SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.2 número1Evolução histórica da vigilância epidemiológica e do controle da febre amarela no Brasil índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

  • Não possue artigos citadosCitado por SciELO

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Revista Pan-Amazônica de Saúde

versão impressa ISSN 2176-6215versão On-line ISSN 2176-6223

Rev Pan-Amaz Saude v.2 n.1 Ananindeua mar. 2011

http://dx.doi.org/10.5123/S2176-62232011000100001 

EDITORIAL | EDITORIAL | EDITORIAL

 

Citação ou plágio?

 

Quotation or plagiarism?

 

¿Cita o plagio?

 

 

Vânia Barbosa da Cunha Araújo

Editora Executiva da RPAS. Instituto Evandro Chagas/SVS/MS, Ananindeua, Pará, Brasil

 

 

Em todas as áreas do conhecimento humano, especialmente naquelas que produzem informação, os pesquisadores buscam sustentar suas afirmações por meio da expressão e do registro do método científico e dos resultados obtidos por seus pares, principalmente citando aqueles que possuem uma produção intelectual consolidada e que publicam em periódicos de renome.

O avanço tecnológico na área da ciência da informação tem beneficiado sobremaneira as revistas científicas. Basta observar o padrão de alta qualidade daquelas indexadas na SciELO. Os comitês avaliadores estão cada vez mais rigorosos quanto aos critérios exigidos. Isso denota excelência e merece aplausos de todos. Entretanto, com este avanço também vem crescendo o grande vilão no contexto de produção científica ou acadêmica - o plágio.

A prática de "copiar e colar" vem se tornando tão usual que passa a assumir proporções preocupantes e deve servir de alerta tanto para os orientadores quanto para os avaliadores nas atividades de ensino e pesquisa. Algumas instituições já estão tomando medidas para coibir essa prática, como, por exemplo, a Capes que divulgou, em agosto de 2011, orientações que visam combater o plágio. Quanto aos editores, já se observa entre eles um movimento crescente para tentar preservar a qualidade de suas revistas; tanto é que buscam mecanismos de rastreio, utilizando-se dos buscadores tradicionais, como Google e outros, indo além ao adquirir programas específicos para essa finalidade. A difusão desses programas tem sido ampla e o tema tem despertado interesse em geral, sendo inclusive objeto de publicação em nota pelo The Lancet sobre a utilização dessas ferramentas na preservação da originalidade dos manuscritos.

Apesar de ser a Revista Pan-Amazônica de Saúde um periódico emergente, seu Núcleo Editorial é bastante criterioso quanto a esse aspecto. E na qualidade de Editora Executiva dessa Revista, é minha obrigação ratificar o porquê do rigor com que analisamos os trabalhos recebidos. Nossa observação se baseia em exemplos de submissões de artigos à RPAS em que o autor, em alguns casos, faz citações de forma equivocada e, por essa razão, o trecho referido passa a configurar plágio; em outros, apropria-se das ideias de terceiros, transcrevendo literalmente parágrafos e até mesmo páginas inteiras de outras obras; ou, ainda, copiam, num mesmo trabalho, vários parágrafos de diversas obras sem mencionar a fonte.

O número de trabalhos que recebemos com essas ocorrências é elevado, obrigando-nos a dispor de um profissional para que se dedique exclusivamente à tarefa de detectar situações que configuram plágio. Tomamos essa medida para evitar a publicação de algum artigo que se enquadre nessa condição, muito embora reconheçamos que, mesmo cercados de todo o cuidado, não estamos livres de passar por circunstância similar àquela da matéria intitulada "USP demite professor por plágio na pesquisa" publicada pela Folha de São Paulo.

É muito importante que todos, editores, autores, orientadores e alunos, sejam cautelosos ao reproduzir ou aceitar a transcrição de trechos de outro autor, a fim de evitar constrangimentos e, até mesmo, vir a responder judicialmente por atos de terceiros. Essa prática traz prejuízo tanto para o editor como para o autor que plagiou e, principalmente, para o autor intelectual da obra original, que vê sua ideia usurpada. Num caso de litígio judicial, mesmo que fique provado que não houve má-fé e que haja espaço para retratação, os envolvidos no processo passam por um transtorno que causa prejuízos de ordem moral, profissional e financeira.

Escrever é uma arte e o estilo é individual, mas o texto científico exige linguagem apropriada e clareza lógica, o que demanda a observância de regras básicas, das quais a principal é o respeito à verdade, tanto nos resultados alcançados pelo autor, quanto no usufruto dos resultados alheios. É em busca dessa verdade que repousa toda a construção do conhecimento humano. Sem ela, a ciência é destruída pela desconfiança e pelo descrédito.