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Revista Pan-Amazônica de Saúde

versão impressa ISSN 2176-6215versão On-line ISSN 2176-6223

Rev Pan-Amaz Saude vol.13  Ananindeua  2022  Epub 28-Jul-2022

http://dx.doi.org/10.5123/s2176-6223202201224 

COMUNICAÇÃO

Mosquitos anofelinos envolvidos na transmissão da malária humana no município de Cruzeiro do Sul, estado do Acre, Amazônia brasileira

Anopheles mosquitoes involved in the transmission of human malaria in the municipality of Cruzeiro do Sul, Acre State, Brazilian Amazon

Izis Monica Carvalho Sucupira (orcid: 0000-0002-1582-6548)1  , Marcia Moraes Martins dos Santos (orcid: 0000-0001-8372-4984)1  , Marinete Marins Póvoa (orcid: 0000-0003-3517-2227)1  2 

1Instituto Evandro Chagas/SVS/MS, Seção de Parasitologia, Laboratório de Pesquisas Básicas em Malária-Entomologia, Ananindeua, Pará, Brasil

2Universidade Federal do Pará, Programa de Pós-Graduação em Biologia dos Agentes Infecciosos e Parasitários, Belém, Pará, Brasil

RESUMO

OBJETIVOS:

Identificar espécies de mosquitos anofelinos como vetores da malária e verificar o papel das mesmas no contexto da transmissão da malária humana no município de Cruzeiro do Sul, estado do Acre, Amazônia brasileira.

MATERIAIS E MÉTODOS:

No período de 2012 a 2019, foram realizadas coletas de mosquitos anofelinos adultos, por atração humana protegida, durante 4 h (das 18 h às 22 h) e 12 h (das 18 h às 6 h). Os espécimes coletados foram acondicionados em copos entomológicos, identificados com horário, data e local de coleta e os nomes dos coletores. Ao término da coleta, foram colocados em caixas térmicas para serem transportados ao laboratório, onde foram identificados morfologicamente utilizando chaves de identificação. Por fim, os espécimes foram preparados para posterior detecção de infecção por plasmódio humano.

RESULTADOS:

Durante o período do estudo, com o esforço amostral de 468 h, foram coletados 4.150 espécimes de mosquitos anofelinos, sendo 99,64% identificados como Anopheles darlingi. O índice de picada em humano variou de 1,46 em 2019 a 9,33 em 2013, e a taxa de infecção variou de zero em 2017 a 1,44 em 2015. Dos 47 exemplares infectados, 46 foram identificados como An. darlingi.

CONCLUSÃO:

O mosquito anofelino vetor da malária humana em Cruzeiro do Sul é o An. darlingi, espécie considerada principal vetor da malária no Brasil.

Palavras-chave: Malária; Transmissão de Doença Infecciosa; Mosquitos Vetores; Anopheles.

ABSTRACT

OBJECTIVES:

To identify anopheline mosquito species as malaria vectors and verify their role in human malaria transmission scenery in the municipality of Cruzeiro do Sul, Acre State, Brazilian Amazon.

MATERIALS AND METHODS:

From 2012 to 2019, adult anopheline mosquitoes were collected by protected human attraction for 4 h (from 6 pm to 10 pm) and 12 h (from 6 pm to 6 am). The collected specimens were placed in entomological cups, identified with time, date, and place of collection, and collectors names. At the end, they were placed in coolers to be transported to the laboratory, where they were morphologically identified using identification keys. Then, the specimens were prepared for further detection of human plasmodium infection.

RESULTS:

During the study period, with a sampling effort of 468 h, 4,150 specimens of anopheline mosquitoes were collected, 99.64% were identified as Anopheles darlingi. The human bite index ranged from 1.46 in 2019 to 9.33 in 2013, and the infection rate varied from zero in 2017 to 1.44 in 2015. Of the 47 infected specimens, 46 were identified as An. darlingi.

CONCLUSION:

The anopheline mosquito vector of human malaria in Cruzeiro do Sul is An. darlingi, the species considered the main malaria vector in Brazil.

Keywords: Malaria; Disease Transmission, Infectious; Mosquito Vectors; Anopheles.

INTRODUÇÃO

A Região Amazônica permanece como área endêmica de malária no Brasil, tendo como principal agente causador o protozoário Plasmodium vivax (83,5% em 2020)1. Seus transmissores são mosquitos culicídeos do gênero Anopheles, sendo o Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi Root, 1926 o principal vetor da região2. Todavia, existem outras espécies consideradas de importância na transmissão3,4, como o Anopheles (Nyssorhynchus) aquasalis Curry, 1932 e espécies do complexo Anopheles (Nyssorhynchus) albitarsis Lynch-Arribálzaga, 18782,3.

Em 1992, a Organização Mundial da Saúde estabeleceu o diagnóstico precoce e o tratamento imediato como principais estratégias de controle da malária5, o que também foi adotado no Brasil6. Apesar dos esforços das autoridades de saúde do país para controlar e diminuir a transmissão, a oscilação anual do número de casos registrados (de 2006 a 2020, variou de 124.000 em 2016 a 539.000 em 2006)1 e a incidência parasitária anual (IPA - número de casos registrados em um ano por 1.000 habitantes), que classifica os municípios quanto ao risco de contrair malária (baixo: < 10; médio: 10 a 50; e alto: > 50), mostram que o desafio permanece. Esses dois indicadores têm sido usados como base para a estratificação da intensidade de transmissão nos municípios dos estados que formam a Região Amazônica e a tomada de decisão quanto à necessidade de introduzir ou aperfeiçoar medidas complementares, como o controle dos vetores da malária, a fim de diminuir o contato homem/mosquito.

Assim, para escolher as ferramentas a serem utilizadas no controle da transmissão vetorial, é necessário o conhecimento de algumas características das espécies dos mosquitos Anopheles presentes na localidade, tais como identificação morfológica, abundância, frequência, hábito alimentar (preferência, horário e local - peri ou intradomicílio) e taxa de infecção por plasmódio da malária humana6.

Dentre os municípios amazônicos que apresentam alto risco de transmissão, está Cruzeiro do Sul, no estado do Acre. Em 2006, o município vivenciou a pior epidemia de malária já registrada, e, ao longo dos anos, tem apresentado IPA > 50 (menor - 71,7 em 2019 e maior - 409,8 em 2006), permanecendo classificado como de alto risco1. Dessa forma, este estudo objetivou identificar espécies de mosquitos anofelinos vetores da malária no município de Cruzeiro do Sul, Amazônia brasileira, e verificar o papel das mesmas no contexto da transmissão da malária humana.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo foi desenvolvido no município de Cruzeiro do Sul (7º37'51"S, 72º40'12"W), Vale do Juruá, estado do Acre (Figura 1), com população estimada de 89.760 habitantes em 20217. Quanto ao clima, é classificado como equatorial (Af, segundo a classificação de Köppen-Geiger)8, com temperatura média de 25,1 ºC e 2.169 mm de pluviosidade média anual8. As localidades selecionadas foram indicadas pelas autoridades de saúde municipal por apresentarem transmissão de malária, e/ou serem bairros periféricos com residências próximas a coleções hídricas ou serem áreas rurais periurbanas onde são desenvolvidas atividades de piscicultura.

Fonte: Adaptado de IBGE, 20217. Sistema de Coordenada Geográfica, Datum SIRGAS2000.

Figura 1 - Localização do município de Cruzeiro do Sul no mapa do estado do Acre, Brasil 

De 2012 a 2019, foram realizadas duas expedições de campo, uma em cada semestre, exceto nos anos de 2012, com uma expedição no segundo semestre, e 2019, com uma expedição no primeiro semestre. Os mosquitos anofelinos foram capturados em coletas de 4 h (das 18 h às 22 h) e 12 h (das 18 h às 6 h) em localidades de Cruzeiro do Sul (Quadro 1), pelo método de atração humana protegida. A cada hora de coleta, foram registradas a temperatura e a umidade relativa do ar. As coletas foram conduzidas por dois técnicos treinados e especializados e ocorreram no intra/peridomicílio. Os espécimes coletados foram acondicionados em copos entomológicos, identificados com hora, data e local de coleta e os nomes dos coletores, e transportados ao laboratório em caixas térmicas. A identificação dos mosquitos foi baseada em chaves entomológicas9,10,11,12. A detecção de infecção por plasmódios humanos foi realizada pela técnica de ELISA em placas sensibilizadas com anticorpo monoclonal anti-CSP (proteína circunsporozoítica) para os genótipos de Plasmodium vivax (VK210 e VK247), Plasmodium falciparum e Plasmodium malariae13. Como antígeno, foi utilizada a cabeça/tórax dos espécimes, os quais foram testados individualmente.

Quadro 1 - Localidades e coordenadas geográficas dos pontos de coleta de mosquitos anofelinos e períodos dessas coletas em Cruzeiro do Sul, estado do Acre, Brasil, de 2012 a 2019 

Localidades de coleta Coordenadas geográficas Anos das coletas
Mariana 07º40'52.2"S, 72º45'34.8"W 2012 a 2016
Bairro Aeroporto Velho 07º36'00.2"S, 72º41'21.1"W 2012 a 2017
Bairro Cruzeirinho 07º38'00.2"S, 72º40'48.7"W 2012 a 2017
Santa Terezinha/Igarapé Preto 07º35'12.7"S, 72º40'53.3"W 2012 a 2019
Seringal Florianópolis 07º39'61.0"S, 72º41'22.4"W 2013, 2015 a 2017
Santa Luzia 07º31'10.2"S, 72º53'39.0"W 2015 a 2018
Bairro São Cristovão 07º35'36.1"S, 72º41'14.4"W 2017
Bairro Saboeiro 07º38'20.0"S, 72º41'04.0"W 2018
Buritirana 07º42'40.2"S, 72º42'31.0"W 2018
Vila Assis Brasil 07º36'09.1"S, 72º48'07.5"W 2018 a 2019
Canela Fina 07º32'53.8"S, 72º44'14.1"W 2018 a 2019

O índice de picada em humano (IPH) foi calculado dividindo o número de espécimes coletados por viagem, pelo número de horas das coletas e pelo número de coletores (dois), e a taxa de esporozoítos, dividindo o número de espécimes infectados pelo número de espécimes coletados e multiplicado por 10014.

Este estudo foi registrado no Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (SISBIO/ICMBIO/MMA), sob a licença permanente para coleta de material zoológico número 11.192-4, pertencente à Marinete Marins Póvoa.

RESULTADOS

Nos oito anos do estudo, foram realizadas 14 expedições de campo, 65 coletas (39 de 4 h e 26 de 12 h), perfazendo um esforço amostral de 468 h, nas quais foram coletados 4.150 espécimes de anofelinos, apresentando variações anuais. Esses mosquitos foram identificados como An. darlingi (99,64%), Anopheles oswaldoi (0,15%), An. albitarsis s.l. (0,07%), Anopheles peryassui (0,05%), Anopheles mediopunctatus (0,05%), Anopheles nuneztovari (0,02%) e Anopheles triannulatus (0,02%) (Tabela 1). É importante ressaltar que, no período do estudo, os espécimes foram coletados das 18 h às 6 h, sendo o horário de maior atividade hematofágica o de 18 h às 22 h.

Tabela 1 - Dados das coletas de mosquitos anofelinos e resultado da identificação dos espécimes coletados, infecção dos espécimes por plasmódios humanos, taxas e índices, no município de Cruzeiro do Sul, estado do Acre, Brasil, de 2012 a 2019 

Ano Número de viagens Número de coletas Tempo de coletas Horas de coleta Número de espécimes coletados IPH Número de espécimes coletados por espécie Número de espécimes infectados Taxa de esporozoíto
DAR OSW ALB PER MED NUN TRI PV PF PV PF Total
2012 1 3 1 (4 h) 2 (12 h) 28 h 294 5,25 294 - - - - - - 3 - 1,02 - 1,02
2013 2 12 11 (4 h) 1 (12 h) 56 h 1.045 9,33 1.044 1 - - - - - 11 3 1,05 0,29 1,34
2014 2 11 6 (4 h) 5 (12 h) 84 h 528 3,14 528 - - - - - - 4 - 0,76 - 0,76
2015 2 9 5 (4 h) 4 (12 h) 68 h 900 6,62 897 1 1 1 - - - 9 4 1,00 0,44 1,44
2016 2 7 3 (4 h) 4 (12 h) 60 h 661 5,51 661 - - - - - - 6 2 0,91 0,30 1,21
2017 2 7 5 (4 h) 2 (12 h) 44 h 222 2,52 221 - - 1 - - - - - - - -
2018 2 10 2 (4 h) 8 (12 h) 104 h 430 2,07 424 1 2 - 2 1 - 5 - 1,16 - 1,16
2019 1 6 6 (4 h) 24 h 70 1,46 66 3 - - - - 1 NR NR - - -
Total 14 65 - 468 h 4.150 - 4.135 6 3 2 2 1 1 38 9 - - -

IPH: Índice de picada em humano; DAR: An. darlingi; OSW: An. oswaldoi; ALB: An. albitarsis s.l.; PER: An. peryassui; MED: An. mediopunctatus; NUN: An. nuneztovari; TRI: An. triannulatus; PV: P. vivax; PF: P. falciparum; NR: Não realizado. Sinal convencional utilizado: - Dado numérico igual a zero, não resultante de arredondamento.

A temperatura média registrada nos períodos de coleta foi de 27 ºC, e a umidade relativa do ar, 86%.

An. darlingi foi o mais abundante, o mais frequente (presente em todas as coletas) e o que apresentou a maior taxa de infecção, tanto pelo P. vivax quanto pelo P. falciparum. Além disso, foi encontrado em todos os horários de coleta e apresentou a maior taxa de esporozoítos (1,44% em 2015) e o maior IPH (9,33 em 2013) (Tabela 1).

DISCUSSÃO

Cruzeiro do Sul vem enfrentando, desde 2006, os desafios da transmissão ativa de malária humana em sua população, pois, embora o número de casos varie ano a ano, a IPA permanece acima de 50, o que o classifica como área de alto risco de transmissão1. Durante esse período, o município tem merecido atenção permanente dos gestores de saúde federais, estaduais e municipais em relação às medidas de controle. Essas vão desde aquelas adotadas como principais, com o diagnóstico precoce e o tratamento imediato, até as complementares, cujo alvo é a transmissão vetorial, utilizando a termonebulização extradomiciliar, borrifação intradomiciliar com cipermetrina, mosquiteiros impregnados com inseticidas de longa duração, tratamento com biolarvicida e controle ambiental dos criadouros dos mosquitos13,15.

Ainda que aplicadas as medidas recomendadas, a população continua sendo afetada pela alta incidência da doença. O município apresenta fatores que propiciam a transmissão da malária, como condição do solo, vegetação, temperatura, umidade alta e chuvas constantes, o que, somado ao comportamento humano, biologia do protozoário infectante e do vetor, explicam a manutenção da transmissão16,17,18.

Tanto a temperatura quanto a umidade relativa do ar registradas durante as coletas foram ideais para o desenvolvimento e a proliferação das espécies de mosquitos anofelinos. A pluviosidade média do município8 é mais um fator favorável. Portanto, a presença de espécies de mosquitos vetores da malária já era esperada e foi observada no presente estudo.

Além disso, deve ser considerada a relação da incidência de casos e as mudanças ambientais que ocorrem na Amazônia devido às atividades de agricultura, pecuária, extrativistas e obras de desenvolvimento urbano, que resultaram em um impacto significativo do ecossistema e favorecem o desenvolvimento e a proliferação de mosquitos vetores18,19,20. Um fato evidenciado por este estudo foi a alta densidade dos anofelinos em Cruzeiro do Sul e sua relação com a principal atividade econômica, a produção de peixes em tanques. Essa atividade é caracterizada como rural, e o movimento de pessoas entre as populações rurais e urbanas pode também favorecer a manutenção da transmissão da malária21. Esse cenário permanece e continua sendo fator importante para a elevada IPA (> 50) no município.

Neste estudo, foi verificada a baixa diversidade de espécies de mosquitos anofelinos (apenas sete), mas abundância e frequência elevadas de uma das espécies, An. darlingi, considerada como principal vetor no Brasil. Foi observada variação anual quanto a sua abundância, o que não influenciou a manutenção da transmissão, já que o número de casos permaneceu acima de 13.000 nos anos de menor densidade vetorial1, o que ratifica uma característica já apontada para essa espécie, a de manter a transmissão mesmo com baixa densidade8. Todavia, é importante considerar as limitações do método de coleta utilizado neste estudo, que foram a atração humana protegida, a percepção do coletor à presença do mosquito e a variação da atratividade dos hospedeiros humanos aos mosquitos, o que também pode explicar a variação anual observada22.

A taxa de esporozoíto inferior a 1% já foi detectada em An. darlingi em áreas de transmissão elevada no Brasil, como no estado de Rondônia23, e no Peru, em áreas emergentes de transmissão24; porém, a taxa elevada (8,5%) também já foi reportada no estado de Roraima25. Esses fatos demonstram a capacidade da espécie em perpetuar a transmissão da malária em diferentes áreas. Espécimes do An. darlingi foram encontrados naturalmente infectados em todos os anos, exceto em 2017, e a taxa de esporozoíto variou de 0,76 a 1,44, o que, mais uma vez, reafirma sua condição de principal transmissor da malária na área estudada.

Considerando as características descritas do An. darlingi, como abundância, frequência, comportamento hematofágico noturno com atividade durante todo o horário de coleta26,27, portador de infecção tanto por P. vivax quanto P. falciparum, verifica-se que o seu papel vetorial é muito importante para a manutenção da transmissão da malária em Cruzeiro do Sul. As estratégias de controle vetorial utilizadas nesse município, principalmente a borrifação intradomiciliar com inseticidas do grupo dos piretroides e o uso de mosquiteiros impregnados com inseticida de longa duração, são adequadas; porém, são necessários estudos que avaliem a possibilidade de resistência dos mosquitos aos inseticidas e a ação desses na população e no ambiente, visando seu uso racional. Além disso, outras estratégias, como o controle larvário com biolarvicidas, podem complementar as ações28.

CONCLUSÃO

Os resultados encontrados neste estudo permitem afirmar que a espécie de mosquito anofelino vetor da malária no município de Cruzeiro do Sul é o An. darlingi, espécie considerada principal vetor da malária humana no Brasil.

AGRADECIMENTOS

As autoras agradecem aos técnicos do Laboratório de Pesquisas Básicas em Malária do Instituto Evandro Chagas/SVS/MS pela coleta e identificação dos mosquitos e aos servidores da Coordenação de Endemias do município de Cruzeiro do Sul pelo apoio logístico.

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APOIO FINANCEIRO Este estudo foi financiado pelo Instituto Evandro Chagas/SVS/MS e pelo CNPq (processos 304827/2013-4 e 302292/2017-9).

Como citar este artigo / How to cite this article: Sucupira IMC, Santos MMM, Póvoa MM. Mosquitos anofelinos envolvidos na transmissão da malária humana no município de Cruzeiro do Sul, estado do Acre, Amazônia brasileira. Rev Pan Amaz Saude. 2022;13:e202201224. Doi: http://dx.doi.org/10.5123/S2176-6223202201224

Recebido: 06 de Outubro de 2021; Aceito: 10 de Junho de 2022

Correspondência / Correspondence: Marcia Moraes Martins dos Santos Instituto Evandro Chagas/SVS/MS, Seção de Parasitologia, Laboratório de Pesquisas Básicas em Malária-Entomologia Rodovia BR-316, km 7, s/n. Bairro: Levilândia. CEP: 67030-000 - Ananindeua, Pará, Brasil - Tel.: +55 (91) 3214-2148; +55 (91) 98149-4443 E-mail: marciasantos@iec.gov.br / mmmsan15@gmail.com

CONFLITOS DE INTERESSE

As autoras declaram não haver conflitos de interesse em relação ao estudo.

CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES

IMCS e MMP idealizaram o estudo. Todas as autoras contribuíram com a interpretação dos dados, redação do manuscrito e aprovação da versão final, e declaram ser responsáveis pelo conteúdo do artigo.

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