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Revista Pan-Amazônica de Saúde

versão impressa ISSN 2176-6215versão On-line ISSN 2176-6223

Rev Pan-Amaz Saude v.3 n.3 Ananindeua set. 2012

 

http://dx.doi.org/10.5123/S2176-62232012000300001

EDITORIAL | EDITORIAL | EDITORIAL

 

A perpetuação do erro

 

The perpetuation of mistakes

 

La perpetuación del error

 

 

Dóris Angélica de Siqueira Corrêa

Colaboradora da Rev Pan-Amaz Saude, Licenciada em Letras (Português e Inglês)

 

 

No pensamento de Confúcio, "não corrigir nossas falhas é o mesmo que cometer novos erros", tão frequentemente citado - incluindo-se as redes sociais, é possível buscar uma das explicações para um fenômeno que se observa no momento em que se redige algo, seja nas áreas da saúde, das letras, da comunicação, enfim, a lista é grande. E esse deslize, hábito, negligência, comodismo, ou qualquer que seja a justificativa, é a "perpetuação do erro", sendo a mesma bem praticada pelas camadas da população com pouca ou nenhuma escolaridade (números, aliás, bem maiores do que a mídia política tenta nos convencer do contrário), o que é compreensível e, até certo ponto, aceitável (não deveria); mas e a parcela (pequena) erudita daqueles que tiveram "a sorte" - ou, quem sabe, "guerra" - de ter uma formação de nível superior, um mestrado, doutorado ou além? O que nos levaria à mesma prática?

Com frequência, lemos sites de notícias, revistas e jornais impressos, periódicos destinados a publicar os resultados de investigações científicas, printed e/ou on line, e nem são precisos ''olhos de águia'' para detectarmos um amontoado de erros, não só aqueles que continuam massacrando nossa pobre língua pátria, mas - pasmem, ou pelo menos façam uma expressão de - "equívocos'' em dados e informações, tais como alterar a geografia (''Qual o problema em mudar uma cidadezinha de lugar?''), a história (''Datas são meros detalhes!''), a autoria (''Ah, não interessa quem disse ou escreveu, o importante é a informação!''), a nomenclatura (''Por que tanta rigidez?''), ou ainda, a taxonomia (''Ora, não é só colocar 'tortinho' e terminar a palavra em 'um, ae, is, us'? É latim, não é?''). Parece um exagero tentar adivinhar o que se passa na mente de nossos equivocados produtores, redatores científicos ou jornalísticos; entretanto é a conclusão a que se chega quando tais publicações são lidas, ou, indo mais fundo, ao se revisar ou traduzir um texto dessas origens.

A curiosidade é, talvez, a maior aliada do conhecimento e, aí, vem a pergunta: Cadê a curiosidade? Será que a morfologia está se alterando, a garganta se alargando e já se engole tudo que vem pela frente, sem critérios, sem o menor ''paladar''? Ora, se é ingerido, também é expelido! Mas, deixando-se os meandros escatológicos de lado, melhor é falar em eternização, infelizmente, do conjunto desse ''cardápio''. O espírito investigativo foi se diluindo ao longo do tempo, ou mesmo, sendo substituído pelo comodismo, afinal é mais fácil reproduzir do que repensar, elaborar, certificar-se. Conforme o cientista alemão, Rainer Froese, desenvolvedor do sistema on line de informações sobre peixes, o FishBase, referindo-se à suprema importância de não se publicar nomes científicos incorretos: ''Bloch (1785) publicou uma descrição de Lophius histrio, combinação original de Histrio histrio (Linnaeus, 1758), ilustrada com uma composição mostrando a cabeça e o corpo de H. histrio e o aparelho de atração (illicium e esca) de Antennarius striatus1; e alerta que ''a confusão gerada por esse erro durou quase 200 anos com 21 publicações subsequentes, usando esta descrição errônea, frequentemente usando a ilustração de Bloch''1. Esse relato mostra que a prática não é recente, o que falar, então, de nossos tempos atuais de ''fast conhecimento''? O cuidado se faz necessário e contínuo, ou amargaremos um futuro (presente também) de ''conhecimento delivery''.

O que motiva esse comportamento pode estar contido em outro provérbio chinês: ''A mais alta das torres começa no solo''. Simples? Simplicidade é companheira da lógica, ou, por acaso, os picos das pós-graduações não começaram pelo ensino de base, principalmente escolar, mas também familiar? Educação - a velha, guerreira e sobrevivente, e tão relegada a segundo plano, pelo menos entre os ''emergentes''. É por ela que se pode tentar um upgrade no espírito investigativo de pesquisadores vindouros.

Fique claro que esta pequena reflexão não está pleiteando gramáticos ou linguistas amalgamados, ou até prioritários, a cientistas, jornalistas e outros produtores de conhecimento, mas sim uma preocupação com a correção, leia-se responsabilidade, ao transmitirem informações, com ressalva à área de saúde, que, literalmente, podem ser vitais.

 

REFERÊNCIA

1 Froese R, Pauly D, editors. FishBase [Internet]. Estocolmo (Suécia): ICLARM; 2012. Nomenclatura; [update 2012 Jul; cited 2012 Sep 22]. Available from: http://www.fishbase.se/manual/Portuguese/Nomenclature.htm.