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Revista Pan-Amazônica de Saúde

versión impresa ISSN 2176-6215versión On-line ISSN 2176-6223

Rev Pan-Amaz Saude v.1 n.3 Ananindeua sep. 2010

http://dx.doi.org/10.5123/S2176-62232010000300012 

ARTIGO ORIGINAL | ORIGINAL ARTICLES | ARTÍCULO ORIGINAL

 

Flebotomíneos (Diptera: Psychodidae: Phlebotominae) no Município de Três Lagoas, área de transmissão intensa de leishmaniose visceral, Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil

 

Survey of phlebotomine sand flies (Diptera: Psychodidae: Phlebotominae) in Três Lagoas Municipality, Mato Grosso do Sul State, Brazil, an area of intense transmission of American visceral leishmaniasis

 

Flebótomos (Diptera: Psychodidae: Phlebotominae) en el Municipio de Três Lagoas, área de transmisión intensa de leishmaniasis visceral, Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil

 

 

Gloria Maria Gelle de OliveiraI; Ernesto Antonio Figueiró FilhoII; Geórgia Medeiros de Castro AndradeIII; Laura Abrahão de AraújoIII; Myrna Lícia Gelle de OliveiraII; Rivaldo Venâncio da CunhaIV

IUniversidade Federal de Mato Grosso do Sul, Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, Brasil
IIFaculdade de Medicina, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil
IIISecretaria Municipal de Saúde de Três Lagoas, Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, Brasil
IVDepartamento de Clínica Médica, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil. Instituto Cerrado-Pantanal, Fundação Oswaldo Cruz, Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil

Endereço para correspondência
Correspondence
Dirección para correspondencia

 

 


RESUMO

O estudo objetivou identificar a fauna flebotomínica urbana e rural; determinar sua distribuição espaço-temporal; investigar a infecção natural por Leishmania dos flebótomos fêmeas; verificar o impacto da aplicação de inseticidas sobre a população vetorial; correlacionar dados entomológicos, epidemiológicos e biogeográficos para compreensão das condições favoráveis à ocorrência da doença; e fornecer informações para o controle da leishmaniose nessa área. As coletas foram efetuadas um dia por mês, entre agosto de 2000 e dezembro de 2006, com armadilhas do tipo CDC. Foram capturados 4.277 espécimes, pertencentes a 14 espécies de flebotomíneos (76,61% no peridomicílio), sendo 3.071 machos e 1.206 fêmeas. Lutzomyia longipalpis, a espécie mais frequente (87,02%), teve índice de constância estandardizado igual a 1,0. Os padrões temporo-espaciais de distribuição dessa espécie ratificaram seu importante papel na transmissão da leishmaniose visceral americana. Infecção por flagelados sugestivos de Leishmania spp. foi encontrada em 1,18% das fêmeas dissecadas de Lu. longipalpis. Análises estatísticas mostraram correlação significativa (p < 0,05) entre o número de vetores, precipitação e umidade. O teste de regressão linear demonstrou associação significante entre o número de Lu. longipalpis capturados e os casos de leishmaniose visceral americana humana e canina (p < 0,001). A população de vetores foi reduzida em 2002, com a aplicação de inseticidas, mas elevou-se nos anos subsequentes, devido à irregularidade das borrifações. Estratégias que poderão ser utilizadas no controle da doença nessa área são sugeridas na conclusão.

Palavras-chave: Entomologia; Psychodidae; Insetos Vetores; Leishmania; Leishmaniose; Vigilância Epidemiológica.


ABSTRACT

The objectives of this study were to survey urban and rural sandfly species; to investigate the spatiotemporal distribution of sandflies in the studied area; to determine the levels of natural infection of female sandflies with Leishmania; to determine the impact of the application of insecticides on the vector population; to correlate entomological, epidemiological, and biogeographic data to identify conditions that are favorable to the occurrence of leishmaniasis; and to provide information for the control of leishmaniasis in the studied area. Specimen collection was carried out once a month between August 2000 and December 2006, using CDC traps. In total, 4,277 specimens were captured (3,071 males and 1,206 females), comprising 14 sandfly species. Of these specimens, 76.61% were found in peridomestic areas. Lutzomyia longipalpis, the most frequent species (87.02%), had a standardized constancy index of 1.0. The spatiotemporal distribution pattern of this species confirmed its important role in the transmission of American visceral leishmaniasis. Infection by flagellates suggestive of Leishmania spp. was found in 1.18% of dissected Lu. longipalpis females. Statistical analyses showed a significant correlation (p < 0.05) between the number of sandflies and the precipitation and humidity levels. Linear regression tests showed a significant association between the number of Lu. longipalpis captured and the cases of human and canine American visceral leishmaniasis in a given area (p < 0.001). The vector population was reduced in 2002 by the application of insecticides; however, it increased in subsequent years due to the irregularity of spraying. Strategies that can be used for disease control in this area are suggested in the conclusion.

Keywords: Entomology; Psychodidae; Vector Insects; Leishmania; Leishmaniasis; Epidemiological Surveillance.


RESUMEN

El estudio tuvo como objetivo identificar la fauna flebotomínica urbana y rural; determinar su distribución espacio-temporal; investigar la infección natural por Leishmania de los flebótomos hembras; verificar el impacto de la aplicación de insecticidas sobre la población vectorial; correlacionar datos entomológicos, epidemiológicos y biogeográficos para comprensión de las condiciones favorables a la ocurrencia de la enfermedad; y suministrar informaciones para el control de la leishmaniasis en esa área. Las colectas se realizaron un día por mes, entre agosto de 2000 y diciembre de 2006, con trampas tipo CDC. Fueron capturados 4.277 especímenes, pertenecientes a 14 especies de flebótomos (76,61% en peridomicilio), siendo 3.071 machos y 1.206 hembras. Lutzomyia longipalpis, la especie más frecuente (87,02%), tuvo un índice de constancia estándar igual a 1,0. Los estándares temporo-espaciales de distribución de esa especie ratificaron su importante papel en la transmisión de la leishmaniasis visceral americana. Fue hallada infección por flagelados sugestivos de Leishmania spp. en 1,18% de las hembras disecadas de Lu. longipalpis. Análisis estadísticos mostraron una correlación significativa (p < 0,05) entre el número de vectores, precipitación y humedad. El test de regresión linear demostró asociación significante entre el número de Lu. longipalpis capturado y los casos de leishmaniasis visceral americana humana y canina (p < 0,001). La población de vectores fue reducida en 2002, con la aplicación de insecticidas, pero se elevó en los anos siguientes, debido a la irregularidad de las aspersiones. Son sugeridas en la conclusión, estrategias que podrán ser utilizadas en el control de la enfermedad.

Palabras clave: Entomología; Psychodidae; Insectos Vectores; Leishmania; Leishmaniasis; Vigilancia Epidemiológica.


 

 

INTRODUÇÃO

Os flebotomíneos (Diptera: Psychodidae: Phlebotominae) são considerados importantes para a saúde pública em todo o mundo, especialmente nas regiões tropicais e subtropicais. As espécies do gênero Phlebotomus encontradas no Velho Mundo, e as do gênero Lutzomyia, nas Américas, são consideradas vetores de inúmeros patógenos de vertebrados, inclusive Leishmania spp. zoonótica ou antropozoonótica, a qual afeta as populações de aproximadamente 90 países, sendo considerada uma das seis doenças tropicais mais importantes em todo o mundo1. Diversos estudos têm incriminado os flebotomíneos como hospedeiros e transmissores de inúmeros outros micro-organismos2,3,4,5. Cabe lembrar que a picada destes insetos pode causar irritação considerável e reações alérgicas em pessoas sensíveis6.

Nas Américas, a leishmaniose visceral, forma mais grave da doença e que pode ser fatal se não tratada adequadamente, é endêmica em vários países e denominada leishmaniose visceral americana (LVA). O agente  etiológico é  Leishmania  (Leishmania) chagasi  (Cunha & Chagas, 1937), seus hospedeiros naturais são canídeos silvestres (raposas) e, possivelmente, roedores e marsupiais; nos ambientes domiciliares e peridomiciliares das áreas urbanas e rurais são os cães7,8,9. No Brasil, a transmissão tem sido atribuída, principalmente, a Lutzomyia longipalpis (Lutz & Neiva, 1912)7,8, porém outras espécies de flebotomíneos sã o consideradas potenciais transmissoras da doença10. No Pará, Lutzomyia antunesi (Coutinho, 1939) pode ser um vetor alternativo da LVA8. Em Mato Grosso do Sul, na região de Corumbá e Ladário, Lutzomyia cruzi (Mangabeira, 1938) é a espécie predominante e simpátrica a Lutzomyia forattinii (Galati, Rego, Nunes & Teruya, 1985); ambas tem sido consideradas transmissoras do agente da leishmaniose visceral11. Outra espécie da fauna flebotomínica da Serra da Bodoquena, Lutzomyia almerioi (Galati & Nunes, 1999), apresentou infecção natural por L. (L.) chagasi e Leishmania (Viannia) sp., alta densidade e acentuado antropofilismo, sugestivos da possibilidade de envolvimento na transmissão da doença nessa região12,13,14,15,16,17.

Apesar dos avanços obtidos nas últimas décadas no mapeamento da distribuição geográfica das doenças transmitidas por vetores, com o uso de sensoriamento remoto por satélite, de sistema de posicionamento global por satélite (GPS) e de sistemas de informações georreferenciadas18,19,20,21, a ocorrência e expansão dos vetores da LVA não têm sido sistematicamente monitoradas e documentadas. A presente investigação teve como objetivo principal conhecer aspectos da ecoepidemiologia da fauna flebotomínica em Três Lagoas, Estado de Mato Grosso  do Sul,  contribuindo  com  a  melhoria  dos conhecimentos sobre a ocorrência da LVA nesta localidade, e fornecer informações para a vigilância epidemiológica e controle do vetor e da doença.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

ÁREA DE ESTUDO

O Município de Três Lagoas (52o 33' 44'' W, 19o 36' 56'' S) situa-se no extremo leste do Estado de Mato Grosso do Sul, Região Centro-Oeste do Brasil (Figura 1). A altitude média no núcleo urbano é de 319 m acima do nível do mar. Possui clima tropical quente e úmido, precipitação média anual de 1.500 mm e duas estações bem definidas: verão chuvoso e inverno seco22. O trimestre de maior precipitação compreende o período de novembro a janeiro. As temperaturas médias mensais variam entre 29,3o C no verão e 18,1o C no inverno23. Seu território localiza-se na bacia do rio Paraná e apresenta biomas naturais importantes, como o cerrado (vegetação predominante) e faixas de mata ciliar, que se alternam perpendicularmente às margens do rio Paraná e do reservatório da Usina Hidrelétrica de Jupiá; as paisagens são diferenciadas, com ampla diversidade de espécies da flora e fauna. A sua área territorial é 10.206 km2 (2,85% da área total do Estado) e a população é de 85.914 habitantes (densidade populacional de 8,4 hab/km2), 94% dos quais residem na área urbana. A economia é baseada principalmente na pecuária, complementada pelo extrativismo vegetal e turismo; passa, atualmente, por um acelerado processo de industrialização, em vias de se tornar um importante polo industrial no Estado22.

 

 

CAPTURA E IDENTIFICAÇÃO DOS FLEBOTOMÍNEOS

O levantamento da fauna flebotomínica foi realizado entre agosto de 2000 e dezembro de 2006. Foram empregadas armadilhas automáticas luminosas do tipo CDC, instaladas em duplas, em peri e intradomicílio, a 50­70 cm acima do nível do solo, ao entardecer (18 h) e recolhidas ao amanhecer (6 h), uma vez por mês, em locais previamente selecionados24. O critério de seleção dos locais de captura foi baseado na ocorrência de casos humanos e/ou caninos de LVA. Foram escolhidas, por sorteio, duas residências nas proximidades (aproximadamente 200 m) dos locais com registro da doença, e onde as condições ambientais fossem favoráveis aos criadouros dos vetores. No extradomicílio foram escolhidas áreas de silvicultura e cerrado propícias à proliferação de flebotomíneos. Os espécimes coletados em cada mês eram agrupados e considerados representativos do mês correspondente.

Após a captura, os flebótomos foram entorpecidos com éter e separadas, aleatoriamente, cinco fêmeas, por data de coleta, para pesquisa de formas evolutivas de Leishmania. Os demais espécimes foram acondicionados em frascos de vidro com tampa plástica contendo álcool 70%, etiquetados com o nome, código da área e data de coleta e enviados ao laboratório do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Três Lagoas. Em seguida, efetuaram-se os processos de clarificação, montagem e identificação dos flebotomíneos, usando-se, para esta última, a nomenclatura de Young e Duncan25 posteriormente adaptada à proposta por Galati26. Adotou-se o sistema de abreviaturas para gênero e subgênero proposto por Marcondes27. O material-testemunha foi encaminhado ao Laboratório Regional de Entomologia de Dourados/Secretaria de Estado da Saúde de Mato Grosso do Sul (SES/MS) para confirmação dos dados e depósito.

A presença de flagelados foi investigada por meio de dissecação de fêmeas capturadas, em solução salina a 0,85% e anticontaminantes24 e o intestino observado ao microscópio de contraste de fase (400x); posteriormente, o material corado com Giemsa era novamente observado. O número, o sexo e as espécies de flebotomíneos capturados foram registrados em tabelas mensais pelo CCZ/SMS de Três Lagoas.

DADOS CLIMÁTICOS

Os dados climáticos para o período de estudos (temperatura e precipitação médias mensais, umidade relativa do ar e velocidade dos ventos) foram obtidos junto ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET)23.

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para a análise da abundância relativa (%) de espécies, foram utilizados os dados das capturas efetuadas entre agosto de 2000 e dezembro de 2006. A diversidade de espécies encontrada no Município foi calculada por meio da utilização do índice de Fisher-Willians28,29. A razão sexual (machos: fêmeas) no intra e no peridomicílio foi comparada utilizando-se o teste do Qui-Quadrado. A correlação não paramétrica de Spearman foi aplicada entre o número de espécimes encontrados, as precipitações médias mensais e temperaturas médias compensadas mensais, medidas ao longo do período de estudo. Para testar a proporção entre indivíduos infectados por Leishmania (Leishmania) chagasi e o número de flebotomíneos capturados, foi empregado um modelo linear simples para realizar uma análise de regressão logística. O índice de constância de Lu. longipalpis foi calculado por meio da fórmula: C = Px100/N, onde P representa o número de coletas com a espécie estudada e N o número total de coletas realizadas28,29. A distribuição mensal dos flebotomíneos capturados foi testada para normalidade por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov. Todas as análises foram realizadas utilizando-se o programa BioEstat, v 5.030.

 

RESULTADOS

Dentre os pontos monitorados em Três Lagoas, 86,8% foram positivos para flebotomíneos.

De agosto de 2000 a dezembro de 2006, foi coletado um total de 4.277 espécimes: 3.071 machos (71,81%) e 1.206 fêmeas (28,19%) pertencentes a quatro subtribos, sete gêneros e 14 espécies. As duas espécies pertencentes à subtribo Brumptoyiina foram Brumptomyia avellari (Costa Lima, 1932) e Brumptomyia brumpti (Larrousse, 1920); da subtribo Lutzomyiina, Lutzomyia longipalpis (Lutz & Neiva, 1912); da subtribo Psychodopygina, Bichromomyia flaviscutellata (Mangabeira, 1942), Nyssomyia whitmani (Antunes & Coutinho, 1939), Nyssomyia intermedia (Lutz & Neiva, 1912), Psathyromyia punctigeniculata (Floch & Abonnenc, 1944), Psathyromyia campograndensis (Oliveira, Andrade-Filho, Falcão & Brazil), Psathyromyia lutziana (Costa Lima, 1932) e da subtribo Sergentomyiina, Micropygomyia peresi (Mangabeira, 1942), Evandromyia evandroi (Costa Lima & Antunes, 1936), Evandromyia termitophila (Martins, Falcão & Silva, 1964), Evandromyia carmelinoi (Ryan, Fraiha, Lainson & Shaw, 1986), Evandromyia lenti (Mangabeira, 1938) (Figura 2 e Tabela 1).

 

 

 

 

A razão M/F capturados foi de 2,5 e variou de acordo com cada espécie de flebótomo (Tabela 1); o número de machos de Lutzomyia longipalpis foi cerca de três vezes superior ao das fêmeas. O índice de diversidade de espécies (Fisher-Willians) foi de 1,56. De acordo com o teste de Kolmogorov-Smirnov, houve uma distribuição normal da densidade populacional dos flebotomíneos durante o período de investigação (p < 0,01), com uma média mensal de 59 ± 19. Excepcionalmente, nos meses de março de 2002, abril, maio, agosto e outubro de 2005 e março de 2006, um número relativamente elevado de vetores foi capturado. Nesses meses foram registrados baixos níveis de precipitação, porém os índices pluviométricos mais elevados nos meses precedentes, umidade relativa acima de 70%, temperaturas entre 22 e 28,5o C e baixa velocidade dos ventos, que podem ter favorecido esse aumento populacional.

Do total de flebotomíneos, 88,44% foram coletados em peri e intradomicílio, em ambientes profundamente alterados pela atividade antrópica, e 11,56% em áreas rurais. A espécie mais abundante foi Lutzomyia longipalpis e correspondeu a 87,02% dos espécimes capturados (Tabela 1), com 3.459 exemplares (92,93%) no intra e no peridomicílio e 263 (7,06%) no extradomicílio (áreas remanescentes de cerrado e hortos florestais); o índice de constância foi C = 1 e a espécie esteve presente em todos os bairros e meses de coletas.

Em relação ao comportamento das espécies (endo e exofilia), 2.898 exemplares (76,61%) foram capturados no peridomicílio, sendo 2.087 machos (72,02%) e 811 fêmeas (27,98%); 885 (23,39%) no intradomicílio: machos 689 (77,85 %) e 196 fêmeas (22,15%). Esses dados mostraram que os flebotomíneos foram mais abundantes na área peridoméstica e que a predominância dos machos em todos os ambientes pesquisados foi estatisticamente significante (χ2 = 16,632; p = 0,0002). As espécies mais frequentes no ambiente intra e peridomiciliar foram, em ordem decrescente, Lu. longipalpis, Ev. evandroi e Mi. peresi.

Na área urbana de Três Lagoas, foram capturados flebotomíneos em todos os bairros pesquisados (Figura 2); em 87,71% destes, foram registrados 8.437 casos caninos acumulados de leishmaniose visceral (média de 1.205,3 casos/ano) e 284 casos humanos notificados em 64,21% dessas localidades. No período estudado, a média anual foi 40,6 casos de LVA humana e houve um total de 27 óbitos (taxa de letalidade/ano = 9,50%), sendo o Município classificado como "de transmissão intensa" (média de casos humanos n ≥4,4) pelo Ministério da Saúde do Brasil15. As localidades consideradas de transmissão intensa de LVA e onde a abundância relativa de Lu. longipalpis também foi mais elevada são mostradas na figura 3. O teste de regressão linear resultou em associação estatisticamente significante entre o número de vetores, casos caninos e humanos de LVA (p < 0,05).

 

 

Um total de 928 fêmeas de Lu. longipalpis selecionadas ao acaso, dentre as coletadas em peri, intra e extradomicílio, foram dissecadas e em apenas 11 (1,18%) encontrou-se positividade para flagelados. As lâminas coradas com Giemsa mostraram a presença de formas flageladas sugestivas de Leishmania spp.

A sazonalidade dos flebotomíneos ao longo do período de estudo está representada nas figuras 4, 5 e 6, nas quais foram plotados: o número total de espécimes coletados mensalmente em todos os pontos de captura, a precipitação total mensal e a temperatura média compensada mensal em Três Lagoas. O teste de correlação de Spearman evidenciou correlação estatisticamente significante (p < 0,05) entre o número de flebotomíneos capturados e as taxas de precipitação nos anos de 2000, 2003, 2004 e 2006 (p < 0,05); em relação às temperaturas médias mensais, a correlação não foi estatisticamente significante (p > 0,05) para os anos estudados, exceto para 2006 (p = 0,0397; p < 0,05).

 

 

 

 

 

 

DISCUSSÃO

O presente estudo entomológico é a primeira descrição da fauna flebotomínica no Município de Três Lagoas, no qual 14 espécies foram coletadas e identificadas. Os resultados obtidos são semelhantes aos registrados em outras pesquisas sobre vetores de leishmanioses realizadas em diversas regiões brasileiras, nas quais Lu. longipalpis foi a espécie mais abundante31,32,33,34,35,36,37.

O índice mais elevado de abundância observado nessa investigação foi a de Lu. longipalpis (1,0). Sua predominância no ambiente doméstico e peridoméstico na zona urbana (87,02%), especialmente na região central e bairros com maior prevalência de casos humanos e caninos de LVA, é um forte indicativo do comportamento antropofílico dessa espécie, evidencia seu importante papel na transmissão local da leishmaniose visceral e os seus hábitos alimentares ecléticos. Isto pode levar à ocorrência de surtos da doença em cães e humanos e, por essa razão, esse vetor tem sido considerado o mais importante da LVA na maior parte do Brasil34,35,36,37,38.

Alguns flebotomíneos de importância médica têm demonstrado habilidade para adaptar-se e explorar ambientes alterados, contribuindo para a endemicidade de Leishmania spp.399. No Município estudado, pouco resta da vegetação original, que foi substituída por pastagens, canaviais e hortos florestais. A área urbana foi quase totalmente desmatada para construção de habitações e do parque industrial, estando no momento muito antropizada. Postula-se que a predominância de algumas espécies em ambientes profundamente alterados pela ação humana seja um fator de alta magnitude para transmissão da leishmaniose40.

Em Mato Grosso do Sul, Lu. longipalpis foi coletado em 92,3% dos municípios pesquisados com transmissão de LVA41. Porém, pesquisas realizadas nas cavernas e florestas da serra da Bodoquena; em Corumbá e Ladário, na região do Pantanal sul-mato-grossense; e em Bonito, apontam Lu. cruzi como a espécie mais abundante nessas áreas, dentre os possíveis vetores de leishmaniose visceral. Tais fatos poderiam ser explicados por diferenças na cobertura vegetal, condições climáticas e pelo grau de alterações ambientais antrópicas específicas de cada localidade13,26,14,42,15,16,17.

Evandromyia evandroi, a segunda espécie mais numerosa na área estudada, habitualmente é encontrada nas mesmas áreas geográficas de ocorrência de Lu. longipalpis; Mi. peresi foi terceira dentre as três mais frequentes. E. evandroi e Mi. peresi encontram-se em franco processo de domiciliação e não estão associadas à transmissão de leishmanias ao homem e aos animais. Ny. whitmani e Ny. intermedia apresentaram frequencias menores, porém são incriminadas como vetores de leishmanias tendo sido capturadas em peri e intradomicílio. Isto pode ser um indicativo de alta antropofilia e do grande potencial invasivo dessas espécies. A ocorrência simpátrica de Lu. longipalpis e outras  espécies  consideradas  possíveis  vetores  de leishmanioses também foi registrada em diversas localidades brasileiras nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Rio Grande do Norte, entre outros, por inúmeros pesquisadores31,32,33,34,35,43,15,40.

A proporção de machos foi mais elevada em relação às fêmeas (2,7:1). Isto parece decorrer os seguintes fatos: os machos eclodem antes das fêmeas; os criadouros são próximos das moradias, de condições precárias, com rachaduras que acumulam lodo e fornecem abrigo durante o dia; a umidade do solo, que prolonga a vida aos flebótomos; e a abundante presença de animais domésticos (principalmente cães e aves) no peridomicílio, que os atrairiam pelo odor (cairomônios) ou liberação de CO2. Os machos, então, liberariam feromônios atraindo as fêmeas para a cópula44,45,46. Essas observações sugerem uma proximidade dos machos junto aos hospedeiros por mais tempo do que as fêmeas e pode explicar a razão sexual maior em favor dos machos nas coletas. Por outro lado, as fêmeas, por seus hábitos hematófagos, são os agentes transmissores de Leishmania e sua estratégia reprodutiva consistiria em voar para fora de seus abrigos e buscar um local para o repasto sanguíneo, ocorrendo, então, o acasalamento e a disputa por locais de criadouros7,8.

Em Três Lagoas, verificou-se que Lu. longipalpis esteve presente, praticamente, em todos os meses durante o período do estudo. Ao longo do tempo, esta espécie apresentou um padrão anual de abundância irregular, provavelmente pela intermitência das condições climáticas, com picos de aumento populacional, seguindo com algum atraso os períodos chuvosos (até mesmo pequenos volumes de precipitação no outono/inverno) e temperaturas entre 22 e 28o C na maior parte do ano. Embora a temperatura pareça ser o fator climático menos importante, o número absoluto de mosquitos foi maior logo após os períodos nos quais ocorreu combinação de temperaturas médias mais altas, precipitação de chuvas mais regular e, consequentemente, umidade relativa mais elevada (Figuras 4, 5 e 6).

A correlação entre a densidade populacional dos flebotomíneos e os fatores abióticos já está bem estabelecida, uma vez que esses fatores interferem com o ciclo evolutivo dos flebotomíneos e alteram seus sítios reprodutivos. Inúmeros autores consideram as precipitações e a umidade relativa do ar fatores favoráveis ao crescimento populacional desses vetores, devido ao desenvolvimento da vegetação e incremento na quantidade de matéria orgânica e de locais favoráveis à instalação de criadouros44,32,47.

Observou-se um declínio, tanto do número total de flebotomíneos capturados em 2002, como da diversidade de espécies, após a aplicação domiciliar, em toda a área urbana, de inseticida piretróide, a partir do mês de junho. Em 2003 e anos subsequentes, o número de vetores voltou a crescer, devido à irregularidade das borrifações, que passaram a ocorrer apenas nas residências com casos confirmados de LVA humana ou canina, fato motivado pela escassez de inseticida. Outros fatores, como condições climáticas e fisiográficas desfavoráveis, podem também ter contribuído para a redução observada nos meses mais frios e secos do ano.

A densidade dos vetores e a infecção natural por Leishmania spp., o baixo nível socioeconômico da população, com taxa de pobreza igual a 32,88%22, a quantidade expressiva de moradias pobres com más condições sanitárias e coleta precária de lixo, a baixa densidade ou ausência de animais silvestres, o grande número de animais domésticos (principalmente, cães e galinhas) que acumulam detritos no ambiente peridoméstico e o enorme fluxo migratório causado pelo recente ciclo de industrialização podem ser determinantes favoráveis para a instalação e transmissão da LVA na área estudada. Elas criam diferentes nichos ecológicos propícios à proliferação e concentração de flebotomíneos44,48.

Por outro lado, diferentes comportamentos antrópicos no manejo do ambiente familiar, como a remoção da vegetação e de materiais orgânicos da área peridoméstica, podem explicar a menor densidade vetorial em residências onde a limpeza das habitações e quintais é mais acurada. Nossas constatações, verificadas in loco, são concordantes com os estudos de Dujardin49, Monteiro et al43 e outros autores.

O número de humanos e cães portadores de LVA nas localidades pesquisadas foi estatisticamente associado à abundância de Lu. longipalpis (p < 0,05).

O índice de positividade das fêmeas de flebotomíneos para formas promastigotas de Leishmania spp. foi igual a 1,18%; esse valor, embora baixo, é concordante com estudos nacionais e internacionais que encontraram taxas entre 1% e 2%42,15,50,5. Na natureza, a prevalência da infecção por Leishmania na população global de flebotomíneos pode ser inferior a 0,1%, mesmo em áreas endêmicas e de alta transmissão. No intuito de aumentar a eficiência da transmissão, o parasita manipula de modo adaptativo o comportamento alimentar dos vetores, especialmente Lu. longipalpis, estimulando a persistência dos insetos para picarem e se alimentarem em múltiplos hospedeiros; mas isso ocorre somente se as leishmanias tiverem produzido formas infectantes e um gel adesivo filamentoso de proteoglicanos na porção anterior do tubo digestivo dos flebótomos51.

Os estudos da dispersão espacial e temporal das populações de vetores de leishmanioses no Município de Três Lagoas e seus habitats preferenciais, indicando as áreas vulneráveis ou propícias à transmissão da doença, permitiram a obtenção de informações que podem subsidiar ações de prevenção e controle no campo da saúde pública. A posse desses dados possibilita à vigilância entomo-epidemiológica acompanhar de forma contínua o comportamento dos vetores e o estado de saúde da população, de modo que, dispondo das informações necessárias, possa detectar ou prever alterações, direcionar e orientar de modo eficaz a aplicação de medidas preventivas contribuindo para a melhoria das condições de saúde da comunidade.

 

REFERÊNCIAS

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Correspondência / Correspondence / Correspondencia:
Gloria Maria Gelle de Oliveira
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,
Departamento de Enfermagem e Biotecnologia,
Campus de Três Lagoas
Av. Ranulpho Marques Leal, 3884.
Distrito Industrial
CEP:79620-080
Três Lagoas-Mato Grosso do Sul-Brasil
Tel.: + 55 (67) 3509-3747
E-mail:gloriagelle@gmail.com / gmgol@cptl.ufms.br

Recebido em / Received / Recibido en: 8/7/2010
Aceito em / Accepted / Aceito en: 13/9/2010