínico-epidemiológicas dos casos novos de hanseníase com grau 2 de incapacidade física e analisar sua tendência no estado do Maranhão, Brasil, 2011-2020.

Métodos:

estudo transversal descritivo e ecológico de série temporal, com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação; realizou-se análise descritiva do evento segundo características sociodemográficas e clínico-laboratoriais dos casos; a tendência temporal da incidência do evento foi analisada pela regressão de Prais-Winsten.

Resultados:

dos 2.147 casos notificados, 71,5% foram do sexo masculino, 48,9% possuíam até 8 anos de estudo, 66,5% eram de raça/cor da pele parda, 95,5% da forma multibacilar, 58,8% da forma dimorfa e 32,3% com baciloscopia negativa no diagnóstico; observou-se estacionaridade na tendência no estado, e tendência decrescente na regional de saúde de São Luís (variação anual = -64,4%; intervalo de confiança de 95% -73,7;-51,9).

Conclusão:

a tendência da incidência foi estável no estado do Maranhão e decrescente em São Luís.

Palavras-chave: Hanseníase; Epidemiologia; Incidência; Grau de Incapacidade Física; Estudo de Séries Temporais

INTRODUÇÃO

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa, crônica; e negligenciada, a despeito de representar um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Trata-se de uma infecção de pele e nervos periféricos, com característica granulomatosa, e que tem, como agente etiológico, o bacilo Mycobacterium Leprae.1),(2 Este, também conhecido como bacilo de Hansen, guarda afinidade por nervos periféricos, e sua infecção pode resultar em lesões neurais com incapacidades físicas permanentes, principalmente em olhos, mãos e pés, se não houver uma forma específica de tratamento.3

Casos de hanseníase podem ser classificados quanto ao número de manchas cutâneas e ao grau de incapacidade física (GIF).4),(5 Uma pessoa com grau 2 de incapacidade física (GIF2) apresenta deficiências importantes, visíveis em olhos, mãos e pés.3

Em nível global, no ano de 2019, a taxa de diagnóstico com GIF2 foi de 1,4 caso por 1 milhão de habitantes, somando um total de 10.816 no mundo.6 Foi quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu a meta de redução da taxa para casos novos com GIF2 inferior a 1 caso/1 milhão de hab., a ser alcançada em 2020.6

No Brasil, também no ano de 2019, foram notificados 2.351 casos novos de hanseníase com GIF2, correspondendo a uma incidência de 11,2 casos/1 milhão de hab.8 Naquele ano, a incidência de GIF2 no estado do Maranhão foi de 31,5 casos novos/1 milhão de hab., sendo registrados 223 casos de hanseníase com GIF2.7) Diante de dados demonstrativos de diagnóstico tardio da hanseníase e transmissão ativa da doença,4),(7 justifica-se a necessidade de compreender o diagnóstico de hanseníase com GIF2 no Maranhão, ao longo da década dos anos 2010 especialmente.

O objetivo da presente nota de pesquisa foi descrever as características clínico-epidemiológicas dos casos novos de hanseníase com GIF2 e analisar sua tendência no estado do Maranhão, Brasil, no período de 2011 a 2020.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal descritivo, destinado à caracterização clínico-epidemiológica dos casos novos de hanseníase com GIF2; e ecológico, quanto à análise da tendência temporal da detecção de casos novos de GIF2 no Maranhão, entre 2011 e 2020. O Maranhão é constituído por 217 municípios e soma uma população de 7.153.262 hab.8

As unidades ecológicas analisadas foram as unidades regionais de saúde (URS). O estado do Maranhão é dividido em 19 URS: Açailândia, Bacabal, Balsas, Barra do Corda, Caxias, Chapadinha, Codó, Imperatriz, Itapecuru Mirim, Pedreiras, Pinheiro, Presidente Dutra, Rosário, Santa Inês, São João dos Patos, São Luís, Timon, Viana, e Zé Doca.9

Os dados que serviram à análise foram extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) no dia 28 de setembro de 2021, a partir de downloads dos bancos de dados em arquivos no formato .cvs. As fichas de notificação compulsória da hanseníase oferecem dados clínicos e sociodemográficos, que foram utilizados como variáveis no presente estudo.10 Afinal, foram selecionados os casos de hanseníase com GIF2 no momento do diagnóstico no estado do Maranhão, no período 2011-2020.

As variáveis selecionadas para a análise descritiva foram:

a) sexo (masculino; feminino);

b) idade (em anos completos: 0 a 14; 15 a 29; 30 a 49; 50 a 59; ≥ 60);

c) raça/cor da pele (branca; preta; amarela; parda; indígena; ignorado);

d) escolaridade (analfabeto; até 8 anos de estudo; acima de 8 anos de estudo; não se aplica; ignorado);

e) forma clínica (indeterminada; tuberculóide; dimorfa; virchowiana; não classificada; ignorada);

f) classificação operacional (multibacilar; paucibacilar);

g) baciloscopia no diagnóstico (positiva; negativa; não realizada; ignorada); e

h) número de lesões presentes (única; 2 a 5; mais de 5; não informado).

Realizou-se a análise descritiva da distribuição de frequência (absoluta e percentual) dos casos segundo características sociodemográficas e clínico-laboratoriais. A detecção de casos novos de GIF2 foi obtida dividindo-se o número de casos novos de hanseníase GIF2 pela população residente na área, no mesmo período, multiplicado por 1 milhão.4 A tendência de detecção de casos novos de GIF2 foi classificada como crescente, decrescente ou estável, de acordo com o valor do coeficiente da regressão de Prais-Winsten: um valor positivo indica uma tendência crescente; um valor negativo, uma tendência descendente; e um valor nulo ou com p-valor sem significância, uma tendência estável.11 Para testar a diferença estatística na tendência, estimou-se a taxa de variação anual (TVA), juntamente com o intervalo de confiança de 95% (IC95%) e nível de significância de 5%. A TVA representa a taxa média de mudança na incidência da doença ao longo de um ano, para cada uma das tendências identificadas.11 No tratamento estatístico dos dados, utilizou-se o software SPSS 24.0.

O projeto do estudo foi dispensado de submissão e apreciação por Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), por se basear exclusivamente em dados de domínio público.

RESULTADOS

Foram avaliados 2.147 casos de indivíduos com diagnóstico de hanseníase e GIF2 atendidos no estado do Maranhão, dentro do recorte temporal proposto.

Com relação à descrição dos casos, a maioria era do sexo masculino (71,5%) e de raça/cor da pele parda (66,5%), classe operacional multibacilar (95,5%) e forma clínica dimorfa (58,8%). Destacaram-se, outrossim, a escolaridade dos afetados de até 8 anos de estudo completos (48,9%), a presença de mais de 5 lesões (48,4%), a idade acima de 60 anos (33,2%) e baciloscopia no diagnóstico negativa (32,3%), conforme apresenta a Tabela 1.

Tabela 1 Características clínico-epidemiológicas dos casos novos de hanseníase com GIF2 no diagnóstico/ano, Maranhão, 2011-2020 

Variáveis N %
Sexo
Masculino 1.536 71,5
Feminino 611 28,5
Idade (em anos completos)
≤ 14 104 4,9
15-29 376 17,5
30-49 604 28,1
50-59 351 16,3
≥ 60 712 33,2
Raça/cor da pele
Branca 321 14,9
Preta 334 15,6
Amarela 18 0,9
Parda 1.429 66,5
Indígena 6 0,3
Ignorado 39 1,8
Escolaridade (em anos de estudo completos)
Analfabeto 557 25,9
≤ 8 1.051 48,9
> 8 313 14,6
Não se aplica 5 0,3
Ignorado 221 10,3
Classe operacional
Multibacilar 2.050 95,5
Paucibacilar 97 4,5
Forma clínica
Indeterminada 44 2,1
Tuberculóide 102 4,8
Dimorfa 1.250 58,8
Virchowiana 543 25,5
Não classificada 162 7,6
Ignorado 26 1,2
Baciloscopia no diagnóstico
Positiva 626 29,2
Negativa 694 32,3
Não realizada 680 31,7
Ignorado 147 6,8
Número de lesões
Lesão única 193 9,0
2-5 498 23,2
> 5 1.039 48,4
Não informado 417 19,4
Total 2.147 100,0

A taxa de detecção de casos novos de GIF2 foi de 35,2 casos/1 milhão de hab. em 2011, e de 15,7/1 milhão de hab. em 2020 (Tabela 2). A tendência da detecção de casos novos de GIF2 no estado revelou-se estacionária no período estudado (TVA = -27,4%; IC95% -53,3;13,0; p-valor = 0,150) e na quase totalidade das URS: a exceção coube à URS de São Luís, onde se observou tendência decrescente da GIF2 (TVA = -64,4%; IC95% -73,7;-51,9; p-valor < 0,001).

Tabela 2 Taxa de casos novos de hanseníase com GIF2a no momento do diagnóstico (por 1 milhão de hab.), distribuída por unidades regionais de saúde, Maranhão, 2011-2020 

URSb 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Taxa de variação anual % (IC­95% c) p-valor Situação
Açailândia 51,1 53,9 70,7 24,4 37,9 47,8 30,4 33,9 33,6 23,3 -6,9 (-22,4;11,7) 0,410 Estável
Bacabal 42,1 99,2 83,8 61,0 74,6 74,5 45,2 40,8 37,0 14,8 -5,2 (-17,6;9,2) 0,420 Estável
Balsas 42,6 14,0 27,7 4,5 9,0 26,9 17,8 31,1 53,0 13,1 -3,2 (-17,2;13,2) 0,660 Estável
Barra do Corda 9,2 9,1 40,5 13,4 21,9 17,4 21,6 21,5 17,1 8,5 -0,5 (-22,1;27,1) 0,970 Estável
Caxias 31,1 37,6 40,6 37,0 26,7 19,9 19,8 49,2 22,8 19,5 -4,9 (-26,0;22,1) 0,660 Estável
Chapadinha 11,2 13,9 19,4 24,6 18,9 10,7 10,6 21,3 21,1 2,6 -7,5 (-38,4;38,8) 0,680 Estável
Codó 39,8 29,7 42,6 68,6 39,0 29,2 35,5 31,9 50,9 41,3 0,2 (-19,4;24,7) 0,980 Estável
Imperatriz 30,9 36,4 26,6 26,5 43,3 15,0 18,6 31,4 38,6 11,0 -5,4 (-24,0;17,7) 0,580 Estável
Itapecuru Mirim 37,1 36,5 21,8 29,6 26,6 28,9 31,2 23,5 38,9 20,6 -9,4 (-34,4;25,1) 0,510 Estável
Pedreiras 37,2 55,8 41,7 50,8 51,2 60,5 23,2 32,0 31,9 22,8 -5,8 (-24,7;17,8) 0,560 Estável
Pinheiro 18,5 10,5 2,6 7,7 12,8 15,3 5,0 25,2 5,0 5,0 -6,2 (-31,0;27,5) 0,640 Estável
Presidente Dutra 14,3 53,4 28,3 38,8 35,1 10,5 31,4 37,9 34,3 10,2 -1,1 (-16,7;17,4) 0,890 Estável
Rosário 7,2 3,5 3,5 3,4 17,1 3,3 16,7 3,3 9,9 3,2 -1,8 (-32,2;42,1) 0,910 Estável
Santa Inês 88,9 80,3 98,0 81,6 53,0 58,0 91,0 41,2 30,8 12,7 -8,6 (-18,1;2,0) 0,120 Estável
S. João dos Patos 21,3 21,1 21,0 25,0 8,3 16,5 8,2 24,4 28,4 4,0 -7,3 (-29,7;22,1) 0,560 Estável
São Luís 47,4 51,9 43,9 42,0 45,1 33,5 40,8 34,6 39,8 25,2 -64,4 (-73,7; -51,9) < 0,001 Descrecente
Timon 21,2 12,6 0,0 16,5 28,6 28,4 4,0 28,1 24,0 11,9 -1,6 (-22,1;24,4) 0,880 Estável
Viana 15,6 0,0 11,4 11,3 26,2 33,5 22,2 18,4 21,9 3,6 -3,6 (-28,4;29,4) 0,790 Estável
Zé Doca 43,0 42,4 17,4 10,3 27,2 10,1 30,1 30,1 33,2 13,2 -7,3 (-24,7;14,1) 0,430 Estável
Maranhão 35,2 38,1 35,4 32,8 34,3 28,4 29,4 30,4 31,6 15,7 -27,4 (-53,3;13,0) 0,150 Estável

a) GIF2: Grau 2 de incapacidade física; b) URS: Unidade regional de saúde; c) IC­95%: intervalo de confiança de 95%.

DISCUSSÃO

O estado do Maranhão apresentou uma tendência estável, e a URS de São Luís, tendência decrescente na detecção de casos novos de hanseníase com GIF2.

No estado do Maranhão, a infecção tem-se apresentado de forma hiperendêmica. O GIF2, além de causar sérias limitações físicas no indivíduo, pode reviver estigmas e preconceitos sociais atribuídos à doença, há milênios.4),(6),(7

Identificou-se maior proporção de casos de hanseníase com GIF2 no sexo masculino. Existe a hipótese, já considerada, de que a maior frequência de diagnóstico tardio da doença no sexo masculino deva-se à menor busca dos homens por atendimento nos serviços de saúde.12 Outra hipótese para esse achado seria a própria testosterona, hormônio sexual predominante masculino, que estimula a resposta imunológica T helper 2, majoritária na classificação multibacilar, em que o GIF2 se apresenta com maior predominância.13

Os casos de hanseníase com GIF2 foram predominantes em indivíduos na faixa etária acima dos 60 anos. A hanseníase é uma doença crônica, e o GIF, relacionado ao tempo de evolução da morbidade. No indivíduo idoso, portanto, são maiores as chances de incapacidades físicas e suas gravidades.14),(15

Esta análise apontou maior frequência de casos de GIF2 em indivíduos com baixa escolaridade. Há evidências de que menores níveis de escolaridade contribuem para a diminuição do autocuidado e redução da procura por atendimento nos serviços de saúde, favorecendo a transmissão da hanseníase e o desenvolvimento de GIF.16)-(18

Houve maior proporção de casos com classificação multibacilar e forma clínica dimorfa. A classificação multibacilar, na qual a forma dimorfa se enquadra, é apontada como um fator de risco para incapacidades físicas. Este aspecto, da classificação multibacilar e diagnóstico com incapacidade física, aponta para um diagnóstico tardío.19),(20

Em relação à baciloscopia, embora tenha ocorrido menor número de resultados positivos quando comparados aos negativos, casos de hanseníase com baciloscopia positiva no diagnóstico possuem duas vezes mais risco de apresentar incapacidades físicas relacionadas à hanseníase.21

Houve maior proporção de casos de hanseníase GIF2 com mais de 5 lesões. A presença de mais de 5 lesões na pessoa com hanseníase é uma característica da classificação operacional multibacilar, a qual se apresenta como fator de risco para o desenvolvimento de incapacidades físicas da doença.4),(19),(20

Observou-se estabilidade na tendência de detecção de casos novos de hanseníase com grau 2 de incapacidade física, na quase totalidade das URS do estado do Maranhão; a única exceção coube à URS de São Luís, onde essa tendência mostrou-se decrescente. A tendência estacionária no conjunto do estado do Maranhão e decrescente em São Luís pode-se atribuir às ações da Estratégia Saúde da Família (ESF) e suas equipes no enfrentamento à hanseníase, implementadas desde o ano de 1994.22 A partir do ano 2000, a efetividade na atuação da ESF no Maranhão fez aumentar o número de diagnósticos de hanseníase e, consequentemente, elevar todos os indicadores relacionados, seguindo-se um declínio progressivo em suas taxas.22

Como limitações deste estudo, destacam-se (i) a possível subnotificação da hanseníase no estado Maranhão e (ii) os eventuais erros no preenchimento das fichas de notificação, haja vista a análise incluir unicamente dados secundários, o que poderia comprometer, principalmente, a descrição do perfil clínico-epidemiológico dos casos. Erros no preenchimento dos dados devem-se a fatores como falta de conhecimento e sobrecarga do profissional de saúde, além de falha nos sistemas de informações.14

Conclui-se que o estudo descreveu o perfil clínico-epidemiológico dos casos novos de hanseníase com GIF2 no estado do Maranhão, observando-se predominância do sexo masculino, raça/cor da pele parda, idade acima de 60 anos, até 8 anos de estudo, classificação multibacilar e forma clínica dimorfa, e baciloscopia negativa no diagnóstico. Identificou-se uma tendência estável dos casos de hanseníase com GIF2 no estado, de modo geral, e tendência decrescente apenas na URS de São Luís. Para a melhor abordagem da hanseníase, no sentido de um diagnóstico precoce, tratamento e prevenção de incapacidades, recomenda-se reforço nas buscas ativas, visando ao diagnóstico precoce.

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Recebido: 13 de Junho de 2022; Aceito: 21 de Junho de 2023

Correspondência: Rodolfo José de Oliveira Moreira. E-mail: rodolfo.moreira@discente.ufma.br

CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES

Moreira RJO, Bezerra JM, Santos FS, Pascoal LM, Dos Santos LH e Neto MS delinearam a pesquisa, fizeram a coleta, análise e interpretação dos dados, escreveram e revisaram o manuscrito. Todos os autores aprovaram a versão final do estudo e são responsáveis por sua veracidade.

CONFLITOS DE INTERESSE

Os autores declararam não haver conflitos de interesse.

Editor associado:

Thaynã Ramos Flores - https://orcid.org/0000-0003-0098-1681

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