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Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi Ciências Naturais

versão impressa ISSN 1981-8114

Bol. Mus. Para. Emilio Goeldi Cienc. Nat. v.3 n.1 Belém abr. 2008

 

Restingas do litoral amazônico, estados do Pará e Amapá, Brasil

 

Amazonian coastline candy coastal in the Amapá and Pará States, Brazil

 

 

Dário Dantas do AmaralI; Maria Thereza ProstII; Maria de Nazaré do Carmo BastosIII; Salustiano Vilar Costa NetoIV; João Ubiratan Moreira dos SantosV

IMuseu Paraense Emílio Goeldi. Coordenação de Botânica. Belém, Pará, Brasil (dario@museu-goeldi.br)
IIMuseu Paraense Emílio Goeldi. Coordenação de Botânica. Belém, Pará, Brasil (prost@museu-goeldi.br)
IIIMuseu Paraense Emílio Goeldi. Coordenação de Botânica. Belém, Pará, Brasil (nazir@museu-goeldi.br)
IVInstituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá. Centro de Pesquisas Aquáticas. Amapá, Macapá, Brasil (salustiano.neto@iepa.ap.gov.br)
VUniversidade Federal Rural da Amazônia. Departamento de Ciências Florestais. Belém, Pará, Brasil (bira@museu-goeldi.br)

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Na Amazônia brasileira, as restingas ocupam uma área de aproximadamente 1.000 km2, correspondendo a menos de 0,1% dos demais tipos de vegetação ocorrentes na região. O presente estudo tem por objetivo caracterizar as restingas dos estados do Pará e Amapá, com base em informações florísticas (incluindo o primeiro checklist para a Amazônia), fisionômicas e geomorfológicas, e estabelecer uma classificação de padrões de ocorrência deste tipo de vegetação litorânea na costa amazônica. Para tal, foram investigadas dez áreas de ocorrência de restinga ao longo dos litorais do Pará e Amapá. O checklist compreende um total de 365 espécies, 237 gêneros e 89 famílias, com respectivas indicações de forma de vida, nome popular, comunidade vegetal de ocorrência e localidades de coleta. Foram reconhecidas três feições de ocorrência deste tipo de vegetação: (1) feição embrionária ou de estabelecimento; (2) feição intermediária ou de transição e (3) feição de consolidação. A vegetação de restinga não está protegida em nenhuma unidade de conservação de proteção integral na Amazônia, sendo necessário incluí-la, visto a frágil e específica flora associada, com ameaça de extinção local de algumas espécies, caso mantido o atual nível de agressão em curso.

Palavras-chave: Amazônia. Restinga. Vegetação litorânea.


ABSTRACT

Coastal beach vegetation in the Amazon River delta (Pará and Amapá states, Brazil) occupies an estimated area of 1000 km2, less than 0,1% of the area occupied by other types of Amazonian vegetation. This study aims to characterize beach ecosystems of the northern Brazilian states of Pará and Amapá, based on their floristic composition (including the first species checklist for the region), vegetation classification, and geomorphology, and to establish a classification of the different types of beach vegetation in Amazonian coastal areas. Ten areas of beach vegetation were investigated on the Pará and Amapá coasts. The checklist includes 365 plant species in 237 genera and 88 families, with information on life forms, popular names, predominant vegetation community, and geographical occurrences along the coast. Three phases of beach vegetation are recognized: (1) pioneer or establishment phase, (2) intermediate or transition phase, and (3) consolidation phase. Amazonian beach ecosystems are unprotected since they lie outside of any non-use conservation unit. It is urgent that they be included in protected areas because of their vulnerable and restricted floras, some species of which are threatened with local extinction due to current high levels of human exploitation of these areas.

Keywords: Amazonia. Sandy coastal. Vegetation restinga.


 

 

INTRODUÇÃO

O litoral amazônico brasileiro ou equatorial prolonga-se por mais de 1.500 km de extensão, abrangendo os estados do Pará, Amapá e Maranhão (Suguio & Tessler, 1984). A faixa que compreende o nordeste do Pará apresenta características ambientais singulares que a distinguem na costa brasileira, destacando-se por suas formas recortadas com ilhas, penínsulas e baías, situadas nas desembocaduras freqüentemente amplas de rios de curto percurso, onde predominam as 'rias' com formações de pequenas falésias, praias de sedimentos arenosos e/ou sílticos-argiloso, manguezais e restingas (Franzinelli, 1982; 1992; Farias et al., 1987).

No conceito botânico, restinga corresponde à vegetação que ocorre adjacente ao oceano nas planícies costeiras arenosas quaternárias (Araujo & Henriques, 1984). Na costa brasileira, elas ocorrem de maneira descontínua, desde 4o N a 34o S, com maiores extensões no Rio Grande do Sul e na região sudeste, nas desembocaduras de grandes rios, como o Paraíba do Sul (Rio de Janeiro) e o Rio Doce (Espírito Santo), com 3.000 km2 e 2.500 km2, respectivamente (Araujo, 2000).

Na Amazônia, as restingas ocupam uma área estimada em 1.000 km2 (Pires, 1973), correspondendo a menos de 0,1% dos demais tipos de vegetação da Amazônia. Até a década de 80, a vegetação de restinga na Amazônia era citada apenas nos estudos de classificação de vegetação, conforme encontrado em Braga (1979), que a descreve como "medíocre de baixíssima riqueza de espécies". Estudos específicos sobre vegetação de restinga foram iniciados com Santos & Rosário (1988), discorrendo sobre a vegetação fixadora de dunas na ilha de Algodoal, Pará. Estes autores listaram 171 espécies com informações sobre forma de vida e abundância relativa das espécies.

Após duas décadas desta publicação, houve uma intensificação nos estudos sobre vegetação de restinga na Amazônia, abordando, principalmente, composição florística e fitossociologia (Bastos, 1995; Bastos et al., 1995; Bastos, 1996; Amaral et al., 2001; Costa-Neto et al., 1996; Costa-Neto, 1999; Costa-Neto et al., 2001; Santos et al., 2003), taxonomia (Amaral, 2001; Rosário et al., 2005; Rocha, 2000; Rocha & Secco, 2004; Rocha & Bastos, 2004; Vicente et al., 1999), anatomia vegetal (Alvarez et al., 2001; Alvarez & Potiguara, 2002) e etnobotânica (Coelho-Ferreira, 2001; Coelho-Ferreira & Jardim, 2005; Coelho-Ferreira & Silva, 2005).

O presente estudo tem por objetivo caracterizar as restingas dos estados do Pará e Amapá, com base em informações florísticas (incluindo o primeiro checklist para a Amazônia), fisionômicas e geomorfológicas, e estabelecer uma classificação de padrões de ocorrência deste tipo de vegetação litorânea na costa amazônica.

 

METODOLOGIA

Área de estudo

Foram investigadas dez áreas de restinga no litoral amazônico, sendo nove no estado do Pará e uma no estado do Amapá (Figura 1): 1) Reserva Biológica Parazinho/Amapá, 2) Reserva Ecológica do Bacurizal/Salvaterra/Marajó, 3) Ilha Nova/São Caetano de Odivelas, 4) Ilha Romana/Curuçá, 5) Praia do Crispim/Marapanim, 6) Ilhas de Algodoal/ Maiandeua/Maracanã, 7) Praia do Atalaia e Ilhas do Marco/ Marieta/Salinópolis, 8) Ilha Canela/Bragança, 9) Área de Proteção Ambiental do Urumajó/Augusto Corrêa e 10) Área de Proteção Ambiental Jabotitiua/Jatium/Viseu.

 

 

Caracterização das formações vegetais

A classificação das formações vegetais foi adaptada de Araujo (2000) para as restingas do litoral fluminense. Para a caracterização das formações vegetais, levou-se em consideração os estudos locais realizados com esta abordagem (Bastos et al., 1995; Bastos, 1996; Amaral, 1997; Costa-Neto et al., 2001), bem como informações adicionais dos autores, a partir das experiências de campo. Foi desenhado um perfil esquemático que visualiza a localização (sentido mar-continente) das formações vegetais das restingas do litoral amazônico aqui analisadas, tendo como referência a restinga de Algodoal, Pará, que contempla todas as formações vegetais com registro para esta região, à exceção da formação halófila, plotada apenas no perfil para fins didáticos.

Composição florística

Foi elaborado um checklist de todas as espécies com ocorrência para as restingas dos estados do Pará e Amapá, com base em registros oficiais no herbário do Museu Paraense Emílio Goeldi (MG). Estas espécies constam do banco de dados do PROBAC (Projetos Botânicos em Áreas Costeiras/Coordenação de Botânica/Museu Paraense Emílio Goeldi) e, ainda, decorrentes de listagens de inventários realizados, relatadas nas publicações sobre este tipo de vegetação na região (Santos & Rosário, 1988; Bastos, 1995; Bastos et al., 1995; Amaral et al., 2001; Bastos et al., 2001; Costa-Neto et al., 2001; Santos et al., 2003).

As grafias dos taxa foram atualizadas mediante consulta ao herbário MG e ao banco de dados do Missouri Botanical Garden. Para a classificação botânica, levou-se em consideração o sistema de Cronquist (1981).

A classificação das formas de vida foi baseada em Veloso et al. (1991), com o seguinte entendimento: árvore (planta lenhosa, tronco principal evidente, com primeiras ramificações acima de 1,3 m de altura do nível do solo); arbusto (planta lenhosa, com ou sem tronco principal evidente, ramificando desde a base); erva (planta não lenhosa); estipe (caule cilíndrico das palmeiras que é indiviso e termina com uma coroa de folhas); epífitas (plantas que crescem sobre outras espécies vegetais, sem manter contato com estas para a absorção de nutrientes); e lianas (planta volúvel, trepadeira, com estruturas para fixação, desenvolvendo-se, geralmente, sobre outros vegetais).

Definição dos padrões de ocorrência das restingas amazônicas

Com base na similaridade florística, informações geomorfológicas e fitofisionomia das restingas estudadas, foram identificados padrões de ocorrência deste tipo de vegetação litorânea na Amazônia. Estes padrões de ocorrência apresentam características biofísicas distintas, que são aqui discriminadas: número de formações vegetais, número de espécies, extensão de ocorrência da restinga (sentido mar-continente), denominação das formações vegetais associadas, características geomorfológicas e locais de ocorrência neste litoral.

As listas das espécies das restingas estudadas foram obtidas nas seguintes fontes: Canela (Amaral et al., 2001a), São Caetano de Odivelas (banco de dados de vegetação de restinga/CBO-MPEG), Viseu (Santos et al., 2003), Rebio do Parazinho (Costa-Neto & Silva, 2005), Crispim (Amaral et al.,2001b; Costa-Neto et al., 1996), Salinas (banco de dados de vegetação de restinga/CBO-MPEG), Urumajó (Bastos et al., 2001), Salvaterra (Lisboa et al., 1993), Curuçá (Almeida, 2006), Algodoal-Maiandeua (Bastos et al., 1995; Bastos, 1996).

Similaridade florística

Objetivando o conhecimento das relações florísticas entre as restingas investigadas, foi realizada análise de similaridade, utilizando o Índice de Srensen (Mueller- Dombois & Ellenberg, 1974), através do programa FITOPAC (Shepherd, 1988).

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Florística

A listagem florística das restingas dos estados do Pará e Amapá compreende um total de 365 espécies, 237 gêneros e 89 famílias (Apêndice 1). As dez famílias de maior riqueza em espécies foram Fabaceae (43), Poaceae (36), Cyperaceae (35), Rubiaceae (18), Myrtaceae (16), Euphorbiaceae (10), Eriocaulaceae (9), Melastomataceae (8), Asteraceae (7) e Convolvulaceae (7) (Figura 2). Tais famílias albergam 189 espécies, correspondendo a 51,8% do total das espécies registradas. As demais famílias (79) agrupam o restante das 176 espécies (48,2% do total).

 

 

A flora das restingas é bem conhecida no litoral fluminense, com registro de 1.005 espécies, 479 gêneros e 112 famílias (Araujo, 2000), praticamente três vezes o listado neste estudo para a Amazônia, que correspondeu a 365 espécies, das quais 45 (11,4%) são comuns às duas regiões litorâneas.

Algumas das famílias aqui registradas como de maior riqueza específica (Fabaceae, Cyperaceae, Poaceae, Rubiaceae, Myrtaceae e Asteraceae) também foram indicadas neste mesmo sentido para as restingas do litoral fluminense (Araujo, 2000). Todavia, existem famílias com poucas espécies no litoral amazônico que são bem representadas no Rio de Janeiro.

Cactaceae, por exemplo, aparece nas restingas do Rio de Janeiro entre as 20 famílias mais importantes em número de espécies, estando associada aos ambientes secos litorâneos (Araujo, 2000). No presente estudo, tal família é representada por apenas uma espécie (Cereus jaracaru), o que pode ter relação com a maior disponibilidade de umidade das restingas amazônicas, condição pouco propícia ao desenvolvimento deste grupo de plantas. Situação similar ocorre com Bromeliaceae e Orchidaceae. Tais famílias ocupam, nas restingas fluminenses, respectivamente, a terceira e quinta posições em riqueza específica, junto com 112 espécies. No presente estudo, estas famílias ocorrem de forma discreta, Bromeliaceae com apenas duas representantes (Aechmea beeriana e Ananas ananasoides) e Orchidaceae com seis espécies (Catasetum discolor, Encyclia granitica, Epidendron noturno, Habenaria longipedicellata, Oeceoclades maculata e Sobralia liliastrum), 31a e 16a posições, respectivamente, em riqueza específica.

De fato, esta dessemelhança da flora de Cactaceae e Bromeliaceae entre as restingas do litoral fluminense e da Amazônia pode ser constatada na prática. Caminhar pelas restingas fluminenses requer, via de regra, proteção aos pés, em função dos espinhos geralmente associados a tais plantas, diferentemente das restingas amazônicas, que, em função da pouca expressividade destes vegetais, prazerosamente dispensam tal proteção.

Em contrapartida, Eriocaulaceae, que ocupa a sétima posição em número de espécies para as restingas aqui estudadas, não figura entre as 20 mais ricas no litoral fluminense (Araujo, 2000).

Desperta atenção, ainda, a relativa riqueza das Sapotaceae, com seis representantes neste estudo. A afinidade (relativa) desta família com o ecossistema de restinga parece ser um fato associado ao litoral amazônico. Com representantes de hábito arbóreo, as Sapotaceae não constam da listagem de Assis et al. (2004) para a floresta de restinga do Espírito Santo e ocorrem com apenas duas espécies (Chrysophyllum marginatum e Sideroxylon obtusifolium) nas matas de restinga do Parque Estadual de Itapuã, no Rio Grande do Sul (Sherer et al., 2005).

Sapotaceae é uma das famílias mais importantes (riqueza e abundância) das árvores das florestas ombrófilas da Amazônia (Pennington, 1990). Além desta família, todas as outras com representantes arbóreos aqui listadas são igualmente comuns nestas florestas (Ribeiro et al., 1999), com destaque, em riqueza específica, para Fabaceae, Euphorbiaceae, Chrysobalanceae, Myrtaceae e Rubiaceae, fato que pode explicar, em parte, a origem da flora destas restingas. Quando se compara com os cerrados amazônicos (Miranda & Carneiro-Filho, 1994; Miranda et al., 2006), algumas famílias típicas deste bioma, como é o caso de Vochysiaceae, Ebenaceae e Proteaceae, não ocorrem nas restingas estudadas (Araujo, 2000).

Formações vegetais

A cobertura vegetal das restingas dos estados do Pará e Amapá está distribuída em seis formações vegetais distintas: halófila, psamófila reptante, brejo herbáceo, campo de dunas, formação aberta de moitas e floresta de restinga. As mais próximas à praia apresentam uma dinâmica intensa, regulada pela ação de marés, ondas e ventos. As mais internas e que apresentam uma cobertura vegetal herbácea predominante encontram-se fortemente reguladas pelo regime pluviométrico e variação do lençol freático, o que lhes confere uma forte sazonalidade de espécies, enquanto as de porte arbóreo são reguladas, mais intensamente, pelas condições edáficas do solo. Existe uma nítida zonação de formações vegetais de restinga dentro da planície litorânea. Todas as restingas investigadas neste estudo apresentam tal zonação (seqüência de ocorrência das formações vegetais), variando apenas o número de formações vegetais.

A Tabela 1 sintetiza as principais características das formações vegetais discutidas neste estudo, sistematizando informações, como riqueza de espécies, proximidade do lençol freático, distância do mar e forma de vida predominante.

 

 

As ervas predominam como principal forma de vida entre as formações vegetais investigadas, à exceção da floresta de restinga, onde as árvores são predominantes (Figura 3). Nesta formação, ocorrem as únicas palmeiras (estipes) registradas para o estudo: Astrocaryum vulgare, Desmoncus orthacanthos, Maximiliana maripa e Oenocarpus distichus.

 

 

Plantas epífitas são pouco comuns, correspondendo a menor representatividade de forma de vida, geralmente representantes das famílias Araceae e Orchidaceae. São elas: Anthurium sinuatum, Philodendron acutatum, Philodendron grandifolium, Catasetum discolor, Encyclia granitica e Epidendrum nocturnum.

A formação vegetal mais próxima à praia é denominada de halófila (Figura 4). Encontra-se sob influência direta da ação do mar, logo após a zona de estirâncio (zona situada entre as marés mais baixas e as mais altas do ano, conhecida também como zona de intermaré), apresentando poucas espécies, adaptadas às altas salinidades, daí o nome da formação. São elas Sesuvium portulacastrum, Blutaparon portulacoides e Sporobolus virginicus, representantes das famílias Aizoaceae, Amaranthaceae e Poaceae, respectivamente.

 

 

Propágulos de espécies típicas de manguezais, como Rhizophora mangle L. e Laguncularia racemosa Gaertn., são comumente encontrados nesta zona, lançados à praia pela preamar, porém, não atingem o estágio adulto, visto as condições edáficas desfavoráveis.

Logo após esta faixa limítrofe com o mar, surgem as primeiras dunas (zona de supramaré), sobre as quais se desenvolve a formação conhecida como psamófila reptante (Figura 5), representada por espécies estoloníferas, rizomatosas e de rápido crescimento. As espécies são resistentes ao acúmulo de areia, constante exposição ao vento e altas temperaturas. Apenas 15 espécies têm ocorrência registrada para esta formação vegetal (Apêndice).

 

 

Formam, em geral, um emaranhado capaz de reter a areia deslocada pelo vento, atuando, desta forma, na fixação destes cordões de pequenas dunas, com destaque, principalmente, para Ipomoea pes-caprae, Ipomoea imperati, Canavalia rosea, Vigna luteola, Paspalum vaginatum, Fimbristylis spadicea, Sporobolus virginicus, Cyperus ligularis, além de Sesuvium portulacastrum e Ambrosia microcephala.

o brejo herbáceo (Figura 6) corresponde à formação subseqüente. Após um pequeno talude voltado para o interior - que representa a borda interna de depressões alongadas - as plantas prosperam nas partes baixas inundadas pelo lençol freático durante a metade do ano (estação chuvosa) e/ou pelas águas pluviais. Nos demais meses do ano, o lençol não aflora, porém, fica a menos de 0,6 cm da superfície do solo, disponibilizando relativa umidade ao ambiente.

 

 

A vegetação apresenta uma evidente sazonalidade anual de composição florística. No período de menor precipitação (julho a dezembro), poucas espécies sobrevivem, geralmente Fimbristylis cymosa, Eleocharis geniculata, Pycreus polystachyos e Iresine vermicularis. Em contrapartida, nos períodos de chuva (janeiro a junho), além destas espécies, surge uma flora mais diversificada, com destaque para Paspalum vaginatum, Ludwigia hissopifolia, Aeschynomene evenia, Killinga rígida, Ipomoea littoralis e muitas outras.

Além das herbáceas, ocorrem alguns arbustos isolados, como Dalbergia ecastophyllum, Chrysobalanus icaco e Entada polyphylla. Surgem, eventualmente, espécies lenhosas do manguezal, como Rhizophora mangle, Laguncularia racemosa e Conocarpus erectus L., cujos propágulos são oriundos de canais que interligam esta formação ao mar. São registrados para esta formação de restinga um total de 150 espécies (Apêndice).

Dentre as Cyperaceae mais freqüentes, ocorrem Cyperus ligularis, Eleocharis geniculata, Fimbristylis cymosa, Fimbristylis spadicea, Fimbristylis annua, Pycreus polystachyos, Kyllinga pumila, Kyllinga rigida, Rhynchospora riparia, Scleria lithosperma e Scleria macrogyne. As Poaceae são representadas comumente por Axonopus capillaris, Axonopus purpusii, Paspalum vaginatum, Reimarochloa acuta e Sporobolus virginicus.

Mais para o interior, ocorrem os campos de dunas (Figura 7), que são regiões campestres, formadas por dunas altas intermediárias e interiores, estas formadas por areia muito fina quartzosa. Podem apresentar depressões interdunares, que possibilitam a formação de pequenos lagos durante a estação de chuvas, ou que permaneçam úmidas devido à proximidade do lençol freático com a superfície do solo. Caracterizam-se pela presença de indivíduos herbáceos, com Rhynchospora riparia e Axonopus purpusii prevalecendo entre as demais e alternando-se entre si, em relação ao período seco ou chuvoso. O número de espécies com registro para esta formação é de 260 (Apêndice), sendo a maior riqueza específica entre as demais formações de restinga.

 

 

O período chuvoso coincide com a floração de Utricularia amesthystina, Utricularia fimbriata e Utricularia subulata, cujas florações de um amarelo vistoso destacam-se na paisagem, caracterizando um aspecto particular para a formação. Nos lagos, proliferam espécies aquáticas como Mayaca fluviatilis e Nymphea sp.

As dunas são de formatos e tamanhos variados, podendo atingir mais de 20 m de altura. Geralmente, são vegetadas por árvores e arbustos, como Anacardium occidentale, Chrysobalanus icaco, Coccoloba latifolia, Dalbergia ecastophyllum, Entada polyphylla, Hymathanthus articulatus e outros. Em alguns trechos, esta vegetação lenhosa assemelha-se à floresta de restinga, com árvores de relativo porte (5 m de altura e 30 cm de circunferência), cujas copas estão entrelaçadas.

Ocupando terrenos mais distantes da praia, ocorre a formação aberta de moitas (Figura 8), caracterizada pela presença de moitas de tamanhos variados, intercaladas por áreas abertas com vegetação herbácea. Tratam-se, na realidade, de formações dunares mais interiorizadas, menos características do que as dunas frontais atlânticas, mas freqüentemente desenvolvendo perfis de solos podzólicos. Apenas em dois locais no litoral paraense têm-se registros para tal formação vegetal: Praia do Crispim e ilhas de Algodoal-Maiandeua. A flora registrada para esta formação é de 110 espécies, metade arbórea e metade ervas (Apêndice).

 

 

As moitas geralmente não ultrapassam 20 m2 de área, podendo algumas apresentar tamanhos superiores a este. Apresentam baixa diversidade de arbustos e árvores, destacando-se Clusia grandiflora, Chrysobalanus icaco, Myrcia cuprea, Myrcia silvatica, Protium heptaphyllum, Anacardium occidentale e Humiria balsamifera. Nas moitas maiores encontra-se maior riqueza, podendo estas apresentar até 39 espécies (Amaral, 1997), com representantes comuns aos ambientes de floresta de terra firme na Amazônia, como Copaifera martii (copaíba), Hymenolobium petraeum (angelim), Micropholis venulosa (abiu), Glycoxylon pedicellatum (abiu casca doce) e Tapirira guianensis (tapiririca).

A floresta de restinga (Figura 9) está localizada posteriormente ao campo de dunas, sob solos menos arenosos (podzol-hidromórfico, em Algodoal) (Ruivo et al., 2002). Faz limite com o mangue, no caso de Algodoal, ou com vegetação secundária (capoeira), na restinga da praia de Marieta (Salinópolis), sendo estes locais os únicos com registro para esta formação de restinga. Tem registro para a floresta de restinga um total de 140 espécies (Apêndice).

 

 

Bastos (1996), no estudo das formações vegetais de Algodoal, denominou esta floresta como "mata de Myrtaceae", seguindo uma denominação anteriormente empregada para alguns trechos do litoral sudeste brasileiro (Ule, 1967; Pereira, 1990) em função da expressividade desta família (riqueza e abundância). Todavia, preferiu-se a designação de floresta de restinga, seguindo, assim, os mais recentes trabalhos envolvendo, especificamente, a vegetação arbórea de restinga (Assis et al., 2004; Sherer et al., 2005). Além disto, a denominação "mata de Myrtaceae" valoriza unicamente esta família botânica, em detrimento a outras mais de 40 que são igualmente ocorrentes nesta formação vegetal.

Em outros locais, como nas restingas do Crispim e Urumajó, ocorre uma vegetação arbórea-arbustiva que pode ser confundida com as florestas de restinga, no entanto, encontram-se sobre os solos arenosos das dunas, relacionados ainda com a formação de campo de dunas.

É formada por arbustos e árvores de troncos finos (área basal inferior a 16 m2/ha) de porte baixo (em torno de 3-5 m de altura), com predomínio (riqueza e abundância) de representantes da família Myrtaceae, basicamente Eugenia e Myrcia, além de Fabaceae, Sapindaceae, Rubiaceae e Sapotaceae. Os maiores destaques, em estrutura, são de Saccoglotis guianensis e Humiria balsamifera, além de Protium heptaphyllum e Anacardium occidentale, que podem atingir até 10 m de altura e 20 cm de diâmetro.

Semelhante às moitas descritas para a formação vegetal anterior, estas florestas compartilham espécies comuns às florestas de terra firme da Amazônia, como Copaifera martii (copaíba), Hymenolobium petraeum (angelim), Micropholis venulosa (abiu), Hymenaea parvifolia (jutaí), Swartzia lauriflora (pitaíca), Manilkara amazonica (maçaranduba) e Licania octandra (caripé).

Algumas palmeiras fazem-se presentes, como Astrocaryum vulgare e Maximiliana maripa, formando, em geral, grandes touceiras. No sub-bosque, espaçadamente, é comum a Bromeliaceae terrestre Ananas nanus, juntamente com arbustos de Turnera brasiliensis, Faramea crassifolia, Psychotria barbiflora, Amasonia campestris, Duroia duckei e Polygala spectabilis.

Das formações vegetais discutidas, apenas duas ocorrem no litoral do Amapá, precisamente na restinga da Reserva Biológica do Parazinho, sendo elas psamófila reptante e brejo herbáceo, abrigando 22 espécies, sendo todas herbáceas, à exceção dos arbustos Hibiscus bifurcatus e Hibiscus furcellatus (Salustiano Vilar Costa-Neto, com. pess.).

As restingas são caracterizadas pela diversidade de comunidades vegetais fisionomicamente distintas ao longo do litoral brasileiro. O número destas comunidades varia conforme o trecho litorâneo.

Rizzini (1979), no tratado de fitogeografia do Brasil, identifica e descreve cinco comunidades vegetais associadas às planícies litorâneas brasileiras. Na região sudeste, Araujo & Henriques (1984) e Araujo (2000) reconhecem 12 comunidades vegetais para o litoral fluminense. No litoral do Rio Grande do Sul, Waechter (1990) identifica nove tipos de vegetação litorânea com características, segundo o autor, distintas quando comparadas com aquelas de outros estados brasileiros. Para o litoral nordestino, Pinto et al. (1984) reconhecem na costa norte da Bahia oito ambientes distintos em aspectos florísticos e fisionômico.

Numa análise mais abrangente sobre as restingas da costa brasileira, envolvendo observações fisionômicas, florísticas e topográficas, Araujo (1992) considera 12 comunidades vegetais para as regiões de planícies costeiras arenosas do país, tomando como exemplo os cordões litorâneos e terrenos baixos de Maricá, no Rio de Janeiro. Para as restingas amazônicas aqui estudadas, são identificadas seis comunidades vegetais (halófila, psamófila reptante, brejo herbáceo, campo de dunas, formação aberta de moitas e floresta de restinga), todas consideradas na análise de Araujo (1992), com algumas variações de terminologia, como é o caso da formação aberta de moitas, que no litoral sudeste é denominado de Thichet de Clusia e Thichet de Ericaceae (tal família não tem registro para as restingas do litoral amazônico), de acordo com a vegetação de referência. o campo de dunas mencionado neste estudo compreende tanto a vegetação herbácea que ocorre na região plana entre as dunas, como a vegetação arbustiva sobre as dunas, diferentemente do considerado por Bastos et al. (1995) para a restinga de Algodoal, optando por separar em comunidades distintas (campo entre dunas e dunas).

Esta variação de terminologias é comentada por Araujo (2000) como uma das dificuldades em estabelecer uma classificação única e/ou padronizada, onde se enquadrariam todos os tipos de vegetação de restinga no Brasil, aliado à falta de conhecimento de extensos trechos deste litoral, embora o autor considere, com base em diferentes classificações regionais, que existem semelhanças fisionômicas entre quase todos os tipos vegetacionais, mesmo com pouca similaridade florísticas ao longo do litoral brasileiro.

Padrões de ocorrência das restingas amazônicas

De acordo com dados de fitofisionomia, florística e geomorfologia, é possível distinguir três feições de ocorrência das restingas ao longo da costa paraense (Tabela 2).

 

 

Feição embrionária ou de estabelecimento

Apresenta uma vegetação de restinga pouco expressiva, com até três formações vegetais distintas, sendo elas halófilas (pode ou não estar presente), psamófila reptante e brejo herbáceo. Considerando a flora destas três formações, tem-se um número total inferior a 160 espécies registradas.

Ocupam, geralmente, locais sobre depósitos litorâneos recentes, cobrindo pequenas extensões de área (até 200 m de comprimento no sentido marcontinente), como é o caso, no litoral paraense, da Ilha Canelas, das praias de São Caetano de Odivelas e das Ilhas de Jabotitiua-Jatium, em Viseu, além da Rebio Parazinho, no Amapá.

As modificações da linha da costa (assoreamento ou erosão) têm influência direta nestas restingas, que, na realidade, são cordões arenosos, cujo desenvolvimento pode ser efêmero. Exemplos desse tipo são encontrados na ilha de Mutucal (estuário dos rios Mojuim-Mocajuba, no setor de São Caetano de Odivelas), onde a vegetação típica de restinga desenvolveu-se rapidamente em um cordão arenoso em contato com o manguezal adulto. As perspectivas de permanência e de desenvolvimento de restingas desse tipo são precárias, pois dependem diretamente da dinâmica costeira (ondas, correntes e macromarés).

Feição intermediária ou de transição

Congrega a maioria das áreas de restinga deste litoral, com até cinco formações vegetais de ocorrência, dependendo da restinga, sendo elas halófilas (pode ou não estar presente), psamófila reptante, brejo herbáceo, campo de dunas e formação aberta de moitas (pode ou não estar presente). Na restinga de Marieta, representante desta feição, ocorre, ainda, a formação floresta de restinga. A riqueza específica desta feição é mais expressiva, com pouco mais de 200 espécies.

Ocorre em áreas litorâneas extensas (praias e cordões de dunas), com maior grau de permanência espaço-temporal, ocupando trechos expressivos das planícies litorâneas (o transecto mar-continente pode atingir mais de 750 m de extensão). Dentre os trechos mais característicos deste padrão de ocorrência, são citados: Crispim, Salinas, Marco-Marieta e Ajuruteua.

Feição de consolidação

Este padrão é representado exclusivamente pelas ilhas de Algodoal/Maiandeua. Ocorrem todas as formações reconhecidas para o litoral do Pará, à exceção das halófilas. São elas: psamófila reptante, brejo herbáceo, campo de dunas, formação aberta de moitas e a floresta de restinga. A flora com registro para o local abrange 250 espécies.

Correspondem aos depósitos litorâneos com a maior permanência (mais estáveis na escala têmporo-espacial) na região fisiográfica do Salgado Paraense. No trecho mais afastado da praia, os solos (podzois hidromórficos) apresentam um perfil mais desenvolvido, com um horizonte A rico em matéria orgânica, seguido por um B arenoso de lixiviação, tendo na base uma acumulação rica em ferro, mais coerente, de tipo 'alios', o que possibilita o estabelecimento de árvores de médio porte formando a floresta de restinga. A maior extensão (a partir do mar) até esta floresta é de cerca de 750 m, fazendo limite com o manguezal.

Similaridade florística

O dendograma de similaridade florística (Figura 10) entre as restingas estudadas fundamenta o entendimento de padrões distintos de ocorrência deste tipo de vegetação na Amazônia. Identificam-se dois agrupamentos, um primeiro, que separa um maior grupo de restingas (Algodoal, Crispim, Salinas, Urumajó, Curuçá, Salvaterra e São Caetano de Odivelas), e o outro agregando as restingas de Canela, Rebio do Parazinho (a única restinga fora do Pará) e Viseu. A área de Algodoal, embora esteja agrupada isoladamente ao Crispim, ao nível de 66% de fusão, ocupa uma posição relativamente à parte, com 220 espécies do total listado (55,28%), das quais 53 (14,52%) de ocorrência restrita a esta faixa litorânea. Canela e a Rebio do Parazinho, por outro lado, formam outra unidade bem definida ao nível de 44%, representada pela baixa riqueza específica, com um total de apenas 39 espécies (7,95% do total), das quais somente 11 são comuns às duas áreas.

 

 

A Tabela 3 apresenta a matriz de similaridade florística entre as restingas analisadas. Apenas a similaridade entre as restingas de Algodoal e Crispim (66,09%) foi maior que 50%. A menor similaridade foi obtida entre as restingas de Salvaterra e da Rebio do Parazinho (4,4%), com apenas duas espécies comuns, Ipomoea pes-caprae e Eleocharis interstincta. A média entre as 45 combinações possíveis foi de 27%. Foram mais similares (>40%) entre si tanto as restingas que caracterizam a feição definida como embrionária neste estudo (Canelas e Rebio do Parazinho – 44 %, Canela e Viseu – 43%), como aquelas que representam as outras duas feições (intermediária/ transição e de consolidação), que é o exemplo de Crispim e Algodoal (66,09%), Salinas e Urumajó (40,49%). Em contrapartida, as menores similaridades (<20%) foram obtidas entre combinações em que uma das restingas representava a feição embrionária (Rebio do Parazinho e Algodoal – 8,89%, Canela e Salvaterra – 16,49 %).

 

 

A identificação de padrões de ocorrências das restingas proposta neste estudo visa orientar análises fitogeográficas desta tipologia vegetal no litoral amazônico.

Tal iniciativa tem como referência o estudo de Araujo & Henriques (1984), que dividiu o litoral fluminense em 10 faixas contínuas de ocorrência das restingas, individualizando três agrupamentos distintos com base na composição florística.

De acordo com o citado estudo, a similaridade florística entre restingas nem sempre está condicionada à distância entre áreas, fato igualmente observado no litoral aqui analisado. São Caetano de Odivelas, no extremo oeste do litoral paraense, embora com faixas arenosas praticamente contíguas à região de Curuçá, apresenta uma similaridade de 23,14% entre suas restingas. Em contrapartida, mostra-se mais similar (25%) quando comparado a Canela, no outro extremo deste litoral (mais de 500 km). A restinga da Rebio do Parazinho, no Amapá, apresenta a maior similaridade (44%) com a restinga de Canela, no extremo leste do litoral do Pará, quase divisa com o estado do Maranhão. Logicamente, há de se considerar problemas de deficiências de coletas nestas áreas.

A baixa similaridade florística entre as restingas avaliadas neste estudo reforça a idéia do quanto é heterogênea a vegetação deste ambiente (Araujo, 2000), com apenas uma espécie (Ipomoea pes-caprae) comum a todas as áreas investigadas, sendo a grande maioria (38,08%) de ocorrência restrita de uma das áreas, com destaque à restinga de Algodoal/Maiandeua, com registro de 53 espécies exclusivas.

Os trechos mais extensos e representativos de vegetação de restinga na Amazônia encontram-se no litoral paraense, nas praias de Algodoal, Crispim, Salinas e Ajuruteua, onde ocorrem todas as formações vegetais associadas a esta tipologia vegetal, descritas neste estudo.

Embora no mesmo cenário (geográfico) amazônico, a ocorrência de vegetação de restinga no litoral amapaense é discreta (somente um trecho conhecido), sendo listadas apenas 22 espécies para a região, das quais Cyperus corymbosus e Hymenachne amplexicaulis não foram registradas para o litoral do Pará.

Enquadrados na mesma subdivisão litorânea do Brasil, como "litoral amazônico ou equatorial" (Suguio & Tessler, 1984), os estados do Pará e Amapá (litoral guianense) apresentam costas distintas. Na costa do Amapá, a sedimentação é predominantemente lamosa, enquanto na porção oriental do litoral amazônico, freqüentemente, a linha de costa atinge pequenas falésias de Formação Barreiras (Suguio & Tessler, 1984). De certo, os depósitos arenosos que formam as restingas na costa do Amapá são pouco expressivos, visto ser um litoral predominantemente de sedimentação lamosa, típico da foz do Amazonas.

Estes depósitos são decorrentes de areias acrecionárias e ocupam maiores extensões nas proximidades do rio Araguari, em especial na Rebio do Parazinho (Allison, 1993; Mendes, 1994; Torres, 1997; Silveira, 1998). Correspondem às feições mais novas e estão vegetadas por espécies principalmente rizomatozas e estoloníferas, como Sesuvium portulacastrum, Blutaparon portulacoides, Canavalia rosea, Ipomoea pes-caprae, Paspalum vaginatum, Vigna luteola e Sacciolepis vilvoides, além de espécies típicas de campos inundados, como Hydrolea spinosa e Hymenachne amplexicaulis (Salustiano Vilar Costa-Neto, com. pess.).

Mais ao norte da planície costeira do Amapá, existe menção para a ocorrência de planícies de cheniers, no Parque Nacional do Cabo Orange (Silveira, 1998). Referências à presença de cheniers na costa brasileira da Amazônia vêm se ampliando na literatura, tendo sido estudado pela primeira vez por Price (1955), na costa da Luisiana. Os cheniers, como lembram Reineck & Singh (1986), são comparáveis aos cordões quanto às dimensões, mas, ao contrário dos cordões, os cheniers encontram-se em áreas pantanosas. Eles devem sua origem a um suprimento sedimentar variável:

Quando os rios vizinhos que transportam sedimentos finos diminuem seu aporte, as ondas retrabalham sedimentos preexistentes e forma-se uma praia. Mas quando novamente aumenta a carga de sedimentos finos, uma zona lamosa, pantanosa, forma-se em frente da antiga praia, isolando-a do mar: um chenier foi constituído (Reineck & Singh, 1986).

 

Conservação

Existem, atualmente, no litoral amazônico, considerando os estados do Pará e Amapá, 19 Unidades de Conservação (UCs), das quais 13 são federais e seis estaduais. Dentre as federais, predominam as Reservas Extrativistas – Resex (9), enquanto nas estaduais todas correspondem às Áreas de Proteção Ambiental (APAs), à exceção do Parque Ambiental de Belém (Figura 11).

 

 

Este mapeamento das UCs litorâneas da Amazônia evidencia que as restingas correspondem a um tipo de vegetação que não está protegido em nenhuma unidade de proteção integral na região. O Parque Nacional do Cabo Orange, no Amapá, poderia ser a única exceção à regra, visto que existem relatos da ocorrência de uma pequena faixa de restinga na área, contudo, faltam evidências geomorfológicas e da flora que atestem se tratar realmente de restinga. Todavia, as áreas mais expressivas desta vegetação na Amazônia estão no litoral nordeste paraense, incluídas apenas nas unidades de uso sustentável, como APAs e Resex, pouco eficazes (ampla flexibilidade de usos) à conservação dos ecossistemas nelas ocorrentes.

Algumas áreas litorâneas, como Salinas, Algodoal e Ajuruteua, encontram-se bastante alteradas, devido a fatores como o turismo desordenado, loteamento de áreas de dunas para fins de construção civil, soterramento dos lagos, lixo, retirada de areia e vegetação, entre outros. O trecho mais representativo das restingas amazônicas está na APA mais antiga do estado (Lei Estadual no 5.261/90) - Algodoal/Maiandeua, e somente agora, após 27 anos de criação, iniciam-se os trâmites legais para a elaboração do plano de manejo ambiental das ilhas.

A diversidade de habitats nos ambientes litorâneos os torna bastantes complexos e, ao mesmo tempo, vulneráveis às perturbações e desequilíbrios ambientais. Este mosaico de habitats favorece o desenvolvimento de uma flora de diversidade beta, com grande concentração de espécies exclusivas para cada ambiente.

 

CONCLUSÃO

1 – As restingas do litoral amazônico (Pará e Amapá) apresentam distinções fisionômicas, geomorfológicas e florísticas, conforme o trecho litorâneo de ocorrência. Podem ser agrupadas, em função destes parâmetros, em três feições: embrionária ou de estabelecimento; intermediária ou de transição; e de consolidação.

2 – A composição florística destas restingas é, de certa forma, bem conhecida para a região, supondo-se que poucas são as espécies ainda não registradas. O checklist compreende um universo de 365 espécies, a grande maioria ervas. Esta flora habita seis diferentes formações vegetais: halófila, psamófila reptante, brejo herbáceo, campo de dunas e floresta de restinga.

3 – Medidas de proteção ambiental mais efetivas, como criação de unidades de conservação de proteção integral, devem ser urgentemente implementadas no litoral amazônico, em especial no Pará, onde estão concentrados os trechos mais representativos de vegetação de restinga, com risco de desaparecimento de espécies desta flora no extremo setentrional do litoral brasileiro, caso mantido o nível de agressão atualmente em curso.

 

AGRADECIMENTOS

Aos técnicos botânicos Luis Carlos Batista Lobato e Carlos Silva Rosário, pelas identificações botânicas; aos colegas pesquisadores Leandro Ferreira, pela elaboração do mapa das Unidades de Conservação, e William Overal, pelo abstract; e, ainda, a Altenir Sarmento, pelo mapa de localização das áreas de estudo.

 

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Endereço para correspondência:
Museu Paraense Emílio Goeldi
Editor do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais
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Recebido: 17/04/2007
Aprovado: 10/04/2008