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Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi Ciências Naturais

versão impressa ISSN 1981-8114

Bol. Mus. Para. Emilio Goeldi Cienc. Nat. v.5 n.3 Belém dez. 2010

 

CARTA DO EDITOR

 

Hilton Tulio Costi

Editor Científico

 

 

Em 2010, registramos a excelente repercussão no meio acadêmico nacional e internacional do v. 5, n. 1 do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais, que publicou o primeiro levantamento da herpetofauna no Norte-Noroeste do Pará, região até então pouco conhecida para a zoologia. O artigo "Notes on the Vertebrates of northern Pará, Brazil: a forgotten part of the Guianan Region, I. Herpetofauna", escrito por Teresa Cristina S. Avila-Pires, Marinus S. Hoogmoed e Wáldima A. Rocha, apresenta e discute os resultados de sete expedições científicas ao setor paraense do planalto das Guianas. Ao longo destas expedições, foram registradas 80 espécies de anfíbios (77 anuros e três Gymnophiona) e 95 espécies de répteis (36 lagartos, três anfisbenídeos, 49 ofídios, cinco quelônios e duas espécies de jacarés). Seis dessas espécies são novas para a ciência (três anuros, um Gymnophiona, um lagarto e um anfisbenídeo), seis representam novos registros para o Brasil (cinco anuros e um Gymnophiona) e 23 novos registros para o Pará (13 anuros, quatro lagartos e seis ofídios). Por fim, o trabalho também contribui ao analisar comparativamente as sete áreas de coleta. O artigo inaugurou a coleção especial organizada pelo Dr. Alexandre Aleixo, que visa publicar os resultados das expedições àquela região. A redação em inglês garante a ampla divulgação internacional.

Registramos também, com orgulho, o crescente número de bibliotecas que solicitam estabelecer o link de acesso ao site do Boletim. Ao mesmo tempo, insistem em adquirir a edição impressa. Cito os Electronic Resources from Smithsonian Institution Libraries (http://www.sil.si.edu/eresources/silpurl.cfm?purl=1981-8114), que mantém vivo o interesse pela publicação, e, mais recentemente, a Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos da América.

Outra boa notícia chegou no primeiro dia de dezembro, com o lançamento do Portal BHL SciELO (http://biodiversidade.scielo.br), parte da rede global The Biodiversity Heritage Library (BHL), consórcio que reúne os maiores museus de história natural e bibliotecas de botânica no mundo. O serviço brasileiro inclui o projeto "Digitalização e publicação on-line de uma coleção de obras essenciais em biodiversidade das bibliotecas brasileiras". O Museu Paraense Emílio Goeldi é uma das oito instituições que compõem a rede de bibliotecas que guarnecem o Portal, disponibilizando toda a coleção histórica do "Boletim do Museu Goeldi (Museu Paraense) de Historia Natural e Ethnographia".

Além das coleções históricas de livros e periódicos, a BHL SciELO disponibiliza uma outra coleção, a SciELO Biodiversidade, composta por periódicos atuais, com destacado papel na difusão de conhecimento sobre a biodiversidade brasileira. Brevemente, o Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais integrará essa coleção. Hoje, a revista pode ser acessada por meio do site institucional, elencado na primeira página do Portal BHL SciELO, e por meio da BVS/BIREME.

O objetivo para 2011 permanece o mesmo que norteou o planejamento dos números que vieram a público em 2010: a busca por qualidade. Seja por meio do constante aprimoramento dos processos editoriais e gráficos, aos quais se alia o compromisso institucional pela garantia da periodicidade, ou da atenção à condução do processo que autoriza a publicação dos artigos. Qualificar a revista, portanto, significa estar apto ao processo de avaliação das agências de fomento, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e às atuais exigências de bases indexadoras para ampla divulgação e reconhecimento em âmbito nacional e internacional.

Motivo de preocupação comum, em 29 de setembro de 2010, foi encaminhado ao CNPq e à CAPES um documento com o resultado do I Simpósio de Avaliação Científica, realizado nove dias antes em Brasília. O documento, que resultou interessante sob vários aspectos, está disponível na página de diversas sociedades científicas. É de especial interesse dos Editores em suas observações finais, quando destaca que a 'excessiva ênfase' que as agências deram a quantidade de artigos publicados pelos cientistas levou a um crescente número de colaborações 'parcialmente artificiais' e recomenda expressamente:

a) É antiético assinar trabalhos científicos para os quais o pesquisador não tenha dado efetiva contribuição científica;

b) As citações devem ter o papel de orientar o leitor e dar suporte às conclusões de um trabalho científico. Não devem ser por cortesia a amigos, pois assim não cumpririam seu real propósito.

c) A utilização de um laboratório para a realização de uma pesquisa não justifica, por si só, a inclusão do seu "proprietário" na lista de autores.

d) As agências de fomento devem estar atentas a plágios científicos e posicionar-se aos ocorridos no País.

Tradicionalmente, com propriedade, o diálogo científico se mantém por meio de artigos publicados em periódicos científicos. Assim são validadas hipóteses, ideias e novos conceitos para a ciência. A qualidade do que é publicado é de responsabilidade de todos os interlocutores envolvidos e, sem dúvida alguma, como extensão, denota a disposição moral ou intelectual das pessoas que produzem conhecimento.

Nesse número, organizado a partir dos trabalhos submetidos ao fluxo contínuo de balcão, estão publicados sete artigos originais e uma nota de pesquisa. O primeiro trabalho é um estudo de grãos de pólen de Polygalaceae e Polygonaceae; respondem pela autoria dele Flávia Cristina Araújo Lucas (Universidade do Estado do Pará), Léa Maria Medeiros Carreira (Museu Paraense Emílio Goeldi), Ely Simone Cajueiro Gurgel (Museu Paraense Emílio Goeldi) e Thália do Socorro Serra Gama (Universidade do Estado do Pará). O segundo, de Douglas Rossman (Museu de Ciências Naturais de Louisiana), trata sobre a variação morfológica de Helicops trivittatus, cobra aquática endêmica da Amazônia oriental. O terceiro artigo é um levantamento da avifauna, executado na Estação Ecológica do Rio Acre (ESEC Rio Acre), de autoria de Alexandre Aleixo (Museu Paraense Emílio Goeldi) e Edson Guilherme (Universidade Federal do Acre). Além do registro de 365 espécies de aves obtidos na ESEC Rio Acre, são discutidos vários aspectos da sua relevância biogeográfica e para a conservação.

O quarto trabalho, de autoria de Luiz Mestre (Doutorando na South Dakota State University), Gregory Thom (Museu Paraense Emílio Goeldi), Mark A. Cochrane (South Dakota State University) e Jos Barlow (Lancaster University), descreve a avifauna amostrada na Reserva Extrativista Chico Mendes, Acre, Brasil, onde foram registradas 345 espécies de aves. Os dados contribuem para ampliar o conhecimento da região. O quinto título deste sumário, "Vertical distribution and ecology of vascular epiphytes in a lowland tropical rain forest of Brazil", de Edwin Theodoor Pos (Utrecht University) em coautoria com Adrianus David Michel Sleegers (Utrecht University), apresenta um estudo que visa investigar a distribuição vertical e ecologia de epífitas vasculares. No total, 476 epífitas foram amostradas e distribuídas em 60 espécies e 19 famílias.

"Samambaias e licófitas do município de Caxias, Maranhão, Brasil" é o sexto título deste sumário, cuja autoria é de Rozijane Santos Fernandes (Museu Paraense Emílio Goledi), Gonçalo Mendes da Conceição (Universidade Estadual do Maranhão), Jeferson Miranda Costa (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará) e Eliete Lima de Paula-Zárate (Universidade Federal da Paraíba). O sétimo artigo é de Flávio França (Universidade Estadual de Feira de Santana), e informa sobre a lectotipificação de espécie brasileira de Vitex Tour. ex L. (Lamiaceae).

O trabalho final é a Nota de Pesquisa intitulada "On a poorly known Amazonian ant-plant association: Myrcia madida McVaugh (Myrtaceae) and Myrcidrisepicharis Ward (Hymenoptera: Formicidae: Pseudomyrmecinae)", de autoria de Leandro Valle Ferreira (Museu Paraense Emílio Goeldi) e Heraldo Luis de Vasconcelos (Universidade Federal de Uberlândia), que descreve a relação ecológica entre a formiga Myrcidris epicharis Ward e a planta amazônica Myrcia madida McVaugh (Myrtaceae).

Encerramos o volume 5 do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais, como tradicionalmente fazemos, agradecendo nominalmente aos pesquisadores que cederam uma parcela de seu tempo emitindo pareceres para auxiliar os Editores na revisão dos artigos. A vitalidade do periódico reside na qualidade desse diálogo.