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Revista Pan-Amazônica de Saúde

versión impresa ISSN 2176-6215versión On-line ISSN 2176-6223

Rev Pan-Amaz Saude v.1 n.3 Ananindeua sep. 2010

http://dx.doi.org/10.5123/S2176-62232010000300001 

EDITORIAL

 

Os 350 anos da Royal Society of London

 

 

Ralph Lainson

Seção de Parasitologia, Instituto Evandro Chagas, Secretaria de Vigilância em Saúde, Ministério da Saúde, Ananindeua, Pará, Brasil

 

 

Em meio à agitação civil que lastimavelmente interrompia o progresso dos estudos e pesquisas na Inglaterra em meados do Século XVII, um grupo pequeno, porém notável, de homens se retirou da cena política e devotou suas atenções de forma entusiástica ao processo de investigação científica ao qual passaram a se referir como "filosofia experimental". Decidiram então se reunir semanalmente em Londres para discutir os obstáculos para a investigação científica e para conduzir experimentos que poderiam testar teorias e hipóteses na tentativa de esclarecer a verdade real.

Após o retorno do Rei Charles II a Londres, estes estudiosos resolveram constituir, em definitivo, uma entidade organizada. Para obter recursos suficientes que custeassem as despesas com seus experimentos, foi estipulado que cada membro (num total de 115 àquela época) deveria contribuir com a módica quantia de um xelim por semana! Uma publicação intitulada "Journal Book" foi criada em 5 de dezembro de 1660 e permanece com o mesmo formato até os dias de hoje. Todas as suas páginas iniciam com uma declaração dos objetivos da Royal Society (Figura 1), seguida das assinaturas daqueles aptos a dela tomar parte e com ela contribuir.

 

 

Nas três primeiras páginas do ano de 1660, vários nomes notáveis poderiam ser vistos em meio às assinaturas, como Lorde Brouncker, um eminente matemático e primeiro presidente da Royal Society; Sir Robert Moray, um importante naturalista; o Honorável Robert Boyle, pioneiro em pesquisas em física e química; Sir William Petty, especialista em matemática, anatomia, mecânica e geodesia; Isaac Barrow, o tutor de Isaac Newton; Christopher Wren, celebrado como o maior de todos os arquitetos e o homem que construiu a Catedral de Saint Paul, em Londres; e John Wilkins, posteriormente Bispo de Chester, um especialista em matemática e mecânica, que previu o advento da navegação submarina e da aviação. Como seria de se esperar, a área médica teve muitos representantes na Royal Society, e contribuiu com diversos nomes para a presidência da Royal College of Physicians.

Em 1671, Isaac Newton, famoso por sua Lei da Gravidade, foi eleito membro (Fellow) da Royal Society (FRS, Fellow of Royal Society, usado como título após o nome), e, em 1703, foi nomeado presidente - posto que manteve até a sua morte, em 1727.

A Royal Society, ou "Royal Society of London for improving Natural Knowledge", como também era conhecida, datou o início de sua existência oficial como 15 de julho de 1662, quando a primeira Carta-patente foi assinada pelo Rei Charles II. Desde os seus primeiros anos, ela publicou tratados e livros sobre assuntos relacionados à filosofia, sendo o mais conhecido deles o "Philosophic Naturalis Principia Mathematica. Autore Isaac Newton. ImprimaturS, Pepys. Reg. Soc. Presses. Julii 5, 1686, Londini 1687"

Em 1887, a publicação Philosophical Transactions foi dividida em duas Séries: A, para pesquisas nas áreas da matemática e física, e B, para aqueles na área da biologia; posteriormente, as publicações passaram a se chamar Proceedings of the Royal Society, Séries A e B, sua denominação até os dias de hoje.

O governo britânico apelava constantemente à Royal Society em busca de aconselhamento acerca de seus principais empreendimentos científicos, como a organização e o financiamento das expedições de Cook à Antártida, em 1772, que depois foram ampliadas até a circum-navegação do mundo e as observações com vistas à determinação da densidade do planeta; as pesquisas submarinas, em 1872; a expedição denominada "Challenger" de 1879; as pesquisas sobre daltonismo, em 1895; entre muitos outros estudos. Nos anos seguintes, a Royal Society assumiu uma posição de liderança em pesquisas sobre diversas doenças tropicais, particularmente tripanossomose em bovinos e humanos na África e os grandes desafios da malária e da leishmaniose (foi realizada uma expedição especificamente para estudar a leishmaniose visceral na China). Outra importante atribuição foi a concessão de um incentivo anual para a promoção de pesquisas científicas e suporte para a publicação de seus resultados. Palestras especiais foram realizadas por intermédio da Royal Society; as conferências denominadas Croonian, Bakerian e Ferrier Lectures, sobre os avanços do conhecimento científico na área da estrutura e funcionamento do cérebro; a Wilkins Lecture, sobre a história da ciência; e a Leeuwenhoek Lecture, sobre muitos assuntos da área da microbiologia.

De acordo com as normas da Royal Society, todos os candidatos a membro devem ser indicados por meio do envio de um certificado assinado por seis ou mais Fellows, dos quais pelo menos três devem afirmar ter conhecimento da contribuição do candidato para o desenvolvimento da ciência. Dentre as indicações, o Conselho seleciona um número relativamente pequeno de nomes, que são então escolhidos pela Society por votação. Membros estrangeiros podem ser escolhidos pelo Conselho entre indivíduos de maior relevância na área científica em outros países e submetidos à eleição pela Society.

A Royal Society ainda mantém a notificação deliciosamente pitoresca para informar aos candidatos eleitos sobre sua escolha:

O recém-eleito Fellow deve assinar o Livro de Atas (Charter-Book) com uma réplica das antigas canetas de pena de ganso, utilizadas por toda a história da Royal Society. Ele então é posto a praticar a assinatura com tal caneta sem deixar os pingos de tinta que aparecem nas páginas mais antigas de assinaturas!

Citando as palavras de Archibald Geikie, presidente da Royal Society em 1912:

"The long array of signatures... is a touching memorial of the men whom the marvellous progress of modern science has been mainly due in the onward march of discovery, each receiving the torch of knowledge from those who went before and passing it on, with brighter glow, to those who came next. It is the link which these men had with the Royal Society that unites them all... in one great company. In looking back upon its past history, the Royal Society may point with pride to the long roll of illustrious men who have honoured it by accepting its Fellowship".