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Revista Pan-Amazônica de Saúde

versão impressa ISSN 2176-6215versão On-line ISSN 2176-6223

Rev Pan-Amaz Saude v.7 n.esp Ananindeua dez. 2016

http://dx.doi.org/10.5123/s2176-62232016000500001 

EDITORIAL

O Instituto Evandro Chagas e seu passado memorável

Instituto Evandro Chagas and its memorable past

El Instituto Evandro Chagas y su pasado memorable

Marinete Marins Póvoa1  2  , Manoel do Carmo Pereira Soares3  4  , Marcelo de Oliveira Lima5  6  , Pedro Fernando da Costa Vasconcelos7 

1Pesquisadora do Instituto Evandro Chagas/SVS/MS, Ananindeua, Pará, Brasil

2Editora Científica da RPAS, Instituto Evandro Chagas/SVS/MS, Ananindeua, Pará, Brasil

3Pesquisador e Chefe da Seção de Hepatologia do Instituto Evandro Chagas/SVS/MS, Ananindeua, Pará, Brasil

4Editor Associadoda RPAS, Instituto Evandro Chagas/SVS/MS, Ananindeua, Pará, Brasil

5Pesquisador do Instituto Evandro Chagas/SVS/MS, Ananindeua, Pará, Brasil

6Editor Científico da RPAS, Instituto Evandro Chagas/SVS/MS, Ananindeua, Pará, Brasil

7Pesquisador e Diretor do Instituto Evandro Chagas/SVS/MS, Ananindeua, Pará, Brasil

O Instituto Evandro Chagas (IEC) chega aos seus 80 anos, em 2016, como órgão da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS) do Brasil. Tem como missão institucional ações de pesquisa científica no âmbito das Ciências Biológicas, Meio Ambiente e Medicina Tropical, Saúde Pública, incluindo a vigilância em saúde, com atuação nacional e ênfase na Amazônia Legal. Para o cumprimento dessa missão, sua estrutura está alicerçada em dois campi: Campus Belém (Avenida Almirante Barroso, 492 - primeira sede do IEC) e Campus Ananindeua (Rodovia BR-316, km 7, s/n) (Figura 1); é composto por: Diretoria; Serviços de Administração, Epidemiologia e Gestão de Pessoas; Seções de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas, Bacteriologia e Micologia, Criação e Produção de Animais de Laboratório, Hepatologia, Meio Ambiente, Parasitologia, Patologia e Virologia; Núcleo de Educação e Pesquisa e Núcleo Editorial; e unidades de apoio, como Arquivo, Biblioteca, Centro de Inovações Tecnológicas, Laboratório de Geoprocessamento, Laboratório de Microscopia Eletrônica, Museu; bem como um Setor de Atendimento Médico Unificado. Hoje somos 524 servidores e o quadro técnico-científico é formado por 97 pesquisadores, 18 tecnologistas e 183 técnicos. Atualmente o IEC está com a perspectiva de tornar-se Fundação e, nesse sentido, tem merecido o apoio do MS.

Figura 1 - Vista aérea parcial dos campi de Belém (A) e Ananindeua (B) do Instituto Evandro Chagas 

O Centro Nacional de Primatas (Cenp), criado em 1978, está desde 2010 sob a coordenação técnico-administrativa e financeira do IEC; tem como objetivo principal criar e reproduzir primatas neotropicais para desenvolver e apoiar pesquisas na área de ciências da saúde, em parcerias com instituições de pesquisa e ensino, além de assegurar a preservação das espécies. Para o cumprimento dessa missão, conta com um quadro de 87 servidores.

Dentre as heranças deixadas por nossos antecessores, destaca-se o anseio de ensinar e repassar experiência e conhecimento. Nesse sentido e desde seus primórdios, o IEC, todos os anos, promove o Curso Técnico de Laboratório, com duração de nove meses, cujo objetivo principal é formar técnicos para atuação na Amazônia. Além disso, no perpassar de sua história, o IEC sempre treinou e orientou os profissionais e os estudantes de graduação e pós-graduação de instituições públicas e privadas. Atualmente participa, com a Universidade Estadual do Pará (UEPA), do curso de Pós-Graduação em Biologia Parasitária e, como órgão colaborador, dos cursos de Pós-Graduação da Universidade Federal do Pará (UFPA), incluindo a Pós-Graduação em Medicina Tropical (do Núcleo de Medicina Tropical) e em Biologia dos Agentes Infecciosos e Parasitários (do Instituto de Ciências Biológicas). E, no intuito de melhor cumprir essa vocação, o IEC trouxe para seu organograma o Núcleo de Ensino e Pesquisa (NEP), que alberga o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), atualmente com 94 bolsistas; o Programa de Pós-Graduação em Virologia (PPGV), com Mestrado e Doutorado, sendo o único no Brasil. Quanto à pesquisa científica, desde a aurora da existência institucional, segue, de modo ininterrupto e sempre apoiada em trabalho de campo, o qual é uma das mais importantes vocações da Instituição. Essas pesquisas de campo são oriundas de estudos ou projetos específicos, isto é, com um único tema ou ainda dos grandes projetos, aqueles que congregam todos os campos de expertise institucional, como os desenvolvidos na Transamazônica, Carajás, Juruti, Belo Monte, entre outros, e que envolvem desde estudos básicos, epidemiológicos, de saúde pública, de saúde ambiental até a vigilância em saúde. A importância desses estudos está refletida nos seus resultados, pois, além de subsidiar as autoridades de saúde nas três esferas de governo, também promove a melhoria da saúde e da qualidade de vida da população, quer seja de forma direta ou indireta. Para isso, o IEC sempre procurou alinhar-se ao bom uso do orçamento institucional e tem buscado recursos adicionais junto às instituições colaboradoras, tanto nacionais, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), as fundações estaduais de amparo à pesquisa (FAPs) e empresas, como Eletronorte, Vale, Norte Energia, entre outras; quanto internacionais, como Rockefeller Foundation, Wellcome Trust, National Institutes of Health (NIH), Centers for Disease Control and Prevention (CDC), Amazon Malaria Initiative (AMI), Japan International Cooperation Agency (JICA), Comunidade Europeia, etc. Os resultados têm se refletido na vasta geração de conhecimento científico e de serviços para a saúde coletiva, em âmbito local, regional, nacional e internacional, além das formações de graduação e pós-graduação nas mais diversas modalidades (especialistas, mestres, doutores, pós-doutores). Em meio a isso, a produção científica, incluindo artigos, livros, capítulos de livros, produções técnicas, trabalhos de conclusão de curso, monografias, dissertações e teses, constitui um dos mais legítimos indicadores da vida institucional. No momento, estão em desenvolvimento mais de 300 projetos de pesquisa, distribuídos entre os diversos serviços, seções e setores do IEC.

Nunca é demais reiterar que o auspicioso cenário institucional de hoje deve reverência ao sonho, trabalho e perseverança daqueles pioneiros que, um dia, em 1936, contando com o apoio fundamental do governador do Estado do Pará, José da Gama Malcher, reuniram-se na Amazônia para fundar o Instituto de Pathologia Experimental do Norte (Ipen), a fim de estudar a leishmaniose, a malária, a febre amarela e demais endemias que se foram somando. E, se hoje temos a credibilidade e o reconhecimento do mundo inteiro, foi graças a esses profissionais desbravadores como Evandro Chagas, Jayme Aben-Athar, Leônidas Deane, Gladstone Deane, Otávio Mangabeira Filho, Madureira Pará, Felipe Nery Guimarães, Geth Jansen, Benedito Sá, Reinaldo Damasceno e Maria José von Paumgartten (após matrimônio, Maria José P. Deane), que souberam conduzir, com seriedade e excelência, o trabalho a que se lançaram. O Ipen é um exemplo de que é possível a experiência bem sucedida a partir da Amazônia, contando, nos primeiros anos, fundamentalmente, com os recursos e o apoio do Estado do Pará e de sua gente. Evandro Chagas, nosso patrono, nisso acreditou. Nesse percurso, merece menção especial, também, a dedicação e o legado de cada um dos diretores do IEC com suas respectivas diretorias, que ultrapassaram as dificuldades de cada dia para conduzir uma casa com as responsabilidades e particularidades do, hoje, Instituto Evandro Chagas.

Ao completar os seus 80 anos, o IEC continua perseguindo sua vocação original, quanto à busca do conhecimento, ao desenvolver expedições de campo para elucidação de surtos e epidemias, esclarecer a dinâmica de transmissão ou monitorar a transmissão de doenças em áreas onde a ação antrópica modifica o ambiente, como as grandes obras (abertura de rodovias, projetos de mineração, construção de hidrelétricas, áreas de assentamento populacional, etc.); mas isso tudo sem perder de vista a necessidade de estudos envolvendo tecnologia de ponta, como, ora digno de registro, o desenvolvimento da vacina contra o vírus Zika. Além disso, o repasse de conhecimento, chama acesa no espírito dos pesquisadores, é, ainda hoje, um dos objetivos perseguidos na Instituição, refletido pelos estágios, treinamentos e cursos oferecidos; sendo essa vocação, mais recentemente, comprovada através do novo Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia e Vigilância em Saúde (PPGEVS), com Mestrado instituído no IEC. Dessa forma, verifica-se que o trabalho executado pelos colegas, quando da criação de nosso Instituto, ainda é inspiração e exemplo para os que hoje fazem parte desta casa.

Por último, nossa mensagem direciona seus agradecimentos, por um lado, às nossas vinculações oficiais históricas que, a partir dos Ministérios (antes, da Educação e Saúde; depois, da Saúde), foram nos balizando administrativamente, como o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), o Instituto Oswaldo Cruz, a Fundação Nacional de Saúde (antes FNS; hoje Funasa) e, atualmente, a SVS/MS; e, por outro lado, aos servidores e colaboradores que constituem o IEC de agora, com o apelo para que não permitam que pereça a semente plantada há 80 anos por uma equipe de profissionais idealistas e sonhadores e pelas gerações que se seguiram, que acreditaram ser possível fazer ciência de qualidade na Amazônia. Que esses exemplos inspirem as novas gerações, e que, nas próximas oito décadas, possam ser lembradas com o mesmo respeito e gratidão que hoje temos por nossos memoráveis antecessores, que escreveram os vários capítulos da bonita e respeitada história do nosso querido INSTITUTO EVANDRO CHAGAS.

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