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Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi Ciências Naturais
versão impressa ISSN 1981-8114
Bol. Mus. Para. Emilio Goeldi Cienc. Nat. v.7 n.2 Belém ago. 2012
CARTA DO EDITOR
Hilton Tulio Costi
Editor Científico
O principal viés de avaliação de periódicos científicos deveria ser a qualidade dos conteúdos que publica. Recentemente, recebi a indicação de leitura de três artigos cujo cerne da questão é a formação de nível superior e a qualidade da produção científica do país: "Para que servem as universidades", de José Goldemberg, "A crescente irrelevância da ciência brasileira?", de Jacques Wainer - ambos publicados no Jornal da Ciência -, e "É hora de mudança", entrevista concedida à Ciência Hoje On-line por Rogério Meneghini, um dos criadores da coleção SciELO, maior indexador de periódicos de acesso aberto da América Latina. Todos eles apontam questões que são perfeitamente verificáveis nos bastidores de uma publicação científica.
Como Editor, tenho observado que há situações de difícil equalização: por um lado, o crescente número de artigos submetidos não representa um universo significativo de aprovação após o 'crivo feito pelos pares' - muitas vezes, em função de resultados prematuros de pesquisas realizadas em prazos exíguos. Por outro, a confiança de que, por meio da interlocução com os editores, revisores e os responsáveis técnicos pela edição, os problemas de elaboração do artigo serão atenuados e o paper alcançará a publicação. O resultado dessa situação é o limite de atuação que é possível e realizável a cada edição. Nossa opção é pela coerência e transparência do processo editorial, que busca, acima de tudo, eleger os trabalhos que tenham o melhor nível e apresentem reais condições de atingir uma ampla audiência na comunidade científica, tanto local quanto internacional.
Nesta edição do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais constam três trabalhos submetidos ao processo editorial e que alcançaram a chancela para publicação. O primeiro, "Abundância relativa e riqueza de espécies de aranhas (Arachnida, Araneae) em clareiras originadas da exploração de petróleo na bacia do rio Urucu (Coari, Amazonas, Brasil)", de autoria de Sidclay Calaça Dias e Alexandre Bragio Bonaldo, traz o relato da grande variedade e número de espécies de aranhas que ocorrem em áreas de floresta tropical impactada por atividades de exploração em processo de reflorestamento. Os autores, como resultado de um trabalho amostral de larga escala, coletaram um número significativo de indivíduos, tendo listado 623 espécies, pertencentes a 39 famílias. Esse esforço amostral, conforme declaram na introdução, não representa o inventário completo de aranhas em Porto Urucu, entretanto, foi o que mais acumulou espécies entre todos os artigos publicados com inventários da fauna de aranhas na região neotropical, sendo que, para a Amazônia, poucos estudos foram conduzidos no sentido de evidenciar as diferenças na abundância relativa e na riqueza de espécies de aranhas entre áreas com variadas condições de preservação ambiental. Muito ainda precisa ser feito para completar a tarefa para estudos mais profundos a respeito desses grupos pouco conhecidos na Amazônia.
No segundo trabalho, "Primeiro registro de Leptodactylus caatingae Heyer & Juncá, 2003 (Amphibia, Anura, Leptodactylidae) para o estado do Ceará, Brasil", de autoria de Jânia Brito Vieira, Arnaldo José Correia Magalhães Junior, Guilherme Ramos da Silva, Luiz Cezar Machado e Patrícia Nicola, é publicada a primeira ocorrência de Leptodactylus caatingae em uma região do cerrado do Ceará. As ocorrências anteriores deste anfíbio haviam sido registradas em bioma de cerrado dos estados de Pernambuco, Paraíba e Bahia, além de uma ocorrência em área de Floresta Atlântica do Espírito Santo.
"Avaliação do potencial de recuperação de áreas alteradas em Áreas de Proteção Permanente de cursos d'água no município de Rio Branco, Acre", de autoria de Michelle Reich e Mareio Rocha Francelino, faz a avaliação do potencial de resiliência de áreas alteradas no interior de Áreas de Proteção Permanente dispostas ao longo de cursos d'água.
Renovo os agradecimentos aos membros do corpo editorial pela sua colaboração e dedicação, o que permite a manutenção da qualidade editorial deste Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais.