CARTA DO EDITOR

Dra. Anna Luiza Ilkiu Borges

Editora Científica

A responsabilidade de assumir a editoria científica de um periódico de trajetória centenária como o Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais, ao lado de ser um desafio dos mais nobres, é imensa. Principalmente considerando o valioso legado deixado pelo Editor Científico anterior, Dr. Marinus S. Hoogmoed, de larga experiência, cuja contribuição foi acertada em todos os aspectos.

Ao assumir a editoria em janeiro de 2008, Dr. Hoogmoed avaliou e consolidou as mudanças implementadas desde 2007. De fato, ele reviu o escopo editorial, delimitando-o à Taxonomia, Anatomia, Biodiversidade, Ecologia, Vegetação, Conservação da Natureza e Geologia (Estratigrafia e Paleontologia). Adotou um padrão normativo próximo ao praticado internacionalmente e, principalmente, cumpriu com rigor e seriedade a função de responsável pela qualidade científica do periódico. Da pré-análise à revisão final, nada lhe passou indiferente.

Em 2008, constituía uma novidade na vida do Boletim a existência de um editor que coordenasse os trabalhos junto aos editores associados e cuidasse da saúde e manutenção da publicação em sua totalidade. Esse fato, aliado à competência da equipe que assessora tecnicamente os editores, foi determinante para a obtenção da qualidade que verificamos a cada novo número publicado.

Deste ponto não podemos retroceder, todos concordamos. Para atender ao crescente número de submissões e ao cumprimento dos prazos com maior presteza, em 2009, ampliamos o corpo editorial com novos editores associados por área. Concordaram em colaborar, nos assuntos de suas competências, Dr. Alexandre Aleixo, Dr. José de Souza e Silva Jr. (Cazuza), Dr. Hilton Tulio Costi, Dra. Izildinha de Souza Miranda e Dr. Marinus S. Hoogmoed, que gentilmente permanece compondo o corpo de editores do Boletim de Ciências Naturais.

Embora a reforma editorial esteja consolidada, os desafios atuais continuam sendo selecionar trabalhos de qualidade, garantir a periodicidade e conquistar a indexação na base SciELO. A maior dificuldade a superar é também a realidade enfrentada por outros jornais científicos do país: a pequena quantidade de trabalhos publicáveis, seja pela baixa qualidade do conteúdo ou do estilo apresentado. O índice de rejeição elevado e maturação dos textos sendo obtida ao longo do processo editorial dificultam o planejamento das edições. Cabe aos editores a tarefa, nada simples, de exigência e rigor para que o processo editorial não se perca em dilatados prazos de avaliação que podem não ser benéficos para a publicação em seu quesito fundamental, o cumprimento da periodicidade.

Observo, com interesse, em congressos, seminários, conferências, defesas de mestrado e doutorado, que há muitos trabalhos de qualidade, mas, infelizmente, poucos chegam a ser publicados. Isso tem se refletido na alarmante queda da pontuação dos cursos de pós-graduação em todo o país. Sem entrar em detalhes sobre a eficiência das novas regras da CAPES para avaliação dos cursos de pós-graduação e dos periódicos, o QUALIS, o fato é que há poucas publicações em relação ao que é produzido. E parte do que é produzido, por uma das duas razões mencionadas anteriormente, enfrenta um longo percurso até a publicação ou não tem condições de ser publicada.

A conquista da indexação é resultado de constância e critério. Ao lado da qualidade, buscamos aumentar o número de trabalhos publicados, incluindo, certamente, mais textos em língua estrangeira, e atingir a pontualidade na publicação. Com o objetivo traçado rumo à indexação, convido aos editores, assistentes, colaboradores e autores a seguir um passo adiante.